O sentimento de insegurança ao andar pelo bairro da Boa Vista, área central do Recife, não é novidade para ninguém, mas esse medo toma maiores proporções em algumas áreas específicas. Um desses locais é a praça Maciel Pinheiro, que já viveu dias melhores, mas que hoje ostenta o triste rótulo de "lugar a ser evitado". O equipamento público foi ocupado por moradores de rua, porém, deixou de abrigar apenas pessoas em busca de um lugar para se refugiar.
Os flagrantes de uso de drogas e outros produtos que fazem mal a saúde são comuns, em qualquer horário, inclusive durante o dia, principalmente cola de sapateiro. À noite, a situação é pior. O risco aumenta, junto com o consumo de crack e álcool. E com isso, vêm os crimes. "Fumam muito aqui. Tem cliente meu que deixou de vir. Meu estabelecimento já foi arrombado uma vez", revela um comerciante, que preferiu não se identificar.
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Vários outros lojistas da área reclamam da falta de segurança e da ocorrência de assaltos. "Uma funcionária de outra ótica foi roubada quando passava por aqui depois de largar. Isso assusta quem vem ao Centro. Tem gente que prefere ir ao shopping que é mais seguro", lamenta o gerente de um comércio de óculos.
Mas o caos não oferece perigo só a quem transita ou trabalha na área. Há casos em que a integridade física dos próprios moradores de rua é posta em xeque. "Quase todo dia tem briga entre eles, puxam faca e tudo. E sempre aparece um que a gente nunca viu. Chegou, vai ficando", conta uma recepcionista.
Falta limpeza
A aglomeração também traz problemas como o acúmulo de lixo e a sujeira deixada por quem precisa fazer suas necessidades na rua. Caixas de papelão e sacos plásticos são alguns dos ítens mais espalhados pelo local. A fonte luminosa (reformada pela Prefeitura do Recife no fim do ano passado) segue sendo usada como área de banho.
O mau cheiro e a insegurança causaram, inclusive, a mudança de uma das lojas, que passou para um novo ponto comercial na Rua Rosário da Boa Vista. "Não aguentamos ficar um ano lá. Além de muita droga, a frente também ficava imunda", diz a funcionária de uma distribuidora de produtos óticos.
Um dos prédios das imediações está com uma placa de "aluga-se" há seis meses. Segundo a proprietária, a crise econômica é a maior responsável pela falta de inquilinos, mas a situação do local também atrapalha. "Todo locatário meu reclama desses problemas. Sempre que eu venho mostrar o imóvel a alguém, tenho que limpar tudo e lavar a frente para melhorar a impressão", afirma a dona.
Assistência
A Prefeitura do Recife informou que, nesta quarta-feira (29), às 14h, a Secretaria Executiva de Políticas sobre Drogas vai realizar uma visita à Praça Maciel Pinheiro com uma ação "baseada nos três pilares: cuidado, prevenção e reinserção". Segundo a PCR, isso significa a abordagem das equipes aos usuários de drogas para redução de danos, encaminhamento médico, psicológico e terapêutico, a depender da necessidade de cada usuário.
A administração municipal também esclareceu que mantém o Serviço Especializado em Abordagem Social de Rua (SEAS), que dispõe de sete equipes nos três turnos (cinco diurnas e duas noturnas). O serviço monitora as áreas das seis RPAs, incluindo a Praça Maciel Pinheiro, e trabalha com a sensibilização das pessoas, visando o resgate da cidadania e a retirada consensual.
Policiamento
Em nota, a Polícia Militar de Pernambuco informa que o policiamento no entorno da Praça Maciel Pinheiro é realizado, diariamente, por meio de Patrulhas do Bairro, motopatrulhamento e com o Grupo de Apoio Tático Itinerante (GATI) do 16º Batalhão. Além disso, também existe o monitoramento através das câmeras da Secretaria de Defesa Social. A nota informa ainda que vai intensificar o policiamento no local com abordagens a fim de verificar suspeitos e apreender armas ou qualquer material que cause dano a sociedade.