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Pai e filho, donos de um dos maiores impérios empresariais do Brasil, foram intimados para depor perante o juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Agora delatores, Emílio Odebrecht, patriarca do grupo, e seu filho Marcelo Bahia Odebrecht - preso desde 19 de junho de 2015 - vão falar ao juiz da Lava Jato nos dias 13 de março e 10 de abril, respectivamente.

Os dois foram chamados na ação penal da Lava Jato em Curitiba na qual o ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) é acusado de atuar para favorecer os interesses da Odebrecht junto ao governo federal na contratação de sondas de exploração do pré-sal com a Petrobrás.

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Nesta mesma ação o próprio Marcelo também é réu.

Emílio foi chamado pelo filho para depor como sua testemunha de defesa e será ouvido na próxima segunda-feira, 13, por meio de videoconferência com a Justiça Federal em São Paulo. Já Marcelo Odebrecht será ouvido como réu - em seu interrogatório, poderá se manifestar pessoalmente sobre a s acusações da Procuradoria da República que lhe atribui, e também a Palocci e a outros 11 investigados, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

Por lei, Emílio poderia não falar nada que implicasse seu filho em irregularidades. Como fez a delação premiada, contudo, o executivo será obrigado a contar o que sabe sobre os episódios apontados pelo Ministério Público Federal na acusação que atinge, além de Marcelo, os ex-executivos da empreiteira Hilberto Mascarenhas, Luiz Eduardo Soares e Olívio Rodrigues Junior, que supostamente lavava dinheiro de propina para a empreiteira.

Audiência

Não será a primeira vez que Marcelo Odebrecht ficará frente a frente com Moro. Em 30 de outubro de 2015 ele foi interrogado pelo juiz da Lava Jato na audiência da primeira ação penal que respondeu na Justiça Federal em Curitiba acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa envolvendo o esquema de corrupção da Petrobras.

Na ocasião, Odebrecht ainda não tinha decidido fazer um acordo de colaboração premiada e afirmou que não cabia a ele "responder pela construtora (Norberto Odebrecht)".

Para evitar falar durante a audiência, sua defesa havia encaminhado também por escrito 60 perguntas e respostas sobre a acusação da Lava Jato contra ele, e, ao ser indagado pelos investigadores e por Moro, reiterava que tudo que havia dito sobre o caso estava no material por escrito.

Nesta primeira ação ele acabou condenado a 19 anos e quatro meses de prisão no dia 8 de março de 2016.

No dia 22 daquele mês a empreiteira anunciou que faria uma "colaboração definitiva" com as autoridades. Naquele dia foi deflagrada a Operação Xepa - 26.ª fase da Lava Jato e que tinha como alvo o Setor de Operações Estruturadas, nome formal do "Departamento da Propina" da empreiteira.

Agora com a delação homologada ele se encontrará novamente com o juiz Moro, desta vez sob compromisso de contar o que sabe.

O “amigo” ou “amigo de EO” que aparece em e-mails e planilhas do grupo Odebrecht é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A informação, de acordo com a colunista do jornal "O Estado de S.Paulo", Vera Magalhães, foi confirmada pelo empresário e herdeiro da construtora, Marcelo Odebrecht, em depoimentos da delação premiada que segue em segredo de justiça. 

De acordo com a colunista, nas oitivas, Odebrecht teria descrito a amizade entre o pai, Emílio, e o ex-presidente como “um estorvo”. Segundo ele, apesar da empresa ter crescido exponencialmente durante as gestões do PT, o pai cedia demais aos pedidos de Lula e foi obrigado a fazer “investimentos desvantajosos”. 

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O codinome também foi atribuído a Lula pelo ex-diretor do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas. O setor era considerado o “departamento de propina”. A Polícia Federal (PF) já tinha mencionado a ligação com o petista durante a 35ª fase da operação Lava-Jato. Segundo a PF, foram repassados R$ 8 milhões para “amigo”.

Em nota, o ex-presidente disse que “jamais solicitou qualquer recurso indevido para a Odebrecht ou qualquer outra empresa” e “jamais teve o apelido de ‘amigo’. Se alguém eventualmente a ele se referiu dessa forma isso ocorreu sem o seu conhecimento e consentimento”. No texto, o petista ainda diz que “se delação premiada não é prova, o vazamento seletivo de suposta delação não tem qualquer valor jurídico e não pode dar base a qualquer ilação". 

A delação de Marcelo Odebrecht foi homologada junto com mais 76 depoimentos de empresários do grupo e seguem em segredo da justiça. Os procuradores que acompanharam a colaboração de Marcelo consideram as revelações dele como “arrasadoras” para o líder-mor petista e nomes como os de Antonio Palocci e Guido Mantega. 

Se depender do depoimento do empresário Marcelo Odebrecht, mandachuva do Grupo Odebrecht, o presidente Michel Temer (PMDB) não tem como ser incriminado e sofrer, consequentemente, um processo de impeachment decorrente das contas mal-assombradas na campanha de 2014, na qual foi eleito vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff, reeleita presidente da República.

Ao ministro Herman Benjamim, relator do processo no Tribunal Superior Eleitoral, Marcelo contou, anteontem, em Curitiba, que esteve de fato com Temer no Palácio do Jaburu em Brasília, para um jantar, mas em nenhum momento o então vice-presidente, na condição de presidente nacional do PMDB, pediu R$ 10 milhões para campanhas de aliados. Marcelo confirmou ter se encontrado com o presidente Michel Temer durante tratativas para a campanha eleitoral de 2014.

Mas negou ter acertado com o peemedebista um valor para a doação. Ele informou que não houve um pedido direto pelo então vice-presidente da República para a doação de R$ 10 milhões ao PMDB. Marcelo afirmou que o valor já estava acertado anteriormente e que o encontro foi apenas protocolar. De acordo com o empresário, as tratativas para a doação foram feitas entre o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o executivo Cláudio Melo Filho. Ele admitiu que parte dos pagamentos pode ter sido feita via caixa 2.

Em anexo de delação premiada que vazou em dezembro, Melo Filho, que é ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, mencionou o jantar no Palácio do Jaburu no qual, segundo ele, Temer teria pedido pessoalmente “auxílio financeiro” ao empreiteiro, que se comprometeu com R$ 10 milhões.  Ao depor na ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marcelo disse que Temer não mencionou a doação de R$ 10 milhões.

Esta era a principal acusação que comprometia Temer. Se o próprio doador revela que não houve interferência direta do agora presidente da República, o relator fica sem provas testemunhais para qualquer incriminação em relação aos supostos R$ 10 milhões. Possa ser até que surjam outros embaraços, mas neste caso específico não há como se sustentar um processo de cassação do mandato do presidente.

MINISTRO DETERIORADO– Aliados de Temer acham que as declarações do empresário Marcelo Odebrecht na ação que pede a cassação da chapa Dilma e Temer complicam a vida do ministro licenciado da Casa Civil, Eliseu Padilha. A avaliação é que a situação de Padilha piora com a confirmação de que foi o ministro quem negociou com o ex-Odebrecht Claudio Melo diretamente R$ 10 milhões para o PMDB em 2014. Isso porque parte desse dinheiro - R$ 6 milhões – foi para a campanha de Paulo Skaf, candidato do PMDB ao Governo de São Paulo em 2014. E o pagamento, na versão da Odebrecht, foi autorizado por Padilha.

Governador ou senador?– Um dos ministros com melhor avaliação no Governo Temer, o pernambucano Mendonça Filho, da Educação, desembarca hoje cedo em Afogados da Ingazeira, no Sertão do Pajeú, para inaugurar uma escola em tempo integral na comunidade São João, na zona rural. Mendonça tem andado o Estado inteiro com uma frequência impressionante, daí a razão das especulações de que sairá candidato majoritário no Estado em 2108. Há quem diga que seu projeto é o Senado, mas não está descartada a sua candidatura a governador.

Rombo em Jaboatão– Há dois fundos previdenciários em Jaboatão: o Fundo Financeiro, que beneficia os servidores nomeados até 2006 e de onde saem às aposentadorias e pensões pagas atualmente; e o Fundo Capitalizado, que serve de poupança para os funcionários contratados a partir de 2006 e que servirá para o pagamento dos futuros aposentados e pensionistas. Ao invés do ex-prefeito Elias Gomes ter feito os aportes, optou por realizar saques, resultando num rombo de R$ 15,4 milhões. O déficit sobrou para o prefeito Anderson Ferreira (PR), para cobrir com recursos do Tesouro Municipal.

Olinda bombou– O carnaval de Olinda surpreendeu não superou a expectativa de rendimento turístico. Cerca de 2,3 milhões de foliões estiveram na Cidade Alta durante os cinco dias oficiais de festa para aproveitar os 242 shows e mais de mil blocos nas ladeiras. A rede hoteleira teve ocupação de 97% e mais de 60 mil empregos - diretos e indiretos - foram gerados. Segundo a Prefeitura de Olinda, foram injetados R$ 120 milhões na economia. No último ano, 2,8 milhões de foliões passaram pela Cidade Patrimônio e houve um incremento de R$ 190 milhões na economia.

Segurança funcionou– No balanço oficial do Carnaval divulgado, ontem, o governador Paulo Câmara (PSB) comemorou a não ocorrência de um só crime nos diversos polos da folia vigiados pelo forte esquema de segurança montado na Região Metropolitana. Em Vitória de Santo Antão e Água Preta, que não são polos oficiais, ocorreram três crimes, mas segundo o Estado sem relação direta com a festa. “Nosso esquema funcionou perfeitamente e tivemos um dos carnavais mais tranquilos nos últimos anos”, afirmou Câmara, destacando que o efetivo contou com a mobilização de mais de 31 mil policiais.

CURTAS

NO PAJEÚ– O Abatedouro Municipal de Itapetim, no Sertão do Pajeú, vai atender as cidades de Brejinho e Santa Terezinha, no Sertão do Pajeú, beneficiando 20 mil pessoas. A iniciativa foi anunciada pelo secretário de Agricultura e Reforma Agrária, Nilton Mota, em reunião, ontem, com o prefeito de Itapetim, Adelmo Moura (PSB), e a presidente da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro), Erivânia Camelo. 

FERIADÃO– Praticamente todos os deputados federais emendaram o feriado de Carnaval e a sessão de debates marcada para, ontem, no plenário da Câmara, foi cancelada por falta de quórum. Dos 513 parlamentares, somente cinco estavam presentes. O número mínimo para abrir uma sessão é de 51. A maior parte dos deputados já havia antecipado a saída para o feriado e deixado Brasília na quarta-feira da semana passada.

Perguntar não ofende: O que Marcelo Odebrecht quis dizer ao afirmar que era o verdadeiro bobo da corte?

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) emitiu uma nota, nesta quinta-feira (2), refutando as declarações feitas pelo empresário Marcelo Odebrecht em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no processo que apura a existência de um “caixa 2” na campanha presidencial em 2014. 

De acordo com o texto assinado pela assessoria de imprensa, “é mentirosa” a informação de que Dilma teria “pedido recursos” a Odebrecht para a manutenção de um caixa irregular para custear a campanha ou “autorizado o pagamento a prestadores de serviço” no exterior.

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No depoimento à Justiça Eleitoral, Odebrecht disse que 4/5 de um total de R$ 150 milhões destinados pelo grupo que leva o sobrenome dele para a campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer em 2014 foram por meio de caixa 2. Segundo ela, as doações recebidas foram de acordo com a legislação.

“A insistência em impor à ex-presidenta uma conduta suspeita ou lesiva à democracia ou ao processo eleitoral é um insulto à sua honestidade e um despropósito a quem quer conhecer a verdade sobre os fatos”, ressalta a nota.

O documento também afirma que “não é verdade que Dilma Rousseff tenha indicado o ex-ministro Guido Mantega como seu representante junto a qualquer empresa tendo como objetivo a arrecadação financeira para as campanhas presidenciais”. “Nas duas eleições, foram designados tesoureiros, de acordo com a legislação. O próprio ex-ministro Guido Mantega desmentiu tal informação”.

A assessoria da ex-presidente ainda refutou o fato de que sejam divulgadas informações “seletivas” sobre o depoimento de Marcelo Odebrecht. “E ocorrem justamente quando vêm à tona novas suspeitas contra os artífices do Golpe de 2016, que resultou no impeachment da ex-presidenta da República”, destaca o texto. “Dilma Rousseff tem a certeza de que a verdade irá prevalecer e o caráter lesivo das acusações infundadas será reparado na própria Justiça”, acrescenta.

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin começou, há pouco, a tomar o depoimento do empresário Marcelo Odebrecht, testemunha na ação em que o PSDB pede à Justiça Eleitoral que casse a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer por suposto abuso de poder político e econômico durante a eleição presidencial de 2014.

Sigiloso, o depoimento ocorre a portas fechadas, na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) em Curitiba. Na sala cedida pelo tribunal permanecem apenas o ministro, alguns auxiliares, o empresário e seus advogados.

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Marcelo Odebrecht chegou ao prédio escoltado por policiais federais, cerca de meia hora antes do horário previsto para o início da oitiva (14h30). Para evitar o assédio de jornalistas e curiosos que se aglomeram diante da sede do tribunal, o comboio entrou pela garagem.

Condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por participação no esquema investigado pela Operação Lava Jato e réu em outras ações penais, o ex-presidente da construtora Odebrecht está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde junho de 2015. Benjamin deverá questioná-lo sobre as contribuições financeiras da empreiteira para a última campanha presidencial.

Em dezembro de 2014, as contas da campanha da então presidenta Dilma Rousseff e de seu companheiro de chapa, Michel Temer, foram aprovadas com ressalvas pelo TSE. No entanto, o processo foi reaberto porque o PSDB questionou a aprovação, por entender que há irregularidades nas prestações de contas apresentadas por Dilma. Segundo entendimento do TSE, a prestação contábil do presidente e do vice-presidente é julgada em conjunto.

A campanha de Dilma Rousseff nega qualquer irregularidade e sustenta que todo o processo de contratação das empresas e de distribuição dos produtos foi documentado e monitorado. No início do mês, a defesa do presidente Michel Temer sustentou no TSE que a campanha eleitoral do PMDB não tem relação com os pagamentos suspeitos. De acordo com os advogados, não se tem conhecimento de qualquer irregularidade no pagamento dos serviços.

Outros depoimentos

A decisão do ministro Herman Benjamin para que Marcelo Odebrecht e outros ex-executivos da construtora que assinaram acordo de delação premiada sejam ouvidos foi tomada no último dia 22, depois da homologação dos acordos de delação de 77 investigados. Segundo o ministro, "houve depoimentos relacionados à campanha eleitoral da chapa Dilma-Temer em 2014".

Além de Marcelo Odebrecht, deverão prestar depoimento Cláudio Melo Filho e Alexandrino de Salles Ramos, dois ex-executivos da empreiteira que também assinaram acordo de delação.

As oitivas foram autorizadas pelo relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, e pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chefe da força-tarefa de procuradores da operação.

De acordo com Fachin, os depoimentos de delatores que figuram nos processos criminais da Lava Jato no TSE não violam os termos de sigilo do acordo. Para Janot, está entre as obrigações dos delatores prestar informações em processos que tramitam em outras áreas da Justiça, como a eleitoral.

A ex-presidente Dilma Rousseff foi notificada a depor em ação penal aberta pelo juiz federal Sérgio Moro, dos processos da Operação Lava Jato, em Curitiba, como testemunha de defesa do empreiteiro Marcelo Bahia Odebrecht.

O dono do Grupo Odebrecht - preso desde 19 de junho de 2015, em Curitiba - é réu no processo, acusado de pagar propina para o ex-ministro Antonio Palocci. Novo delator da Lava Jato, Odebrecht arrolou a ex-presidente como testemunha de defesa.

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Dilma terá que comparecer na sala de videoconferências da Justiça Federal, em Porto Alegre, no dia 24, para ser ouvida por Sérgio Moro - será a primeira vez que ela fala ao juiz da Lava Jato.

No ano passado, quando ainda era presidente, Moro havia determinado que ela fosse ouvida por escrito.

"(Dilma) Será ouvida na qualidade de testemunha arrolada pela Defesa de Marcelo Bahia Odebrecht, acerca dos fatos narrados na denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal", informa o mandado de notificação, da 13ª Vara Federal de Curitiba.

A oficial de Justiça Mirian Barbosa registrou em certidão, anexada nesta terça-feira, 7, no processo que conseguiu no dia de ontem notificar a ex-presidente.

Identificado nas planilhas da propina da Odebrecht como "Italiano", segundo a Lava Jato, um registro do Setor de Operações Estruturadas da empresa registra R$ 128 milhões de valores devidos ao ex-ministro - que está preso desde setembro de 2016, em Curitiba.

A ex-presidente Dilma não é alvo de nenhum processo da Lava Jato, em Curitiba. As planilhas de pagamentos a Palocci, no entanto, indicam o "Evento14" como possível referência às despesas de campanha de reeleição da petista, em 2014.

O empresário Marcelo Odebrecht prestou, na manhã desta sexta-feira (27), depoimento ao juiz auxiliar Marcio Schiefler, que trabalha no gabinete do ministro Teori Zavscki, do Supremo Tribunal Federal (STF). A oitiva foi na sede da Justiça Federal, em Curitiba.

O objetivo foi confirmar se o executivo, que está preso na capital paranaense desde junho de 2015, concordou por vontade própria e sem ser coagido, em firmar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) para fornecer detalhes sobre o esquema de corrupção envolvendo a empreiteira Odebrecht e a Petrobras. Outro executivo da empresa também foi ouvido por Marcio Schiefler nesta sexta-feira. 

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Esta é uma etapa formal do processo para que a delação premiada possa ser homologada, isto é, para que se torne juridicamente válida. O ministro Teori Zavascki, que morreu na queda de um avião na semana passada, era relator da Lava Jato no STF e havia autorizado que seus juízes auxiliares colhessem os depoimentos de confirmação ainda em janeiro, durante o recesso do Judiciário. 

Os depoimentos haviam cessado após a morte do ministro relator, mas os juízes auxiliares do ministro foram autorizados, na última terça-feira (24), a retomar os procedimentos. A ordem partiu da presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, a quem cabe decidir sobre atos urgentes durante o recesso.

Dezenas dos 77 executivos e ex-funcionários da Odebrecht que firmaram acordos de delação premiada com o MPF foram ouvidos nesta semana pelos juízes auxiliares de Teori Zavascki. Não é possível saber o número exato devido ao sigilo nos processos de homologação.

A expectativa agora é saber se a ministra Cármen Lúcia vai homologar, ela mesma, as delações da Odebrecht, como defendido por entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ela tem até a próxima quarta-feira, 1º de fevereiro, para decidir se fará as homologações antes de definir quem ficará com a relatoria da Lava Jato no Supremo.

Caso queira, Cármen Lúcia pode homologar as delações de forma fatiada, uma vez que cada um dos 77 pedidos de homologação possuem processos próprios. 

Às vésperas do acordo de delação de executivos da Odebrecht ser fechado com a Procuradoria-Geral da República, o Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a prisão preventiva de Marcelo Odebrecht, nesta terça-feira (22) ao rejeitar os embargos de declaração apresentados pela defesa do presidente da empreiteira contra uma decisão do próprio STF datada de 26 de abril.

A decisão desta terça-feira foi tomada na segunda Turma do STF por unanimidade, seguindo o entendimento de Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato na Corte. Apenas o ministro Gilmar Mendes não estava presente.

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Há duas semanas, Teori já havia rejeitado, em um despacho, um pedido de Odebrecht para suspender por 60 dias a análise do habeas corpus porque o Grupo Odebrecht e o Ministério Público Federal estão negociando um "possível acordo de leniência com consequente acordo de colaboração" de executivos, incluindo Marcelo.

Na última negativa de habeas corpus a Odebrecht, de 26 de abril, Teori justificava que "os elementos apresentados pelo juiz permitem constatar a presença de indícios de que o acusado estaria agindo no sentido de perturbar a investigação e a instrução probatória". A votação na Segunda Turma à época foi de 3 votos a 2 a favor.

Odebrecht foi preso em 19 de junho de 2015 na 14.ª fase da Lava Jato, batizada de "Erga Omnes". Nos últimos meses, o empreiteiro tem se dedicado na elaboração do acordo de delação entre o Grupo Odebrecht e a Lava Jato. As negociações avançam e podem terminar com o maior acordo de delação já feito pela operação, com até 53 executivos e outros 32 depondo como lenientes, ou seja, colaboradores a quem não são imputados crimes. Depois de finalizado, o acordo será enviado para o Supremo, onde precisará ser homologado pelo ministro Teori.

O acordo de delação premiada em negociação entre a Odebrecht e a Procuradoria-Geral da República (PGR) prevê que, de todos os executivos do grupo, apenas o herdeiro e ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht passará um período na prisão. No caso dos demais 52 delatores em tratativas com a Operação Lava Jato, as penas em regime fechado poderão ser cumpridas em casa, com progressões graduais já estabelecidas.

O Estadão apurou que um dos principais executivos da empreiteira, por exemplo, vai cumprir prisão domiciliar em regime fechado por um ano - nesse período não é permitido deixar a residência.

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Em seguida, no regime semiaberto, o delator poderá deixar sua casa durante o dia para trabalhar e, no último ano de pena, ele terá direito ao regime aberto.

A pena prevista para Marcelo será de dez anos. Os primeiros dois anos e meio em regime fechado serão cumpridos na prisão - ele está preso preventivamente por determinação do juiz Sérgio Moro desde junho de 2015, suspeito de pagar propina em troca de contratos na Petrobrás. Depois desse período, no fim de 2017, passará a ter direito a progressões gradativas: dois anos e meio em regime fechado domiciliar, dois anos e meio no semiaberto e a última parte no regime aberto.

A fase de negociação das penas é dada como concluída. A sistemática da delação da Odebrecht, no entanto, foi diferente de outros acordos negociados, por causa da dimensão do caso, e por isso ainda não está pronta para ser encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF) para homologação pelo ministro Teori Zavascki.

Apesar de as penas poderem ser cumpridas em casa, foram consideradas altas se comparadas com outros acordos de delação e pesadas na questão financeira - o reflexo disso será um recall em acordos como os da Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez para adequação ao novo padrão de penas.

Além das delações dos executivos, 32 funcionários da Odebrecht também colaboram como lenientes - sem receber punição, eles contam o que viram dentro da empresa. A empreiteira vai pagar no acordo de leniência com a PGR uma multa na ordem de R$ 6 bilhões e cada executivo deverá fazer um ressarcimento individual. Os delatores precisarão pagar uma porcentagem do que receberam de remuneração da Odebrecht no período em que trabalharam no grupo. As negociações - que começaram com porcentagens de 20% - chegaram a casos em que a multa corresponde a 50% do recebido pelo delator.

A porcentagem a ser devolvida varia de caso a caso, considerando o nível de envolvimento no esquema de corrupção e as quantias de dinheiro localizadas fora e dentro do País em contas dos executivos.

Tratativas.

Nas negociações, os executivos tiveram várias rodadas de conversas com os procuradores da República que conduzem a delação. Para agilizar o processo, investigadores solicitaram aos advogados que entregassem, além dos anexos detalhados com o que cada um vai relatar sobre os crimes, os termos de depoimentos já escritos. Normalmente, esses depoimentos são colhidos pelos procuradores. Agora, a PGR está na fase de "validação" dos depoimentos, em que o delator deve ler e confirmar o que escreveu. A previsão é de que essa fase das delações seja gravada.

Há executivos que não foram informados sobre a data em que deverão comparecer perante os procuradores. Por isso, fontes envolvidas no caso já estimam que a checagem das informações pode ultrapassar este mês.

Nesta semana, advogados brasileiros da Odebrecht entrarão em conversas com advogados americanos sobre a negociação com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos em relação a outra investigação contra grupo. Até o momento, após idas e vindas, os americanos se deram por satisfeitos com a punição penal estabelecida pelo Brasil. A multa bilionária da leniência será dividida entre Brasil, Estados Unidos e Suíça. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, Antonio Palocci, por corrupção passiva. Além dele, também foram iniciados o casal de marqueteiros do PT, João Santana e Mônica Moura, o empreiteiro Marcelo Odebrecht, o ex-assessor de Palocci, Branislav Kontic e Juscelino Dourado. 

Segundo investigações da Lava Jato entre 2008 e 2013 foram pagos mais de R$ 128 milhões ao PT e seus agentes, incluindo o ex-ministro. Palocci foi preso na Operação Omertà, na 35ª fase da Lava Jato, no dia 26 de setembro. 

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A Polícia Federal tem ligado Palocci à planilha 'italiano' referida no Setor de Operações Estruturadas, a área secreta de propinas da empreiteira. 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio, concedeu uma liminar nesta terça-feira, 27, desbloqueando os bens pessoais do empreiteiro Marcelo Odebrecht.

A defesa de Odebrecht ingressou no último dia 16 com um mandado de segurança no STF pedindo a livre-movimentação de seus bens pessoais. Odebrecht foi condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 19 anos e 4 meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa na Operação Lava Jato.

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O pedido da defesa e a liminar de Marco Aurélio se estendem aos executivos Márcio Faria e Rogério Araújo, ex-diretores da Odebrecht, e a César Rocha, ligado à empreiteira. A defesa de Odebrecht alegou ao STF que o bloqueio de bens e valores em contas bancárias "inviabiliza a sua sobrevivência e de suas famílias".

"Ante o quadro, defiro o pedido liminar, autorizando a livre movimentação dos bens de Marcelo Bahia Odebrecht, César Ramos Rocha, Márcio Faria da Silva e Rogério Santos de Araújo que tenham sido indisponibilizados considerado o acórdão nº 2.109/2016, do Tribunal de Contas da União", comunicou o ministro Marco Aurélio em sua decisão.

No início deste mês, Marco Aurélio suspendeu decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que determinou a indisponibilidade dos bens da empreiteira Odebrecht no valor de até R$ 2,1 bilhões referentes ao contrato de construção da Refinaria Abreu e Lima. O ministro alegou não reconhecer a órgão administrativo, como é o TCU, poder dessa natureza.

A força-tarefa da Operação Lava Jato esvaziou a importância de revelações que podem ser feitas pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht. Integrantes da Omertà, 35ª fase da Lava Jato que prendeu o ex-ministro Antonio Palocci, disseram nesta segunda-feira (26) que a "palavra" de Marcelo Odebrecht não é "imprescindível".

Há meses, o empreiteiro tenta fechar um acordo de delação premiada. Ele foi capturado na Operação Erga Omnes, em 19 de junho de 2015, e condenado a 19 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

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Oficialmente, a Polícia Federal informou que "a postura atual do comando da empresa se mostra relutante em assumir e descrever os crimes praticados". Segundo a procuradora da República Laura Gonçalves Tessler, "não há acordo com a empresa (Odebrecht)". "As investigações prosseguem. Não há acordo firmado, não há nada", enfatizou.

O delegado Filipe Hille Pace, da Polícia Federal, afirmou em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira que a Omertà foi deflagrada sem a necessidade de informações eventualmente transmitidas por Odebrecht.

O delegado desprezou a participação do empreiteiro. Segundo ele, Odebrecht não tem colaborado com as investigações da Lava Jato porque se cala frequentemente. "Não pedimos medidas contra a empresa porque já temos material que embasou nossas dúvidas, provas concretas", afirmou. "Todas as vezes que queríamos ouvir Marcelo Odebrecht ele ficou em silêncio", disse.

"Não é imprescindível a palavra do sr. Marcelo Odebrecht em vista da robustez das provas. Ele está preso, já sofreu três decretos de prisão preventiva. Então, não há necessidade de novas prisões contra Marcelo Odebrecht", finalizou Pace.

Defesas

O criminalista José Roberto Batochio, defensor de Palocci, afirma que o ex ministro nunca recebeu vantagens ilícitas. O criminalista foi enfático ao protestar contra o que chamou de "desnecessidade" da prisão do ex-ministro. A Odebrecht, por sua vez, disse que não vai se manifestar sobre o tema.

O juiz Sérgio Moro autorizou o compartilhamento com o grupo de trabalho da Polícia Federal responsável pelos inquéritos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal das informações presentes nos celulares do empreiteiro Marcelo Bahia Odebrecht - preso desde 19 de junho de 2015.

A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, ao se manifestar para o juiz Sérgio Moro sobre o compartilhamento material, apontou que "não há como negar a relação entre os fatos apurados perante este juízo e perante o Supremo Tribunal Federal".

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Atualmente, existem no Supremo 81 inquéritos contra 364 investigados na Lava Jato, incluindo pessoas físicas e jurídicas e até pessoas sem foro mas que devido ao envolvimento com os parlamentares deverão ser julgados pela Corte máxima.

O aparelho do maior empreiteiro do País foi apreendido na 14ª fase da Operação, deflagrada em 19 de junho de 2015 e que levou à prisão Odebrecht e o empresário Otávio Marques, da Andrade Gutierrez.

No celular de Odebrecht, que está em vias de fechar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, foi encontrado um conjunto de siglas com referência a políticos, frases cifradas e codinomes que revelaram a proximidade do empreiteiro com o mundo político.

Quando o material veio à tona, a Polícia Federal utilizou tarjas para preservar os nomes dos políticos com foro privilegiado, justamente pelo fato de as investigações estarem no âmbito da primeira instância judicial naquela época.

Muitas mensagens já foram decifradas pelos investigadores em Curitiba. Eles descobriram a existência de um "departamento de propinas" que funcionava na empresa e envolvia não apenas obras na Petrobras.

Desde que o funcionamento do departamento foi revelado, em março deste ano, a cúpula da empreiteira, incluindo Marcelo Odebrecht, decidiu colaborar com as investigações.

Agora, além da força-tarefa em primeira instância, os investigadores da Diretoria de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal em Brasília também vão poder aprofundar nas investigações, mirando em políticos que detêm foro privilegiado perante o Supremo Tribunal Federal e cujos nomes e contatos estão armazenados no aparelho do empreiteiro.

A Lava Jato já conseguiu cruzar os conteúdos das mensagens de celular e anotações na agenda eletrônica de Marcelo com operações financeiras e outros elementos que, para o Ministério Público Federal, ligam os executivos ao esquema de corrupção na Petrobras.

Parte deste material decifrado já foi utilizado para embasar denúncias contra nomes ligados à empreiteira. Nenhum dos diálogos e anotações que fazem referências expressas a políticos, porém, ainda foi decifrado e cruzado com outras informações das investigações.

O vereador Gilberto Natalini (PV/SP) enviou um ofício à Câmara de Vereadores de São Paulo pedindo a anulação do título de Cidadão Paulistano ao empreiteiro Marcelo Odebrecht, nascido em Salvador. Na avaliação de Natalini, o executivo não é "merecedor" da honraria.

Marcelo Odebrecht foi preso na Operação Lava Jato em 19 de junho de 2015. Condenado a 19 anos e 4 meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa, o empreiteiro tenta fechar sua delação premiada e conseguir benefícios como redução de pena.

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A homenagem a Marcelo Odebrecht foi concedida em 2012 pelo então vereador Francisco Chagas (PT). Naquele ano, o empreiteiro era diretor-presidente da Odebrecht.

Segundo Natalini, "há provas suficientes demonstrando que Marcelo Odebrecht não é merecedor de um título importante como o de Cidadão Paulistano". "É mais que provado que Marcelo Odebrecht está envolvido em atos de corrupção contra o erário e que o empresário foi um dos chefes do Petrolão", disse o vereador.

E-mails apreendidos pela Operação Lava Jato na sede do Grupo Odebrecht, em junho de 2015, reforçaram o rol de provas da participação do presidente afastado do Marcelo Bahia Odebrecht com o Setor de Operações Estruturadas - departamento que cuidava dos pagamentos de propina e caixa 2 da empreiteira, no esquema de corrupção descoberto na Petrobrás.

Uma dessas mensagens eletrônicas, de julho de 2009, registra reunião com executivos para tratar da "avaliação do primeiro semestre e planejamento para o segundo semestre" do setor com "MO".

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"Darci, Gostaria de agendar reunido com MO com os copiados acima para a segunda semana de agosto. Assunto: Operações Estruturadas - avaliação do primeiro semestre e planejamento para o segundo semestre. Duração: 1h. Grato", escreveu Paulo Cesena, presidente da Odebrecht TransPort, em e-mail enviado às 23h49 do dia 19 de julho de 2009.

A mensagem foi encaminhada para Darci Luz, secretária de Marcelo Odebrecht, com cópia para o empreiteiro e para os executivos Hilberto da Silva Filho, principal responsável executivo pelo Setor de Operação Estruturas, e Adriano Juca. No assunto: "Reunião com MO".

Marcelo Odebrecht, identificado nas mensagens como "MO", foi preso em 19 de junho de 2015 na Operação Erga Omnes, 14ª fase da Lava Jato. Foi condenado em março deste ano a 19 anos e 4 meses de prisão. Acusado pelos crimes de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e associação criminosa, ele ainda deve ser condenado em pelo menos outros dois processos abertos na Justiça Federal, em Curitiba.

A mensagem acima e outras constam de um documento de 29 páginas anexado aos autos da Lava Jato. O material embasou "questionamentos feitos à colaboradora Maria Lúcia Guimarães Tavares em 29 de abril de 2016 na Superintendência da Polícia Federal, no Paraná".

A Polícia Federal quis saber da ex-secretária do alto escalão da Odebrecht Maria Lúcia Guimarães Tavares "quanto à ciência por parte de Marcelo Bahia Odebrecht funcionamento e real propósito do Setor de Operações Estruturadas, bem como da efetiva utilização do setor por parte do Diretor Presidente da Odebrecht".

O chefe do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, respondia diretamente ao presidente afastado do grupo, Marcelo Bahia Odebrecht, afirmou Marcos Paula de Souza Sabiá, gerente de Recursos Humanos da empresa, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, da Operação Lava Jato. O departamento é apontado pelo Ministério Público Federal (MPF) como a "Diretoria de Propinas" da empreiteira.

Marcelo Odebrecht está preso preventivamente desde 19 de junho do ano passado, quando foi deflagrada a Operação Xepa na 26.ª fase da Lava Jato, e negocia delação premiada. Segundo a força-tarefa, a empreiteira realizava pagamentos ilícitos por meio do setor. A denúncia referente às propinas não tem relação com a Petrobrás.

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Sabiá não é réu na Lava Jato e depôs nesta quarta-feira, 20, como testemunha de defesa de Angela Palmeira Ferreira, funcionária da Odebrecht que fazia parte do setor de propinas e foi presa temporariamente na 23.ª fase da Lava Jato, a Acarajé.

Questionado por Moro sobre o que era o setor, ele disse se tratar de uma "estrutura como todas as demais estruturas da organização, não tinha nada que eventualmente fosse diferente de uma outra estrutura".

Moro perguntou a quem era subordinado Silva Filho. "Ele tinha sua delegação e, dentro da macroestrutura, ficava ligado ao diretor-presidente da organização", disse a testemunha. "Seria o senhor Marcelo Odebrecht?", questionou o juiz federal. "Isso", respondeu Sabiá, que trabalha há 18 anos na empresa.

Na ação penal da Operação Xepa, o MPF delimitou a denúncia aos repasses do setor de propinas para João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, presos desde fevereiro deste ano. O casal de marqueteiros das campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff teria recebido US$ 6,4 milhões no exterior de contas atribuídas à Odebrecht e R$ 23,5 milhões no Brasil.

Investigação

Além dos funcionários do setor de propinas da empreiteira, que tinham um software próprio para fazer a contabilidade dos pagamentos ilícitos e o Drousys em que eles se comunicavam por apelidos, o MPF afirmou na denúncia que dois doleiros teriam atuado para o departamento da propina, por meio de operações dólar-cabo. Nelas, eles recebiam repasses da Odebrecht no exterior e dispunham a quantia em dinheiro vivo no Brasil.

Ao todo foram 45 pagamentos aos marqueteiros no Brasil, de 24 de outubro 2014, ainda durante o período eleitoral daquele ano em que Dilma se reelegeu, até o dia 22 de maio 2015. "O que mostra um acinte em relação à Justiça", afirmou o coordenador da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, quando a denúncia foi entregue à Justiça Federal.

Procurada pela reportagem, a defesa do presidente afastado da Odebrecht não respondeu até a conclusão desta reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, mandou comunicar a presidente afastada Dilma Rousseff que ela foi arrolada como testemunha de defesa do empreiteiro Marcelo Bahia Odebrecht, preso desde 19 de junho de 2015 e condenado a 19 anos e quatro meses de prisão por corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa no esquema de propinas montado na Petrobras.

A decisão de Moro ocorre em um momento crucial da Lava Jato. Odebrecht está negociando acordo de delação premiada com a força-tarefa do Ministério Público Federal. Os investigadores estão na expectativa de que o empreiteiro poderá revelar detalhes sobre financiamento da campanha da petista em 2010 e em 2014.

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Desde fevereiro está preso o publicitário João Santana, marqueteiro das campanhas de Lula (2006) e Dilma. A investigação revela depósitos de US$ 7,5 milhões em favor do marqueteiro realizados pela Odebrecht em pleno período eleitoral de 2014.

Os advogados de Odebrecht arrolaram Dilma nos autos da Operação Xepa, 26.ª etapa da Lava Jato.

Moro mandou expedir ofício a Dilma solicitando a ela que responda se quer ser ouvida em audiência ou que lhe sejam encaminhadas perguntas por escrito, na forma do artigo 221 do Código de Processo Penal.

"(Marcelo Odebrecht) Arrolou como testemunha a Exma. Sra. Presidente da República Dilma Vana Roussef. Relativamente à ela, observo a necessidade de aplicação do artigo 221 do Código de Processo Penal. Oficie-se, desde logo, em ofício a ser subscrito pelo Juízo, à Exma. Sra. Presidente informando que foi arrolada como testemunha de defesa pelo acusado Marcelo Bahia Odebrecht e indagando se prefere ser ouvida em audiência ou que lhe sejam encaminhadas perguntas a serem respondidas por escrito na forma do artigo 221, §1º, do Código de Processo Penal. Solicite-se resposta, se possível, em cinco dias, já que a ação penal conta com acusados presos."

Em seu despacho, Moro destacou que "não há falar em inépcia da denúncia como alegam alguns defensores".

"Apesar de extensa, é ela, aliás, bastante simples e discrimina as razões de imputação em relação a cada um dos denunciados. O cerne consiste no pagamento de propinas acertadas entre a Odebrecht, agentes da Petrobras e agentes políticos, para os acusados Monica Regina Cunha Moura (mulher do marqueteiro) e João Cerqueira de Santana Filho, o que teria sido feito através do assim denominado Setor de Operações Estruturadas da empresa e mediante entregas de valores em espécie ou depósitos em conta secreta no exterior. Valores de propinas destinados ao Partido dos Trabalhadores em decorrência de contratos das Petrobras teriam sido repassados em pagamentos de serviços de publicidade prestados à referida agremiação política pelos acusados Monica Regina Cunha Moura e João Cerqueira de Santana Filho, cientes estes da origem e natureza criminosa dos valores."

Quando as suas filhas brigavam, o empresário Marcelo Odebrecht perguntava quem tinha provocado, não necessariamente para punir quem levou ao desentendimento. "Eu talvez brigasse mais com quem dedurou do que com quem fez o fato", disse ele, em setembro do ano passado, em depoimento à CPI da Petrobrás. A historinha era para explicar como via o acordo de colaboração na Operação Lava Jato. Prestes a completar um ano de prisão, em 19 de junho, o executivo está assinando um acordo de delação premiada. Mais do que aliviar a própria pena, o empresário busca salvar o grupo que carrega o seu sobrenome.

A reputação arranhada, somada ao ambiente adverso - com recessão, alta do dólar e crises profundas em alguns dos setores em que o grupo atua -, "está fazendo a empresa sangrar", como definem executivos próximos à Odebrecht. O balanço consolidado de 2015, previsto para sair nos próximos dias - com mais de um mês de atraso - vai dar uma imagem parcial, pois a situação piorou nos últimos seis meses e ainda não há resultados oficiais do período recente.

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Segundo o Estado apurou, a dívida bruta foi de R$ 88 bilhões em 2014 para R$ 110 bilhões, alta de 25%, efeito do dólar e dos juros, mas também da imposição de taxas maiores para sua rolagem. A empresa renegocia mais de R$ 25 bilhões em dívidas de empresas do setor agroindustrial e de óleo e gás. Um laudo interno de avaliação dos ativos, feito regularmente para balizar o programa de bônus, pode trazer um cenário mais desagradável. Os próprios executivos acreditam que vai mostrar que o valor do grupo caiu à metade.

Conhecido pela baixa rotatividade e pela fidelidade da equipe, o grupo demitiu mais de 50 mil funcionários, reduzindo o contingente em quase um terço. A equipe voltou a ter praticamente o mesmo tamanho que seis anos atrás: 120 mil trabalhadores. Os cortes não ocorreram pelo ciclo natural de desmobilização de trabalhadores, com a conclusão de obras, mas por falta de novos contratos e até recursos para tocar projetos em andamento. As obras da BR- 163, em Mato Grosso, são exemplo disso: estão quase paralisadas.

O balanço ainda vai retratar o que o grupo poderá perder com a Lava Jato. O Ministério Público Federal cobra R$ 7,3 bilhões, que seria o potencial de multa em um acordo de leniência. A empresa contesta o valor.

Quem convive com a Odebrecht garante que a insistência em não admitir o envolvimento em esquemas de corrupção fez o grupo atrair desconfianças e acumular perdas, sobretudo porque outras empresas acusadas dos mesmos crimes preferiram o caminho inverso e colaboraram. "As construtoras se adaptaram à Lei Anticorrupção, decidiram que só participam de certames limpos: é a direção a seguir", diz Ordélio Azevedo Sette, do escritório Azevedo Sette.

A área mais afetada foi o crédito. Em agosto de 2015, os bancos começaram a travar liberações, o que exigiu que o grupo utilizasse recursos próprios para girar o negócio. Executivos próximos às negociações com credores estimam que deixaram de entrar cerca de R$ 40 bilhões em créditos, no Brasil e no exterior. O grupo não confirma o valor, mas em nota disse que a Odebrecht Engenharia e Construção vive dias complicados: "O mercado de crédito mais restrito e a questão reputacional - que leva a um escrutínio maior e mais demorado por parte dos credores - são os principais responsáveis por essa situação. A empresa está comprometida em alcançar uma solução para suas questões reputacionais e espera com isso melhorar o ambiente de crédito".

Uma das instituições que fecharam a torneira foi o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Odebrecht TransPort, empresa que opera concessões, aguarda receber R$ 5,2 bilhões em financiamentos de longo prazo do banco. No exterior, há demora na liberação de US$ 2 bilhões para as obras do gasoduto Sur Peruano e a Odebrecht procura vender a sua parte nesse projeto.

Além disso, a empresa tem dificuldades para fechar as contas na Agroindustrial onde teve um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão em 2015 e renegocia uma dívida de R$ 13 bilhões. Outra empresa problemática é a de óleo e gás, que renegocia contratos de navios-sonda com a Petrobrás.

Fôlego

Duas peculiaridades deram fôlego para o grupo: a atuação em 21 países e a diversificação em 15 áreas de negócios. Cerca de 61% das receitas vem do exterior. Dois negócios resistiram ao turbilhão: a petroquímica Braskem e Odebrecht Ambiental, de saneamento. Eles compensaram as perdas e fizeram a receita ir de R$ 107 bilhões em 2014 para R$ 132 bilhões em 2015.

Na avaliação de Sergio Lazzarini, professor do Insper, a delação de Marcelo Odebrecht tende a ter outro simbolismo: marcar a derrocada do modelo de negócio baseado na troca de favores entre Estado e empresas. "O modelo é insustentável: o dinheiro do Estado acabou e agora os empresários passaram a ter medo", diz Lazzarini. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O conteúdo inicial da delação premiada do executivo Marcelo Odebrecht causou impacto na ação do impeachment, em trâmite final no Senado, e deverá fortalecer a base governista na tentativa de acelerar o desfecho do processo. As informações prestadas pelo empreiteiro à Operação Lava Jato envolvem diretamente a presidente afastada Dilma Rousseff.

A ação de afastamento tem por base as pedaladas fiscais e ainda precisa ser votada novamente no Senado. Porém, a própria defesa de Dilma tentou incluir semana passada no processo elementos da Operação Lava Jato, que apura desvios na Petrobras. A petista buscava ganhar tempo, enquanto a base governista no Senado quer acelerar o desfecho desta etapa final do trâmite.

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Até anteontem, a estratégia de Dilma e do PT era protelar o impeachment apostando no desgaste do presidente em exercício Michel Temer por conta das revelações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado na Lava Jato, que atingem aliados importantes de Temer no PMDB, como o senador Romero Jucá (RR). A divulgação das primeiras revelações de Odebrecht, no entanto, ampliaram o fogo sobre Dilma e forneceram munição para o Planalto.

O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP), defendeu ontem a inclusão das informações prestadas por Odebrecht como prova no processo de impeachment. Para o tucano, as declarações do empresário deverão ajudar a convencer senadores indecisos de que a petista não tem condições de voltar a comandar o País.

Segundo reportagem da revista IstoÉ, em acordo de confidencialidade com a Operação Lava Jato, Odebrecht disse que Dilma pediu pessoalmente uma doação de R$ 12 milhões para sua campanha eleitoral em 2014. Conforme a publicação, o empreiteiro diz que o então tesoureiro da campanha, Edinho Silva, solicitou o montante, mas a Odebrecht recusou-se a pagar. O empresário, então, teria procurado Dilma, que teria afirmado: "É para pagar".

"Essas declarações ajudam a formar a convicção de que ela não pode permanecer na Presidência. É mais uma elemento para corroer aquela fímbria de autoridade que ela tinha", disse Aloysio. Para o senador, as afirmações de Odebrecht devem ser levadas em consideração no julgamento do impeachment. "Isso contribui para desmoronar aquela imagem virginal que ela o PT construíram dela e da gestão dela".

De acordo com a revista Veja, Odebrecht também afirmou que a reeleição de Dilma foi financiada com propina depositada em contas no exterior.

Áudios

Na avaliação de Aloysio Nunes, o próprio advogado de Dilma, José Eduardo Cardozo, abriu espaço para essa inclusão, ao pedir ontem na comissão do impeachment do Senado a inclusão como prova dos áudios em que Jucá defende estancar as investigações da Lava Jato. "Já que é para falar do conjunto da obra, fica evidente que (a declaração de Odebrecht) deve ser levada em consideração." Na sessão da comissão do impeachment do Senado, na quinta-feira, o pedido de Cardozo foi negado pelo relator do processo, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG). O tucano mineiro sustentou que os áudios de Jucá são estranhos ao processo. "Os áudios não são fatos novos, não alargam o objeto. Não são estranhos ao processo, eles são o processo", rebateu o advogado de Dilma.

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que Dilma Rousseff deveria renunciar ao cargo e "poupar o Brasil" da espera pelo desfecho do processo de impeachment. "Já existiam insinuações nesse sentido e agora vem a comprovação final da participação direta da presidente da República em todos esses atos irregulares e criminosos na operação da Petrobras", afirmou.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou que as acusações de Marcelo Odebrecht sobre pedido de doação ilegal para a campanha da presidente afastada reforçam a tese de cassação da chapa das eleições presidenciais de 2014 formada pela petista e por Temer.

"Se confirmado, isso contamina a chapa. Afinal, Temer não seria presidente interino se Dilma não tivesse sido eleita", afirmou Randolfe. Para o senador, a declaração de Odebrecht reforça a necessidade de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgar logo o caso. A chapa Dilma-Temer é alvo de quatro ações ajuizadas pelo PSDB, pedindo a cassação por abuso de poder econômico nas eleições presidenciais de 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse neste Sábado que a presidente afastada Dilma Rousseff deveria renunciar ao cargo e "poupar o Brasil" da espera pelo desfecho do processo de impeachment que corre no Senado. O comentário foi feito com base na informação publicada pela revista IstoÉ, segundo a qual Dilma teria tratado pessoalmente, com Marcelo Odebrecht, do pagamento de uma propina de R$ 12 milhões para sua campanha à Presidência em 2014.

A revelação constaria da delação premiada do empresário, segundo a revista. "Já existiam insinuações nesse sentido e agora vem a comprovação final da participação direta da presidente da República em todos esses atos irregulares e criminosos na operação da Petrobras", afirmou. "Para mim, essa é a pá de cal. A possibilidade de ela negar a sua participação no processo é desmontada e cai por terra."

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O senador não acredita, porém, que essa nova informação alterará os votos na comissão do impeachment, do qual ele é integrante.

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