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A Câmara dos Deputados gastou R$ 12,9 mil para financiar a passagem e estadia de bolsonaristas na Argentina durante o primeiro turno das eleições presidenciais, em outubro. De acordo com dados do Portal da Transparência, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Rodrigo Valadares (União-SE) e Marcel Van Hatten (Novo-RS) utilizaram verbas da Casa para apoiar o candidato Javier Milei.

Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Eduardo se empenhou pessoalmente na campanha do candidato libertário à Casa Rosada. Ele saiu de Brasília em 22 de outubro - dia do primeiro turno das eleições argentinas -, fez uma escala em Guarulhos, São Paulo, e aterrizou em Buenos Aires às 12h10. O trajeto, ao custo de R$ 1,7 mil, foi pago pelo deputado e reembolsado pela Câmara. Na volta, Eduardo gastou outros R$ 2,5 mil no mesmo percurso. Ao todo, foram gastos R$ 4.216,07 com as passagens de ida e volta. As informações foram publicadas pelo portal Metrópoles e confirmadas pelo Estadão.

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Eduardo chegou à Argentina já durante o transcorrer da votação. Nas redes sociais, ele publicou uma imagem com o desenho de Milei segurando uma motosserra ao lado de Bolsonaro e do ex-presidente americano Donald Trump. "Um prazer estar bem acompanhado na terra dos irmãos!", escreveu.

Marcel Van Hattem saiu de Porto Alegre em 21 de outubro com destino a Buenos Aires. O parlamentou retornou no dia 23 pela manhã, um dia após o primeiro turno. As passagens de ida e volta custaram aos cofres da Câmara R$ 4.236,19. Van Hattem solicitou reembolso pelo valor gasto.

Já no caso do deputado Rodrigo Valadares, os gastos custeados pela Câmara foram com hospedagem. O deputado do União Brasil pediu o reembolso de R$ 4.537,66 referentes a quatro diárias, entre 19 e 23 de outubro, no Hotel Hilton, em Puerto Madero, na capital Argentina.

Valadares e Eduardo foram recebidos pela vice-presidente na chapa de Milei, Victoria Villarruel. Nas redes sociais, o parlamentar postou vídeos ao lado de Victoria e em um comício da chapa de oposição a Sergio Massa, candidato peronista.

De acordo com Valadares, o deputado viajou à convite da coalização partidária La Libertad Avanza, de Javier Milei, após "denúncias de interferência do governo brasileiro na eleição presidencial da Argentina em favor do candidato Sergio Massa". Segundo o parlamentar, as agendas foram documentadas e os valores gastos são menores do que os gastos de uma viagem entre Aracaju e Brasília.

Os deputados Eduardo Bolsonaro e Marcel Van Hattem foram procurados pelo Estadão, mas não se manifestaram até a pubicação deste texto. O espaço está aberto a manifestações.

Procurada pelo Estadão, a Câmara disse que os questionamentos sobre os gastos e autorizações de viagens oficiais deveria ser feito via Lei de Acesso à Informação (LAI), instrumento que dá 20 dias para que o órgão disponibilize as informações.

O candidato libertário à presidência da Argentina, Javier Milei, voltou a chamar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de "comunista" e disse que não se reunirá com ele caso seja eleito. Não é a primeira vez que Milei rejeita se encontrar com Lula e já deu a entender que não pretende ter boas relações com o governo brasileiro.

Brasil e Argentina são os dois maiores parceiros comerciais da América Latina. Durante entrevista ao jornalista peruano Jaime Bayly, o adversário do peronista Sergio Massa no segundo turno da eleição presidencial, dia 19, foi questionado sobre o que pensava de Lula.

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Corrupto

Rapidamente, ele respondeu: "Comunista". O jornalista indaga: "E um corrupto?". "Óbvio, por isso foi preso", respondeu Milei. Quando questionado se teria um encontro com o brasileiro, ele respondeu que não.

Milei já havia chamado Lula de comunista logo após o convite feito à Argentina para integrar o Brics - bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e recebeu recentemente adesões de Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Egito, Irã e Etiópia. O libertário respondeu, na época, que não aceitaria a entrada, caso fosse eleito, e não se reuniria com comunistas de Brasil e China.

Interferência

Milei diz que não deseja um rompimento das relações diplomáticas ou comerciais com o Brasil, mas defende que o Estado não deve ser o regulador deste fluxo. Sua política é de deixar empresários e produtores brasileiros e argentinos conduzirem as relações. "Desde a minha posição como chefe de Estado, meus aliados são EUA, Israel e o mundo livre", afirmou Milei durante entrevista veiculada na quarta-feira.

No domingo, 6, em entrevista ao canal LN+, do jornal La Nación, Milei acusou Lula de interferir na campanha presidencial argentina. "As pessoas (apoiadores) de Bolsonaro e alguns jornalistas do Brasil denunciaram que Lula está interferindo na campanha, financiando parte dela, e dentro desse pacote há um conjunto de consultores brasileiros que são os melhores especialistas em campanha negativa", disse.

Empréstimo

Na quarta-feira, 9, o embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli, rejeitou as declarações de Milei. "O fato de um candidato dizer que não vai ter relações com Lula não me parece ter qualquer mérito, ao contrário de Sergio Massa, que exerce a melhor diplomacia, que é comercial, que pode ser aprofundada a partir de dezembro, porque conheço as relações que ele tem, não só com o Brasil, mas com a China, a outra relação bilateral que Milei tem questionado, que são os dois parceiros mais importantes da Argentina."

No dia 29 de agosto, jornais da Argentina trouxeram relatos da conversa ocorrida na véspera entre Lula e Massa, também ministro da Economia do país, no Palácio do Planalto. Candidato do peronismo à sucessão do presidente, Alberto Fernández, Massa esteve em Brasília, um dia antes, para tratar de um empréstimo de US$ 600 milhões.

O objetivo era financiar as exportações argentinas. Lula disse ao ministro que enviaria pessoas de sua equipe à Argentina, com o objetivo de ajudá-lo na campanha "para parar a direita", de acordo com as publicações argentinas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O candidato à presidência da Argentina Javier Milei acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "difundir medo" no país. Em entrevista ao jornal La Nación, o libertário disse que rumores de que o preço das passagens no transporte público aumentariam substancialmente em um eventual governo com ele fazem parte de uma campanha negativa por parte de seu adversário, o ministro da Economia Sergio Massa.

"Na verdade, os aliados de Bolsonaro e alguns jornalistas do Brasil denunciaram que Lula está interferindo nesta campanha financiando parte dela, e dentro desse pacote há um grupo de consultores brasileiros que são os melhores especialistas em campanhas negativas e o que eles fazem é difundir medo da sociedade", afirmou. Segundo Milei, Massa estaria realizando um ataque às instituições. "Utilizou recursos do Estado para fazer uma campanha negativa contra outros candidatos. Por outras palavras, isto tem uma enorme gravidade institucional", disse.

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Victoria Villarruel, vice da chapa do libertário Javier Milei, candidato a presidente da Argentina, não costuma ficar em cima do muro. Ela nega o terrorismo de Estado durante a ditadura militar, defende os torturadores e promete revogar as leis que legalizaram o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Agora, porém, Villarruel arrumou encrenca com um grupo engajado: os fãs da banda BTS, uma das mais conhecidas do universo k-pop (música jovem coreana). "Repudiamos as declarações de ódio e xenofobia contra a imagem do BTS proferidas pela candidata Victoria Villarruel", tuitou a conta do BTS da Argentina.

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A revolta dos fãs argentinos começou quando tuites de Villarruel, postados em 2020, foram desenterrados recentemente, incluindo uma mensagem em que ela diz que o nome da banda parece "uma doença sexualmente transmissível".

A banda sul-coreana é um fenômeno mundial e um dos poucos grupos, desde os Beatles, a colocar quatro álbuns como os mais vendidos dos EUA em menos de dois anos. Em 2018, o vídeo da música Idol foi visto 45 milhões de vezes em 24 horas no YouTube - um recorde.

No ano passado, os sete integrantes do BTS foram recebidos na Casa Branca pelo presidente dos EUA, Joe Biden, depois de se tornarem os artistas musicais mais reproduzidos da história do YouTube, com mais de 26 bilhões de visualizações.

Diante do tamanho da reação, Villarruel postou uma mensagem lamentando o episódio. Os adversários, no entanto, pegaram carona no deslize. O peronista Juan Grabois, que perdeu as primárias de agosto para Sergio Massa, respondeu com um aviso: "Mexeu com o BTS, mexeu comigo. Não se brinca com o k-pop."

Villarruel tem um papel importante na campanha de Milei. Frequentemente, ela usa as redes sociais para travar algum tipo de guerra cultural, desde campanhas contra o aborto até críticas a homens baixinhos. Seu alvo preferido são os direitos humanos e os indígenas.

Ela ataca frequentemente as Mães da Praça de Maio, grupo fundado por parentes de vítimas da ditadura, e critica o uso de bandeiras LGBTQ+ e de comunidades indígenas nas salas de aula. "Nosso governo acabará com a doutrinação que apaga nossa identidade nacional", escreveu Villarruel no X (ex-Twitter), em agosto - mensagem que ela logo apagou.

Um desconhecido na política argentina até conquistar uma cadeira como deputado em 2021, o libertário Javier Milei ganhou impulso na corrida presidencial neste domingo, 13, ao ser o grande vencedor das PASO, as Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias, que são um termômetro para a disputa presidencial da Argentina. O economista que surgiu com uma terceira força política virou o jogo e saiu como protagonista, com mais de 5 milhões de votos.

Com 97% das urnas apuradas, Javier Milei tem 30,4% dos votos. À frente da coalizão de centro-direita Juntos por el Cambio (28,27%) e da coalizão da esquerda que governa o país Unión por la Pátria (27,27%). As prévias definem as chapas que vão concorrer na eleição presidencial de outubro.

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A votação expressiva de Milei foi antecipada pelas próprias campanhas enquanto a apuração avançava e pegou a Argentina de surpresa. Em discurso após a vitória, Milei falou em fazer um esforço nacional para "acabar com o kirchnerismo e a casta política parasitária" que domina o país.

O presidente da coalizão Liberdade Avança capturou uma atenção considerável do eleitorado argentino quando se colocou como "diferente de tudo que está aí". Com seu lema de ser "contra a casta política", Milei enfatiza que não faz parte nem da política peronista nem da oposição macrista. O discurso agradou quem está cansado da enorme crise econômica que passa o país e não foi resolvida no últimos governos de Alberto Fernández e seu antecessor Mauricio Macri.

À insatisfação popular se somou as brigas internas dentro das coalizões de governo e oposição pelas candidaturas presidenciais. A chapa peronista União pela Pátria (antiga Frente de Todos) travou batalhas até os últimos dias para definir um candidato. Enquanto a oposição do Juntos pela Mudança decidiu sair com dois nomes de peso para a disputa, mas não sem antes protagonizar trocas de acusações entre eles e disputas até mesmo pela prefeitura de Buenos Aires.

Um outsider na liderança

Javier Milei é a mais nova expressão dos outsiders que irromperam na política nos anos recentes. O economista de 51 anos, autodenominado anarcocapitalista, disse que iria acabar com a classe dominante, cortar o governo e fechar o banco central, cuja política monetária ruim, segundo ele, "rouba" dinheiro dos argentinos por meio da inflação. .

Estrela do atual ciclo eleitoral da Argentina, Milei tem propostas radicais. Além da dolarização da economia do país, ele propõe o fim da educação gratuita e obrigatória, que substituiria por um sistema de vouchers; uma gradual privatização do sistema de saúde; desregulamentação do mercado de armas; e o fim da educação sexual obrigatória.

Mas uma promessa parece ter causado impacto: se eleito, disse Milei, ele sortearia seu salário mensal. "Para mim, isso é dinheiro sujo", disse ele. "Do meu ponto de vista filosófico, o Estado é uma organização criminosa que se financia com impostos retirados das pessoas à força. Estamos devolvendo o dinheiro que a casta política roubou".

Desde que Milei assumiu o cargo em dezembro, 2,4 milhões de argentinos se inscreveram para ter a chance de ganhar seu contracheque de US$ 3.200 em sorteios transmitidos ao vivo nas redes sociais. De talvez maior consequência: o político anteriormente obscuro, cujas ideias geralmente fogem do mainstream político aqui, é o candidato líder nas primeiras pesquisas para a eleição presidencial do ano que vem, com o apoio de eleitores de todo o espectro.

"Milei articula a raiva das pessoas melhor do que ninguém", disse Lucas Romero, diretor da empresa de consultoria de Buenos Aires Synopsis. "Sua verbosidade contra a liderança política o ajuda a construir apoio baseado em resultados econômicos fracos na última década."

Como presidente, diz Milei, ele cortaria os gastos drasticamente para poder reduzir os impostos. Ele fortaleceria os laços com os Estados Unidos e outras potências ocidentais e atrairia o apoio de aliados que se opõem às ideias da esquerda que estão surgindo na região.

"A América Latina só tem uma saída se abraçar ideias de liberdade mais uma vez", disse Milei ao The Washington Post no ano passado. Ele disse que "cortaria o próprio braço antes de aumentar os impostos".

Milei é talvez o membro mais radical de um grupo de libertários que obteve vitórias nas eleições de meio de mandato de 2021. Foi a primeira vez em décadas que a filosofia de governo limitado atraiu apoio considerável, uma surpresa em um país há muito governado por variantes do peronismo de esquerda.

A ascensão de Milei foi auxiliada por sentimentos generalizados de pessimismo e apatia. O país concluiu um acordo com o Fundo Monetário Internacional para evitar o mais recente de uma série de inadimplências, mas a inflação mensal de 6,7% em março sugere que as pressões sobre os preços estão apenas piorando. Pesquisas indicam que a maioria dos argentinos acredita que a economia estará pior daqui a um ano e espera que seus filhos também estejam piores no futuro.

"Hoje, Milei é um repositório das frustrações das pessoas", disse Mariel Fornoni, diretor da empresa de pesquisas de Buenos Aires Management & Fit. "As expectativas são incrivelmente baixas. Cada líder político que medimos tem uma imagem pública muito ruim, e isso é algo que nunca vi em anos".

Infância difícil e goleiro

Milei foi goleiro do clube de futebol argentino Chacarita Juniors, mas encerrou a carreira no começo dos anos 1990. Nascido no bairro portenho de Palermo, em 22 de outubro de 1970, Milei teve uma infância marcada por polêmicas em família. Ele mesmo reconhece que não se dava bem com a família, apenas com sua irmã, Karina Milei. Ele diz que ela é a pessoa que melhor o conhece e "a grande arquiteta" de seus acontecimentos políticos. Milei disse a diferentes meios de comunicação que, caso se torne presidente, ela desempenhará o papel de primeira-dama.

O jornalista Juan Luis González é um dos pesquisadores da biografia não autorizada do economista, intitulada "El Loco". À CNN, ele declarou que a passagem de Javier Milei pelo Colégio Cardenal Copello, em Villa Devoto, foi marcada por bullying na maior parte da vida.

Hoje Milei vive com cinco Mastiffs ingleses, cada um pesando cerca de 100 quilos, e ele reconhece nesses cachorros sua verdadeira família.

A partir de 2018, a ascensão de Milei começou nos principais meios de comunicação argentinos, com a divulgação de seu discurso "liberal libertário", como costuma chamar. Suas aparições no rádio e na televisão locais geraram polêmica, seja entre seus colegas economistas, jornalistas ou apresentadores.

O grande salto em sua carreira política veio em 2020, quando anunciou sua candidatura à presidência nas eleições de 2023. Esse passo abriu caminho para que seu partido, La Libertad Avanza, conquistasse duas cadeiras na Câmara dos Deputados no ano seguinte, ocupados por ele e por sua candidata à vice-presidência, Victoria Villarruel.

Enquanto a corrida estava indefinida dentro dos partidos tradicionais da Argentina, Milei se beneficiava de ser o único nome certo na disputa para as primárias que ocorrem em agosto e já ocupava espaços na televisão e no rádio para compartilhar suas ideias de governo.

As palavras fortes contra os políticos e a marca registrada do cabelo desordenado - que lhe rendeu comparações com o ex-premiê britânico Boris Johnson - conquistou um público que se viu representado em seu jeito mais próximo "do povo". Mas foi seu diploma de economista que lhe rendeu a confiança de parte da população argentina de que ele saberia resolver o problema da inflação acima dos 110%. Ainda que seus planos fossem vagos ou radicais, como acabar com o Banco Central ou dolarizar a economia - em um cenário de fuga de dólares.

Escândalo

Além das mudanças no xadrez dos adversários, Milei se vê agora prejudicado pelo maior escândalo envolvendo seu nome desde que entrou para a política em 2021. A Justiça Eleitoral argentina abriu uma investigação por denúncias de venda de candidaturas dentro da coalizão Liberdade Avança.

Segundo denunciou ex-aliados do candidato, sua equipe chegou a cobrar mais de US$ 50 mil dólares para indicar nomes às corridas para prefeitos, vereadores e governadores nas eleições provinciais. Áudios divulgados pelo La Nación em que Milei é citado pelo nome reforçaram as denúncias até que a Justiça abriu o inquérito. Milei nega a venda e se diz vítima de difamação.

Além disso, nenhum dos candidatos apoiados por ele conseguiu cargos nas eleições provinciais, que até então veem predominância dos candidatos apoiados pelo governo. No entanto, ainda faltam eleições de províncias importantes e que concentram a maioria do eleitorado, como Buenos Aires e Santa Fé. (Com agências internacionais)

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