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A rede do Ministério da Saúde sofreu nova invasão na quarta-feira, 17. A exemplo do ocorrido no fim de janeiro, o hacker fez duras críticas à segurança da rede: "Arrumem esse site porco ou na próxima vai vazar os dados dos responsáveis por essa porcaria", afirmou, em mensagem que ficou exposta no "FormSUS", um serviço da Saúde para elaborar e registrar formulários da rede pública.

O invasor assinou a mensagem como "hacker sincero". Disse ainda que tem lido comentários nas redes sociais sobre outras falhas que ele já teria exposto no sistema da Saúde. "Obs Li o comentário de todos vocês no Twitter, Facebook, etc... Bjo (sic)", escreveu.

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No fim de janeiro, a rede do ministério foi alvo de um hacker que também mostrou o que pensa da segurança de dados da pasta. "ESTE SITE ESTÁ UM LIXO!", escreveu o invasor. O Estadão revelou, em novembro e dezembro de 2020, que falha de segurança no sistema de notificações de covid-19 do Ministério da Saúde expôs na internet, por pelo menos seis meses, dados pessoais de mais de 200 milhões de brasileiros, inclusive de Bolsonaro. A pasta também teve sistemas atingidos, no fim do ano passado, no mesmo período em que outros órgãos públicos foram invadidos, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Nesta nova invasão, o hacker afirma que o site "continua uma bosta" e "nada foi feito". "A única ação foi colocar um aviso que o responsável pelos dados confidenciais expostos são de quem fez o formulário e não leu os termos (sic)", afirmou. Não está claro se o mesmo hacker é o autor desta e das invasões passadas.

O hacker também divulgou links que levam a imagens de documentos que estariam expostos pelas falhas de segurança no FormSUS, como carteiras de identidade e nomes de pacientes e funcionários. Ele ainda mostra uma lista sugerindo que milhares de formulários estão expostos. O hacker teve o cuidado de tarjar informações sensíveis.

O invasor também manda recados à Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD): "Como vocês deixam isto ir ao ar assim??? Se for começar deste jeito, pode parar e devolve nosso dinheiro !!! (sic)". Criado por medida provisória em 2018, no governo de Michel Temer (MDB), o órgão tem a função de implementar e fiscalizar o cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Na sua mensagem, o hacker recomenda que dados não sejam colocados no FormSUS e aponta três tipos de vulnerabilidade na rede. Segundo Lucas Lago, desenvolvedor do projeto7c0.com.br e pesquisador na Universidade de São Paulo (USP), o hacker aponta falhas "bastante básicas", que provavelmente foram a porta de entrada dele para o sistema do FormSUS. "Ele fez um comentário falando como são primárias as falhas que ele encontrou, depois mostrou que tem acesso a dados reais. E que são muitos dados, de muitos anos", disse.

Lago afirma que aparentemente o invasor é um "gray hat", um tipo de hacker que ataca sites e sistemas, agindo à margem da lei, mas não tem intenções ruins. "Ele está se esforçando para divulgar a vulnerabilidade, sem ganhar nada com os dados", afirma.

Ao fim da mensagem deixada no FormSUS, o hacker ainda critica colegas: "Hackers sem vergonhas, parem de vender os dados, o custo para arrumar isto vai sair do seu bolso !! (sic)", escreveu.

Procurado, o Ministério da Saúde disse que não iria se manifestar. O site do FormSUS está fora do ar. A pasta já havia anunciado que faria manutenção neste sistema, mas não informou se o site está indisponível por esta operação ou pelo ataque do "hacker sincero".

O governador Paulo Câmara (PSB) condenou a forma com que o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), vem conduzindo as articulações em torno da transferência da produção do Fator Recombinante VIII da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), instalada em Pernambuco, para uma em Maringá, no Paraná. A mudança tinha sido suspensa pelo Governo Federal, mas na última sexta-feira (22), foi publicado no Diário Oficial daquele estado um  Acordo de Transferência de Tecnologia para Obtenção de Hemoderivados e Hemocomponentes firmado diretamente entre o Tecpar e a Octopharma. 

“Estamos trabalhando com uma articulação muito forte com a bancada federal no sentido de evitar estas questões.  Infelizmente, o Ministério da Saúde não tem tido transparência. Não tem tido o diálogo, a sensatez de saber que isso é importante para Pernambuco, é estratégico e que Pernambuco não vai aceitar”, declarou. Mesmo com o considerado “novo ataque” a Hemobrás, o governador acredita que ainda existe espaço para firmar um diálogo sobre o assunto. 

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“Há ainda oportunidade de se avançar em relação a isso para que haja essa compreensão e a bancada federal tem que estar mobilizada para evitar e para gritar que Pernambuco não tenha nenhum prejuízo em relação a essas questões da Hemobrás”, disse.

O Fator VIII é o principal produto que será produzido pela Hemobrás em Pernambuco e já foi alvo de uma mobilização dos políticos locais contra uma investida do ministro. A discussão sobre a possibilidade de esvaziamento empresa iniciou em julho e durou até meados de agosto, quando o ministro desistiu da intervenção. Até a desistência, senadores e deputados pernambucanos fizeram uma série de encontros e articulações visando derrubar a estratégia do paranaense

 

 

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