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A presidente da Petrobras, Graça Foster, reclama que os estaleiros brasileiros lhe têm tirado o sono. Os números das encomendas deixam claro o motivo: até 70% das sondas que a companhia contratou no País para explorar o pré-sal serão montados em estaleiros que ainda não existem ou que atravessam graves problemas de atrasos e gestão. Além disso, aqueles em operação já estão assoberbados com encomendas.

Um atraso na entrega das sondas significaria retardar a transformação das reservas do pré-sal em caixa para a companhia. Os próprios estaleiros estão pessimistas com as primeiras sondas, que têm entrega prevista para 2015. "A única certeza que se tem ao começar um projeto de construção é de que não vai acabar no prazo", confessa um presidente de estaleiros envolvido no projeto. "Não estou dizendo que é impossível (cumprir o prazo), mas é muito difícil. Fazer algo pela primeira vez é sempre complicado."

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A Petrobras contratou 33 sondas para serem construídas no Brasil e está em fase avançada de negociação para outras duas. Custarão ao todo cerca de US$ 28 bilhões para serem montadas. Nunca uma sonda dessas foi fabricada no País.

Considerando-se um total de 35 sondas, a maior parte (entre 24 e 25) está prevista para estaleiros que ainda estão sendo erguidos - apelidados de virtuais - ou no Atlântico Sul (PE), que registra atrasos nas encomendas e problemas de gestão. Até agora, apenas nove contratos foram efetivamente firmados.

A princípio, as sondas devem ficar distribuídas entre Keppel Fels (estaleiro já operacional, 6 sondas); Atlântico Sul (operacional, mas com atrasos, 7 sondas); Enseada Paraguaçu (virtual, 6 sondas); Jurong Aracruz (virtual, 6 sondas); Rio Grande (operacional, 3 sondas); Eisa Alagoas (virtual, de 3 a 4 sondas) e Mauá (operacional, 1 ou 2 sondas). As duas sondas extras estão sendo negociadas com a OSX (virtual).

Graça vem repetindo que não trabalha com cenário de atraso e que ficará em cima dos estaleiros para garantir os prazos. A presidente da Petrobras tem convocado constantes reuniões com a Sete Brasil, que terceiriza a gestão de 28 das sondas. É a Sete BR - que tem a Petrobras, bancos e fundos como sócios - que contratará os estaleiros.

O presidente da empresa, João Carlos Ferraz, garante que as sondas vão ser entregues no prazo, a partir de 2015, mas reconhece dificuldades na contratação dos estaleiros. "Acho justa a desconfiança do setor. É desafiador, é difícil, é complexo, mas é possível", afirma.

O secretário executivo do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Naval (Sinaval), Sergio Leal, diz que o setor tem um "desafio gigante" pela frente, mas garante que o País tem capacidade para atender à demanda. Ele lembra que apenas um estaleiro (EAS) tem atrasos. "Todos os outros estão pontualmente em dia", frisa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Petrobras afirmou hoje que comprovou a ocorrência de petróleo leve em águas ultraprofundas da Bacia de Santos, no bloco BM-S-9, nos reservatórios do pré-sal.

O novo poço, 3-BRSA-1023 (3-SPS-85), denominado Carioca Sela, localiza-se na área de avaliação do 1-SPS-50 (Carioca), a 4,5 Km do poço descobridor. Nesse novo poço, distante cerca de 270 km da costa do Estado de São Paulo, foi recuperado um óleo de 27 graus API, em lâmina d´água de 2.149 metros. A descoberta foi comprovada por amostragem de petróleo em teste, nos reservatórios localizados na profundidade aproximada de 5.250 m.

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O consórcio formado pela Petrobras (45% - operadora), BG Group (30%) e Repsol Sinopec Brasil (25%), dará continuidade às atividades e investimentos necessários para a avaliação das jazidas descobertas nessa área, incluindo a perfuração de novos poços, conforme o Plano de Avaliação aprovado Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, disse hoje que o Estado se ofereceu para receber um centro de monitoramento para a exploração do pré-sal. Segundo ele, o monitoramento seria voltado não apenas a eventuais vazamentos, mas também a outras atividades relacionadas ao desenvolvimento do pré-sal, envolvendo tanto a Petrobras como outros operadores e seus fornecedores.

"Achamos que esse é o procedimento mais objetivo que nós temos a fazer no curto prazo", afirmou ao ser questionado sobre o posicionamento do governo paulista em relação ao vazamento de petróleo ocorrido anteontem na Bacia de Santos, a 250 quilômetros de Ilhabela, litoral de São Paulo.

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Ele também defendeu que a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) deveria ser sempre considerada em seus questionamentos sobre o que for liberado pelo Ibama. Conforme lembrou o secretário, a Cetesb havia sugerido iniciativas adicionais ao plano emergencial de contenção de acidentes apresentado pela Petrobras para a exploração do pré-sal na Bacia de Santos. "Mas isso é dentro de um espírito que não é conflitivo, é de colaboração e de prevenção. Nós tivemos três episódios nos últimos meses que deixaram um certa inquietude", acrescentou Aníbal, lembrando também do vazamento da Chevron em Campos, e do vazamento da Transpetro no Rio Grande do Sul.

O secretário participou hoje de evento de assinatura de protocolo de intenções com a empresa italiana Saipem, fornecedora de serviços à Petrobras. A empresa pretende construir uma Base Logística de Dutos Submarinos no litoral de São Paulo.

Protocolo de intenções

Aníbal disse que um protocolo de intenções com a Petrobras poderá ser assinado em breve. Em novembro do ano passado, o governo paulista se reuniu com o então presidente da estatal à época, José Sergio Gabrielli, para pedir parcerias que levem ao desenvolvimento da indústria do petróleo e gás no Estado. Entre as solicitações estava a criação, no Estado, de um Parque Tecnológico de Petróleo e Gás da estatal.

Ele disse que há duas semanas a presidência da Petrobras se manifestou sugerindo a assinatura do protocolo de intenções entre estatal e o governo paulista "o quanto antes". "Por nós, nenhum problema. Assinamos e depois terminamos de concluir todos os procedimentos relativos ao protocolo. A minha expectativa é de que isso ocorra logo. A sinalização havia sido que isso poderia ser feito assim que Gabrielli voltasse de Davos". Ele acredita que o centro de pesquisa fará parte do protocolo de intenções, mas indicou que o centro de monitoramento provavelmente será discutido à parte.

Preocupados com a capacidade da indústria para atender à forte demanda do pré-sal, Petrobras e BNDES estão rodando o Brasil em busca de novos fornecedores. O objetivo é encontrar empresas dispostas a adaptar suas plantas para produzir equipamentos de óleo e gás no mercado nacional, o que amenizaria os problemas para cumprir a cota de conteúdo local nos projetos.

Vale até empresas que atuam em outros ramos de atividade e nunca produziram uma única peça para o segmento. A Petrobras já teve contato, por exemplo, com a Tramontina, fabricante de produtos como talheres e ferramentas elétricas, e a Randon, que produz equipamentos para o setor de transporte, como reboques e autopeças. Procuradas, as duas empresas disseram que não iriam comentar o assunto neste momento.

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O modelo de produção está em aberto: a companhia pode ampliar seu parque industrial sozinha ou em parceria com algum grupo internacional, que tenha know how na fabricação dos equipamentos. A contrapartida para quem aceitar essa empreitada é o financiamento ou participação do BNDES no projeto - medida que pode dar mais competitividade ao produto nacional para concorrer com estrangeiros altamente especializados na área, como noruegueses e americanos. Além disso, as empresas poderão ter apoio técnico da Petrobras no desenvolvimento dos novos produtos.

O foco principal da peregrinação da estatal e do BNDES é encontrar interessados em produzir equipamentos submarinos, que exigem elevada capacidade tecnológica e contam com poucos fornecedores no mercado interno. Segundo o chefe do Departamento da Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás do BNDES, Ricardo Cunha da Costa, já há 15 empresas interessadas em se tornar fornecedoras da Petrobras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Enquanto tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que determinará a divisão dos royalties da exploração do pré-sal, estados e municípios da federação produtores ou não se mobilizam para garantir uma fatia da arrecadação. E é esta a discussão que o vereador Josenildo Sinesio (PT) quer trazer para a Câmara de Municipal do Recife.

O parlamentar pretende trazer o debate ao município e ajudar o governador Eduardo Campos na busca pela divisão igualitária dos royalties do pré-sal.  Em 2010 os royalties e a participação especial pagos à União e estados produtores chegaram a R$ 22 bilhões e a estimativa é que alcance R$ 60 bilhões em 2020. Podendo até chegar a R$ 100 bilhões na virada da próxima década. Por isso, o vereador Josenildo Sinesio entende que a Constituição é clara quando define a divisão das riquezas nacionais do subsolo, ou seja, pertence a todos.

Nos últimos anos houve uma inversão de investimentos e o Nordeste foi contemplado. Pernambuco cresce a taxas da China, com Produto Interno Bruto (soma de todas as riquezas) superior ao do país. Nesse contexto, segundo ele, a redistribuição de royalties é fundamental para a construção de um novo Brasil.

Josenildo Sinesio argumenta que de acordo com o projeto em tramitação a União teria reduzida sua participação de 30% para 20%. A dos estados produtores cairia de 26,25% para 25%. Já os municípios produtores cairiam de 26% para 18% e gradativamente para 6% em 2020. Assim, o fundo especial dos estados e municípios saltaria de 8,75% para 34% e até 2020 para 46%. Josenildo Sinesio aposta que todos ganhariam.

Com base nesses dados, o vereador solicitou que a Mesa Diretora da Casa trouxesse o debate para o grande expediente na primeira quinzena de dezembro. E ainda solicitou que o governador e o senador Humberto Costa, defensores da divisão dos royalties no Congresso sejam convidados à Câmara do Recife para ampliar o debate.

Já o vereador Maré Malta (PSD) apesar de concordar com o colega, ressalva, que o crescimento impulsionado pelo desenvolvimento de Suape trouxe problemas de infraestrutura para a cidade e que, por isso mesmo, o assunto merece debate apurado.

Arrecadação - o dinheiro resultante da exploração de petróleo, atualmente, fica nos cofres dos estados produtores, a exemplo de Rio de Janeiro e Espírito Santo. Fato que alavancou o desenvolvimento desses dois estados. No entanto, a Constituição do país reza que toda riqueza do subsolo pertence a todos os entes federados por igual. Mas, estados produtores não se conformam em perder uma fatia desse bolo, que colocará o Brasil no primeiro lugar do ranking de produtores do produto já em 2030.

A companhia petrolífera Chevron poderá perder o direito de participar da exploração do petróleo do pré-sal depois de ter causado o vazamento de milhares de litros de óleo na bacia de Campos. A empresa, que apresentou um projeto à Agência Nacional de Petróleo (ANP), terá sua proposta analisada quarta-feira e, nas palavras do presidente da ANP, Haroldo Lima, "ficou em situação muito complicada". A empresa poderá até mesmo perder a classificação de operadora A, que permite a exploração em águas ultra-profundas em geral.

A classificação da ANP dá às operadoras tipo A o direito de exploração em qualquer meio no País, desde que sob concessão. As operadores B não podem explorar áreas ultra-profundas, como as do pré-sal. A C só pode trabalhar em terra. "Certas prerrogativas que a empresa tem como operadora A, podendo, por exemplo, perfurar até o pré-sal, vão ser melhor examinadas", afirmou Lima.

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A avaliação do governo é que a empresa foi irresponsável e negligente. Omitiu informações e induziu a ANP ao erro. Os problemas detectados já geraram uma multa do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), por dano ambiental, de R$ 50 milhões e dois autos de infração da Agência também pelo valor máximo de R$ 50 milhões.

As multas, no entanto, podem aumentar. De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a Chevron poderá ser multada ainda se não tiver cumprido todos os requisitos do licenciamento ambiental e o plano de emergência previsto nesses casos e se tiver fornecido informações erradas ou omitido dados. Cada infração poderá gerar outra autuação que pode chegar ao R$ 50 milhões.

Além de ter causado um enorme prejuízo ambiental, a empresa complicou ainda mais a situação ao distorcer e sonegar informações enviadas à ANP. Desde o dia 12 de novembro - cinco dias depois do vazamento ter sido detectado - a empresa apresentou um plano emergencial de abandono do poço no Campo do Frade e pediu urgência na aprovação. No entanto, um equipamento essencial, usado para cortar a coluna central do poço e permitir a colocação de tampões de concreto, não estava no Brasil e chegou apenas hoje - isso não foi dito à Agência. "Trabalhamos com informações falsas quando aprovamos o plano. A empresa não tinha o equipamento necessário e por conta disso todo o plano está atrasado", informou Lima. "A ANP não foi tratada de forma correta".

A Chevron ainda editou um vídeo de 24 horas do fundo do mar que mostrava os resultados do vazamento. Em vez de entregar o DVD completo, entregou apenas imagens selecionadas, apesar de já ter sido notificada pela ANP. Equipes da agência tiveram que ir à plataforma e requisitar pessoalmente as 24 horas de gravação.

A sequência de problemas causados pela empresa complicou a possibilidade da Chevron ver seu projeto de exploração do pré-sal aceito pela ANP. A proposta, que já estava com a agência e será analisada na próxima quarta-feira, tem grandes possibilidades de ser rejeitada. "Não podemos antecipar, mas os fatos recentes introduzem dados relevantes e o resultado pode não ser o esperado anteriormente pela empresa", disse o presidente. "O que será perguntado é se ela deve continuar a ser uma operadora A".

A estatal China Petrochemical Corp., conhecida como Sinopec, comunicou que pagará US$ 3,54 bilhões por uma participação de 30% na unidade brasileira da gigante petrolífera portuguesa Galp Energia. A transação depende da aprovação do governo chinês, diz o comunicado da Sinopec.

A compra deve fazer da Sinopec a principal parceira da Petrobras no pré-sal, ultrapassando a britânica BG. Os boatos de que a companhia chinesa faria o acordo com a Galp circulavam há algum tempo, mas nos últimos dias ganhou força o rumor de que o fechamento do contrato seria iminente.

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Além de ter uma fatia do campo de Lula - hoje com o maior poço produtor do Brasil (27 mil barris por dia) e perspectivas de produzir 1 milhão de barris por dia sozinho no pré-sal - a Galp também possui participação nas concessões de Bem-Te-Vi, Caramba, Jupiter e Iara. A Sinopec adquiriu recentemente 40% dos ativos da espanhola Repsol no Brasil, comprometendo-se a investir cerca de US$ 7 bilhões nas áreas de Carioca, Guará, Abaré Oeste e Iguaçu. A britânica BG participa com porcentuais maiores em quase todas as áreas citadas, incluindo o campo de Lula. Já a Sinopec terá a vantagem de ter parceria direta com a Petrobras - sem a participação da BG - nas áreas de Bem-te-vi e Caramba. (Hélio Barboza e Kelly Lima, com informações da Dow Jones)

Se o impasse em relação aos royalties, no caso de a divergência entre Estados produtores e não produtores continuar após a apreciação da Justiça, tende a resultar em mais um atraso na fixação das datas das próximas rodadas de licitação de blocos exploratórios de petróleo.

A situação preocupa muito as petroleiras, que há três anos traçam estratégias e articulam parcerias para disputar as áreas que serão ofertadas pelo governo. Na provável hipótese de o caso parar no Supremo Tribunal Federal (STF), deverão continuar sem previsão a 11.ª rodada de licitações (de blocos do pós-sal) e a primeira rodada do pré-sal. Ambas deveriam ter ocorrido neste ano, mas jamais tiveram as datas marcadas pela Presidência da República.

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O diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Florival Rodrigues de Carvalho, afirmou ontem considerar a possibilidade de os leilões não aconteceram antes de um acordo, seja político ou judicial, embora o substitutivo do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), aprovado no Senado anteontem, não tenha alterado a alíquota de 10% cobrada às empresas de óleo e gás. "Seria mais sensato resolver o imbróglio e fazer a rodada depois", observou o dirigente.

O substitutivo será agora votado pela Câmara dos Deputados, em um prazo que o meio político estima em cerca de um mês. Caso venha a ser aprovado pelo Congresso, seguirá para apreciação da presidente Dilma Rousseff, a quem caberá ou sancioná-lo ou vetá-lo.

Se Dilma sancionar o projeto, os royalties terão de ser divididos de forma mais igualitária entre Estados produtores (Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo) e não produtores.

Na hipótese de derrota em todos os trâmites políticos, os Estados do Rio e do Espírito Santo já anunciaram a intenção de recorrer ao STF. Não há data para a presidente manifestar sua decisão, caso o projeto passe pela Câmara. Se ela sancionar de imediato, o recurso ao STF pode seguir ainda neste ano. Se ela demorar, só em 2012, o que praticamente inviabilizaria as rodadas no primeiro semestre, pelo menos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As jazidas descobertas na área do pré-sal nas bacias de Campos, Santos e Rio de Janeiro devem proporcionar ao Brasil uma receita de US$ 27,9 bilhões com exportações de petróleo em 2020, calcula estudo preparado pela Ernst Young, em parceria com a FGV Projetos, e divulgado hoje no Rio, marcando a inauguração do Centro de Excelência da empresa para a área de óleo e gás.

Segundo o estudo, são esperados para 2020 volumes de 600 mil barris exportados por dia. A receita estimada representa um aumento de 73% em relação a 2010 (US$ 16,1 bilhões). Levando-se em conta o crescimento do PIB do País ao longo da década passada, as exportações geradas pelo pré-sal terão um impacto positivo de apenas 0,4 ponto porcentual para o PIB brasileiro em 2020 - ressaltando a necessidade de ênfase não só na produção e na exportação de petróleo bruto, mas também em investimentos no refino, para agregar mais valor. "Hoje o Brasil precisa de refinarias para elevar o valor deste produto a ser exportado", afirmou Elizabeth Ramos, sócia da Ernst Young.

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Para a área de gás natural, as estimativas são de que entre 2011 e 2020, a conversão do gás em combustíveis líquidos (GLT) deve ter maior aplicação com a ampliação de sua oferta no mercado internacional por conta da exploração de gás de xisto nos EUA. O aumento do preço do petróleo ajuda a completar esse cenário. No Brasil, a entrada em operação dos campos do pré-sal e a extensão das redes de distribuição do produto farão com que o gás natural ganhe peso e relevância na oferta de energia ao longo das próximas décadas. Além do pré-sal brasileiro, devem entrar em operação o campo de Mexilhão, na Bacia de Santos, e o de Camarupim, na Bacia de Espírito Santo. Com isso, os números do consumo de gás no País serão maiores.

Atualmente são absorvidos 50 milhões de m3/dia; em 2019, serão 169 milhões de m3/dia. Agregada à recente implantação da infraestrutura de transporte que integra as regiões Sudeste e Nordeste, a nova oferta deve aumentar a gaseificação do consumo energético, atendendo a novas indústrias e garantindo a geração de termelétricas a gás natural.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou hoje, em São Paulo, que o governo esteja estudando utilizar os royalties do petróleo a ser extraído na camada pré-sal para financiar a Saúde. A afirmação do ministro contraria informação da assessoria do próprio Ministério da Fazenda, que disse em reportagem publicada ontem pelo jornal O Estado de S. Paulo que seria "possível, sim, construir uma saída com os royalties do pré-sal para a saúde" e que o governo estaria "discutindo e construindo um consenso".

Hoje, após ter se reunido com o governador Geraldo Alckmin no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, Mantega concedeu uma rápida entrevista e negou que o governo esteja pensando em utilizar parte dos recursos do pré-sal para financiar a Saúde como alternativa a não aprovação, por falta de condições no Congresso, de um novo imposto para a Saúde, nos moldes da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Criada em outubro de 1996 pelo então ministro da Saúde Adib Jatene, a contribuição, que também ficou conhecida como "imposto do cheque", tinha, originalmente, o objetivo de arrecadar recursos para financiar a Saúde. Em dezembro de 2007, o imposto foi extinto com a rejeição pelo Congresso da proposta de prorrogação do imposto.

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Indagado se confirmaria a afirmação da assessoria de seu ministério, o ministro desconversou. "Não está se discutindo isso. Aí temos o problema da Emenda 29. É um tema importante a ser discutido. Mas nós não estamos pensando em repassar recursos do pré-sal para a Emenda 29", disse o ministro, que, além de Alckmin, estava também acompanhado do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, e do secretário da Fazenda do Estado de São Paulo, Andrea Calabi.

Os quatro, de acordo com o ministro, discutiram sobre um novo programa de partilha dos royalties do petróleo e da situação fiscal do Estado de São Paulo. A conversa teve como fio condutor o pleito do governador Alckmin, que, em linha com outros Estados, defendem a inclusão dos Estados e municípios não produtores de petróleo na partilha dos royalties do petróleo. Mantega disse que o governo está discutindo com o Congresso uma proposta que seja compatível com os interesses dos Estados e municípios produtores e não produtores de petróleo, mas que as duas esferas de governos estão pleiteando participação nos recursos do petróleo que já está sendo extraído.

Informado de que no momento não tem condições de aprovar no Congresso um novo imposto para a saúde, o governo estuda como alternativa para o financiamento do setor o uso de royalties do petróleo a ser extraído do pré-sal. A ideia é que uma determinada quantia do dinheiro dos royalties entre no fundo do pré-sal e depois seja devolvido aos governos dos Estados para o financiamento à saúde.

O valor da parte dos royalties que será destinado à saúde dependerá de cálculos a serem feitos pela União e pelos Estados e da negociação a ser conduzida com os governadores. A previsão é de que serão necessários R$ 30 bilhões anuais a mais com a regulamentação dos recursos para a saúde por parte de União, Estados e municípios, que deverá ser votada pela Câmara no dia 28. Como o projeto já passou pelo Senado e sofreu modificações, deverá voltar à Casa de origem. Mas o Palácio do Planalto tem consciência de que não terá mais condição de impedir a votação do projeto, conhecido por Emenda 29.

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O jeito, então, é correr atrás de fontes de custeio. E a alternativa do momento é o uso de parte dos royalties. O ministro Guido Mantega (Fazenda) está ouvindo as propostas dos governadores para o financiamento da saúde. "É possível, sim, construir uma saída com os royalties do pré-sal para a saúde", informou à reportagem a assessoria do Ministério da Fazenda. "Estamos discutindo e construindo o consenso."

Emenda 29

Aprovada em 2000, a Emenda 29 determina o mínimo que Estados e municípios devem gastar na área da saúde. Estados devem reservar pelo menos 12% de seu orçamento para saúde. Para municípios, o piso é de 15% do orçamento. A emenda, porém, não definiu um porcentual para a União.

Para que o piso fosse atingido, administradores passaram a considerar como gasto em saúde despesas como pagamento de plano de saúde para funcionários, obras de saneamento e até reformas de prédios públicos. A proposta aprovada no Senado define o que são gastos em saúde. Para evitar os artifícios de Estados e municípios, somente poderiam ser considerados gastos de saúde despesas definidas numa resolução do Conselho Nacional de Saúde de 2003. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, debateu a exploração do pré-sal em Brasília nesta quarta-feira (31) em uma audiência pública das comissões de Assuntos Econômicos, Desenvolvimento Social e Infraestrutura do Senado Federal. Cerca de vinte senadores estiveram presentes, entre os quais os pernambucanos Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB).

O governador lembrou que “A discussão sobre o marco legal para a exploração do petróleo da camada do pré-sal está colocada em outro patamar, a partir do qual será firmado o grande entendimento nacional que vai fazer deste patrimônio da nação uma coisa positiva na vida de todos os brasileiros”.

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E observou que “Já há um relativo consenso de que nenhuma legislação pode ser aprovada que resulte na retirada das receitas que hoje financiam os estados chamados produtores. Falta, agora, combinar uma forma na qual o pré-sal sirva para reduzir as desigualdades regionais em vez de acentuá-las. E, para isso, é preciso ver com atenção a questão dos investimentos da Petrobras, que precisam ser distribuídos de forma equilibrada pelo país”.

A reunião, que teve ainda a participação dos governadores Sérgio Cabral (RJ), Renato Casagrande (ES) e Geraldo Alckmin (SP), foi convocada como parte de uma estratégia para alcançar o consenso sobre a nova legislação que vai definir critérios de distribuição dos royalties da exploração do petróleo.

Além do Projeto de Lei em discussão no Senado, há um veto do presidente Lula ao projeto Ibsen Pinheiro, que determina a distribuição igualitária de todas as receitas petrolíferas, inclusive as que hoje já são repartidas com oito estados da federação e representam, por exemplo, 15% de todo as receitas do estado do Rio. A derrubada do veto deverá ser votada no próximo dia 20 de setembro, justificando a urgência de alcançar um acordo.

A definição sobre a divisão dos royalties que serão cobrados na exploração do pré-sal pode acabar na Justiça. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que, se os governadores não chegarem a um acordo sobre como repartir os recursos arrecadados com a cobrança da compensação financeira e o Congresso insistir em manter a sistemática de rateio vetada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a decisão acabará nas mãos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Se o Congresso derrubar o veto, o Palácio do Planalto só tem um recurso: recorrer ao STF para ver se consegue uma solução", disse Lobão. O embate sobre os royalties voltou a ganhar espaço depois que os governadores do Norte e do Nordeste ameaçaram forçar suas bancadas no Congresso a derrubar o veto do ex-presidente Lula, caso um novo modelo de distribuição do dinheiro não seja definido até meados de julho, quando se inicia o recesso parlamentar.

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"Se o Congresso derrubar o veto, o Palácio do Planalto só tem um recurso: recorrer ao STF para ver se consegue uma solução"

Um dos porta-vozes do grupo, o governador de Sergipe, Marcelo Déda, admite que os chamados Estados produtores - como Rio e Espírito Santo - têm direito a uma parcela maior dos recursos. Porém, segundo ele, diante do potencial de petróleo a ser retirado da região, um novo modelo de distribuição precisa ser definido.

Ao sancionar a lei que definiu o modelo de exploração do pré-sal no fim do ano passado, o ex-presidente Lula acabou vetando o sistema de divisão de royalties aprovado pelos parlamentares. A fórmula previa um rateio dos recursos seguindo as regras dos fundos de participação de Estados e municípios (FPE e FPM), o que provocaria uma grande perda de receita para os cofres fluminense e capixaba.

Em seu lugar, Lula enviou um projeto restabelecendo a divisão acordada entre o Planalto e os governadores do Rio e do Espírito Santo em novembro de 2009. A proposta está encalhada na Comissão de Minas e Energia da Câmara desde o início do ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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