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O desembargador Sérgio Rui, relator da Operação Alba Branca no Tribunal de Justiça de São Paulo, negou suspender o mandato do deputado estadual Fernando Capez (PSDB) e também afastá-lo de suas funções de procurador do Ministério Público. As duas medidas, suspensão do mandato e afastamento das funções, haviam sido requeridas nesta segunda-feira, 15, pelo procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio, que denunciou criminalmente o tucano por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por suposta ligação com a máfia da merenda.

A acusação do Ministério Público de São Paulo atinge outros oito investigados, inclusive o ex-chefe de gabinete da Secretaria de Educação do governo Alckmin, Fernando Padula.

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Os valores pagos a título de propina e comissões a Capez e seus aliados, segundo Smanio, alcançaram R$ 1.139.928,50.

Ao negar a solicitação de Smanio, o desembargador anotou que a representação criminal da Alba Branca chegou ao Tribunal em 5 de fevereiro de 2016.

"Portanto, faz pouco menos de dois anos e, somente agora, pretende-se admitir que a periculosidade do acusado, que permanecia em estado latente, rendeu consequências apocalípticas", afirmou.

"Impõe-se estampar salvaguarda ao exercício do mandato parlamentar e, em decorrência, vencida resta a conjectura do sobrestamento do não menos honroso cargo de Procurador da Justiça."

Para Sérgio Rui, "a suspensão do exercício do mandato é encetar a apologia do desvalor da vontade do povo, que, nas eleições de 2014, sufragou o acusado, com 306.268 votos, para colocá-lo em primeiro (1º) lugar na disputa do cargo de deputado estadual".

"O comportamento revelado pelo acusado nos autos não autoriza a intelecção de risco recorrente à ordem pública ou perigo à instrução processual, carecendo a hipótese de plausibilidade pois impregnada de alusões despidas de verossimilhança ou prognóstico de reiteração no cometimento hipotético de outros delitos, dada sua suposta periculosidade, pondo em risco a segurança social", anotou Sérgio Rui.

Defesa

Em nota, o criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende Capez, afirmou que "a decisão proferida pelo desembargador Sergio Rui da Fonseca é uma vitória da democracia e da presunção de inocência."

"Põe limites a uma pretensão absurda e sem qualquer fundamento nos fatos previamente apurados, como bem destacou o relator do processo."

Depois de o Ministério Público denunciar o deputado estadual Fernando Capez (PSDB), o governador Geraldo Alckmin disse, nesta terça-feira, 16, que "caberá a ele se defender e provar". Ex-presidente da Assembleia Legislativa em 2015 e 2016, Capez foi acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no escândalo que ficou conhecido como "máfia da merenda".

"Aberta a denúncia, caberá a ele se defender e provar. O que é importante destacar desse episódio foi que o governo do Estado descobriu", disse o governador, em evento da secretária de Educação na manhã desta terça-feira. O deputado, mais cedo, refutou enfaticamente as acusações: "O que não existe não pode ser provado".

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"Nós descobrimos, nós apuramos, nós denunciamos. O deputado Fernando Capez tem dito que ele não tem nenhum envolvimento com isso, que o nome dele foi usado indevidamente e o importante é que isso se esclareça: quem é inocente seja liberado, quem tiver responsabilidade seja punido", completou.

O secretário da Educação, José Roberto Nalini, que também esteve presente no evento, comentou brevemente o caso: "A secretaria é vítima, ela foi a maior interessada na apuração".

Capez foi denunciado ontem pelo procurador-geral de São Paulo, Gianpaolo Smanio, na Operação Alba Branca, deflagrada em 2016 para apurar desvios no fornecimento da merenda escolar. A Procuradoria cobra de Capez, lobistas e um representante comerical da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (COAF) R$ 2,3 milhões, valor equivalente ao dobro da propina que eles teriam recebido.

O deputado Fernando Capez negou as acusações da Promotoria. "O que não existe não pode ser provado. Procurem ler a denúncia e acompanhar as provas", afirmou. "Finalmente, vou poder demonstrar o abuso dessa investigação perante a Justiça. Irresponsabilidade é o mínimo que podemos dizer disso."

A propina destinada ao deputado Fernando Capez (PSDB), segundo denúncia do procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, saiu do superfaturamento de suco de laranja comprado pela Secretaria de Educação do Estado junto à Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (COAF). O tucano é acusado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na máfia da merenda, esquema desbaratado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público estadual na Operação Alba Branca, deflagrada em janeiro de 2016.

A acusação, que atinge outros oito investigados, inclusive o ex-chefe de gabinete da Secretaria de Educação do governo Alckmin, Fernando Padula, aponta que a propina supostamente paga a Capez, as comissões repassadas a lobistas da máfia da merenda e a um representante comercial da COAF "alcançaram ao menos o patamar de 10% do valor dos contratos administrativos - R$ 11.399.285,00 - celebrados" entre a Secretaria de Educação e a Cooperativa, entre 2014 e 2015.

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"Os valores pagos a título de propina e comissões chegaram à cifra de R$ 1.139.928,50. Tais valores, evidentemente, foram extraídos daqueles gerados pelo superfaturamento do preço da mercadoria alienada a Secretaria da Educação, como salientado nos apontamentos constantes da auditoria do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, da qual adveio elevado prejuízo patrimonial ao erário público", aponta Gianpaolo Smanio.

O procurador afirma que a Secretaria de Educação fechou dois contratos com a cooperativa: um em novembro de 2014 no valor de R$ 2.859.919,92 por dois milhões de caixas de suco de laranja, contendo 200 ml cada, e outro para fornecer um 1,4 milhão de caixas de suco de laranja, contendo 1 litro cada, no montante de R$ 8.539.365,60.

O chefe do Ministério Público do Estado afirma que a materialidade dos crimes "está demonstrada" por diversos de documentos.

Segundo o procurador-geral, são "recibos, cópias de cheque, dos contratos simulados de prestação de serviço, do procedimento de chamada pública, relatórios de análise de dados telefônicos, relatórios de análise de dados bancários e fiscais".

A investigação identificou recibos firmados por um assessor de Capez em favor da Coaf no valor total de R$ 170 mil.

A Alba Branca foi deflagrada em janeiro de 2016 e desmontou um esquema de superfaturamento na venda de produtos agrícolas destinados à rede pública de ensino.

A acusação formal do Ministério Público de São Paulo atribui a Capez dois crimes de corrupção passiva, um direto e outro indireto. Um deles teria ocorrido no dia 29 de julho de 2014, por volta das 15 horas, na rua Tumiaru, n. 126, Jardim Paulista, em São Paulo.

"Em razão da função pública, mais especificamente do exercício do mandato eletivo de deputado estadual, Fernando Capez, diretamente, solicitou para si vantagem indevida de representantes da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (COAF)", aponta a denúncia.

Neste dia, de acordo com o procurador-geral, Capez "esfregando os polegares aos indicadores das duas mãos, solicitou vantagem ilícita" e disse: "não esquece de mim, hein…, …estou sofrendo em campanha".

O outro episódio, segundo o chefe do Ministério Público, teria ocorrido indiretamente, entre 2 e 25 de agosto de 2014, nas dependências do gabinete do tucano, no Palácio 9 de Julho, sede da Assembleia Legislativa. Smanio afirma que Capez, "por intermédio do assessor parlamentar Jeter Rodrigues Pereira, com quem agia em concurso e com identidade de propósitos", solicitou vantagem indevida da Coaf.

Fernando Capez é procurador da Procuradoria de Justiça Criminal, de São Paulo. Está licenciado para o exercício do mandato deputado estadual. Esta denúncia contra o tucano aponta exclusivamente para sua suposta incursão junto à Pasta da Educação do Estado.

A ofensiva da máfia da merenda sobre administrações municipais é alvo de outra investigação, sob competência do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF3) porque envolve prefeitos e verbas públicas da União.

Passo a passo

A Coaf venceu, em 2013, a chamada pública da Secretaria da Educação para fornecimento de suco de laranja, destinado a integrar a merenda escolar que seria distribuída aos alunos da rede de ensino estadual. A Cooperativa, no entanto, "não foi chamada pela Secretaria de Educação para celebrar o contrato administrativo" por "irregularidades que macularam o certame".

Gianpaolo Smanio anota que, "sem o preenchimento dos requisitos legais e regulamentares", a Coaf tentou fornecer o suco de laranja ao Estado por meio de "chamada pública, dispensando-se a prévia licitação".

"A obtenção desse ilegítimo intento dependia da interferência espúria de autoridades vinculadas à Secretaria de Educação ou de outras que pudessem influenciá-las a flexibilizar a fiscalização do cumprimento dos requisitos pertinentes", narra Smanio.

"Cientes do prestígio político de Leonel Júlio (ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo/MDB), os representantes da Cooperativa passaram a contatá-lo, visando sua intervenção junto a parlamentares que lhe eram próximos e que poderiam interferir em favor da Coaf, no sentido de que o mencionado processo seletivo fosse rapidamente concluído pela Secretaria de Educação, com a celebração do respectivo contrato administrativo."

A denúncia afirma que a partir de abril de 2014, Leonel Júlio e seu filho Marcelo Ferreira Júlio passaram a desempenhar o papel de lobistas. O motivo, segundo o Ministério Público Federal, era a "obtenção de ilícitas vantagens pessoais, que também seriam arcadas pelos representantes da Coaf".

"Entre os meses de maio e julho de 2014, para o alcance daquele desiderato dos representantes da Coaf, Leonel passa a manter contatos com o deputado Fernando Capez, parlamentar a quem prestava auxílio durante suas campanhas eleitorais e que, em razão do mandato parlamentar que detinha, exercia influência sobre agentes públicos lotados na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo", relata o procurador-geral de Justiça.

De acordo com a acusação, em agosto daquele ano, Capez intensificou a pressão sobre agentes públicos da Secretaria de Educação. No dia 21, afirma o Ministério Público de São Paulo, "foi publicado novo edital, deflagrando a abertura de outra chamada pública".

O repasse da propina, segundo a denúncia, ocorreu por meio de empréstimo de um Gol branco para a campanha de Capez, no segundo semestre de 2014, e também pela "contraprestação em dinheiro".

A denúncia aponta que houve a celebração de dois simulados "contratos de prestação de serviços". O primeiro, no valor de R$ 250 mil - contemplando um cheque de R$ 50 mil como parte do pagamento - entre a Coaf e um assessor de Capez. O segundo acordo foi fechado entre a Cooperativa e uma empresa da qual Marcel Ferreira Júlio era preposto no valor de 4,5% do montante do contrato entre a Cooperativa e a Secretaria de Educação.

"A soma dos valores relacionados aos dois simulados contratos de prestação de serviços, constituía a maior parcela da vantagem indevida solicitada pelo deputado Fernando Capez, em contraprestação a sua espúria interveniência junto a Secretaria da Educação. A parcela restante correspondia ao empréstimo do veículo, utilizado pelo comitê do deputado Fernando Capez, durante a campanha eleitoral de 2014."

O Ministério Público de São Paulo sustenta que ficou acertado que "os valores, depois de sacados das contas da COAF, seriam entregues em espécie" a Marcel Julio, que repassaria a assessores de Capez. Os aliados do tucano, diz a denúncia, "se encarregariam de redirecioná-los para o pagamento das despesas de campanha do deputado".

Além destes dois contratos, Smanio anota que foi celebrado um terceiro acordo na qual a COAF era contratante e Marcel Julio o contratado. A Cooperativa "se comprometia a pagar o equivalente a 4% do valor do contrato administrativo que seria celebrado entre a cooperativa e a Secretaria de Educação".

Defesa

"O que não existe não pode ser provado", reagiu enfaticamente o deputado Fernando Capez à denúncia formal apresentada contra ele ao Tribunal de Justiça de São Paulo no âmbito da Operação Alba Branca.

Ao ser informado da denúncia do procurador-geral, Capez disse que, agora, ‘vai poder demonstrar o abuso dessa investigação perante a Justiça’.

"Irresponsabilidade é o mínimo que podemos dizer disso!", afirma o deputado.

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, denunciou ao Tribunal de Justiça o deputado estadual Fernando Capez (PSDB), ex-presidente da Assembleia Legislativa, e mais oito alvos da Operação Alba Branca. A investigação foi deflagrada em janeiro de 2016 contra desvios no fornecimento de merenda escolar. A Capez são atribuídos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Smanio cobra R$ 2.279.857 - o valor equivale ao dobro da propina que teria sido destinada a Capez, a lobistas e a um representante comercial da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf). A cooperativa, em Bebedouro (SP), é apontada como centro das fraudes. O deputado tucano nega as acusações.

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A denúncia afirma que a propina paga a Capez, as comissões repassadas a lobistas da chamada máfia da merenda e ao representante comercial da Coaf "alcançaram ao menos o patamar de 10% do valor dos contratos administrativos - R$ 11.399.285 - celebrados entre a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e a cooperativa".

"Os valores pagos a título de propina e comissões chegaram à cifra de R$ 1.139.928,50. Tais valores, evidentemente, foram extraídos daqueles gerados pelo superfaturamento do preço da mercadoria alienada à Secretaria da Educação", apontou o procurador-geral.

Suco

A Operação Alba Branca desarticulou fraude a licitações na Secretaria Estadual da Educação para o fornecimento de suco de laranja na merenda escolar. Desencadeada pela Polícia Civil e pela Promotoria, a ação mirou em contratos para o fornecimento de suco e produtos agrícolas a pelo menos 30 prefeituras do interior paulista pela cooperativa de Bebedouro.

Esta denúncia contra Capez é relativa somente à suposta incursão do deputado na pasta da Educação do Estado. A atuação da máfia da merenda sobre administrações municipais é alvo de outra investigação, sob competência do Tribunal Regional Federal da 3.ª Região (TRF-3) porque envolve prefeitos e verbas públicas da União.

Além de Capez, foram denunciados os ex-assessores do tucano Jeter Rodrigues Pereira e José Merivaldo dos Santos; o ex-chefe de gabinete da Secretaria Estadual da Educação Fernando Padula; a ex-coordenadora de Infraestrutura e Serviços Escolares Dione Maria Di Pietro; um outro ex-presidente da Assembleia, Leonel Julio (1976), e seu filho, o lobista Marcel Julio; e os empresários Cássio Chebabi e Cesar Augusto Lopes Bertolino, ligados à Coaf.

Segundo a denúncia, "por intermédio do assessor parlamentar Jeter Rodrigues Pereira, com quem agia em concurso e com identidade de propósitos, Capez solicitou para si vantagem indevida" de representantes da cooperativa.

Em 2013, afirmou Smanio na denúncia, a cooperativa venceu chamada pública da Secretaria da Educação para o fornecimento de suco de laranja para merenda escolar. No entanto, a entidade não foi chamada para celebrar o contrato pela pasta porque "irregularidades macularam" a concorrência. Conforme a acusação, após reunião com Marcel Julio, Capez ligou para Padula e pediu que reabrisse um edital para que a Coaf se sagrasse vencedora. A denúncia relata que Capez pretendia receber 6% do valor do contrato, no valor de R$ 11 milhões, entre a cooperativa e a pasta da Educação.

Mandato

Smanio pediu à Justiça a decretação da suspensão do mandato de deputado de Capez e também das funções de procurador. Segundo o procurador-geral, "a influência política típica do exercício do mandato" de parlamentar tem levado o tucano "à reiteração na prática de crimes contra a administração pública". Segundo o chefe do Ministério Público paulista, a aproximação das eleições deste ano autoriza "o justo receio de que, no exercício da função parlamentar, Capez torne a delinquir, de modo a colocar em risco a ordem pública".

"Uma vez afastado do exercício da função parlamentar, automaticamente, o acusado retomará o desempenho das atribuições de seu cargo de procurador de Justiça, motivo pelo qual se cumula o pedido de afastamento das duas funções", argumentou o procurador-geral.

A denúncia contra o parlamentar será analisada pelo Órgão Especial do TJ, formado por 25 desembargadores, os 12 mais antigos da Corte, 12 eleitos por seus pares e o presidente do tribunal. Se a acusação for acolhida, o deputado vira réu.

"Irresponsabilidade"

O deputado Fernando Capez negou as acusações da Promotoria. "O que não existe não pode ser provado. Procurem ler a denúncia e acompanhar as provas", afirmou. "Finalmente, vou poder demonstrar o abuso dessa investigação perante a Justiça. Irresponsabilidade é o mínimo que podemos dizer disso."

Em ocasiões anteriores, Capez já havia negado o recebimento de propinas do esquema na merenda escolar e disse acreditar que o ex-assessor Jeter Rodrigues Pereira pode ter usado seu nome para "abrir caminho" para a cooperativa de Bebedouro (SP).

O ex-chefe de gabinete da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo Fernando Padula afirmou que está "perplexo" com a denúncia apresentada pelo procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio. "Já foi demonstrado que não tive qualquer conduta ilícita. Infelizmente eu, minha família e amigos sofreremos mais uma vez essa infâmia e injustiça", disse Padula.

A Secretaria da Educação afirmou ser "vítima" e disse que tomou "todas as medidas cabíveis no âmbito administrativo e colaborou com a Justiça nas investigações do caso". Informou ainda que solicitou ao Tribunal de Contas do Estado que a Coaf seja proibida de participar de licitações do governo de SP "pela prática de atos ilícitos e por ter descumprido obrigações assumidas em chamada pública". A reportagem não localizou os outros denunciados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal poderá assumir as investigações da Operação Alba Branca contra a máfia da merenda escolar que se teria instalado em pelo menos 37 prefeituras de São Paulo para fraudar licitações. A Justiça estadual remeteu os autos para a Justiça Federal em Ribeirão Preto acolhendo manifestação do Ministério Público Estadual de que a quase totalidade da verba desviada em contratos supostamente dirigidos saiu dos cofres públicos da União. Em maio, a Promotoria questionou as administrações municipais sobre a origem do dinheiro. A resposta: 92,72% dos valores foram liberados por Brasília.

As informações foram reveladas nesta terça-feira, 14, pelo repórter Walace Lara, da TV Globo. As investigações apontam para o suposto envolvimento do deputado estadual Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo. Ele teria sido beneficiário de parte de propinas sobre contratos fraudados - segundo o Ministério Público, as fraudes ocorreram a partir da contratação da Coaf, cooperativa de agricultores instalada no município de Bebedouro, para fornecimento de alimentos e sucos.

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Um delator da Alba Branca, o lobista Marcel Júlio, afirmou que mais de R$ 400 mil foram repassados para a campanha de Capez em 2014. O deputado nega com veemência ligação com a organização.

Essa parte da investigação, porém, não será deslocada para a PF porque Capez, na condição de procurador de Justiça - membro do Ministério Público paulista - tem foro privilegiado perante o Tribunal de Justiça do Estado. A Corte já decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal do deputado.

Diante do quadro apresentado pelo Ministério Público, de que a verba federal foi desviada pela máfia da merenda, a juíza Vanessa Barbosa, da Comarca de Bebedouro - base das investigações que estavam a cargo da Polícia Civil e da Promotoria estadual - reconheceu a incompetência da Justiça de São Paulo para o caso.

A decisão de Vanessa de deslocar os autos para a Justiça Federal foi tomada no dia 3 de junho, pouco antes de uma nova etapa da Alba Branca que iria ser deflagrada. Nessa nova fase, a Polícia iria prender 16 investigados. Inicialmente, Alba Branca identificou negócios supostamente ilícitos cm 22 administrações municipais. Os desdobramentos da investigação apontam para contratos fraudados em 37 prefeituras.

A Polícia Civil apreendeu, durante as investigações da Operação Alba Branca, uma foto em que o vendedor da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) Carlos Luciano Lopes aparece cercado de blocos de notas de R$ 50, R$ 20, R$ 10 e R$ 2. Para os investigadores, Carlos Luciano Lopes exibe na imagem o dinheiro que ganhou de propina junto à máfia da merenda escolar.

A foto do vendedor foi apreendida pela polícia no celular de um dos investigados na Alba Branca. A imagem foi divulgada nesta quinta-feira, 14, com exclusividade, pelo repórter Walace Lara, no Jornal Hoje, da TV Globo.

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A Operação Alba Branca, deflagrada em janeiro de 2016, investiga desvio de dinheiro público destinado a merenda escolar no Estado de São Paulo. A operação aponta para o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Fernando Capez (PSDB). O tucano teria sido beneficiário de propinas para financiamento de sua campanha em 2014. Capez nega ligação com o grupo que fraudava licitações da merenda.

Deputado

Carlos Luciano Lopes prestou depoimento em 20 de janeiro, um dia depois que Alba Branca foi deflagrada. O vendedor declarou à Polícia Civil e ao Ministério Público Estadual que Fernando Capez recebia parte de comissão entregue ao lobista Marcel Ferreira Júlio por contratos supostamente superfaturados com prefeituras na venda de produtos agrícolas e suco de laranja. Segundo ele, Capez era tratado como "nosso amigo" pelos integrantes do grupo sob suspeita.

"Parte do dinheiro da comissão entregue a Marcel tinha como destinatário o deputado Fernando Capez e a outra parte ficava com o próprio Marcel", afirmou Carlos Lopes.

Ele também revelou que nas eleições de 2014 o então presidente da Coaf, Cássio Chebabi, cedeu um veículo Gol "para uso na campanha do deputado Capez". Segundo Lopes, o carro ficou à disposição do comitê do tucano por 90 dias, "sendo que neste período recaíram várias multas de trânsito no veículo durante uso na Capital".

Vendedor da Coaf, carro-chefe do esquema de fraudes em licitações, Lopes contou que, em duas ocasiões, acompanhou um colega, César Bertholino, e o lobista Marcel Ferreira Júlio, filho do ex-deputado Leonel Júlio - cassado em 1976 pelo regime militar em meio ao famoso "escândalo das calcinhas".

"Numa dessas vezes que César levava dinheiro para ele (Marcel), era combinado que se encontrariam na cidade de Pirassununga, onde o pagamento era realizado na distribuidora de bebidas de propriedade do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP)", relatou Carlos Luciano Lopes. Segundo o vendedor, "nas duas oportunidades em que esteve presente, o pagamento da 'comissão' realizou-se no estacionamento da distribuidora’".

Defesas

O deputado tem dito que não conhece os investigados. Ele afirmou que não conhece Cássio Chebabi nem os vendedores da cooperativa que o mencionam em depoimentos à Polícia Civil e ao Ministério Público de São Paulo. Capez tem reiterado não ter qualquer relação com os investigados. "Não interferi em nenhum contrato ou pagamento. Não conheço, nem mantive ou mantenho qualquer contato com essas pessoas, nem recebi qualquer valor ou bem, nem para mim, nem para a campanha. Esse massacre vai se revelar no futuro uma enorme injustiça e um processo de desgaste político desumano", disse nesta quinta. Procurado, Carlos Luciano não foi localizado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mensagens por WhatsApp resgatadas pela Operação Alba Branca revelam que a organização que se infiltrou em pelo menos 22 prefeituras do interior de São Paulo para fraudar licitações da merenda escolar planejava expandir suas atividades e negócios para Brasília.

A Operação Alba Branca foi deflagrada em janeiro de 2016 e aponta para o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Fernando Capez (PSDB). O tucano teria sido beneficiário de propinas para financiamento de sua campanha em 2014. Capez nega ligação com o grupo que fraudava licitações da merenda.

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Uma mensagem capturada pelos investigadores foi enviada por Marquinhos Polícia para Cássio Chebabi, apontado como operador do esquema de compra superfaturada de suco de laranja e outros produtos de famílias agrícolas

"Agora vamos encher Brasília de suco", escreveu Marquinhos Polícia pelo WhatsApp, no dia 7 de outubro de 2014, às 22h41. "Kk, você vai ser a rainha do suco", emendou na mensagem. "Vamos, uhuuuuu", empolga-se Cássio Chebabi, que chegou a ser preso em janeiro, mas acabou em liberdade porque colaborou com as investigações.

A Alba Branca pegou uma organização que usava uma cooperativa, a Coaf, sediada em Bebedouro, no interior de São Paulo, para negociar suco de laranja com administrações municipais. O grupo mirava também em contratos da Secretaria da Educação do governo Alckmin (PSDB).

O produto supostamente adquirido de famílias ligadas à cooperativa era vendido a preços superfaturados em um esquema de fraudes a licitações nas prefeituras.

Cássio Chebabi presidiu a cooperativa Coaf. Ele transitava com desenvoltura no Palácio Nove de Julho, sede da Assembleia Legislativa, frequentando gabinetes de diversos parlamentares, inclusive do PT e do PSDB. Os investigadores da Alba Branca querem saber qual o papel de Marquinhos Polícia no grupo.

O lobista Marcel Julio, personagem central da Operação Alba Branca, afirmou em delação premiada à Procuradoria-Geral de Justiça que parte de R$ 490 mil em propinas que diz ter entregue a dois aliados do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Fernando Capez, foi destinada à campanha do tucano em 2014.

Em seu relato, Marcel Julio - filho de Leonel Julio, ex-presidente da Assembleia - disse que levava dinheiro em espécie para Merivaldo dos Santos e Jeter Rodrigues, ex-funcionários do Legislativo paulista.

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Segundo Marcel, uma propina de R$ 490 mil supostamente relativa a um contrato da Secretaria de Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB) foi entregue aos aliados do deputado.

Marcel Julio teve prisão decretada em janeiro e se entregou na semana passada à Policia Civil em Bebedouro. Após o Tribunal de Justiça de São Paulo homologar sua delação, na segunda-feira, ele foi colocado em liberdade.

Capez nega que tenha recebido propinas do esquema de desvio de verbas da merenda escolar descoberto na Alba Branca.

Convocação

O líder do PT na Alesp, José Zico Prado, vai pedir a convocação do chefe de gabinete de Capez, Alexandre Zakir, para prestar esclarecimentos sobre sua relação com Jeter Rodrigues.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o ex-assessor do tucano disse ter sido procurado por Zakir para combinar uma versão para o recebimento de um cheque de R$ 50 mil proveniente do esquema de propinas. "Conforme os nomes vão aparecendo, vamos convocando", disse o líder do PT. Segundo ele, as tentativas de esclarecer a participação de Capez na máfia da merenda tem parado na bancada governista, que barra pedidos de convocação dos envolvidos e bloqueia a instalação de um Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). "Estamos parados em 23 assinaturas (são necessárias 32) faz tempo."

Jeter Rodrigues negou ter se encontrado com o chefe de gabinete do tucano para combinar a versão. O advogado do ex-assessor de Capez, Roberto Lamari, disse que esteve com seu cliente na sala de Zakir, a pedido do chefe de gabinete, para tratar de outro assunto.

"O Zakir queria comunicar que estava abrindo uma sindicância. Não se falou em cheque e o Jeter nem entrou na sala", disse o advogado. A assessoria de Capez também nega o encontro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Civil e o Ministério Público já trabalham com a possibilidade de que os contratos fraudados com prefeituras paulistas envolvendo a máfia da merenda escolar chegue a R$ 20 milhões, sendo R$ 2 milhões desse valor voltados a propinas.

Nesta quarta-feira, 30, o servidor público estadual Carlos Eduardo da Silva foi o primeiro dos sete presos por fraude no dia anterior, durante desdobramento da Operação Alba Branca, a ser ouvido. Silva é ex-diretor da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), envolvida no escândalo. Sua função no grupo era encaminhar pedidos de liberação de verbas federais e estaduais para a cooperativa que, segundo a investigação, seria apenas fachada para encobrir as atividades ilícitas na fraude.

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A defesa de Silva negocia acordo de delação premiada mas, segundo o promotor Leonardo Romanelli, isso vai depender do tamanho da colaboração.

O ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Leonel Julio, de 81 anos, também deve depor. Integrante do antigo MDB, o ex-deputado dirigiu a Casa em 1976, quando foi cassado pelo regime militar. Já seu filho, Marcel Julio, que está foragido, negocia se apresentar nesta semana.

Todos os presos estão em celas separadas ou diferentes cadeias da região, para que não tenham contato entre si. A operação está em sua segunda fase e entre os documentos apreendidos e que estão sob análise está um que relaciona valores - que podem ser de propinas a 70 prefeituras.

A todos os presos foi oferecido o acordo de delação premiada. Segundo o apurado até agora, a Coaf fazia contato com lobistas que combinavam com as prefeituras a fraude nos contratos da merenda. A polícia não descarta pedir a prorrogação da prisão dos envolvidos, que inicialmente é de cinco dias.

Governador

Em visita ontem a Araraquara, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu as investigações. "Eles faziam o estelionato. O produto que entregavam não era da agricultura familiar", afirmou o governador, se referindo à Coaf.

Sobre a possibilidade de envolvido de agentes públicos estaduais no caso, Alckmin disse que o episódio foi descoberto pelo governo. "Isso foi descoberto pelo governo, pela polícia. E é rigor absoluto." O tucano ainda afirmou que os citados já estão presos e responderão por isso.

A investigação aponta para o suposto envolvimento do atual presidente da Alesp, deputado Fernando Capez (PSDB), do ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Alckmin Luiz Roberto dos Santos, o Moita, e de outros parlamentares no esquema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Operação Alba Branca prendeu na manhã desta terça-feira, 29, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo Leonel Julio e mais seis investigados por fraude na merenda escolar. Também foi decretada a prisão do presidente da União dos Vereadores do Estado, Sebastião Miziara. A decisão é da Justiça de Bebedouro, no interior paulista, onde ficava a base da organização.

Alba Branca aponta para o suposto envolvimento do atual presidente da Assembleia de São Paulo, deputado Fernando Capez (PSDB) e de outros parlamentares. A investigação sobre Capez está em curso no Tribunal de Justiça do Estado.

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Leonel Julio, do antigo MDB, presidiu a Assembleia de São Paulo e foi cassado em 1976 pelo regime militar. Alba Branca afirma que seu filho, Marcel Julio, é um dos mentores da organização. Marcel está foragido.

Os mandados de prisão contra Leonel Julio e outros seis alvos da Alba Branca foram expedidos pela Comarca de Bebedouro, porque eles não têm foro privilegiado, como Capez. Além de Leonel Julio e Sebastião Miziara, a Justiça mandou prender também Carlos Eduardo da Silva, Aluísio Girardia, Emerson Girardi, Luiz Carlos da Silva Santos e Joaquim Geraldo Pereira da Silva.

A Justiça também decretou buscas e apreensões que estão sendo cumpridas pela Polícia Civil do Estado.

A Operação Alba Branca envolve ainda Luiz Roberto dos Santos, o Moita, ex-chefe de gabinete da Casa Civil do Governo Geraldo Alckmin.

Capez e os outros investigados teriam recebido propina em troca de contratos com a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf). O total de contratos de merenda atingidos pelo esquema chega a 25% do total, segundo investigação.

A máfia da merenda superfaturava o preço da merenda escolar e aumentava seus lucros com o fornecimento de alimentos de má qualidade para as crianças. Além disso, deixava de enviar parte da comida contratada, deixando muitos alunos sem a alimentação adequada.

O desembargador Sérgio Rui da Fonseca, do Tribunal de Justiça de São Paulo, decretou a quebra do sigilo bancário e fiscal do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Fernando Capez (PSDB), e de dois ex-assessores do governo Alckmin - Luiz Roberto dos Santos, o 'Moita', ex-Casa Civil, e Fernando Padula, ex-Secretaria da Educação - citados na Operação Alba Branca, investigação que desmontou quadrilha da merenda escolar.

O acesso aos dados fiscais do deputado abrange desde o início de 2013. A busca das informações bancárias de Capez abrange desde 1º de janeiro de 2014.

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A abertura de dados sigilosos alcança também um assessor e dois ex-assessores de Capez, apontados na investigação: Luiz Carlos Gutierrez, o Licá, Jeter Rodrigues Pereira e José Merivaldo dos Santos, o 'Meriva'. A Justiça autorizou inclusive acesso aos computadores utilizados pelos aliados do presidente da Assembleia.

Ao todo, o desembargador decretou a quebra do sigilo de 12 investigados, inclusive da cooperativa Coaf, de seus ex-diretores e de outras empresas usadas para fraudar licitações. A decisão foi tomada nesta segunda-feira, 15.

Sérgio Rui é o relator da Alba Branca no TJ, Corte que detém competência para investigar parlamentares estaduais. Ele autorizou a abertura de Procedimento Investigatório Criminal (PIC) contra Capez, 'Moita', Padula e integrantes da cooperativa Coaf por corrupção ativa e passiva, tráfico de influência e organização criminosa.

O procedimento investigatório será conduzido pela Procuradoria-Geral de Justiça sob crivo do Órgão Especial do TJ - colegiado formado por 25 desembargadores, os 12 mais antigos do Tribunal, 12 eleitos e o presidente.

O desembargador não acolheu apenas um pedido da Procuradoria - decretação da prisão preventiva de Marcel Ferreira Júlio, apontado como lobista da Coaf, carro-chefe da organização que se infiltrou em pelo menos 22 prefeituras para fraudar licitações da merenda e superfaturar produtos agrícolas. A Coaf mirava também em contratos da Secretaria da Educação de Alckmin.

Marcel está foragido desde 19 de janeiro, quando foi deflagrada a Alba Branca. Contra ele já pesa uma ordem de prisão temporária, expedida pela Justiça da Comarca de Bebedouro, na região de Ribeirão Preto.

Investigados ligados à cooperativa citaram o presidente da Assembleia como destinatário de comissão sobre valores de contratos com administrações municipais e com o Estado.

Moita

O grampo da força-tarefa da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual pegou contatos frequentes do lobista da organização com Luiz Roberto dos Santos, o 'Moita', que era braço direito do chefe da Casa Civil de Geraldo Alckmin, Edson Aparecido - um dia antes de Alba Branca sair às ruas, 'Moita' foi afastado.

A interceptação telefônica pegou 'Moita', quadro do PSDB, operando com a quadrilha da merenda de sua sala no Palácio dos Bandeirantes. O grampo o flagrou orientando o lobista a pedir reequilíbrio financeiro de um contrato com a Educação estadual. 'Moita' teria sido orientado pelo então chefe de gabinete da Pasta, Fernando Padula, também muito ligado ao PSDB.

A investigação mostra que Padula era chamado de "nosso homem" na Educação por integrantes da quadrilha da merenda.

O deputado Capez nega taxativamente ligação com a quadrilha da merenda e afirma que não recebeu propinas do esquema. Ele próprio antecipou-se e abriu para o desembargador Sérgio Rui, na sexta-feira, 12, seus dados bancários e fiscais. O tucano afirma que não conhece o lobista Marcel Ferreira Júlio nem os ex-dirigentes da cooperativa Coaf. O advogado de Capez, criminalista Alberto Zacharias Toron, diz que não há nada que aponte ligação do presidente da Assembleia com o grupo investigado.

Fernando Padula negou, assim que seu nome foi citado, qualquer envolvimento com a Coaf.

Em depoimento à Corregedoria-Geral da Administração, 'Moita' - ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Alckmin - admitiu ter orientado o lobista a pedir reequilíbrio financeiro de um contrato da Educação com a cooperativa das fraudes. Ele disse ter tratado do assunto com Fernando Padula, então chefe de gabinete da Secretaria.

A Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), alvo da Operação Alba Branca - que investiga superfaturamento de preços e pagamento de propina em contratos de merenda escolar -, trocou sua diretoria. Em assembleia realizada na quarta-feira, em Bebedouro (SP), o então presidente interino Carlos Alberto Santana da Silva, um dos presos temporariamente na operação, foi afastado do cargo.

Seu substituto, Nilson Fernandes, disse que o objetivo da troca é evitar que os produtores rurais, sem envolvimento com as fraudes, sejam prejudicados. Segundo ele, os cooperados não têm relação com a comercialização de produtos por parte da cooperativa. "O agricultor não tem conhecimento de propina."

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A nova diretoria avalia desde anteontem pedidos de demissão voluntária feitos por alguns funcionários. De acordo com Fernandes, a operação desestabilizou a instituição.

‘Planejamento’

Para ele, a Coaf não cometeu nenhum crime. "O que aconteceu foram coisas envolvendo funcionários, a cooperativa não tem culpa." Ele informou que os novos diretores já começaram a levantar dados com os funcionários e a juntar documentos para analisar a situação da entidade. "Vamos ver a realidade hoje e traçar um planejamento."

Desde o início do escândalo da merenda, em janeiro, os negócios na cooperativa ficaram praticamente parados.

O novo vice-presidente, Rui Pereira, acredita que a nova formação com agricultores da diretoria da Coaf - com 1.172 associados - ajuda a dar credibilidade à instituição na tentativa de recuperar sua imagem. "Eu mesmo estou plantando hoje berinjela, mandioca, abóbora e pimentão", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse nesta sexta-feira (12) que confia no presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Fernando Capez (PSDB), alvo da Operação Alba Branca, que revelou esquema de pagamento de propinas em contratos de fornecimento de merenda escolar para o estado. “Eu acredito na inocência dele. É um promotor público, tem uma história de 30 anos no Ministério Público", disse o governador.

Segundo Alckmin, é importante que seja feita uma apuração o mais rápido possível para que o culpado seja punido e quem não é culpado seja inocentado. "Se há uma denúncia, ela deve ser investigada com profundidade”.

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A Operação Alba Branca foi deflagrada no último dia 19. A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual de São Paulo investigam um esquema de fraude na compra de alimentos para merenda de prefeituras e do governo do estado. Ainda não se sabe quanto foi desviado, mas há suspeitas sobre contratos com creches e escolas públicas de 19 cidades há pelo menos dois anos. Capez é um dos investigados, além do ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo estadual Luiz Roberto dos Santos.

Ao falar pela primeira vez sobre o assunto em público, Capez afirmou que está colaborando para a verdade aparecer o mais rápido possível. “Eu sou vítima e estou sendo tratado como suspeito. Não conheço nenhuma dessas pessoas. Não vou me estender mais, porque estamos marcando entrevistas com cada veículo individualmente para explicar direitinho”, disse após participar de cerimônia de entrega de obras em Parelheiros, zona sul da capital paulista.

Na operação, foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão em sedes de 16 prefeituras, na sede da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) e nas casas de suspeitos. Também foram cumpridos seis mandados de prisão expedidos pela Justiça contra integrantes da cooperativa, com sede em Bebedouro (SP). A empresa, de acordo com as investigações, liderava o esquema e fornecia produtos advindos de pequenos agricultores rurais em produção familiar.

De acordo com o Ministério Público, a Coaf liderava o esquema de pagamento de propina. A cooperativa mantinha contratos com diversas prefeituras, com valores superiores a R$ 1 milhão, e um contrato com o governo estadual. A empresa também é investigada por fraudar a modalidade de compra “chamada pública”, que pressupõe a aquisição de produtos de pequenos produtores agrícolas. A cooperativa cadastrou cerca de 1 mil pequenos produtores, mas comprava de apenas 30 ou 40 deles e adquiria também de grandes produtores e na central de abastecimento do estado, segundo informou o MP.

Foram cumpridos mandados de busca nas prefeituras de Paraíso, Novaes, Santos, Sumaré, Americana, Colômbia, São Bernardo do Campo, Campinas, Santa Rosa de Viterbo, Bauru, Mogi das Cruzes, Barueri, Araras, Cotia, Mairinque e Caieiras, onde foram apreendidos documentos sobre dispensa de licitação e chamadas públicas relacionados à cooperativa. Apenas em Bebedouro, foram encontrados sete procedimentos tendo contratações com as empresas suspeitas – a Coaf, a Horta Mundo Novo e a Associação Agrícola Orgânica de Bebedouro.

Foram apreendidos também R$ 135 mil em espécie na casa de um funcionário da cooperativa, bem como uma arma de fogo ilegal em poder de outro funcionário. Ainda foram apreendidos documentos e equipamentos de informática – computadores e pen drives – na sede da cooperativa. Há algumas semanas foram apreendidos R$ 98 mil em espécie em poder de funcionário da cooperativa, num pedágio da região de Bebedouro. O dinheiro, segundo as investigações, destinava-se ao pagamento de propina para servidores públicos ligados ao órgão com o qual a empresa mantinha contrato.

Em nota, a Secretaria de Educação informou que segue a legislação do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que determina o uso, na merenda escolar, de 30% de alimentos cultivados e produzidos por meio da agricultura familiar, e que se mantém à disposição da Polícia Civil e do Ministério Público para dar sequência às investigações.

O deputado estadual Fernando Cury (PPS) classificou na quinta-feira (11) como "mentirosa" a informação de que ele teria atuado com lobistas da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf). "Não estive na Secretaria de Agricultura com essas pessoas. Não sou alvo de nenhuma investigação", afirmou ele à reportagem.

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento informa que "não há qualquer fundamento nas declarações dos representantes da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) e que as ilações da reportagem são descabidas e absolutamente irresponsáveis".

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A Secretaria afirmou que "todos os servidores citados na Operação Alba Branca, assim como os contratos de cooperativas agrícolas com a Secretaria da Educação dentro do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), são alvo de investigação da Corregedoria-Geral da Administração".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pressionado pelo Palácio dos Bandeirantes, o diretório do PSDB de São Paulo decidiu abrir um processo disciplinar para apurar a conduta de Luiz Roberto Santos, mais conhecido como "Moita", ex-chefe de gabinete do secretário da Casa Civil, Edson Aparecido.

A Operação Alba Branca, que investiga um esquema de corrupção e superfaturamento na venda de produtos agrícolas para merenda de escolas municipais e estaduais de São Paulo, indica que Santos teria agido diretamente para atender aos interesses da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), apontada como carro-chefe da fraude.

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O ex-assessor admitiu à Corregedoria-Geral da Administração (CGA) ter orientado o empresário Marcel Ferreira Júlio, apontado como lobista do esquema, a pedir reequilíbrio financeiro do contrato posto sob suspeita na Operação Alba Branca firmado entre a Coaf e a Secretaria da Educação.

No depoimento, ele ainda confessou ter tratado do assunto com o ex-chefe de gabinete da Educação Fernando Padula, demitido em janeiro. Santos prestou esclarecimentos ao órgão que regula a conduta dos funcionários estaduais no dia 2 de fevereiro.

Após o caso ter sido revelado, Santos foi exonerado do cargo no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, e "devolvido" para a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), onde é funcionário de carreira.

A decisão do diretório paulista do PSDB de abrir um processo disciplinar, no entanto, não conta com o apoio do diretório paulistano do PSDB. O presidente do partido na capital, Mário Covas Neto, diz que não há motivo para o procedimento interno. "Acusação não é condenação", afirma. Militante histórico do PSDB, Santos ocupou vários cargos de confiança em gabinetes tucanos.

O ex-presidente da Coaf Cássio Chebabi apontou aos investigadores da Operação Alba Branca os nomes do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), e do secretário Duarte Nogueira como supostos beneficiários de uma propina de 10% sobre contratos da Secretaria de Estado da Educação no governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Um contrato, disse Chebabi, no valor de R$ 13 milhões, teria sido assinado em 2015 para fornecimento de suco de laranja. Luiz Roberto Santos não foi localizado pela reportagem para comentar a decisão do PSDB.

O procurador geral de Justiça de São Paulo Márcio Fernando Elias Rosa deslocou para o Supremo Tribunal Federal uma parte da Operação Alba Branca que cita os deputados federais Nelson Marquezelli (PTB), Baleia Rossi, presidente estadual do PMDB, e Duarte Nogueira (PSDB), que está licenciado do mandato porque ocupa o cargo de secretário de Logística e Transportes do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Os parlamentares tiveram seus nomes citados por investigados da Alba Branca. Quatro funcionários e o ex-presidente da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), Cassio Chebabi, disseram à força-tarefa que prefeitos e servidores públicos eram destinatários de um valor equivalente a 10% a até 20% dos contratos firmados com órgãos públicos.

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Depoimentos

Os deputados federais não são acusados. Mas a menção a eles nos depoimentos de alvos da investigação levou o chefe do Ministério Público Estadual a decidir pela remessa dessa parte dos autos para o Supremo - instância máxima da Justiça que possui competência legal para abrir inquérito contra detentores de mandato na Câmara.

Alba Branca será distribuída para um dos ministros do Supremo. O ministro deverá encaminhar o caso para a Procuradoria-Geral da República, a quem compete propor ou inquérito contra parlamentar federal.

A etapa inicial da investigação aponta a distribuidora de bebidas de Marquezelli, em Pirassununga, interior de São Paulo, como um dos endereços de suposta entrega de propinas da quadrilha da merenda escolar que agia em pelo menos 22 prefeituras e mirava em contratos da Secretaria da Educação do governo Alckmin.

Um dos alvos da investigação, Carlos Luciano Lopes, relatou ao Ministério Público e à Polícia Civil que Marcel Ferreira Júlio, apontado como o lobista da organização, fazia pagamentos naquele local de "comissões" sobre venda de produtos agrícolas superfaturados para merenda. O depoimento de Lopes foi dado no dia 20 de janeiro, um dia depois que Alba Branca foi deflagrada.

O vice-presidente da Coaf, Carlos Alberto Santana da Silva, afirmou ter ouvido do presidente da entidade, Cássio Chebabi, e de vendedores da cooperativa "que em relação às vendas para as prefeituras de Campinas e Ribeirão Preto valores eram repassados ao deputado Baleia Rossi". "Sendo que os valores eram pagos por Cassio Chebabi."

Propina

O ex-presidente da Coaf apontou aos investigadores da Operação Alba Branca os nomes do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), e do secretário estadual de Logística e de Transportes Duarte Nogueira (PSDB), como supostos beneficiários de uma propina de 10% sobre contratos da Secretaria de Estado da Educação no governo Geraldo Alckmin (PSDB). Um contrato, disse Chebabi, no valor de R$ 13 milhões, teria sido assinado em 2015 para fornecimento de suco de laranja.

A Procuradoria-Geral de Justiça requereu ao Tribunal de Justiça de São Paulo nesta sexta-feira, 5, a quebra do sigilo bancário e fiscal do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Fernando Capez (PSDB), citado no esquema de propinas da merenda escolar desmontado na Operação Alba Branca.

A Procuradoria pediu extensão da medida para o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Alckmin, Luiz Roberto dos Santos, o 'Moita', e o ex-chefe de gabinete da Secretaria da Educação do Estado, Fernando Padula, quadro do PSDB.

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A Procuradoria também requereu acesso aos dados bancários e tributários de um assessor de Capez, Luiz Carlos Gutierrez, o Licá, e de dois ex-assessores do tucano, Jéter Rodrigues Pereira e José Merivaldo dos Santos, o 'Meriva', este ainda funcionário da Assembleia.

A devassa alcança a cooperativa Coaf, apontada como carro chefe do esquema de venda superfaturada de produtos agrícolas e suco de laranja destinados à merenda.

A quebra do sigilo faz parte do pedido de autorização para abertura de Procedimento Investigatório Criminal (IPIC) no âmbito da Operação Alba Branca contra Capez.

A Procuradoria quer acesso aos dados tributários do tucano desde o início de 2013. A busca das informações financeiras de Capez pega desde 1.º de janeiro de 2014.

Além da investigação bancária e fiscal, a Procuradoria requereu a quebra do sigilo dos computadores da Assembleia Legislativa utilizados por Licá, Jeter e ‘Meriva’. A meta é acessar suas correspondências eletrônicas.

A primeira etapa da Alba Branca revela contatos frequentes entre aliados de Capez e integrantes da quadrilha da merenda.

O grampo pegou ‘Meriva’ supostamente cobrando comissão de R$ 58 mil do lobista Marcel Ferreira Júlio, que circulava bem em gestões municipais, no Palácio 9 de Julho - sede do Legislativo paulista, no Ibirapuera - e na Pasta da Educação.

O grampo pegou, ainda, ‘Moita’, operando com a quadrilha da merenda de sua sala no Palácio dos Bandeirantes. Ele era braço direito do chefe da Casa Civil Edson Aparecido. A interceptação o flagrou orientando o lobista Marcel a pedir reequilíbrio financeiro de um contrato com a Educação de Alckmin. ‘Moita’ teria sido orientado pelo então chefe de gabinete da Secretaria da Educação, Fernando Padula.

Marcel está foragido. A Procuradoria requereu a prisão preventiva do lobista, filho do ex-deputado Leonel Júlio, do antigo MDB, cassado em 1976 pelo regime militar em meio ao ‘escândalo das calcinhas’ - o então presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, em viagem ao exterior, comprou um alentado lote de lingeries, o que bastou para perder o mandato.

O pedido da Procuradoria foi protocolado no Tribunal de Justiça porque Fernando Capez é deputado estadual. O TJ detém competência constitucional para autorizar esse tipo de procedimento. A petição da Procuradoria será analisada pelo Órgão Especial do TJ, colegiado integrado por 25 desembargadores, os 12 mais antigos, 12 eleitos pelos pares e o presidente da Corte.

Alba Branca foi deflagrada no dia 19 de janeiro a partir de uma decisão da Justiça no município de Bebedouro, região de Ribeirão Preto, interior do Estado. A Coaf fica em Bebedouro. Na ocasião, quatro funcionários e o presidente da cooperativa, Cassio Chebabi, tiveram a prisão temporária decretada judicialmente, a pedido da força-tarefa do Ministério Público do Estado e da Polícia Civil.

Todos resolveram colaborar - ainda não a nível de delação premiada - e revelaram supostos pagamentos de propinas da ordem de 10% a até 20% para prefeitos e servidores públicos. O presidente da Assembleia seria um dos beneficiários.

Capez ficou indignado quando soube que seu nome foi citado na Alba Branca. Ele próprio já peticionou à Procuradoria-Geral de Justiça e pediu para ser ouvido no inquérito. Espontaneamente colocou seus sigilos à disposição dos investigadores. O tucano nega taxativamente envolvimento com a máfia da merenda escolar. Ele supõe que o ex-assessor Jéter Rodrigues usou seu nome.

Em nota, o deputado estadual Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa, afirma que já entregou, segunda-feira, 1.º, o seu sigilo bancário e fiscal para a Justiça. "Não tenho o que esconder. Por isso vou trabalhar para instalar uma CPI sobre o caso na Assembleia. Fui o primeiro a assinar o pedido da oposição", afirma.

O empresário Marcel Ferreira Júlio, apontado como lobista do esquema de fraudes em licitações da merenda escolar, afirmará aos investigadores da Operação Alba Branca que um ex-assessor do deputado Fernando Capez (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, prestou serviços para a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), alvo central da investigação da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado.

Foragido desde 19 de janeiro, quando sua prisão foi decretada pela Justiça, Marcel dirá que Jéter Rodrigues, que na ocasião integrava o gabinete de Capez, conseguiu, "na prática", que a Secretaria da Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB) passasse a comprar suco de laranja da Coaf, em 2014.

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A cooperativa havia sido cadastrada em uma chamada pública da pasta, mas não estava fornecendo o produto, segundo Marcel. A situação teria mudado quando Jéter entrou em cena. O lobista vai dizer, ainda, que nunca contribuiu com as campanhas eleitorais de Capez e jamais pagou propinas ao presidente da Assembleia. Capez afirma que demitiu Jéter em dezembro ao descobrir que ele usou seu nome para indicar um delegado para a polícia paulista.

Marcel quer depor e "esclarecer todos os fatos". Ele atuava em nome da Coaf, representando a cooperativa em entes públicos. Sua missão era "apresentar" a cooperativa a órgãos da administração, como prefeituras, autarquias e repartições do Estado. A Justiça decretou a prisão temporária do lobista a pedido da Alba Branca. Mas ele fugiu. Sua defesa pediu a revogação do decreto de prisão.

Marcel caiu no grampo mantendo sucessivos contatos com outros investigados, entre eles Luiz Roberto dos Santos, o "Moita", então chefe de gabinete da Secretaria da Casa Civil de Alckmin - um dia antes da deflagração da Alba Branca, Edson Aparecido, chefe da Casa Civil, demitiu "Moita", que retornou à sua função na CPTM.

Defesas

A Secretaria de Educação informou que segue a legislação do Programa Nacional de Alimentação Escolar, "que institui a inserção, na alimentação escolar, de 30% de alimentos cultivados e produzidos por meio da agricultura familiar e se mantém à disposição da Polícia Civil e do Ministério Público no que for necessário para dar sequencia às investigações".

O criminalista Luiz Fernando Pacheco argumenta que Marcel não está afrontando a Justiça ao se manter foragido. "Ele considera que a prisão é um constrangimento desnecessário. Ele quer depor, está disposto a esclarecer todos os fatos", disse. "Marcel pode ser chamado de lobista porque o trabalho dele é aproximar empresas de órgãos públicos. Ele apresentava empresas que desejavam negociar com entes púbicos. Isso não é crime." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pouco mais de uma semana após a deflagração da Operação Alba Branca, que investiga suspeitas de fraudes na venda de produtos para merenda escolar em prefeituras de São Paulo, a Controladoria-Geral da União (CGU) e os ministérios da Justiça e da Educação (MEC) anunciaram na quarta-feira (27) o lançamento de "força-tarefa" para intensificar a fiscalização de desvios de recursos públicos na Educação, sobretudo, os destinados a merenda e transporte escolar.

Operação conjunta da Polícia Civil e do Ministério Público paulista, a Alba Branca atingiu dois importantes nomes tucanos do Estado: Duarte Nogueira, secretário estadual de Transportes do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), e o presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez. Eles foram citados por investigados como beneficiários de propinas do esquema. Investigados também citaram como participante da organização criminosa Luiz Roberto dos Santos, o "Moita, que foi chefe de gabinete de Edson Aparecido, secretário da Casa Civil de Alckmin. Santos foi exonerado um dia antes de a operação ser deflagrada, 19 de janeiro.

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Os tucanos rechaçam qualquer envolvimento com o caso. Na quarta-feira, a avaliação do Palácio dos Bandeirantes era que a criação da força-tarefa do governo federal tinha a finalidade de dividir as manchetes com a Operação Triplo X.

O governo federal afirma que a intenção é aumentar o número de auditorias de gestões municipais, para tentar detectar novas fraudes e, assim, realizar mais operações em parceria com a Polícia Federal, para prender tantos agentes públicos como privados envolvidos nos delitos.

O ministro-chefe interino da CGU, Carlos Higino Ribeiro de Alencar, disse que o órgão vai mobilizar mais servidores para intensificar as auditorias e, assim, tentar ampliar o número de operações em parceria com a PF. Segundo ele, de 2003 a 2015, foram cerca de 200 operações, envolvendo desvio de mais de R$ 2 bilhões.

Prioridade

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que a Polícia Federal tratará a "força-tarefa" como prioridade. Na avaliação dele, é "inaceitável" que milhões de reais sejam desviados de áreas como saúde e educação. "Portanto, não pouparemos esforços para que, respeitando o direito de ampla defesa e comprovando que são culpas, vamos punir os responsáveis", disse.

De acordo com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, a operação Alba Branca poderá ser alvo da "força-tarefa". "Qualquer operação relacionada à merenda escolar tem recurso federal obrigatoriamente. Portanto, se tem recurso federal, o governo, a PF e a CGU tem obrigação de fiscalizar, acompanhar, monitorar qualquer indício de qualquer ação de irregularidade", disse.

Apreensão

A operação Alba Branca deixou apreensivo o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Duarte Nogueira e Capez, dois quadros do PSDB próximos a Alckmin, foram apontados pelo agricultor Cássio Chebabi, presidente da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), como supostos beneficiários de propina de 10% em contratos da Secretaria de Educação.

Em caráter reservados, tucanos avaliam a situação de Capez como mais delicada. Aliados do presidente da Assembleia, por sua vez, reclamam da "falta de solidariedade do governo" e lembram que o deputado foi leal ao Palácio. A avaliação no entorno de Capez é que os "estrategistas" de Alckmin tentarão rifá-lo para evitar a contaminação do governo.

Uma mensagem publicada na noite de domingo pelo secretário de Segurança, Alexandre de Moraes, em seu perfil no Facebook, parabenizando a Polícia Civil pela Operação Alba Branca deixou mais carregado o clima entre o presidente da Assembleia paulista e representantes do governo. "Amigos, dizem que a corrupção é um crime sem rosto, entretanto, o trabalho da Polícia Civil durante a operação 'Alba Branca' vem revelando alguns destes corruptos", escreveu Moraes. O post, que estava no ar até a noite de anteontem, foi apagado da linha do tempo do secretário.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O agricultor Cássio Chebabi, presidente da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) - investigada por suposta fraude na venda de produtos para merenda escolar - apontou à força-tarefa da Operação Alba Branca os nomes do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), e do secretário estadual de Transportes, Duarte Nogueira, como supostos beneficiários de propina de 10% sobre contratos da Secretaria de Estado da Educação no governo Geraldo Alckmin (PSDB).

A Alba Branca, missão do Ministério Público do Estado e da Polícia Civil, foi deflagrada em 19 de janeiro. A cooperativa é o alvo central da operação. A força-tarefa de delegados e promotores de Justiça tem informações de que ao menos 22 prefeituras fizeram negócios com a Coaf. Capez e Duarte Nogueira negam as denúncias.

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Chebabi cita o lobista Marcel Ferreira Júlio, filho do ex-deputado Leonel Júnior, e o vendedor da Coaf César Augusto Lopes Bertholino. "No fim de 2014, Marcel, vendedor, intermediário ou lobista, ligado ao vendedor César, informou que teriam como celebrar contrato com governo do Estado de São Paulo para o que teria que ser paga comissão de 10% para certas autoridades, sendo elas: deputado estadual Fernando Capez e o deputado federal Duarte Nogueira Junior", afirmou Chebabi em depoimento em 21 de janeiro.

Chebabi relatou. "Receberam (Coaf) por tal contrato o valor aproximado de R$ 13 milhões do qual pagaram corretamente as 'comissões' de propina de 10%", afirmou. "Quando a Coaf atrasava, devido a dificuldades financeiras, o pagamento da 'comissão' ao governo do Estado, eram feitas retaliações e ameaças, desde barrar a entrega dos produtos no Centro de Distribuição da Pasta Estadual da Educação na cidade de Cajamar até a transmissão de mensagens por 'WhatsApp' de um assessor do deputado Fernando Capez."

Cotas

Chebabi disse que Nogueira tinha uma cota da propina "porque havia sido secretário da Agricultura do governo de São Paulo". Capez, segundo o presidente da Coaf, recebia "porque mantinha relação de proximidade com Marcel".

Chebabi teve prisão cautelar decretada pela Justiça de São Paulo. O agricultor foi liberado após prestar o depoimento. Outros investigados já prestaram depoimentos e citaram prefeitos, secretários municipais e servidores públicos por ajustes com a Coaf em troca de comissões sobre o valor de contratos.

Investigados também mencionaram Luiz Roberto dos Santos, o "Moita", ex-chefe de gabinete de Edson Aparecido - chefe da Casa Civil de Alckmin. Santos foi exonerado um dia antes de a operação ser deflagrada.

Carro

Chebabi relatou que emprestou um veículo Gol a um assessor de Capez, para uso da campanha de 2014 do tucano. Essa informação já havia sido dada por outro investigado, Carlos Lopes, gerente da Coaf. Chebabi disse que soube que a cessão do veículo ocorreu "por pedido do deputado". "O carro foi devolvido 'cheio de multas' ao final do período eleitoral. Ou seja, se tratava de 'troca de favores'."

Carlos Lopes também citou o presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo (Uvesp), Sebastião Misiara, que teria feito lobby da cooperativa nas gestões municipais.

Defesas

O secretário de Logística e Transportes do governo de Geraldo Alckmin, Duarte Nogueira - deputado federal licenciado e ex-presidente estadual do PSDB -, reagiu nesta terça à citação a seu nome na Operação Alba Branca.

"Estou completamente estarrecido, chocado, com tamanha irresponsabilidade e leviandade. Não conheço Coaf, não conheço esse Cássio Chebabi, não conheço nenhum gestor dessa cooperativa", afirmou. "Eu nunca tinha ouvido falar na minha vida de Coaf, aliás, Coaf que conheço é aquele órgão de controle financeiro do Ministério da Fazenda que acionei várias vezes contra suspeitas de desvios quando fui líder do PSDB."

O secretário disse que a menção a seu nome tem por objetivo "embolar as investigações, jogando nomes de pessoas sérias e de maneira aleatória para, enfim, criar confusão". Nogueira disse que já estuda uma interpelação judicial por calúnia e difamação contra quem o citou no caso.

O deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), nega taxativamente envolvimento com organização criminosa que teria fraudado licitações para fornecimento de produtos destinados à merenda escolar em prefeituras e no âmbito da Secretaria da Educação do Estado.

O presidente da União dos Vereadores do Estado de São Paulo (Uvesp), Sebastião Misiara, afirmou em nota que jamais fez lobby para a cooperativa e repudiou a ligação de seu nome com a investigação. "Em nenhum momento sugeri a algum prefeito que comprasse da Coaf", disse. "Medidas judiciais e administrativas serão tomadas, visando esclarecer a verdade", completou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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