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A Nobel da Paz Nadia Murad, ex-escrava dos jihadistas no Iraque e membro da minoria yazidi, comparecerá, nesta terça-feira (5), ao discurso sobre o estado da União de Donald Trump, junto com as muitas personalidades e anônimos convidados pelos congressistas americanos.

A tradição permite aos 535 membros do Congresso escolherem um convidado para acompanhá-los durante esse discurso anual, no qual o presidente expõe seu programa e sua visão em relação ao futuro.

Os membros do Senado (100) e da Câmara de Representantes (435) aproveitam essa possibilidade para chamar a atenção sobre causas que consideram importantes.

Para o congressista republicano Jeff Fortenberry, que se mostrou "lisonjeado" por ter podido convidar Murad, o mundo "precisa ouvir" a história da jovem yazidi.

Sequestrada pelo grupo Estado Islâmico (EI) em 2014, Murad viveu uma situação similar à de milhares de mulheres de sua comunidade: sofreu torturas, estupros coletivos, foi vendida e revendida nos mercados de escravas dos jihadistas. Após escapar do inferno, recebeu o prêmio Nobel da Paz, em 2018.

Os vencedores do prêmio Nobel da Paz, o médico congolês Denis Mukwege e a yazidi Nadia Murad, ex-escrava de extremistas, disseram neste domingo esperar que o prêmio ajude a dar fim à impunidade dos autores de violências sexuais.

O ginecologista de 63 anos e a jovem iraquiana, de 25, receberão nesta segunda-feira em Oslo o Nobel atribuído conjuntamente por sua luta contra o estupro como "arma de guerra".

"Este prêmio Nobel no fará a violência desaparecer, nem os ataques a mulheres, grávidas, crianças, bebês", declarou Murad à imprensa.

"Mas nosso objetivo é que o prêmio abra portas, e já é o caso", acrescentou.

Como outras milhares de mulheres yazidis, Murad foi submetida à escravidão sexual pelo grupo extremista Estado Islâmico após uma ofensiva no Iraque em 2014.

Após conseguir escapar, a jovem, cuja mãe e seis irmãos foram assassinados, luta para que a perseguição ao povo curdo seja reconhecida como genocídio.

"Nenhum membro do Estado Islâmico foi julgado. Já não estão no Iraque, mas vemos que os estupros continuam como arma de guerra", destacou.

Denis Mukwege atende vítimas de violência sexual há duas décadas no hospital de Panzi, fundado no Bukavu, leste da República Democrática do Congo (RDC), região afetada pela violência crônica.

"A denúncia não é suficiente, é preciso agir", disse em coletiva de imprensa.

"Nos conflitos armados, (...) a transformação dos corpos das mulheres em campo de batalha é um ato inadmissível em nosso século", acrescentou.

O prêmio Nobel da Paz é composto por uma medalha de ouro, um diploma e um cheque de 9 milhões de coroas suecas (993 mil dólares).

Com apenas 25 anos, depois de ter sobrevivido a meses de calvário nas mãos de extremistas no Iraque e de se tornar porta-voz da minoria yazidi, Nadia Murad recebe o Prêmio Nobel da Paz na próxima segunda-feira (10).

A jovem iraquiana foi agraciada com este prêmio em outubro, junto com o médico congolês Denis Muwkege, por seus esforços para "pôr fim ao uso da violência sexual como arma de guerra".

Primeira personalidade iraquiana a receber essa distinção, Nadia Murad segue, da Alemanha - país onde vive -, "o combate de seu povo para que os países europeus acolham os deslocados yazidis e para que se reconheça como genocídio as perseguições cometidas em 2014 pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Para isso, os yazidis contam com uma grande aliada: Amal Clooney, a advogada e ativista dos direitos humanos anglo-libanesa, que escreveu o prólogo do livro de Nadia "Eu serei a última".

Nadia poderia ter desfrutado de uma vida tranquila em sua cidade natal, Kosho, perto do reduto yazidi de Sinjar, uma zona montanhosa entre Iraque e Síria. Mas o rápido avanço do EI em 2014 mudou seu destino.

Em agosto de 2014, ela foi sequestrada e levada à força para Mossul, um bastião do EI reconquistado há mais de um ano. Este foi o início de um calvário de muitos meses: torturada, disse ter sido vítima de múltiplos estupros coletivos antes de ser vendida diversas vezes como escrava sexual.

Naquele ano, o EI teve uma rápida ascensão e assumiu o controle de amplas faixas do país. Em agosto, foi o povoado de Murad, perto do reduto yazidi de Sinjar (norte), que sucumbiu à invasão dos jihadistas.

Nadia Murad - assim como sua amiga Lamiya Aji Bashar, com a qual venceu o Prêmio Sakharov do Parlamento Europeu em 2016 - repete sem cessar que mais de 3.000 yazidis continuam desaparecidas e que provavelmente permanecem em cativeiro.

- Torturas e estupros -

Os extremistas queriam "roubar nossa honra, mas perderam a honra deles", disse aos eurodeputados Nadia Murad, que foi nomeada embaixadora da Boa Vontade da ONU e luta pela proteção das vítimas do tráfico de pessoas.

Além de sofrer torturas e estupros, Murad teve de renunciar a sua fé yazidi, uma religião ancestral desprezada pelo EI, praticada por meio milhão de pessoas no Curdistão iraquiano.

"A primeira coisa que fizeram foi nos forçar a uma conversão ao Islã. Depois fizeram o que queriam", afirmou Nadia à AFP em 2016.

Assim como milhares de outras yazidis, ela foi obrigada a "casar" com um extremista que a agredia, como relatou em um comovente discurso no Conselho de Segurança da ONU em Nova York.

"Incapaz de suportar tantos estupros", ela decidiu fugir. Graças à ajuda de uma família muçulmana de Mossul, Nadia obteve documentos de identidade que permitiram sua viagem até o Curdistão iraquiano.

Após a fuga, a jovem - que disse ter perdido seis irmãos e a mãe no conflito - viveu em um campo de refugiados no Curdistão, onde entrou em contato com uma organização de ajuda aos yazidis. Esta ajudou em seu reencontro com a irmã na Alemanha.

- 'Castigados' -

Depois do anúncio do Nobel da Paz, Nadia explicou que, para ela, "justiça não quer dizer matar todos os membros do Daesh [acrônimo do EI em árabe] que cometeram esses crimes", mas "levá-los a um tribunal e vê-los admitir diante da justiça os crimes que cometeram contra os yazidis e que sejam punidos por esses atos".

Para os combatentes do EI em sua interpretação ultrarradical do Islã, os yazidis são hereges.

De fala curda, os fiéis dessa religião esotérica ancestral acreditam no Deus único e no "chefe dos anjos", representado por um pavão real.

Na Alemanha, ela se tornou uma respeitada porta-voz de seu povo, que antes de 2014 tinha 550.000 membros no Iraque. Hoje, quase 100.000 abandonaram o país, e outros estão no Curdistão.

Murad conseguiu que as perseguições cometidas em 2014 fossem reconhecidas como genocídio. O Conselho de Segurança da ONU se comprometeu a ajudar o Iraque a coletar provas sobre os crimes do EI.

Seu "combate" também reservou algumas boas surpresas. No dia 20 de agosto, a jovem anunciou no Twitter que se casará com outro ativista da causa yazidi, Abid Shamdeen.

"O combate a favor de nosso povo nos uniu e seguiremos neste caminho juntos", escreveu.

Com apenas 25 anos, Nadia Murad, vencedora do Nobel da Paz ao lado do ginecologista congolês Denis Mukwege, sobreviveu aos piores horrores infligidos pelo grupo Estado Islâmico (EI) a seu povo, os yazidis do Iraque, e se tornou um ícone desta comunidade ameaçada.

A jovem iraquiana poderia ter desfrutado de uma vida tranquila em sua cidade natal, Kosho, perto do reduto yazidi de Sinjar, uma zona montanhosa entre Iraque e Síria. Mas o rápido avanço do EI em 2014 mudou seu destino.

Em agosto de 2014 ela foi sequestrada e levada à força para Mossul, um bastião do EI reconquistado há mais de um ano. Este foi o início de um calvário de muitos meses: torturada, disse ter sido vítima de múltiplos estupros coletivos antes de ser vendida diversas vezes como escrava sexual.

Nadia Murad - assim como sua amiga Lamiya Aji Bashar, com a qual venceu o Prêmio Sakharov do Parlamento Europeu em 2016 - repete sem cessar que mais de 3.000 yazidis continuam desaparecidas e que provavelmente permanecem em cativeiro.

- Torturas e estupros -

Os extremistas queriam "roubar nossa honra, mas perderam a honra deles", disse aos eurodeputados Nadia Murad, que foi nomeada embaixadora da Boa Vontade da ONU e luta pela proteção das vítimas do tráfico de pessoas.

Além de sofrer torturas e estupros, Murad teve de renunciar a sua fé yazidi, uma religião ancestral desprezada pelo EI, praticada por meio milhão de pessoas no Curdistão iraquiano.

"A primeira coisa que fizeram foi nos forçar a uma conversão ao Islã. Depois fizeram o que queriam", afirmou Nadia à AFP em 2016.

Assim como milhares de outras yazidis, ela foi obrigada a "casar" com um extremista que a agredia, como relatou em um comovente discurso no Conselho de Segurança da ONU em Nova York.

"Incapaz de suportar tantos estupros", ela decidiu fugir. Graças à ajuda de uma família muçulmana de Mossul, Nadia obteve documentos de identidade que permitiram sua viagem até o Curdistão iraquiano.

Após a fuga, a jovem - que disse ter perdido seis irmãos e a mãe no conflito - viveu em um campo de refugiados no Curdistão, onde entrou em contato com uma organização de ajuda aos yazidis. Esta ajudou em seu reencontro com a irmã na Alemanha.

Neste país, onde mora, ela se tornou uma respeitada porta-voz de seu povo, que antes de 2014 tinha 550.000 membros no Iraque. Hoje, quase 100.000 abandonaram o país, e outros estão no Curdistão.

Murad, que lidera o combate de seu povo, de acordo com suas palavras, conseguiu que as perseguições cometidas em 2014 fossem reconhecidas como genocídio. O Conselho de Segurança da ONU se comprometeu a ajudar o Iraque a coletar provas sobre os crimes do EI.

Seu "combate" também reservou algumas boas surpresas. No dia 20 de agosto, a jovem anunciou no Twitter que se casará com outro ativista da causa yazidi, Abid Shamdeen.

"O combate a favor de nosso povo nos uniu e seguiremos neste caminho juntos", escreveu.

O congolês Denis Mukwege e a iraquiana Nadia Murad foram laureados nesta sexta-feira (5) com o Nobel da Paz de 2018 "por seus esforços para acabar com o uso da violência sexual como uma arma de guerra e conflito armado".

O ginecologista Mukwege, conhecido como "doutor milagre", passou grande parte da sua carreira tratando as vítimas de violência sexual na República Democrática do Congo. Além disso, foi um crítico do governo congolês e de outros países por não fazerem o suficiente para acabar com os abusos contra mulheres, principalmente em locais que estão enfrentando conflitos armados.

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Segundo a Academia do Nobel, o médico de 63 anos e sua equipe trataram cerca de 30 mil vítimas. Murad, por sua vez, é uma mulher da minoria religiosa yazidi. Ela se tornou uma ativista dos direitos humanos após ter sido escrava sexual do Estado Islâmico (EI) no Iraque por três meses.

Descrita como uma pessoa que mostra uma "coragem incomum", ela fugiu dos terroristas em 2014 e liderou uma campanha para impedir o tráfico de seres humanos e libertar os yazidis da perseguição.

Segundo a Academia, Murad é mais uma das milhares de mulheres que sofreram abusos sexuais no Iraque. A violência sexual é utilizada pelo grupo terrorista como uma arma de guerra.

Da Ansa

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