Tópicos | transplante de órgãos

A segunda reportagem do LeiaJá sobre o Setembro Verde escutou uma especialista para explicar como as pessoas podem optar em ser doadoras de órgãos e se é possível, de fato, os familiares interferirem nessa decisão. Além disso, o LeiaJá teve acesso a informações sobre os números de transplantes no país e quais os critérios para a realização desses procedimentos cirúrgicos.   

A decisão   

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"Num momento de dor pela perda, várias famílias podem renascer". Foi com essas palavras que a analista notarial Rayssa Veras definiu a decisão que consegue salvar, diariamente, centenas de vidas. 

Em entrevista ao LeiaJá, Rayssa disse que essa vontade em doar órgãos deve ser comunicada à família, pois a legislação brasileira "apenas permite que esse procedimento somente seja autorizado por um familiar do falecido". Sendo assim, apenas os pais, os filhos, os avós, os netos, os irmãos e o cônjuge podem autorizar a doação.

No entanto, nos casos em que o doador consiga documentar a sua decisão, a sua vontade deve ser aceita, mesmo que os familiares não autorizem. Porém, para isso, é necessária uma decisão judicial ou que uma pessoa fique responsável por prezar pela vontade do doador. Rayssa recomenda que, no momento da assinatura do testamento ou DAV, "você vá acompanhado de testemunhas de sua inteira confiança e que serão responsáveis por cumprir os seus desejos pós morte".

  "É possível deixar a sua vontade documentada, além da possibilidade de constar no seu documento de identificação (RG). Você também pode se valer de uma escritura pública realizada em tabelionatos de notas, seja ela uma DAV (Declaração Antecipativa de Vontade) ou Testamento. Nesse tipo de documento, você poderá deixar sua vontade explícita e com uma força legal para que seu desejo seja cumprido por seus familiares, salvaguardando a sua autonomia sobre o seu próprio corpo", disse a analista do Cartório Andrade de Lima, localizado no Recife.

Atualmente, a discussão sobre o tema vem ganhando proporções até na política nacional. Recentemente, o filho e a esposa do apresentador Fausto Silva, João Guilherme Silva e Luciana Cardoso, se encontraram com o deputado federal Maurício Carvalho (União Brasil-RO) para oferecer apoio público ao Projeto de Lei (PL) que prevê a mudança na legislação dos transplantes de órgãos e institui a doação presumida em todo território nacional.

A proposta do parlamentar prevê que todos os cidadãos sejam considerados doadores, exceto aqueles que registrarem no documento de identidade o desejo de não doar órgãos e tecidos após o seu falecimento. 

João Guilherme afirmou que a doação recente de um coração ao seu pai, realizada no dia 27 de agosto, impulsionou as discussões sobre os transplantes no país, sendo assim, pode facilitar a aprovação do PL. Segundo o deputado rondoniense, o modelo de doação presumida já está dando certo nos países de primeiro mundo, e, por isso, é preciso trazê-lo para o Brasil.   

SUS salvando vidas 

Se a decisão pessoal em doar órgãos ainda gera discussões entre os brasileiros, isso não impede que o país seja considerado uma referência mundial na área de transplantes, sendo o maior sistema público de transplantes do mundo e o segundo maior transplantador, atrás apenas dos Estados Unidos. 

De acordo com o Ministério da Saúde, nos seis primeiros meses de 2023  foram realizados 206 transplantes de coração no país, aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano passado. Os pacientes, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), recebem assistência integral, equânime, universal e gratuita, incluindo exames preparatórios, procedimentos cirúrgicos, acompanhamento e medicamentos pós-transplante.   

O Ministério da Saúde gerencia a lista de espera por transplantes no Brasil e divulga dados atualizados diariamente. O levantamento da última sexta-feira (29/09), aponta que 40.523 pessoas esperam por transplante de órgãos no país. Dessas, 37.308 aguardam um transplante de rim, e 397 de coração.   

Critérios para receber os órgãos 

A lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes que são acompanhados pelo SUS quanto para os da rede privada. Além disso, ela funciona baseada em critérios técnicos. Confira AQUI a lista.

Veja abaixo um resumo de como funciona esse processo: 

- O primeiro passo é quando a equipe médica responsável cadastra o paciente na lista única de transplantes; 

- A lista é gerida e organizada pela Secretaria Nacional de Transplantes (SNT), do Ministério da Saúde; 

- Cada caso é classificado de acordo com as necessidades médicas; 

- Entre os critérios de classificação estão o órgão que o receptor necessita, o estágio de gravidade da doença, compatibilidade genética, o tipo sanguíneo e outras especificações técnicas. Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate; 

- Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade. Além disso, algumas situações de extrema gravidade com risco de morte também são determinantes na organização da fila; 

- A localização também é considerada um fator fundamental. É preciso levar em conta o tempo de isquemia, que é o tempo de duração deste órgão fora do corpo. O tempo de isquemia, inclusive, determina qual o melhor transporte para ser realizado o transplante.

 

A Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do Hospital Pelópidas Silveira (HPS), no Recife, realizou, na noite da última quinta-feira (13), sua primeira captação de coração do ano. Também foram retirados dois rins, duas córneas e fígado, possibilitando o salvamento de quatro pessoas na fila de transplantes, por meio do Sistema Nacional de Transplantes. 

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Foto: Divulgação/Ascom HPS

Duas equipes do Real Hospital Português, e também do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), foram responsáveis pela retirada dos órgãos. O doador era um paciente do sexo masculino, de 38 anos, que teve morte encefálica. Ainda em vida ele havia manifestado o desejo de ser doador de órgãos, e o procedimento foi autorizado pelos familiares. 

Foto: Divulgação/Ascom HPS

Segundo Rafaella Gonzaga, enfermeira da CIHDOTT do HPS, o processo de doação foi possível pelo trabalho de todos os envolvidos. “Só temos a agradecer, mais uma vez, o empenho e ajuda de todos que fizeram parte do processo da doação. A realização de excelência desse trabalho é parte de todo o empenho da equipe multidisciplinar, fazendo a diferença. Tudo seguiu na dinâmica e no tempo solicitado, sem intercorrências. Todos os órgãos foram aproveitados. A família que fez parte de todo o processo ficou muito agradecida”, afirmou. No Brasil, a doação de órgãos só é realizada após a autorização familiar. 

 

Uma adolescente de 14 anos, de Ibimirim, sertão de Pernambuco, precisou passar por um transplante de fígado de emergência. A cirurgia foi realizada na última sexta-feira (20), no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Recife.

De acordo com os médicos que fizeram o procedimento, a adolescente estava em estado de coma quando a cirurgia, de 6 horas de duração, teve início. A paciente deu entrada no hospital em estado grave e, pelos sintomas apresentados, ficou claro para eles que se tratava de uma doença no fígado. A adolescente apresentava vômito, icterícia e urina escura.

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Os médicos afirmaram que vão continuar investigando os sintomas para tentar identificar a causa da doença. Antes de chegar ao Oswaldo Cruz, a jovem já havia passado por outras duas unidades de saúde: um hospital em Arcoverde (sertão do Estado) e o Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, no agreste pernambucano.

Durante a entrevista coletiva, realizada após a finalização da cirurgia, o médico Cláudio Lacerda, um dos especialistas responsáveis pelo procedimento, afirmou que "o quadro clínico da adolescente teve início na semana passada, evoluindo para um caso de insuficiência hepática, considerada fulminante, o que levou ao coma. Nesses casos, a solução é um transplante de fígado, sob pena do paciente não sobreviver muitos dias" se o procedimento não for realizado.

"No caso desta adolescente, todos os exames foram realizados e não houve a identificação da causa da doença. Por isso, o diagnóstico dela seria de hepatite, em sua causa mais desconhecida."

Para a realização de um transplante de fígado, alguns critérios são levados em consideração: o tamanho do órgão, o grupo sanguíneo e o grau de gravidade do paciente. A adolescente pernambucana apresentava o grau mais elevado da doença.

O doador do fígado sofreu morte cerebral por traumatismo craniano, após um acidente no Paraná. A família do homem de 30 anos autorizou a doação do órgão na madrugada desta sexta-feira e a equipe médica local realizou a captação do órgão às 2 horas da madrugada. Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) realizou o transporte do fígado para o Recife e, às 9h, a cirurgia da adolescente teve início.

Cerca de 20 médicos especialistas estiveram envolvidos no procedimento cirúrgico para salvar a vida da adolescente. O médico Américo Gusmão relatou que, durante as próximas 48 horas, a menina deverá ficar em observação. Após este período, ela deverá ser encaminhada para um dos quartos da unidade hospitalar.

"Tudo depende da evolução do quadro. Se tudo correr bem, que é o que se espera, no máximo em 72 horas a adolescente vai para um quarto hospitalar." Segundo Américo Gusmão, após uma semana do procedimento deverá ser iniciado o uso dos medicamentos para evitar a rejeição ao órgão.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Pernambuco afirmou que o Ministério da Saúde foi notificado sobre este possível caso de hepatite misteriosa no Estado. Com o caso da adolescente, já são seis o número de notificações suspeitas da doença em Pernambuco. Destes, um caso já foi descartado e cinco seguem sendo investigados.

Até o momento, 70 casos suspeitos de hepatite misteriosa foram notificados em todo País ao Ministério da Saúde, sendo que 12 casos já foram descartados e 58 ainda estão em fase de investigação. Nenhum caso foi confirmado oficialmente pelo órgão federal.

A Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE) terá novo curso na modalidade Educação a Distância (EaD), voltado à preparação dos profissionais da saúde acerca dos procedimentos para doação e transplante de órgãos e tecidos. O lançamento será feito durante um debate virtual, nesta terça-feira (18) às 16h, no canal da Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco (ESPPE) no YouTube.

O evento, cujo tema é "O processo da doação de órgãos e tecidos no Brasil e em Pernambuco", conta com a participação de César Lyra, médico responsável pelos transplantes de fígado do Real Hospital Português; André Bezerra, médico da CTPE; e também com a mediação de Jackeline Diniz, enfermeira e responsável pela educação permanente da Central.

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Segundo dados fornecidos pela Secretaria de Saúde de Pernambuco, 2020 registrou uma queda de 49,49% na quantidade de procedimentos cirúrgicos no Estado, envolvendo doação e transplante de órgãos e tecidos, em comparação a 2019. De janeiro a abril de 2021, houve um aumento de 3,21% (386), com base no mesmo período no ano anterior (374). Os procedimentos realizados foram os seguintes: 186 de córnea, 82 de rim, 65 de medula óssea, 38 de fígado, 12 de coração, dois de válvula cardíaca e um de fígado/rim.

Por outro lado, a fila de espera já contabiliza 1.925 pacientes. Desses, 1.172 aguardam um rim, 554 córnea, 121 fígado, 45 medula óssea, 18 rim/pâncreas e 15 coração.

Noemy Gomes, coordenadora da CT-PE, entende que é preciso mobilizar toda a comunidade médica para que esses indicadores melhorem. "Houve diminuição nos transplantes em 2020, mas a necessidade da população permanece. Precisamos continuar conscientizando os profissionais de saúde e o público em geral sobre o quão importante é esse ato de solidariedade, que pode e deve ser discutido ainda em vida. A Central de Transplantes continua ativa, se reinventando e se readaptando para enfrentar esses novos tempos para que possamos levar esperança para quem aguarda ansioso por um sim que pode mudar sua vida", afirma.

Curso 

A capacitação ficará disponível no portal da ESPPE, para todos os profissionais da saúde em geral. O curso é gratuito e pensado para ser acessado de forma independente pelos participantes, permitindo que acompanhem as aulas em ritmo individual.

Serão quatro aulas, nas quais serão apresentados os temas "organização do sistema de doação e transplantes de órgãos e tecidos", "doação de órgãos e tecidos para transplantes," "ética e legislação da doação de órgãos" e "tecidos para transplantes no Brasil" e "avaliação e validação da doação de órgãos e tecidos".

"O curso vai explicar todo processo da doação de órgãos e tecidos no Brasil, passando pela legislação e trazendo informações desde a identificação de um potencial doador até a captação e o transplante em si, seja de múltiplos órgãos ou apenas de córnea", explica Noemy Gomes.

A diretora-geral da ESPPE, Célia Borges, analisa que a proposta da formação é fundamental para atender a população. "A ESPPE tem feito um importante movimento, junto às áreas técnicas da SES, para adaptar as ações educacionais às novas tecnologias, construindo estratégias para chegar junto ao trabalhador e ao gestor do SUS. Levamos em conta o ritmo de trabalho dos profissionais na elaboração das propostas para, com isso, termos adesão e conseguirmos qualificar esse público. Com esse curso em parceria com a Central de Transplantes, temos o objetivo de promover a qualificação das equipes técnicas ao mesmo tempo em que possamos contribuir para a ampliação do número de doações de órgãos e tecidos no Estado", ela destaca.

Contém informações da assessoria

O período de 24 a 30 de setembro corresponde à Semana de Incentivo à Doação de Órgãos e Tecidos em Pernambuco. A data foi incluída no Calendário Oficial do Estado com o propósito de conscientizar a população a respeito do assunto, estimulando, entre outras medidas, a realização de palestras e debates sobre o tema nas escolas públicas e privadas. Segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), cerca de 33 mil pessoas aguardam algum tipo de transplante no País.

De cada oito potenciais doadores de órgãos no Brasil, apenas um é notificado. Ainda assim, somos o segundo País do mundo em número de transplantes realizados por ano, ficando atrás apenas da Espanha. O Brasil também possui o maior sistema público de transplantes do planeta, no qual mais de 90% dos procedimentos são realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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Coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), Noemy Gomes destaca que o Estado atingiu o recorde de doações em 2017, com a média de 20 doadores por milhão de habitantes. Entre janeiro e julho de 2018, foram realizados 952 transplantes no Estado. “Até cinco pessoas podem ser beneficiadas com órgãos de um único doador, em caso de morte encefálica”, explica.

De acordo com o último balanço da CT-PE, 1.065 pacientes aguardam por um órgão ou tecido em Pernambuco. A maior fila é a de rim (774), seguida de fígado (123), córnea (123), medula óssea (29), coração (12) e rim/pâncreas (2). Mesmo ratificando a importância de campanhas, por trazerem o assunto à tona, Noemy chama atenção para a necessidade de conscientização mais contínua: “É preciso investir no preparo dos profissionais para lidar com o processo. Hoje, infelizmente, a doação de órgãos não é um assunto tratado na formação médica”.

É possível obter mais informações sobre a doação de órgãos e tecidos no site da Aliança Brasileira pela Doação de Órgãos e Tecidos (Adote), organização sem fins lucrativos e não governamental que busca conscientizar e informar a população sobre o tema: www.adote.org.br. Além disso, a Central de Transplantes de Pernambuco disponibiliza o seguinte telefone para contato: (81) 3412-0232.

 

Com informações da Alepe

O crescimento no número de transplantes perdeu fôlego com a crise econômica e deve crescer em ritmo menor que o número de doadores. A projeção do Ministério da saúde para este ano é de que o transplante de órgãos sólidos caia de 7.772 para 7.550 em relação ao ano passado. Esta é a primeira queda desde 2005. Os dados foram apresentados nesse sábado (17) no lançamento nacional de Doação de Órgãos na Casa Brasil, zona portuária do Rio de Janeiro. A campanha brasileira coincide com a da campanha mundial de doação de sangue.

A coordenadora do Sistema Nacional de Transplante, Rosana Rios Nothem, explicou que, apesar da diminuição desse tipo de transplantes, o crescimento segue sustentável. A projeção do Ministério da Saúde para este ano é 24.182 transplantes, 600 a mais que em 2015. Em 2014, foram 23.227.“Em um contexto de crise é perfeitamente esperado, os estados estão passando por dificuldades, qualquer modalidade assistencial acaba sofrendo algum revés. E o transplante é uma modalidade assistencial cara, de difícil absorção tecnológica”, disse.

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Cerca de 42.523 mil pessoas aguardavam na fila para transplante até 30 de junho deste ano. No ano passado havia 41.236 pessoas na lista de espera. “Provavelmente os transplantes que demandam tecnologias mais avançadas estão tendo mais dificuldade de serem feitos. Leitos foram fechados em alguns estados e os hospitais de ponta acabaram mais demandados. A capacidade instalada talvez não tenha se conseguido manter por conta dessa situação mais crítica de desabastecimento dos hospitais”, disse. “Isso faz com que a gente tenha que aperfeiçoar as estratégias de cuidado do doador, pois quanto melhor for o órgão que entregarmos, mais tranquilo será para o sistema de saúde administrar esse transplante e o pós-operatório desse transplante”.

Outro grande desafio do sistema é o de diagnóstico e certificação em tempo hábil da morte encefálica, quando o coração continua batendo, mas o cérebro deixa de funcionar. Atualmente, 30% das pessoas com mortes encefálicas acabam tendo seus órgãos doados. Boa parte dos casos em que não há doação, deve-se à recusa familiar. A projeção anual considerando o 1º semestre é de que das cerca de 9,86 mil notificações de morte encefálica, 2,87 mil são doadores efetivos. Na Paraíba e no Acre, esse percentual não passa de 5%, já em Santa Catarina é de quase 50%, maior percentual do país.

Suzana alertou da importância de se qualificar os profissionais da assistência para orientarem com sensibilidade a família do morto sobre a relevância da doação. “A população precisa sentir muita firmeza nas informações sobre doação e diagnóstico de morte. E a família precisa ser respeitada na sua dor e ter privacidade no hospital”, disse.

O ministério estima que devido à realidade violenta das grandes cidades e no trânsito e à pouca adesão ao tratamento de doenças como hipertensão e diabetes, o potencial de doadores possa chegar a 100 por milhão de habitantes. Entretanto, a meta do ministério é chegar a 50 notificações por milhão de habitante no ano que vem.

Atletas transplantados

A atleta gaúcha Liège Galtério, 43 anos, ganhou medalha de ouro nos 100 metros e prata nos 200 metros rasos pelo Brasil na Olimpíada para Transplantados no ano passado em Mar del Plata, na Argentina, e já está se preparando para concorrer na de Málaga, na Espanha. Primeira mulher brasileira a concorrer nesse tipo de Olimpíada, criada há 20 anos, Liege vive com um pulmão há cinco anos.

“Em 2003, fui diagnosticada com fibrose pulmonar e a única solução seria um transplante. Em 2011, já não conseguia mais caminhar, escovar os dentes. Esse órgão veio na hora exata e sou extremamente grata a essa família que a autorizou a doação”, disse. “As pessoas precisam se declarar doadoras em vida para que os familiares saibam na hora de autorizar a doação dos órgãos. São necessárias campanhas para conscientizar as pessoas sobre a importância de doar os órgãos”.

O judoca Bruno Cunha, 25 anos, que teve um rim transplantado há quatro anos, após descobrir que tinha um grave problema renal durante uma competição. Para ele, o doador realiza um verdadeiro milagre ao dar uma segunda vida ao próximo. “Ele é o verdadeiro herói desta história, pois salva pessoas que teriam a vida interrompida por uma doença e voltam a plenitude da saúde por um ato de amor”.

Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) tem um estudo que aponta que mais de 2,3 mil pessoas morreram à espera de um transplante de órgão no Brasil no ano passado.

Sistema funcionando

O governo federal gasta cerca de R$1 bilhão para manter o sistema de transplantes funcionando, sem considerar os gastos com pré e o pós-operatório, que envolvem medicações onerosas para os cofres públicos. No caso dos transplantes de órgãos, o imunossupressor, medicação para evitar que órgão transplantado seja rejeitado pelo corpo, é continuo e vital para o paciente.

“Não temos notícia de desabastecimento grave acontecendo, por conta das políticas federais, mas sabemos que pontualmente um ou outro estado às vezes se atrapalha na encomenda do quantitativo que precisa ou na discriminação de perfil de remédio e algumas coisas são contrapartidas estaduais”, explicou a representante do Ministério da Saúde. Suzana não soube precisar o quantitativo dos gastos com manutenção com medicamentos, mas garantiu que corresponde à metade de todo o custo nessa área. “E tende a aumentar, pois, felizmente as pessoas estão vivendo mais e precisam de mais remédios”.

O Brasil tem o maior sistema público de transplantes do mundo em números absolutos. O transplante de rim é o mais comum, representando 91% dos transplantes feitos no país. A taxa de doadores no país é de aproximadamente 14 por milhão de habitantes, maior que em países como a China e o Japão, mas está aquém da média considerada ideal de 15 doadores por milhão de habitantes, como ocorre em nações como Canadá e na Austrália.

O Distrito Federal registrou um aumento na captação e transplantes de órgãos nas modalidades em que é credenciado. Em 2012, foram realizadas 578 cirurgias. A Secretaria de Saúde é habilitada para operações de coração, rim, fígado, córnea, pulmão e medula óssea.

O DF conseguiu zerar as listas de espera por córneas e coração. Só no ano passado, foram realizadas 407 operações de córneas, maior número de procedimentos registrado no Brasil, na comparação com os estados. O número de transplantes cardíacos chegou a 18, o dobro da quantidade de cirurgias realizadas em 2011. Já o número de transplantes renais alcançou a marca de 104 cirurgias, sendo 87 de doadores mortos e 17 de doadores vivos. Em 2012, também foram feitos 39 transplantes de fígado.

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O credenciamento do Ministério da Saúde para a realização de transplantes de medula óssea e pulmão também foi uma das conquistas do ano passado. O Instituto de Cardiologia realizou dez operações de medula a aguarda um paciente estabilizado e preparado para realizar a cirurgia de pulmão.

De acordo com a Agência Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o DF conquistou o primeiro lugar nacional no número de transplantes de coração e córnea por milhão de habitantes, ficando também na quarta posição na realização de transplantes renal e hepático.

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