Após caminharem pacificamente pelas principais vias do Recife nesta quinta-feira (31), os ambulantes entraram em confronto com a polícia nesta tarde. O clima ficou tenso depois da chegada do Batalhão de Choque ao local. Os manifestantes jogaram pedras em prédios da rua Gervásio Pires e em um shopping na Avenida Conde da Boa Vista. Lojistas foram obrigados a fechar as portas dos comércios.
A manifestação ocorria ao mesmo tempo em que os lideres da categoria se reuniam com representantes da Prefeitura do Recife. Eles debatiam sobre a retirada dos trabalhadores da Ponte de Ferro, na região central do Recife. No encontro, ficou decidido que os camelôs receberão uma licença provisória para atuar, até o dia 30 de dezembro, no cruzamento com a Rua do Hospício até o final da Avenida Conde da Boa Vista. Depois da conversa, a categoria saiu da rua.
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“Ficou decido ainda na Prefeitura que o Batalhão de Choque não iria atirar contra os camelôs, porque era uma manifestação pacífica, mas não isso que aconteceu. Os policias já chegaram atirando com balas de borracha e gás lacrimogêneo. Pessoas mascaradas se infiltraram no nosso movimento e começaram a revidar a ação da polícia”, explicou o camelô e representante do Sindicato dos Trabalhadores Informais do Recife (Sintraci), Maurício Goveia, de 40 anos. Segundo ele, três pessoas do movimento foram detidas e uma ficou machucada devido aos disparos da polícia.
O Tenente do Choque, Rodrigues Xavier, chegou após o confronto e contou que recebeu o chamado da primeira equipe informando que no local estava havendo um tumulto, baderna e desordem entre os manifestantes. “Ainda fui comunicado que estava tendo arrastões”, disse. O presidente do sindicato, Severino Alves, foi até o Ministério Público abrir uma ação contra devido aos excessos cometidos por parte da polícia na tarde de hoje.
A Prefeitura divulgou no início da noite desta quinta-feira (31), uma nota sobre a reunião com os ambulantes. Confira a íntegra:
"A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) esclarece que, em reunião com representantes dos dois sindicatos que representam a categoria, ficou acertado que os ambulantes insatisfeitos com a realocação da Ponte da Boa Vista para a Avenida Dantas Barreto, serão remanejados para outro local. A pasta está aguardando a lista com os nomes das pessoas que não estão satisfeitas para escolher as áreas para onde eles serão levados. A Semoc lembra, no entanto, que não há possibilidade de nenhum ambulante retornar à ponte. Também informa que, após a ação na ponte, foi decidido que a retirada dos ambulantes da Avenida Conde da Boa Vista ficará para janeiro, pois muitos camelôs já compraram material para ser vendido no fim do ano, quando o movimento no Centro aumenta, e a prefeitura não quer prejudicar ninguém. Como a ponte, a via não abrigará mais camelôs
Desde o início do ano, a secretaria tem estabelecido um diálogo com os ambulantes. Em fevereiro, a prefeitura iniciou o processo de desapropriação de terrenos no Centro para, em breve, abrigar os comerciantes informais. A escolha dos locais que estão sendo desapropriados foi feita junto com os ambulantes.
É importante lembrar que a Semoc tem realizado diversas operações de controle urbano com o objetivo de liberar o espaço público para os pedestres e veículos, principalmente de transporte público. Entre as ações estão a retirada de 115 fiteiros no entorno de escolas, realocação de cerca de 600 feirantes das ruas e calçadas dos mercados públicos para outras áreas, remoção de mais de 100 carcaças, além da retirada de 80 ambulantes da Ponte da Boa Vista, entre outras."