A Assembleia Nacional da Nicarágua aprovou nesta quinta-feira um projeto de lei que autoriza a construção de um canal para conectar os oceanos Atlântico e Pacífico. Com o projeto, orçado em US$ 40 bilhões, a Nicarágua tem as intenções de atrair investimentos e competir com o Panamá no tráfego interoceânico de grandes cargueiros.
A Assembleia Nacional, controlada pela esquerda, aprovou o projeto por 61 votos a favor e 28 contra. O texto prevê um plano de concessão de 50 anos, renováveis por mais 50, a uma empresa com sede em Hong Kong.
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Visto com certo ceticismo por especialistas em navegação e com preocupação por ambientalistas, a construção de um canal entre o Atlântico e Pacífico é uma ambição antiga da Nicarágua.
O governo do presidente Daniel Ortega espera que a construção do canal ajude a transformar a realidade socioeconômica da população de um dos países mais pobres do continente americano.
Ainda não há, entretanto, detalhes completos sobre qual será a rota do canal nem informações claras sobre o modelo de financiamento, assim como estudo da viabilidade econômica do projeto.
A concessionária HK Nicaragua Canal Development Investment Co. terá direitos exclusivos para projetar e construir o canal, enquanto o governo da Nicarágua terá direito a uma fatia minoritária de lucros futuros com a operação do canal.
Apesar de não haver detalhes sobre a rota do canal, ambientalistas alegam que o traçado "certamente" englobará o Lago Nicarágua, fonte primária de água potável para o país. Segundo eles, desenvolver na Nicarágua um dos maiores projetos de infraestrutura do mundo afetará gravemente o lago.
Especialistas em navegação, por sua vez, advertem que a demanda por grandes cargueiros está em declínio e que o desaquecimento da calota de gelo do Oceano Ártico, abrindo novas rotas, podem prejudicar a viabilidade econômica do canal nicaraguense.
Já os patrocinadores do projeto consideram "antipatriótica" a oposição ao canal e apostam no projeto para desenvolver o país.
"Uma das maiores riquezas da Nicarágua é sua posição geográfica. É por isso que essa ideia sempre esteve rondando", disse o congressista sandinista Jacinto Suárez durante o debate legislativo. "O comércio global demanda a construção deste canal. Os dados mostram que o transporte marítimo está em crescimento constantes, o que torna esse projeto possível. Opor-se a isso é ser antipatriótico." Fonte: Associated Press.