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O presidente da Argélia, Abdelmadjid Tebboune, retornou à Alemanha no domingo (10) para tratar complicações em um dos pés após a recente infecção pela covid-19, anunciou a emissora pública do país.

Esse retorno à Alemanha ocorre menos de duas semanas após uma primeira estada no país europeu que o manteve afastado da Argélia por dois meses.

Nenhuma previsão foi fornecida sobre quanto tempo Tebboune ficará na Alemanha desta vez.

Tebboune, de 75 anos, viajou de Berlim à capital argelina em 29 de dezembro, após um período de hospitalização e convalescença, depois de contrair o coronavírus em outubro passado em Argel.

A televisão oficial transmitiu imagens do chefe de Estado no salão de honra do aeroporto militar de Bufarik, perto da capital argelina, onde foi recebido por altos funcionários do Estado antes de embarcar para Berlim.

Segundo a emissora, Tebboune deveria ter feito estes tratamentos nos pés antes de regressar à Argélia, mas, como não eram peremptórios, foram adiados devido a compromissos relacionados a "assuntos urgentes" em seu país.

O chefe de Estado argelino teve de retornar a Argel para assinar a lei de finanças para 2021 antes de 31 de dezembro e promulgar a revisão da Constituição decidida por referendo em 1º de novembro.

No início do ano de 2020, uma doença misteriosa deixou em pânico médicos e doentes que eram acometidos pelo mal. A Covid-19 surgiu impondo desafios à medicina, bem como mistérios que parecem estar bem longe de serem desvendados por completo. A cada dia, surgem relatos novos de sequelas deixadas pela enfermidade. O comediante Michael Blackson revelou mais um: disfunção erétil. 

Em entrevista ao TMZ, o ator e comediante revelou o que sofreu quando diagnosticado com a Covid e o que vem precisando enfrentar mesmo após sua recuperação. Segundo ele, a disfunção erétil é uma das sequelas da doença “sobre a qual ninguém fala, mas que você com certeza não quer sofrer”. 

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O artista, que está no elenco de Um Príncipe em Nova Iorque 2, disse que tem sofrido do mal após ter sido infectado pelo coronavírus. “E as opções são pegar covid ou se vacinar, confie em mim: escolha tomar a vacina. Eu sofri todo tipo de sintoma. Defecava nas calças, fiquei sem paladar, perdi o desejo de fazer sexo... fiquei com o pênis flácido”. 

Blackson também se colocou à disposição do governo para participar de campanhas pró-vacinação, podendo até mesmo tomar a vacina diante das câmeras para incentivar a população. "Eu faria, porque fui afetado por isso. Eu sei como é o sentimento".

Tessália Serighelli foi uma das participantes do Big Brother Brasil 10 mas, segundo ela própria, não colheu bons frutos após sua passagem pelo reality. Em suas redes sociais, a ex-sister relatou sofrer de stress pós traumático, causado pela experiência de 2010, e revelou ter abandonado a carreira de DJ que tinha antes do programa por conta de crises de pânico que acabou desenvolvendo depois do confinamento.

Uma década após ter sido sister no BBB, Tessália vive em Londres, longe dos holofotes. Em seu Twitter, na última segunda (14), a ex-DJ relatou amargas consequências do confinamento, com as quais precisa lidar ainda hoje. “Feliz que hoje em dia a fluoxetina segura a onda, mas já tive fase de não sair de casa sem Rivotril. Aliás, parei de tocar/ser DJ por causa das crises de pânico, agorafobia, e quem diria: minha PTSD é por causa do BBB”. 

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Atualmente, Tessália atua como blogueira. Ela foi a terceira eliminada da edição de número 10 do Big Brother Brasil, com 78% dos votos. À época, ela foi considerada uma das vilãs do programa. 

O novo coronavírus afeta não só pacientes em estado grave ou moderado, como também pessoas que têm casos leves e ainda não precisam de tratamento hospitalar, segundo uma pesquisa publicada no jornal de pré-impressão medRxiv.

De acordo com o estudo realizado por pesquisadores brasileiros, que coletaram 26 amostras em autópsias minimamente invasivas em pacientes que morreram da doença, o SARS-CoV-2 infecta a estrutura do córtex e os astrócitos, regiões do cérebro ricas "em neurônios e responsáveis por funções complexas como memória, atenção, consciência e linguagem", e no sistema nervoso central, indica o estudo.

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Estudos anteriores já demonstraram que o novo coronavírus entra no cérebro e o ataca, mas não descobriram uma propagação nos astrócitos.

O mecanismo de ataque do coronavírus consiste em atacar uma espécie de célula responsável pelos processos metabólicos, impedindo a produção de energia e a nutrição dos neurônios, levando, assim, à morte do tecido cerebral. Além disso, o patógeno usa o nariz para entrar no cérebro.

Apesar de muitos casos da COVID-19 registrarem cérebros com espessura menor que os não afetados pela doença, outros verificaram um aumento de tamanho, onde foram observadas atrofias, e em quais também foi indicado algum grau de edema.

Mais complicações

Outro problema é a possibilidade de o novo coronavírus estar ativando doenças genéticas como esquizofrenia, Parkinson e Alzheimer, devido a 30% dos infetados revelarem sintomas neurológicos ou psiquiátricos.

"O que nós ainda não sabemos é a gravidade destas lesões, se são passageiras ou se podem ser irreversíveis, por isso vamos acompanhar esses pacientes pelos próximos três anos para saber se o vírus desencadeia doenças degenerativas em quem tem algum potencial genético", explica a pesquisadora Clarissa Lin Yasuda, da Unicamp.

Como resultado, uma pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas relatou que mesmo pacientes curados continuaram sentindo os efeitos do vírus.

"Nós encontramos muitos pacientes que, mesmo já tendo se curado da COVID-19 há cerca de dois meses, continuavam apresentando sintomas neurológicos, como fortes dores de cabeça, sonolência excessiva, alteração da memória, além de perda de olfato e paladar. Em alguns casos raros, até convulsões, e esses pacientes nunca tinham sentido isso antes", conta a pesquisadora Clarissa Lin Yasuda.

A utilidade do estudo, defendem os cientistas, é de destacar a importância de criar medicamentos para evitar que o SARS-CoV-2 entre nos astrócitos e através do nariz.

Da Sputnik Brasil

No Brasil, quase cinco milhões de pessoas já contraíram o novo coronavírus. Entre esses, a cantora Joelma foi uma das famosas a ter enfrentado a doença. Ela testou positivo para Covid-19 há cerca de dois meses e agora, já recuperada, precisa enfrentar as sequelas deixadas pela enfermidade.

Em entrevista à Revista Quem, Joelma falou o que enfrentou e como vem lidando com a Covid, mesmo após superá-la. A cantora revelou ter passado muito mal e que chegou a pensar que precisaria ser intubada. Para ela, essa foi uma experiência de “quase morte”. “Tive todos os sintomas e mais alguns. Foi muito pesado o que eu passei”.

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Mesmo recuperada, Joelma relatou ainda estar lidando com as sequelas deixadas pela Covid. Até o tamanho de suas roupas precisaram ser ajustadas. “O meu corpo inchou, eu fiquei maior que uma grávida de nove meses. Fiquei totalmente deformada. Caiu muito meu cabelo, foi uma coisa absurda. Até agora meu corpo não voltou ao normal, tive que mudar de tamanho de sutiã”.

Mesmo assim, a artista mostrou força de vontade e superação e afirmou que a doença a ajudou a ficar mais forte. “Foi renovador, mudou algo aqui dentro. Foi mais uma vitória, mais um obstáculo conquistado. Foi preciso eu passar por isso. Muda a forma de você ver a vida".

Joelma deu detalhes sobre sua recuperação após testar positivo para o novo coronavírus. Durante um bate papo virtual com Serginho Groisman para o programa Altas Horas, a cantora contou na noite do último sábado (26) que segue fazendo tratamento das sequelas provenientes da doença.

"Foi muito sério. Senti praticamente tudo. Afetou minha visão, minha mente e meu pulmão. Tive muita dificuldade de lembrar de coisas simples. Agora, estou tratando das sequelas do pulmão: fazendo exercícios para ele funcionar. Já estou bem melhor. No começo, eu não conseguia cantar porque ficava muito cansada. Agora, já consigo. Não estou 100%, mas estou 90%. Eu chego lá", garantiu.

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Afastada dos palcos há mais de seis meses, a cantora disse que o que tem mais sentido falta é do contato com os fãs após os shows que costuma fazer pelo Brasil. "Tenho uma rotina depois de cada show. Distribuo 50 pulseiras para o fã clube para atender no hotel. Ali a gente bate papo, tira foto... É o nosso momento".

Por fim, Joelma ainda falou sobre ser a convidada da edição especial do programa sobre o Criança Esperança. Nascida no interior do Pará, ela cresceu no município de Almeirim, que fica cerca de 36 horas de navio de Belém, e lá que ainda moram sua mãe e seus irmãos.

"Foi maravilhoso. Eu dizia que nunca ia sair daquele lugar. Porque o Amazonas era minha piscina particular. Tinha toda liberdade do mundo, amava essa liberdade. Me sentia um passarinho fora da gaiola".

Inicialmente a covid-19 foi entendida como uma doença pulmonar. Logo ficou claro, porém, que se trata de uma enfermidade sistêmica, que ataca praticamente todos os órgãos e funções do corpo. Agora, dados mais recentes têm mostrado que os danos mais graves do novo coronavírus podem ser ao coração.

A miocardite (inflamação do músculo cardíaco) associada à covid-19 é um problema que muitos médicos começam a notar com mais frequência, mesmo em pacientes que não apresentaram um quadro grave e até entre assintomáticos. A miocardite não é uma condição necessariamente grave, mas, em alguns casos, pode levar à insuficiência cardíaca.

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"As complicações cardiovasculares precisam ser vistas com atenção. O novo coronavírus pode afetar qualquer estrutura do coração, causando inflamação e trombose nos vasos e tecidos", alerta Evandro Tinoco Mesquita, presidente do Departamento de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

"O vírus pode afetar o sistema cardiovascular com manifestações diversas, como injúria miocárdica, insuficiência cardíaca, arritmia, miocardite e choque", enumera a cardiologista Glaucia Moraes, coordenadora da SBC e do programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio (UFRJ).

Um pequeno estudo feito na Alemanha e publicado na revista Jama Cardiology em julho mostra como o coronavírus afeta o coração. Os pesquisadores estudaram cem pessoas, com idade média de 49 anos, que se recuperaram da covid. A maioria foi assintomática ou apresentou sintomas muito leves.

Cerca de dois meses depois do diagnóstico, os cientistas submeteram os pacientes já totalmente curados a exames de ressonância magnética e fizeram descobertas alarmantes: cerca de 80% deles apresentavam anomalias cardíacas e 60% tinham miocardite.

Outro estudo publicado também na Jama Cardiology apresentou número preocupante. Autópsias feitas em 39 pacientes que morreram de covid revelaram a presença do vírus no miocárdio em 60% dos casos.

Embora esses estudos sejam considerados pequenos e suas conclusões não sejam ainda totalmente compreendidas, já está claro para os especialistas que é comum um paciente jovem, que aparentemente superou a covid-19, apresentar algum problema cardíaco. Cientistas em diversas partes do mundo ainda tentam entender como o novo coronavírus causa a miocardite. Não se sabe se é por um dano causado diretamente pelo vírus ao coração ou se decorre da violenta resposta imunológica do organismo causada pelo vírus.

"Esse dano cardíaco é provavelmente multifatorial", aponta Glaucia Moraes. "Pode ser resultado do desequilíbrio entre a alta demanda de oxigênio e a baixa reserva cardíaca, a tempestade de citocinas, a inflamação sistêmica e a trombogênese. E também pode ser decorrente da lesão direta do vírus no coração."

Alguns especialistas defendem a ideia de que parte do sucesso de medicamentos imunossupressores no tratamento da covid seria, justamente, por causa de seu efeito positivo na prevenção de danos ao coração. Alguns desses remédios são usados para tratar a miocardite.

Os médicos lembram que a cloroquina e azitromicina - que não apresentam resultados comprovadamente positivos no tratamento, segundo pesquisas - têm como efeito colateral problemas cardíacos, como arritmias e taquicardias.

Olhar completo

"O paciente da covid muitas vezes é examinado de forma rápida, há sempre um risco para o médico de deixar passar alguma coisa", afirma o cardiologista Marcelo Rivas, coordenador de emergências médicas da Universidade do Estado do Rio (Uerj). "Acho que a mensagem mais importante é que precisamos ter atenção ao sistema cardiovascular do paciente de covid, auscultar, fazer eletro, dosar enzimas. A abordagem deve sem mais completa do que se fosse apenas uma doença pulmonar." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O estudante de veterinária que foi picado por uma naja acordou do coma nessa quinta-feira (9), com graves consequências decorrentes do veneno, que pode matar um humano em 60 minutos. Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkuhl, de 22 anos, estava internado no hospital Maria Auxiliadora, na região de Gama, em Brasília, desde o dia do ataque, na última terça (7).

A mordida da cobra altamente peçonhenta fez com que ele desenvolvesse uma necrose no braço e lesões no coração. Pedro foi tratado com soro antiofídico, que foi importado pelo Instituto Butantan, pois a espécie é nativa da África e sul da Ásia, e não é encontrada no Brasil. Ao retirar os aparelhos, ele agradeceu aos profissionais que o socorreram, aponta o Correio Braziliense.

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A criação de cobras peçonhentas é proibida no Brasil e o Ibama vai emitir uma multa que pode chegar a R$ 5 mil. O animal da estava desaparecido, mas foi recapturado pelo Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), perto de um shopping, a 14 quilômetros de onde o estudante mora.

Príncipe Charles, de 71 anos de idade, foi diagnosticado com o novo coronavírus em março deste ano. Apesar de já estar recuperado da doença, o filho da rainha Elizabeth II ainda enfrenta algumas das sequelas deixadas pela doença.

De acordo com a BBC, Charles ainda não recuperou o olfato e o paladar. Ele visitou a equipe do Serviço Nacional de Saúde do Hospital Real Gloucestershire e, por lá, teria contado a sua experiência com o vírus.

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- Ele também falou sobre sua perda de olfato e paladar e, mais ou menos, que sentia que ainda tinha esses sintomas, confirmou um assistente médico, que estava no local quando o príncipe falou sobre o assunto.

Ainda segundo a emissora, Charles e a esposa, Camilla Parker-Bowles, mantiveram os cuidados durante a visita ao hospital, mantendo o distanciamento físico entre os presentes e também deixando de cumprimentar com as mãos.

Enquanto Charles esteve com a doença, os dois se isolara em uma área do palácio de Balmoral, na Escócia. Camilla não foi infectada pelo vírus e este foi o primeiro compromisso oficial do casal depois da recuperação do príncipe.

Na onda do movimento antivacina em todo o mundo e do ressurgimento de casos de sarampo, dois estudos publicados nesta quinta, 31, nas revistas Science e Science Immunology mostram que não vacinar contra a doença pode deixar a criança vulnerável não só ao sarampo como a várias outras doenças no longo prazo.

As pesquisas feitas de modo independente com 77 crianças não vacinadas - antes e depois de a comunidade na Holanda onde moram sofrer um surto de sarampo - observaram que a infecção por sarampo acaba enfraquecendo o sistema imune contra outros vírus e bactérias por até três anos depois de os sintomas do sarampo sumirem.

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Ocorre o que os cientistas chamaram de "amnésia imune". Ou seja, o vírus "apagou" a memória que as crianças tinham contra doenças com as quais elas já tinham tido contato previamente. É essa memória que permite que o corpo se lembre de encontros anteriores com vírus e bactérias e possa reagir, evitando novas infecções.

O trabalho publicado na Science por pesquisadores do Instituto Médico Howard Hughes, de Boston, da Escola de Medicina de Harvard e outras instituições dos Estados Unidos, da Holanda e da Finlândia, descobriu que o sarampo dizimou de 11% a 73% do repertório de anticorpos das crianças dois meses depois da infecção.

Elas ficaram quase tão vulneráveis quanto um recém-nascido, que não têm ainda esses anticorpos. São os anticorpos que temos que nos protegem, por exemplo, de ter de novo uma catapora, herpes ou uma pneumonia que já tenha nos afligido no passado. Mas nos infectados por sarampo, isso some por um tempo. Os pesquisadores também checaram o sistema imune de crianças vacinadas contra o sarampo e não observaram essa perda no resto do sistema imune.

"Imagine que sua imunidade contra patógenos é como carregar um livro de fotografias de criminosos e alguém faz um monte de buracos neles", comentou o primeiro autor do estudo, Michael Mina, pesquisador de pós-doutorado na Escola Médica de Harvard e do Brigham and Women's Hospital na época do estudo, e agora professor assistente de epidemiologia no Escola de Saúde Pública de Harvard.

"Seria muito mais difícil reconhecer esse criminoso se você os visse, especialmente se os buracos fossem feitos sobre características importantes de reconhecimento, como olhos ou boca", exemplificou Mina em comunicado à imprensa.

A prática clínica e outros estudos já tinham indicado que crianças e adultos infectados com sarampo passam por um processo de imunodepressão. Elas ficam por algum tempo mais suscetíveis a outras doenças depois de se contaminarem. Os trabalhos de agora conseguiram ver como isso ocorre.

A "sorte" foi eles terem conseguido trabalhar com um grupo muito específico, do qual foi possível obter dados antes e depois da infecção. Em 2013, o pesquisador Rik de Swart, do Erasmus University Medical Center, de Rotterdam, havia coletado amostras de sangue de 77 crianças não vacinadas de uma comunidade ortodoxa protestante.

Pouco tempo depois, o local teve um surto de sarampo. Ele voltou lá e coletou novas amostras. Entre a primeira e a segunda visita, passaram-se dez semanas. Anos depois, com uma nova tecnologia de detecção de vírus chamada VirScan, Stephen Elledge, geneticista do Howard Hughes, e colegas avaliaram o material. Como era de se esperar, havia nas amostras anticorpos para sarampo, mas praticamente todos os outros tinham desaparecido.

O outro estudo, publicado na Science Immunology, usou os mesmos dados coletados por Swart e complementou o achado ao analisar especificamente o impacto sobre as células B do sistema imunológico. "Essas são as células produtoras de anticorpo, de memória - aquelas células que já foram previamente ativadas e que por isso, ao serem desafiadas novamente pelo antígeno, conseguem responder mais rapidamente e melhor", explicou ao Estado a pesquisadora Ana Paula Lepique, do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.

"As células B sofrem uma alteração no seu repertório. Ou seja, células de memória que respondiam a vários antígenos ao qual a pessoa já havia sido exposta morrem, e deixam essa pessoa sem imunidade contra esses antígenos. Por outro lado, a resposta contra o sarampo durante a infecção é forte, e quando se examina a população de células B de memória, várias delas são específicas para sarampo", resumiu Ana Paula.

Por conta disso, nesse período de dois a três, a pessoa pode pegar várias doenças que já tinha pego antes, mas sarampo não mais. Depois das novas infecções, porém, o corpo volta a ter anticorpos.

Importância da vacinação

Os resultados reforçam a importância da vacinação ampla não só para prevenir sarampo, mas para evitar o enfraquecimento da "imunidade do rebanho" a outros tipos de patógenos.

Depois de os casos da doença terem despencado em todo o mundo em razão de campanhas bem-sucedidas de vacinação, vários países, como o Brasil, voltaram a viver uma epidemia de sarampo. De acordo com o Ministério da Saúde, há casos de transmissão ativa em 19 Estados do País. Dos casos confirmados, 90,5% estão em São Paulo. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o número de casos em São Paulo é de 10.620, com 13 óbitos. Nos Estados Unidos, foram relatados 1.250 neste ano até o início do mês.

"No fim, é simples. Existe uma vacina contra sarampo, que é eficiente e que protege contra a infecção. Se a criança não for vacinada, ela pode ser infectada - vamos lembrar que sarampo é muito contagioso -, e se ela for infectada, perde boa parte da sua resposta imune de memória. Não vacinar uma criança contra sarampo a expõe ao sarampo e, ainda se ela se recuperar, estará exposta a outras doenças secundárias devido à amnésia imunológica causada pelo sarampo", comenta Ana Paula.

Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (Sbim), reforça que a vacinação tem importância não só individual, mas coletiva. "O sarampo não atinge só crianças, mas adultos também. E aqueles que por algum motivo já são imunodeprimidos e não podem ser vacinados correm risco de morrer, porque o sarampo vai impactar ainda mais sua resposta imunológica", diz.

Se a maior parte das pessoas está vacinada, os riscos de infecção dessas pessoas que não podem tomar a vacina é menor. O contrário também é verdade. "Se não tivermos uma cobertura vacinal de 95% da população, a gente deixa desprotegidas justamente essas pessoas. Que são as com maior chance de morrer", explica. "É responsabilidade de todos nós."

Depois de dar à luz três crianças, a doméstica Julia Rose Alves da Silva Sapucaia, de 31 anos, considerava-se uma especialista em cuidados básicos com recém-nascidos. "A primeira coisa que a gente faz na gravidez é comprar bastante roupinha para agasalhar o bebê quando nasce. Ele não pode perder calor", pensava ela. Mas com Lorenzo, seu quarto filho, aconteceu o contrário. Logo após ser retirado do útero da mãe, no dia 10 de maio de 2016, o menino foi levado para a UTI neonatal da Santa Casa de São Paulo para ser resfriado, ou seja, ter a temperatura corporal reduzida. O procedimento era a aposta dos médicos para salvar a vida do menino. E deu certo.

Por complicações na gravidez de Julia, Lorenzo ficou sem oxigenação no momento do parto. A condição, chamada de encefalopatia hipóxico-isquêmica, pode provocar a morte da criança ou deixar sequelas neurológicas graves, como paralisia cerebral. No caso de Lorenzo, ambos os desfechos foram evitados pela técnica de hipotermia terapêutica neuroprotetora, procedimento em que o recém-nascido tem sua temperatura corporal reduzida para 33 a 34°C - 3 graus abaixo da normal - como forma de frear as lesões cerebrais iniciadas na asfixia ocorrida no parto.

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"Por meio da técnica, conseguimos diminuir o metabolismo do bebê e, com isso, reduzir a liberação de substâncias que aumentariam as lesões cerebrais provocadas pela privação de oxigênio no momento do nascimento", explica Mauricio Magalhães, chefe do setor de neonatologia da Santa Casa e professor da Faculdade de Ciências Médicas da instituição. O resfriamento é feito por meio de um colchão ou bolsa térmica e o bebê passa por monitoramento cerebral durante todo o período.

Para que o procedimento tenha sucesso, ele deve ser iniciado em até seis horas após o parto e a criança deve ser mantida em temperatura mais baixa por três dias. "Após a hipotermia, o bebê vai sendo reaquecido lentamente, em cerca de meio grau por hora", diz Magalhães, um dos pioneiros a trazer a técnica ao Brasil, em 2009. Hoje, outros hospitais e maternidades de São Paulo realizam o procedimento, como São Luiz, Santa Joana e Albert Einstein.

A Santa Casa acaba de completar a marca de cem bebês submetidos ao procedimento. Apenas 3% deles não resistiram às complicações do parto e 2% desenvolveram sequelas neurológicas mesmo passando pela hipotermia, índice muito abaixo do registrado entre crianças que não foram resfriadas.

Segundo Magalhães, o índice de bebês com quadro de encefalopatia hipóxico-isquêmica que morrem após o parto chega a 25% quando a hipotermia não é realizada. E entre os que sobrevivem, até 75% podem ter algum dano se a intervenção não é feita. "A técnica reduz o risco de sequelas, mas, infelizmente, no Brasil, somente 5% dos bebês nascidos com a condição são submetidos ao procedimento", afirma o especialista.

Confiança nos médicos. No caso do bebê Lorenzo, hoje com 11 meses, a mãe conta que estranhou ao vê-lo "gelado e só de fraldinha" na UTI, mas diz que "confiou nos médicos" pois sabia que aquela era a única opção para evitar o pior.

"O quadro dele era muito grave. Ele foi entubado. Naquele momento eu nem estava pensando em possíveis sequelas, eu tinha medo de ele nem sequer sobreviver", conta Julia.

Hoje, os médicos até se surpreendem com o desenvolvimento do menino, que tem alcançado algumas habilidades em um prazo mais rápido do que outras crianças da sua idade. "Ele não ficou com nenhuma sequela, é muito esperto e ativo e começou a andar com 8 meses", conta a mãe, orgulhosa.

Miguel, hoje com 2 anos e 7 meses, foi outro bebê a ficar sem nenhuma sequela, mesmo após passar cinco minutos sem oxigênio no momento do nascimento. "Talvez ele teria tido outro destino se nascesse em um hospital que não adota a hipotermia porque, se cinco minutos é muito tempo para alguém ficar sem ar, imagina para um bebezinho", diz a atendente Diane Rodrigues da Silva, de 26 anos, mãe do menino.

O príncipe Friso, da Holanda, irmão do rei Willem-Alexander, morreu nesta segunda-feira (12), vítima de sequelas de um acidente de esqui que sofreu na Áustria em fevereiro de 2012, anunciou a família real. "Sua Majestade o rei tem a tristeza de anunciar que Sua Alteza Real o príncipe Johan Friso Bernhard Christiaan David, príncipe de Orange-Nassau, Jonckheer van Amsberg, faleceu nesta manhã aos 44 anos no Palácio Huis ten Bosh de Haia", segundo um comunicado.

"O príncipe Friso faleceu pelas complicações e danos provocados no cérebro pela falta de oxigênio em seu acidente de esqui em 17 de fevereiro de 2012 em Lech, Áustria", afirma um comunicado do palácio. Friso, esquiador experiente, foi soterrado por uma avalanche no dia 17 de fevereiro quando esquiava em Lech, no oeste da Áustria, junto a um amigo em uma pista não delimitada. O risco de avalanche era de quatro em uma escala de cinco.

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O príncipe ficou soterrado por 20 minutos até ser resgatado. Permaneceu em coma até finalmente mostrar "sinais de um estado de consciência muito fraco" em novembro. "Não evoluiu desde então", ressaltou o serviço de imprensa da família real.

Friso deixou o hospital de Wellington de Londres no dia 9 de julho para se instalar no palácio real holandês, residência de sua mãe Beatrix, onde deveria passar o verão (do hemisfério norte) e onde era tratado por uma equipe médica. Beatrix abdicou no dia 30 de abril em favor de seu filho mais velho, Willem-Alexander, e deixará o palácio real ainda neste ano para se mudar a outro castelo, que quis renovar recentemente. Ela tem ainda um terceiro filho, Constantino.

Friso era casado com a plebeia Mabel Wisse Smit, com quem tinha duas filhas, Luana e Zaria. A família vivia em Londres. Como o governo holandês não autorizou seu casamento, Friso já não formava parte da Casa Real holandesa, mas conservava o título de "Príncipe de Orange-Nassau". A lei holandesa prevê que o governo peça ao Parlamento a aprovação do casamento de um príncipe. O primeiro-ministro da época, Jan Peter Balkenende, se recusou a autorizar depois que ficou provado que a noiva havia escondido uma relação no passado com um traficante de drogas na Holanda.

"Sempre seguiu o próprio caminho", disse à AFP Reinildis van Ditzhuyzen, especialista em família real holandesa. "Jamais se interessou pela realeza", completou. Geralmente apresentado como "o filho preferido" da rainha Beatrix, Johan Friso era fã de carros esportivos, golfe, viagens e mergulho. Friso estudou Engenharia Mecânica em Berkeley (Estados Unidos) e depois em Delft, perto de Haia, onde recebeu o diploma de engenheiro em 1994. Também era doutor em Economia pela Universidade Erasmus de Roterdã.

O príncipe trabalhou no banco americano Goldman Sachs e desde 2011 era diretor financeiro da empresa britânica Urenco, especializada no enriquecimento de urânio. Desde muito jovem o príncipe frequentava a exclusiva estação de esqui de Lech, na Áustria, onde a família real holandesa passa regularmente as férias de inverno.

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