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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) voltou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por sua associação ao presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, a quem o parlamentar chama de ditador. Ortega é fortemente criticado pela comunidade internacional e leva a alcunha de autoritário pela forma como governa. Após descontamento público com uma fala do Papa Francisco, o nicaraguense fechou, nesse domingo (12), a embaixada do Vaticano no país.

“Ao silenciar sobre a ditadura de Ortega, Lula demonstra que comunga dos mesmos 'valores' do presidente da Nicarágua. Nunca foi pela democracia, sempre foi pelo totalitarismo, pelo fim da liberdade e pelo seu projeto pessoal de poder”, escreveu Flávio Bolsonaro nas redes sociais. O parlamentar acredita que Lula, além de apoiar “ditaduras de esquerda”, também apoia ações de perseguição aos cristãos. 

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Lula e Ortega possuem uma boa relação diplomática e o presidente brasileiro já foi criticado por minimizar o autoritarismo do presidente sandinista. O fechamento da embaixada do Vaticano na Nicarágua foi confirmado à Reuters por uma autoridade da Igreja Católica. A medida ocorre dias depois da divulgação da entrevista em que o Papa Francisco chamou o regime nicaraguense de “ditadura grosseira” e disse que o ditador tem “desequilíbrio”. 

"Perseguição" a cristãos

A narrativa de perseguição religiosa é antiga entre a bolha bolsonarista ao se referir a políticos e movimentos de esquerda. Por Lula ter acesso a uma agenda progressista, que flerta com temas como a identidade de gênero, encarceramento e drogas, frequentemente o presidente brasileiro é taxado de falso cristão por não andar junto ao espectro conservador, apesar de ser católico desde criança.

Em outubro do ano passado, o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou a remoção de publicações do senador Flávio Bolsonaro, do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e de outras pessoas, dizendo que Lula defendeu a invasão de igrejas e a perseguição de cristãos. Segundo o ministro, as postagens "transmitem de forma intencional e maliciosa" a mensagem de que Lula é aliado de Daniel Ortega, e assim, será contra os evangélicos e perseguirá cristãos. 

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em entrevista ao jornal espanhol El País divulgada em seu perfil nas redes sociais, comparou a permanência no poder do latino-americano Daniel Ortega, que está em seu quinto mandato e instalou uma ditadura na Nicarágua, com a da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, que completou 16 anos à frente do país europeu.

"Por que Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Qual é a lógica?", questionou Lula diante das jornalistas que o questionavam sobre a situação da Nicarágua. No início de novembro, Ortega venceu eleições consideradas ilegítimas pela Organização dos Estados Americanos (OEA).

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Prisão na véspera da eleição

Durante a entrevista, ao ser questionado por uma jornalista sobre o fato de Ortega mandar opositores para a prisão, Lula afirmou que "não pode julgar o que acontece em outros países".

Segundo o ex-presidente, sua condenação teve o intuito de facilitar o caminho do presidente Jair Bolsonaro ao Planalto. Versão que ganhou fôlego com o vazamento de conversas entre procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sérgio Moro, que condenou o petista em primeira instância e depois acabou virando ministro de Jair Bolsonaro.

"No Brasil, fiquei 580 dias na cadeia para que o Bolsonaro fosse eleito. Eu não sei o que as pessoas fizeram para ser presas. Eu sei que eu não fiz nada. Se o Daniel Ortega prendeu a oposição para não disputar a eleição como fizeram no Brasil contra mim, ele está totalmente errado", disse Lula.

Candidato que mantém a liderança em todas as pesquisas de intenção de voto para 2022, Lula ainda disse ser a favor da alternância de poder.

"Todo político que começa a se achar imprescindível ou insubstituível começa a virar um pequeno ditador. Por isso, sou favorável à alternância de poder. Eu posso ser contra (a permanência de presidentes por muitos anos), mas eu não posso ficar interferindo nas decisões de um povo. Nós temos que defender a autodeterminação dos povos."

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Da redação, com Agência Estado

A presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, comentou nesta quarta-feira (10) a nota do partido sobre as eleições na Nicarágua. A nota assinada pelo secretário de Relações Internacionais do PT parabeniza Daniel Ortega pela reeleição no país, apesar das críticas internacionais à validade do pleito.

"Nota sobre eleições na Nicarágua não foi submetida à direção partidária", disse a deputada. "Posição do PT em relação a qualquer país é a defesa da autodeterminação dos povos, contra interferência externa e respeito à democracia, por parte do governo e oposição. Nossa prioridade é debater o Brasil com o povo brasileiro", complementou.

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Na mensagem publicada pelo PT após a vitória de Ortega, o partido classifica as eleições como "uma grande manifestação popular e democrática" e afirma que o resultado representa "o apoio da população a um projeto político que tem como principal objetivo a construção de um país socialmente justo e igualitário."

Antes das eleições na Nicarágua, os sete principais nomes da oposição foram presos. Ao todo, 39 políticos contrários ao governo foram detidos nos meses anteriores à disputa eleitoral.

Apesar de haver presença de outros candidatos, todos eram apontados como apoiadores do atual governo e sem interesse em promover mudanças. Daniel Ortega é o governante há mais tempo no poder na América Latina, ocupando o cargo desde 2007. As eleições realizadas no último domingo (7) também não contaram com observadores internacionais.

Guardadas por cerca de 30 mil soldados, as seções eleitorais abriram neste domingo (7) na Nicarágua para uma votação sem surpresa: o presidente Daniel Ortega tem a garantia de ser eleito pela quarta vez consecutiva, já que todos os seus rivais foram mandados para a prisão.

As assembleias de voto fecharão às 18h00 (21h00 no horário de Brasília) e os primeiros resultados oficiais deverão ser conhecidos por volta da meia-noite (4h00 de segunda-feira no horário de Brasília), de acordo com o Tribunal Eleitoral.

"Uma farsa": Estados Unidos e União Europeia não mediram palavras para condenar esta eleição à qual negam qualquer legitimidade.

Jornalistas de vários meios de comunicação internacionais, incluindo CNN e Washington Post, foram impedidos de entrar no território, e o governo recusou observadores independentes.

As autoridades, no entanto, credenciaram no sábado cerca de 200 "acompanhantes eleitorais" e jornalistas escolhidos a dedo, "militantes sandinistas" estrangeiros, segundo o Urnas Abiertas, um observatório independente.

O último jornal da oposição remanescente no país, o La Prensa, foi invadido em meados de agosto pela polícia e seu diretor preso.

Uma semana antes da votação, Meta, a empresa-mãe do Facebook, anunciou que havia desmantelado mil contas do Facebook e Instagram administradas por uma "fábrica de trolls" do governo da Nicarágua para manipular a opinião pública.

Com seus dirigentes detidos ou exilados, a oposição prepara manifestações na Costa Rica, Miami ou Madri com um único slogan aos eleitores: "Domingo, fiquem em casa".

Os nicaraguenses não têm dúvidas: os cinco candidatos inscritos para enfrentar o chefe de Estado são fantoches comprometidos com o poder.

Será, portanto, o índice de abstenção que dará uma ideia da real adesão dos nicaraguenses à chapa formada por Daniel Ortega e sua esposa Rosario Murillo, vice-presidente desde 2017.

Comparado a Frank e Claire Underwood, a dupla implacável da série "House of Cards", Daniel Ortega, que em breve completará 76 anos, e sua esposa, 70, formam um casal pronto a qualquer coisa para manter um poder absoluto.

De acordo com uma pesquisa do Cid-Gallup, se tivessem escolha, 65% dos 4,4 milhões de eleitores registrados votariam em um candidato da oposição, em comparação com 19% no presidente em exercício.

Por outro lado, para o instituto de pesquisas M&R, próximo ao governo, Daniel Ortega e os 90 candidatos ao Parlamento apresentados pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN, no poder) têm 70% das intenções de voto.

"Não é que seja ruim... é horrível: não podemos falar, senão te colocam na prisão. Por que votar? Só os sandinistas vão votar", denuncia José, 78.

Marina Aguirre, 36, vai votar: "Temos escolas e hospitais gratuitos. (Daniel Ortega) garante que todas as crianças tenham brinquedos todos os anos", diz.

Aura Lila, em Masaya, 35 km ao sul da capital, ficará em casa, em respeito ao filho mais novo, morto aos 15 anos nas barricadas na primavera de 2018.

- Caça aos opositores -

Três anos depois da repressão que deixou mais de 300 mortos entre os manifestantes que em 2018 exigiam a renúncia de Daniel Ortega, e seis meses antes das eleições, a caça aos opositores começou: 39 personalidades políticas, empresários, agricultores, estudantes e jornalistas foram presos desde junho. Entre eles, os sete candidatos em potencial que provavelmente representariam uma ameaça ao presidente em exercício.

Favorita da oposição nas pesquisas, Cristiana Chamorro, de 67 anos, filha da ex-presidente Violeta Chamorro (1990-1997), foi a primeira a ser presa, no dia 2 de junho, e colocada em prisão domiciliar.

Os opositores são acusados de atentar contra a soberania nacional, apoiar sanções internacionais contra a Nicarágua, "traição à pátria" ou "lavagem de dinheiro", segundo leis aprovadas no final de 2020 pelo Parlamento.

O medo domina no pequeno país centro-americano de 6,5 milhões de habitantes, o mais pobre da região e que desde os protestos de 2018 sofre com a inflação, o desemprego e a pandemia do coronavírus, cuja magnitude é negada pelo poder.

Desde os protestos de 2018, mais de 100 mil nicaraguenses tomaram o caminho do exílio, enquanto 150 opositores ainda estão atrás das grades, descritos por Daniel Ortega como "criminosos" e "golpistas" pagos por Washington.

Herói da revolução, o ex-guerrilheiro Daniel Ortega é hoje acusado por seus adversários de agir da mesma forma que o ditador Anastasio Somoza que ajudou a derrubar em 1979.

Para a analista nicaraguense Elvira Cuadra, exilada, o isolamento do país afetará os investimentos e financiamentos internacionais, com consequências sociais e crescente emigração.

Principalmente porque, além das novas sanções adotadas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, as relações até mesmo com aliados históricos como México e Argentina se tornaram tensas.

Cuba, Venezuela e Rússia continuam apoiando o governo de Ortega e Murillo.

Às vésperas de completar um ano que a Nicarágua vive cotidianamente protestos contra o governo do presidente Daniel Ortega, a polícia disparou gás lacrimogêneo contra manifestantes, enquanto tentavam participar de um ato. Mais de 100 pessoas foram detidas.

As forças de segurança dispararam gás lacrimogêneo e abriram fogo contra os manifestantes no último sábado (16).

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Os Estados Unidos conclamaram o governo nicaraguense a "deixar de usar força excessiva em manifestantes pacíficos e jornalistas exercendo seu direito a uma imprensa livre".

Histórico

Os protestos contra Ortega começaram em abril de 2018, liderados pela Aliança Civil, com críticas ao governo, como falta de liberdade, autoritarismo e repressão.

Observadores internacionais estimam que mais de 500 pessoas foram mortas e outras centenas foram presas. Autoridades nicaraguenses também proibiram protestos contra o governo.

Na semana passada, o governo Ortega prometeu que levaria 50 oposicionistas detidos para a prisão domiciliar.

*Com informações da DW, agência pública de notícias da Alemanha

O presidente nicaraguense Daniel Ortega aceitou no sábado iniciar um diálogo sobre as reformas da seguridade social que causaram, por quatro dias consecutivos, manifestações e confrontos. Segundo um organização dos direitos humanos, o conflito deixou pelo menos 25 mortos. Um jornalista que cobria os protestos também morreu.

O anúncio do presidente da cadeia nacional causou uma nova onda de violência nas ruas de diferentes áreas do país, já que limitava o diálogo somente com o setor empresarial e não com outros setores sociais e acusava os manifestantes, principalmente jovens universitários, de não saber as razões pelas quais eles lutam, porque são manipulados por setores políticos.

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"O Cosep (setor privado) propôs retomar o diálogo e estamos totalmente de acordo com a retomada do diálogo, pela paz, pelo trabalho e para que não haja mais terror para as famílias nicaraguenses", disse Ortega.

Em sua primeira aparição em público desde o início das manifestações, Ortega disse que "algumas minorias" estão manipulando a população para criar o caos e que eles até mesmo incorporaram membros de gangues nos protestos e que são eles que foram reprimidos pelas autoridades policiais. "Eles incorporam membros de gangues aos protestos dos meninos e criminalizam o protestos; é por isso que eles os colocam em risco", comentou.

O discurso fez milhares de pessoas voltarem às ruas em Manágua, León, Matagalpa, Masaya, Granada, Carazo e Estelí, regiões que têm estado em manifestação permanente contra as reformas.

Daniel Ortega se prepara para começar nesta terça-feira seu terceiro mandato como presidente da Nicarágua, apesar das reclamações da oposição de que a reeleição não foi um processo justo e transparente. Presidentes de outros países da América Central participarão da cerimônia de posse em Manágua, mas o visitante mais ilustre será o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que no momento viaja pela América Latina.

Ortega liderou a guerrilha sandinista na Nicarágua durante a ditadura de Anastasio Somoza, na década de 1970. Após a queda da ditadura em 1979, ele participou da junta de governo e foi presidente entre 1985 e 1990, mas perdeu as eleições para Violeta Chamorro. Em 2006, Ortega conseguiu vencer as eleições e em 2011 foi reeleito, em meio a várias acusações de fraudes no sufrágio. Ortega prometeu seguir um caminho moderado de esquerda, mesmo que seu movimento sandinista domine o judiciário nicaraguense.

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As informações são da Associated Press.

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