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Pela racionalidade do governo, dificilmente o preço da gasolina no Brasil será reajustado de uma só vez, disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. "Creio que vão fazer como sempre fizeram: vão dar uma parte depois das eleições, algo mínimo, da ordem de 5%, e talvez alguma coisa ano que vem", prevê.

No entanto, alerta Vale, dado que o cenário cambial deve piorar, a diferença de preços internacionais também tende a se agravar junto a um preço de petróleo que vai continuar acima dos US$ 100 o barril. E, segundo ele, mesmo com esses 5% é bem provável que a defasagem entre preços internos e externos permaneça na ordem de 20%.

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Além disso, a economia, segundo Vale, passa por um momento de recessão e tem inflação anualizada em torno de 6,5%, um número muito alto para um período de crescimento baixo tão prolongado como não se vê no País.

Para o economista, caso a presidente Dilma Rousseff seja reeleita, nada de relevante vai mudar na condução da política de preços da gasolina. Na avaliação de Vale, tanto a Petrobras como o setor de etanol continuarão enfrentando perdas ao longo dos próximos anos.

A inflação no Brasil está se consolidando no nível de 6% ao ano, na avaliação do economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, ao comentar o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2013, que subiu 5,91%, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira, 10. "A inflação está estabilizada, mas não controlada, porque controlada é uma inflação de 4,5%", disse, citando a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

"A inflação tem rodado sistematicamente acima de 6% e está se cristalizando em torno desse patamar. Preços livres aceleraram e administrados caíram. Não fossem manobras do governo, como em energia e IPI, para reduzir os preços, provavelmente teríamos o IPCA acima do teto da meta", acrescentou.

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Para ele, falta um ajuste monetário na intensidade suficiente para controlar o problema e, principalmente, o governo reduzir os gastos públicos. "O governo insiste em estimular a demanda doméstica", criticou.

Já a avaliação do economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, o resultado do IPCA de 2013 mostra que a perspectiva para a inflação em 2014 é preocupante e dificilmente registrará uma alta nos preços inferior à do ano passado. Ele lembra que houve um represamento da inflação no ano passado, com desonerações ao longo do ano - em energia, IPI e com aumento da gasolina abaixo do esperado.

"Temos um IPCA que não está num nível real, está abaixo, e pela necessidade de ajustes nos próximos anos as desonerações vão começar a ser repensadas, o que traz impacto em preços", disse o economista. Por causa disto e de uma política pouco agressiva do Banco Central para baixar a inflação, ele trabalha com um cenário de IPCA em torno de 6,5% em 2014.

"O governo tinha a vontade muito grande de que o IPCA ficasse abaixo do registrado em 2012, como tentativa de sinalização de que a política monetária estaria surtindo efeito", lembra Vale. O desejo de Brasília, contudo, não se concretizou. Mesmo assim, o economista acredita que o Banco Central terá dificuldade para subir os juros em ano eleitoral e trabalha com alta de 0,25 ponto porcentual na Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de janeiro e depois estabilidade até as eleições presidenciais, em outubro. "O Banco Central deve parar de subir os juros agora em janeiro e, como efeito, trará mais dúvidas sobre a inflação de 2015", explica.

Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff não permitirá uma ousadia maior do Banco Central em 2014. "É um esforço de política monetária que não sei se ela está disposta a permitir agora", afirma. "O que se vê hoje são dois anos preocupantes de inflação e, pelo retrospecto, vemos uma inflação média de 6%, que é o que a Dilma vai entregar."

Na avaliação do economista-chefe da MB Associados, o Banco Central já sinalizou que trabalha com uma inflação implícita de 5,5%. "Um BC de antigamente estaria extremamente preocupado com esse 5,5% consolidado e teria uma postura agressiva nas taxa de juros", analisa. O economista projeta que a presidente Dilma será reeleita neste ano e a Selic subirá, nas duas reuniões posteriores à eleição, 0,25 ponto porcentual em cada encontro do Comitê de Política Monetária (Copom). Apesar disso, ainda ficará aquém do patamar necessário para trazer o IPCA para mais próximo da meta, que segundo Vale é de 14% ao ano.

De acordo com ele, é difícil imaginar neste cenário que o IPCA deste ano seja inferior ao do ano passado. Durante todo o primeiro trimestre, a previsão do economista é de que a inflação fique em torno de 5,9%, com impactos de alimentação e energia. "Vemos uma inflação estabilizada em um nível elevado", mencionou.

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