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Se concretizado, o fechamento de mercados para a carne brasileira por causa das irregularidades encontradas na Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, pode perdurar por anos, disse nesta segunda-feira, 20, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi. "No caso da vaca louca, a China embargou por três anos", comentou. Ele disse ainda que, se fosse alguma das 21 empresas citadas na operação, não embarcaria produtos para o exterior.

"Tudo o que estamos fazendo é para evitar esses embargos", explicou o ministro. A estratégia usada para convencer os clientes no exterior é dar todas as informações solicitadas, com toda a transparência. É isso que será feito, por exemplo, na discussão que a Organização Mundial do Comércio (OMC) pretende iniciar nesta terça-feira, 21.

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O ministro frisou, porém, que as exportações não são a única preocupação do governo. A cadeia produtora de carne emprega 6 milhões de pessoas, segundo informou. Boa parte delas é de pequenos produtores.

É possível, admitiu ele, que outros países também peçam esclarecimentos ou restrinjam as importações. "Daqui pra frente pode tudo, mas temos os nossos argumentos", disse. Ele repetiu que o sistema de controle sanitário no Brasil é robusto, mas foram encontradas algumas pessoas agindo de forma incorreta.

O Egito suspendeu temporariamente as importações de carne de frango e outras carnes do Brasil, em decorrência das irregularidades reveladas pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, disse nesta segunda-feira, 20, o porta-voz do Ministério da Agricultura egípcio, Hamed Abduldayem. De acordo com o porta-voz, autoridades do Egito enviaram perguntas à embaixada do Brasil no Cairo e aguardam respostas para decidir quais medidas tomar.

Além disso, na Finlândia, a autoridade local de segurança alimentar disse que iniciou sua própria investigação sobre o assunto. Mais cedo, a China informou autoridades brasileiras que iria suspender as importações do País até receber esclarecimentos adicionais sobre a situação. As importações chinesas de carne brasileira somaram quase US$ 2 bilhões no ano passado.

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Enrico Brivio, porta-voz de saúde pública e segurança alimentar na Comissão Europeia, disse que a União Europeia está se preparando para suspender as importações de "quaisquer estabelecimentos implicados na fraude". Segundo ele, a Comissão Europeia pediu que países do bloco continuem atentos e intensifiquem a fiscalização de carnes vindas do Brasil.

O governo do Chile, por meio do Ministério da Agricultura, anunciou a interrupção temporária de suas importações de carne do Brasil. De acordo com o ministério, a intenção é obter do País informações sobre se há frigoríficos autorizados a exportar para o Chile entre os alvos de suspeita na Operação Carne Fraca.

Já a Coreia do Sul fez um pedido de informações ao governo brasileiro e informou que intensificará o controle sobre os produtos que chegarem ao país. Além disso, o Ministério de Alimentos da Coreia do Sul disse que não permitirá a venda ou circulação de carne de frango que já foi importada pela BRF. Fonte: Dow Jones Newswires

Portaria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) exonerou de cargos comissionados os superintendentes federais de agricultura, pecuária e abastecimento do Paraná, Gil Bueno de Magalhães; e de Goiás, Júlio César Carneiro. Na sexta-feira (17), depois que a Polícia Federal deflagrou a Operação Carne Fraca, o governo anunciou o afastamento de 33 servidores suspeitos de envolvimento nas irregularidades investigadas.

A operação da Polícia Federal denunciou um esquema criminoso envolvendo empresários do agronegócio e fiscais agropecuários que facilitavam a emissão de certificados sanitários para alimentos inadequados para o consumo. De acordo com a PF, frigoríficos envolvidos nesse esquema criminoso "maquiavam" carnes vencidas e as reembalavam para conseguir vendê-las. As empresas subornavam fiscais do ministério para que autorizassem a comercialização do produto sem a devida fiscalização.

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Segundo a PF, o esquema envolvia servidores das superintendências regionais do Ministério da Agricultura nos estados do Paraná, Minas Gerais e Goiás. Os investigadores informaram que eles atuavam diretamente para proteger grupos de empresários em detrimento do interesse público.

O caso levou o presidente Michel Temer a anunciar, neste domingo (19), mais rigor na fiscalização dos frigoríficos brasileiros e a determinar celeridade nas auditorias a serem feitas nos estabelecimentos envolvidos no esquema. O anúncio foi feito na presença de ministros de estado e cerca de 40 representantes de países importadores de carne brasileira.

Segundo o presidente, os problemas descobertos pela Operação Carne Fraca são pontuais: “é importante sublinhar que dos 11 mil funcionário do Ministério da Agricultura, apenas 33 estão sendo investigados e das 4.837 unidades sujeitas a inspeção federal, apenas 21 estão supostamente envolvidas em irregularidades”, disse ontem o presidente.

O presidente Michel Temer disse nesta segunda-feira (20) que os problemas descobertos em frigoríficos pela Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, atingem apenas uma pequena parte do setor. “O agronegócio é para nós uma coisa importantíssima e não pode ser desvalorizado por um pequeno núcleo, uma coisa que será menor: apurável, fiscalizável e punível, se for o caso. Mas não pode comprometer todo o sistema que nós montamos ao longo dos anos. Exportamos para mais de 150 países”, disse a uma plateia de empresários na sede da Câmara Americana de Comércio, na capital paulista.

A operação deflagrada na última sexta-feira (17) atingiu algumas das maiores empesas do ramo alimentício do país, como JBS, BRF e Peccin, acusadas de praticar uma série de fraudes para ocultar o uso de matéria-prima vencida ou de qualidade inferior na fabricação dos produtos.

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Temer destacou que o número de funcionários públicos envolvidos (33) é pequeno em comparação ao tamanho do quadro do Ministério da Agricultura, de mais de 11 mil servidores. “Nós temos sistemas rigorosíssimos de avaliação sanitária aqui no Brasil”, enfatizou o presidente. Os servidores são acusados de receber propina para liberar produtos que não atendiam às normas legais. De acordo com ele, também é pequeno o número de plantas industriais sob suspeita (21), tendo em vista o tamanho do setor, que conta com mais de 4,8 mil estabelecimentos.

O presidente mencionou ainda os diversos encontros que teve nos últimos dias, tanto para se inteirar do assunto, quanto para tranquilizar os países importadores de alimentos brasileiros. “Eu tive várias reuniões em Brasília. Primeiro, com os ministros das áreas envolvidas com essa matéria. Depois, com as associações dos produtores de carne da mais variada espécie e com os embaixadores dos países que importam a carne brasileira. E acabamos, muito fraternalmente, comendo um churrasco na noite de ontem com todos os representantes dos países que lá se achavam”, disse.

Conversa com Trump

Temer comentou sobre o telefonema recebido no último sábado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foi a segunda conversa telefônica entre os dois. “Ambos concordamos em levar adiante uma agenda de investimentos. Tanto que Sua Excelência disse: 'precisamos fazer logo uma reunião aqui nos Estados Unidos ou no Brasil com empresários brasileiros e americanos'”, disse ao explicitar parte do teor do diálogo.

Para melhorar o comércio bilateral, o presidente disse que tem buscado reduzir os entraves para importações e exportações no Brasil. “Não sem razão que nós estamos reduzindo a burocracia”, enfatizou.

China e Coreia do Sul já informaram oficialmente ao Ministério da Agricultura a suspensão de importação de carnes brasileiras, em consequência das revelações da Operação Carne Fraca da Polícia Federal, deflagrada na sexta-feira (17). No caso da China, os embarques programados para lá foram suspensos por uma semana.

Já a Coreia do Sul bloqueou apenas os embarques da BRF, especificamente. As informações foram confirmadas nesta segunda-feira (20) pelo Ministério da Agricultura.

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A Europa exige que todas as empresas envolvidas no escândalo da fraude da carne tenham seus produtos impedidos de entrar no mercado europeu e pede que membros do bloco adotem "uma vigilância extra" ao tratar de qualquer produto brasileiro no setor de carnes.

As informações foram anunciadas pelo porta-voz da Europa para assuntos de Saúde, Enrico Brivio, numa coletiva de imprensa em Bruxelas. "Estamos em um processo para garantir que todos aqueles envolvidos na fraude não possam exportar para a Europa", disse, lembrando que Bruxelas manteve "intensos contatos diplomáticos com o Brasil" nos últimos dias. "Pedimos ações e esclarecimentos", disse.

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Ao jornal O Estado de S. Paulo, Brivio explicou que os europeus pediram, no fim de semana, que as autoridades brasileiras retirassem da lista de exportadores todos aqueles citados no escândalo. "Agora, cabe ao Brasil seguir nosso pedido. Eles garantiram que fariam isso", disse à reportagem. "Depois veremos se isso de fato ocorreu e vamos continuar em contato com as autoridades brasileiras", indicou.

Segundo ele, a recomendação aos 28 governos europeus é de que sejam "extra vigilantes" com todo o carregamento de carnes do Brasil e que "aumentem os controles nas fronteiras".

Brivio, porém, insiste que até agora nenhuma irregularidade foi registrada na entrada de carnes nacionais. "Mas pedimos vigilância e um aumento de controles", disse.

Segundo ele, é provável que o setor mais afetado seja o de frangos. "Só uma pequena parte (do volume fraudado) parece ter sido exportado", afirmou. Mas estamos avaliando a situação com o Brasil e pedindo esclarecimentos para garantir que todos os lados envolvidos sejam suspensos de vender para a Europa", frisou.

Daniel Rosario, porta-voz de Comércio da Europa, insistiu que, apesar do escândalo, o caso não deve afetar as negociações que começam nesta segunda-feira, 20, com o Mercosul, em Buenos Aires.

Maior concorrente da carne brasileira no mercado europeu, os produtores irlandeses pedem oficialmente à Comissão Europeia o "embargo imediato de toda a importação de carne do Brasil". Em um comunicado emitido na manhã desta segunda, o presidente da Associação Irlandesa de Produtores de Carne (ICSA), Patrick Kent, disse que a UE tem alertado de forma repetida sobre os riscos da importação de carne da América do Sul. "É ultrajante que a UE continue dando uma segunda chance ao Brasil, mesmo depois que o Escritório de Veterinária tenha produzido informes continuamente mostrando deficiências das práticas no Brasil", emendou.

"O pior de tudo é a tentativa de sacrificar a qualidade da produção de carne na Europa ao negociar um acordo comercial bilateral com os países da América do Sul", atacou Kent. "O impacto disso seria minar totalmente os produtores europeus e irlandeses, inundando a Europa com carne brasileira, barata e abaixo do padrão", denunciou.

Na avaliação do produtor, os consumidores europeus não tem nada a temer, enquanto estiverem sendo abastecidos por produtos de "qualidade europeia". "Fizemos grandes saltos e temos um setor altamente regulado e o mínimo que podermos esperar é que não sejamos sabotados por importações baratas", disse.

"Carne de qualidade custa dinheiro. A maioria dos consumidores europeus quer alimentar suas famílias com o melhor e chegou a vez de a EU priorizar saúde e agricultura viável, e não acordos estranhos", afirmou Kent.

"Chegou a hora de parar de sacrificar os produtores europeus, em troca de alguns bilhões a mais para um pequeno número de multinacionais", denunciou.

Nesta semana, o caso chegará ainda à Organização Mundial do Comércio (OMC) . A entidade se reúne a partir de terça-feira (21) para debater temas fitossanitários.

Na agenda do encontro, fechada há dez dias, não constava nenhuma crítica à carne do Brasil. Mas a reportagem apurou que, desde a eclosão do novo caso, os principais parceiros comerciais se mobilizam para levantar o assunto durante a reunião. Diversos governos também indicaram que querem pedir reuniões bilaterais com o Brasil nesta semana para obter esclarecimentos sobre a fraude na carne.

O Ministério da Agricultura exonerou Gil Bueno de Magalhães e Júlio César Carneiro dos cargos de superintendente federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento que ocupavam nos Estados do Paraná e de Goiás, respectivamente. Eles são acusados de participar do esquema criminoso descoberto pela Operação Carne Fraca da Polícia Federal, que investiga o pagamento de propina por frigoríficos a fiscais públicos para obtenção irregular de licenças sanitárias.

As portarias de exoneração estão publicadas no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira (20) e foram assinadas pelo secretário executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, ainda na última sexta-feira (17) quando a operação foi deflagrada.

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Também vieram publicadas no Diário Oficial desta segunda outras nove portarias com a dispensa de servidores que exerciam funções gratificadas no âmbito do Ministério da Agricultura no Paraná, Goiás e Minas Gerais, todos supostamente envolvidos nas irregularidades investigadas. Na sexta-feira, Novacki anunciou a destituição de 33 servidores citados na operação. A dispensa do restante dos servidores deve ser formalizada nos próximos dias.

O diretor de Relações Institucionais da BRF, Roney Nogueira, um dos acusados da operação Carne Fraca da Polícia Federal, foi preso na madrugada deste sábado, 18, ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos (SP). Ele estava na Europa, quando teve o mandado de prisão expedido na sexta-feira, 17.

A informação foi confirmada pela BRF que disse, por meio de sua assessoria, que ele se apresentou espontaneamente e está no momento prestando esclarecimento às autoridades em São Paulo.

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Segundo o despacho da Justiça, divulgado na sexta, Nogueira teria negociado a liberação ilegal de carne de frango com salmonela juntamente com fiscais do Ministério da Agricultura. A denúncia traz reproduções de conversas telefônicas do executivo e aponta que ele estaria envolvido no esquema de fraude de documentos e adulteração de carne, como uma ponte entre empresa e governo federal.

Ainda de acordo com a investigação, Nogueira teria usado sua influência junto aos fiscais para habilitar uma das unidades da empresa a exportar carne de peru para Malásia - o Brasil conquistou a habilitação para exportar carne de peru para o país asiático em junho de 2011.

A internet mais uma vez não perdoou e abusou dos memes, dessa vez, com a Operação Carne Fraca. Depois de divulgado nacionalmente o escândalo de esquema de corrupção que envolve fiscais agropecuários e grandes frigoríficos para liberar a venda de carne podre e com químicos e outros produtos impróprios para o consumo, piadas e ironias dominam as redes com o assunto.

Entre as principais comparações os usuários fazem brincadeiras substituindo a carne das marcas investigadas pelo uso de papelão em alusão ao consumo e qualidade do produto que as pessoas costumam comer. “Será que o miojo da turma Mônica sabor frango... era feito com o próprio gibi ?”, brinca um seguidor no Twitter. “Vou na [sic] feira comprar Duas galinhas vou comer os ovos E quando for no final do ano eu mato uma galinha e como no Natal.”, escreveu outra seguidora. “O ingrediente + saudável na carne era o PAPELÃO. O resto era composto por prods cancerígenos em doses altas e salmonela”, revelou outra internauta. Assunto domina os trends no Twitter, confira a repercussão:

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Enquanto o mundo político toma conhecimento dos detalhes do esquema revelado pela Operação Carne Fraca, cresce o coro na Câmara dos Deputados para criação de uma CPI que investigue irregularidades na fiscalização fitossanitária no País. Os deputados Ivan Valente (PSOL-SP), Júlio Delgado (PSB-MG) e Carlos Zarattini (PT-SP) anunciaram nesta sexta-feira, 17, que vão começar a coletar assinaturas para a criação de uma CPI na Câmara. "Mais esse escândalo precisa de apuração, talvez com a criação de uma CPI para a gente acompanhar isso", defendeu Delgado.

Valente também pretende entrar com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB), flagrado em conversa com o fiscal agropecuário Daniel Gonçalves.

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O fiscal é apontado pela Operação Carne Fraca como "líder da organização criminosa". No diálogo interceptado, Serraglio se refere a Gonçalves como "o grande chefe". "Ele (Serraglio) intercedeu por uma pessoa que ele chamou de grande chefe", comentou Valente. Para o deputado, é grave o atual chefe da Polícia Federal ter demonstrado "intimidade" com o suposto líder da organização criminosa.

O parlamentar disse que iniciará a coleta das 171 assinaturas necessárias para a criação da CPI na próxima semana e disse que a ação do grupo é "gravíssima" do ponto de vista da saúde pública. "Eles envenenaram a carne. Imagine o pânico na população", declarou.

Já Delgado - que foi o relator do processo de cassação dos ex-deputados José Dirceu (PT-SP) e André Vargas (sem partido-PR), ambos presos na Operação Lava Jato - lembrou que PMDB e PP são os partidos que integram o grupo que quer fazer a Reforma Política com financiamento público de campanha e lista fechada de candidatos. "Isso tudo foi desvendado hoje pela Polícia Federal com a Operação Carne Fraca", completou.

Na avaliação do parlamentar, o esquema vai comprometer as exportações de toda a cadeia produtiva. "O Brasil é um grande exportador de carne, um grande fomentador do comércio internacional de carne bovina e isso vai comprometer seriamente, haja vista a queda das ações das bolsas dos maiores exportadores do Brasil", comentou.

O líder do PPS da Câmara, Arnaldo Jordy (PA), também acredita que o assunto evoluirá para a abertura de uma CPI no Congresso Nacional. "O Brasil acompanha, com perplexidade, o desencadeamento de uma operação policial para combater a corrupção e desta vez com a gravidade de que o suborno servia para acobertar fraudes contra o consumidor. E uma empresa que é alvo da Polícia Federal, a JBS, novamente aparece no meio do esquema", disse.

Em nota, o ex-líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), disse que denunciou ao Ministério da Agricultura em 2012 o ex-superintendente no Paraná, Daniel Gonçalves Filho, apontado pela Polícia Federal como líder da organização criminosa desbaratada hoje. Segundo Bueno, foi enviado um pedido de esclarecimento ao então ministro Mendes Ribeiro (PMDB-RS) sobre suposta ingerência do funcionário na liberação de produtos apreendidos. Ainda de acordo com Bueno, Gonçalves dava ordens para deixar de fiscalizar empresas no Estado, protegia grupos infratores, exonerava fiscais que não cumpriam suas ordens e teria montado um protocolo clandestino no Porto de Paranaguá.

"Fizemos o alerta sobre a atuação dessa quadrilha em 2012, três anos antes da PF iniciar a sua investigação. E pelo que estamos vendo, o ministério pouco ou nada fez em cinco anos para apurar o caso que hoje escandaliza todo o País", afirmou o deputado Rubens Bueno, que na ocasião repassou a denúncia do Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (ANFFA Sindical).

Durante a manhã desta sexta-feira (17) a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal surpreendeu vários consumidores de dezenas de marcas, empresas e frigoríficos. Até mesmo o ator Tony Ramos, garoto propaganda da Friboi, marca pertencente à JBS, cujo nome faz parte da lista de envolvimento do esquema de corrupção investigado.  

Ao site Ego, o ator afirmou estar surpreso com a notícia, mas esclarece que não tem contato com a JBS, é “apenas contratado pela empresa de publicidade”. Ele ainda pondera e diz acreditar nos produtos da marca, embora não seja técnico no assunto investigado pela PF, mas conta que “existe um controle em todas as embalagens, existe um código de barras que as pessoas podem acompanhar a qualidade e a validade". 

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Tony Ramos acrescenta apontando ser consumidor e ter produtos Friboi em seu freezer usados para churrascos nos finais de semana. Porém, diante da ação da Polícia Federal, ele diz querer saber mais detalhes do caso e vai buscar informações com a empresa que o contratou. Além disso, aponta que a empresa tem o direito das suas imagens e por isso espera que se apure a verdade dos fatos e frisa: “Não sei se faria novamente, se eles forem inocentados dos erros que estão sendo acusados, eu faria. Eu vou checar essa informação imediatamente".

 

O secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Eumar Novacki, disse nesta sexta-feira, 17, que o governo determinou o afastamento de 33 servidores envolvidos em um esquema investigado pela Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal. As investigações mostram suspeitas de pagamento de propinas de frigoríficos a fiscais agropecuários federais. O afastamento foi determinado pelo ministro Blairo Maggi.

O governo vai instaurar procedimentos para apurar a conduta desses servidores. Segundo Novacki, alguns procedimentos já haviam sido abertos no passado, sobre o mesmo tema, mas ainda não foram concluídos. "Daremos todo suporte à Polícia Federal na busca de informações. Queremos acabar com qualquer situação de desvios no ministério", afirmou.

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Novacki disse ainda que os servidores afastados não representam a maioria do ministério, que conta com 11 mil funcionários, dos quais 2,3 mil trabalham na área de fiscalização. "Isso não representa de forma alguma a postura dos servidores de ministério, que, em sua grande maioria, são de boa índole."

Três empresas já tiveram suas atividades suspensas nos municípios: uma unidade da BRF em Mineiros (BRF) e duas da Peccin, em Jaraguá do Sul e Curitiba. O secretário-executivo disse ainda que as suspeitas recaem sobre 21 estabelecimentos e 4 grupos empresariais, enquanto o universo de empresas fiscalizadas pelo ministério chega perto de 5 mil. "Não é um fato cotidiano. São fatos isolados, que não representam de modo algum a postura do ministério", disse.

Novacki disse que a pasta está indignada e contrariada com as revelações da Operação Carne Fraca. "Situações como essa causam um dano à imagem", afirmou. "O ministério vem realizando um belíssimo trabalho, voltado aos interesses do País. Somos referência no mundo."

Novacki disse que as primeiras denúncias envolvendo a fiscalização do ministério ocorreram há quase 7 anos, dentro do próprio ministério. "As investigações começaram há dois anos e, hoje, culminaram em prisões e conduções coercitivas."

O secretário-executivo disse que o ministério já havia determinado mudanças em uma série de procedimentos. Na área de inspeção, ele mencionou a portaria 257, de novembro do ano passado, que proibiu a interferência de superintendentes regionais na remoção de fiscais de uma empresa para outra.

"Esse foi um dos fatos elencados na Operação", afirmou. "Para se mudar um fiscal de um estabelecimento para outro, o pedido deve vir até Brasília. A secretaria-executiva é que executa as mudanças."

Também segundo ele, o ministério criou um setor responsável por uma auditoria nos estabelecimentos para verificar se a fiscalização foi realizada de forma correta. "Não aceitamos esse tipo de conduta. Vamos tomar todas as providências para punir os que cometeram desvios de conduta e vamos trabalhar para não voltar a acontecer."

O secretário-executivo disse ainda que a pasta apresentou à Casa Civil um novo regulamento de inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal. "Fizemos uma atualização e trouxemos um capítulo com procedimentos e penalidades. Vamos dar cada vez mais transparência às ações."

Novacki reconheceu que novas operações e investigações podem vir no futuro. "Estamos tomando providências administrativas e encaminhando informações ao Ministério Público e à Polícia Federal. Essa parceria vai existir e vamos trabalhar firmemente para evitar que isso se repita no futuro."

Líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT) defendeu a saída do ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB), citado na investigação da Polícia Federal que apura fraude na venda de carnes por grandes frigoríficos. A Operação Carne Fraca, deflagrada nesta sexta-feira (17), envolve as empresas BRF, JBS e Seara. Elas teriam um esquema de pagamento de propina a um grupo de fiscais agropecuários. 

Serraglio aparece em um grampo interceptado pela operação enquanto conversava com o fiscal agropecuário, Daniel Gonçalves Filho, considerado "líder da organização criminosa". Ao todo, trinta e oito mandados de prisão estão sendo cumpridos pela PF. Já a Justiça Federal do Paraná determinou bloqueio de R$ 1 bilhão dos envolvidos. O delegado federal Maurício Moscardi Grillo disse ao detalhar a operação que parte do dinheiro arrecadado pelo esquema de corrupção abastecia o PMDB e o PP.

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"Esse ministro perdeu toda a sua sustentabilidade política. Não tem mais nenhuma condição de continuar no cargo. Foi grampeado numa operação da PF chamando o líder de um grupo criminoso de "grande chefe". Tem que sair, até para que não influencie nas investigações da Polícia Federal, que é ligada ao seu ministério", afirmou Humberto, ao participar de um debate de rádio, no Recife.

Um dos mais recentes nomeados pelo presidente Michel Temer, Osmar Serraglio assumiu a pasta da Justiça no lugar de Alexandre de Moraes que foi para o Supremo Tribunal Federal (STF). A nomeação causou polêmica nos meios oposicionistas pelas ligações políticas de Serraglio com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), afastado do cargo por corrupção e hoje um dos presos da Operação Lava Jato.

Para o senador do PT, o episódio atinge, mais uma vez, "o suposto combate às corrupção que embasou o golpe parlamentar" que tirou governo a presidenta Dilma Rousseff (PT). "Nada que esse governo sem voto faz se sustenta, muito menos nessa questão. São inúmeros os casos de irregularidades já denunciados contra Temer e seus asseclas. Temos mais um, agora, e envolvendo a pasta da Justiça. É inadmissível", reforçou.

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) também anunciou, nesta sexta-feira (17), que vai começar a coletar assinaturas para a criação de uma CPI na Câmara para apurar irregularidades na fiscalização fitossanitária no país. O deputado disse ainda que pretende entrar com uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR) contra o ministro da Justiça.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, divulgou nesta sexta-feira (17) nota oficial na qual avalia que as apurações da Polícia Federal (PF) na Operação Carne Fraca, contra fiscais agropecuários e empresas do setor de proteína animal, indicam "um crime contra a população brasileira, que merece ser punido com todo o rigor". "Neste momento, toda a atenção é necessária para separarmos o joio do trigo. Muitas ações já foram implementadas para corrigir distorções e combater a corrupção e os desvios de conduta, e novas medidas serão tomadas", completou.

Na nota, o ministro reafirmou que coordena as ações envolvendo sua Pasta e confirmou o afastamento imediato de todos os envolvidos, além da instauração de procedimentos administrativos. "Todo apoio será dado à PF nas apurações. Minha determinação é tolerância zero com atos irregulares no Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento)", completou Maggi.

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O ministro confirmou ainda ter suspendido a licença de 10 dias prevista para começar na próxima semana para acompanhar o caso. O Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) apurou que Maggi, que participa de um evento em Mato Grosso, também conversou com presidente Michel Temer (PMDB) logo após a operação ser deflagrada.

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) anunciou nesta sexta-feira (17) que vai começar a coletar assinaturas para a criação de uma CPI na Câmara para apurar irregularidades na fiscalização fitossanitária no País. O deputado também pretende entrar com uma representação na Procuradoria Geral da República (PGR) contra o ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB), flagrado em conversa com o fiscal agropecuário Daniel Gonçalves.

O fiscal é apontado pela Operação Carne Fraca como "líder da organização criminosa". No diálogo interceptado, Serraglio se refere a Gonçalves como "o grande chefe". "Ele (Serraglio) intercedeu por uma pessoa que ele chamou de grande chefe", comentou Valente. Para o deputado, é grave o atual chefe da Polícia Federal ter demonstrado "intimidade" com o suposto líder da organização criminosa.

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O parlamentar disse que iniciará a coleta das 171 assinaturas necessárias para a criação da CPI na próxima semana e disse que a ação do grupo é "gravíssima" do ponto de vista da saúde pública. "Eles envenenaram a carne. Imagine o pânico na população", declarou.

A bancada do PPS disse que vai acompanhar as investigações e que poderá apoiar a criação de uma CPI. O atual líder do PPS, Arnaldo Jordy (PA), foi um dos parlamentares que, durante a CPI do BNDES, tentou convocar executivos dos grandes frigoríficos para explicar supostos privilégios na contratação de empréstimos do banco público.

Jordy lembrou que a blindagem dos grandes partidos impediu que os executivos viessem à Câmara dar explicações.

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, cancelou uma licença que começaria na prática a partir da segunda-feira (20) para poder comandar a Pasta na crise aberta nesta sexta-feira (17) com a Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. "Estou no comando", afirmou ele ao jornal O Estado de S. Paulo. "Fora de Brasília, mas no comando", acrescentou o ministro, que está em um evento do setor em Mato Grosso.

De acordo com despacho publicado no Diário Oficial da União (DOU) na terça-feira (14), Maggi ficaria afastado do cargo durante 9 dias, a partir deste sábado, para "tratar de assuntos particulares".

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Citado pelo delegado da Polícia Federal Maurício Moscardi Grillo como um dos partidos que teria sido abastecido, ao lado do PP, de parte da propina arrecadada pelo esquema de corrupção envolvendo fiscais, políticos, lobistas, funcionários públicos e os maiores frigoríficos do País, o PMDB informou que desconhece o teor da investigação e não autoriza ninguém a falar em nome do partido.

Em coletiva ocorrida nesta sexta-feira (17), para detalhar a Operação Carne Fraca, o delegado Maurício Grillo destacou: "Dentro da investigação ficava bem claro que uma parte do dinheiro da propina era, sim, revertido para partido político. E, ao longo das investigações, dois partidos ficavam claros: o PP e o PMDB."

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Uma das lideranças do PMDB, o atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB/PR), foi citado pela Polícia Federal no âmbito dessa operação. Isso porque ele foi pego em um grampo conversando com um dos líderes e alvo do esquema criminoso que deflagrou a ação, o fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho.

Na época, Serraglio era deputado federal. Apesar de ter sido mencionado pela PF, o ministro não está no foco dessas investigações, em razão de não ter se detectado nenhuma espécie de delito cometido por ele. Mas, por precaução, o seu nome e de outros políticos foram encaminhados ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

O delegado federal Maurício Moscardi Grillo afirmou nesta sexta-feira (17) que parte do dinheiro arrecadado pelo esquema de corrupção envolvendo fiscais e maiores frigoríficos do País, descoberto pela Operação Carne Fraca, era abastecia o PMDB e o PP.

"Dentro da investigação ficava bem claro que uma parte do dinheiro da propina era, sim, revertido para partido político. Caracteristicamente, já foi falado ao longo da investigação dois partidos que ficavam claros: o PP e o PMDB", afirmou.

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Executivos do frigorífico JBS e da empresa BRF Brasil foram presos. O esquema seria liderado por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Segundo a PF, a operação detectou em quase dois anos de investigação que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás "atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público".

"Os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva", diz PF.

Defesas

A JBS divulgou nota sobre o assunto: "Em relação a operação realizada pela Polícia Federal na manhã de hoje, a JBS esclarece que não há nenhuma medida judicial contra os seus executivos. A empresa informa ainda que sua sede não foi alvo dessa operação", diz o texto.

"A ação deflagrada hoje em diversas empresas localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás. A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas".

"A JBS no Brasil e no mundo adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos (...) e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos.

O espaço está aberto para manifestações dos partidos citados pelo delegado Maurício Moscardi Grillo.

A Receita Federal informou nesta sexta-feira (17) que trabalha em conjunto com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal na Operação Carne Fraca, deflagrada pela manhã para desarticular organização criminosa no âmbito do Ministério da Agricultura a partir da Superintendência Federal da Agricultura no Paraná.

O esquema envolveria fiscais do Ministério na liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos. Grandes empresas do setor como BRF e JBS são alvo da ação. Executivos das duas empresas foram presos na operação.

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Segundo a Receita, além dos 309 mandados expedidos pelo Juízo Federal da 14ª Vara Federal de Curitiba, estão sendo cumpridos mais de 190 mandados de busca e apreensão em empresas e residências dos principais envolvidos nas cidades de Curitiba, Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Goiânia. Participam das ações cerca de 1.100 policiais federais, acompanhados de 30 auditores-fiscais e analistas-tributários da Receita.

De acordo com as investigações, o esquema criminoso seria liderado por servidores ocupantes de cargos de chefia e administração da Superintendência do Ministério da Agricultura no Paraná que, com apoio e participação de outros servidores a eles subordinados, estariam recebendo vantagens indevidas pagas por executivos ou diretores de empresas.

Fiscais agropecuários que não aceitavam compactuar com as irregularidades investigadas eram afastados de seus locais de trabalho, removidos ou exonerados de suas funções.

A Receita informou que vários dos servidores públicos investigados, além de ocultar ativos adquiridos, tiveram acréscimo patrimonial desproporcional em suas declarações de bens, incompatível com as rendas declaradas ou com as suas movimentações financeiras.

A Polícia Federal e Receita Federal concederão entrevista coletiva à imprensa ainda na manhã desta sexta-feira para detalhar a operação. A entrevista vai ocorrer na sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Executivos do frigorífico JBS foram presos na manhã desta sexta-feira (17) durante a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal. A empresa BRF Brasil também é alvo da ação, que combate corrupção cometida por agentes públicos federais, empresários e crimes contra Saúde Pública.

O esquema seria liderado por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Segundo a PF, a operação detectou em quase dois anos de investigação que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás "atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público".

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"Os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva", diz nota da Federal sobre a operação.

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