Uma pesquisa da Universidade Federal de Pelotas aponta que a proporção de mortes de pessoas de 80 anos ou mais caiu desde o início da vacinação contra a Covid-19, no Brasil. O estudo calculou que durante o ano de 2020, os óbitos de idosos nessa faixa etária continuaram no patamar de 25% a 30% do total de mortes em decorrência do novo coronavírus, mas, no fim de abril deste ano, o percentual caiu para 13%, representando o menor nível registrado para o grupo etário durante toda a pandemia.
Segundo a instituição de ensino, para realizar a pesquisa, os estudiosos utilizaram dados sobre mortes por Covid-19 e da campanha de vacinação promovida pelo Ministério da Saúde, no período de 3 de janeiro a 22 de abril deste ano. De acordo com a Universidade, nesse período, mais de 170 mil óbitos foram registrados em virtude da Covid-19.
##RECOMENDA##“Os pesquisadores estimam que a redução observada corresponda à prevenção de aproximadamente 14 mil (13.824) mortes de pessoas de oitenta anos ou mais durante o intervalo de oito semanas entre meados de fevereiro e abril. De acordo com as estimativas, se o número de mortes entre os mais idosos tivesse continuado no mesmo ritmo observado para grupos etários mais jovens, seriam esperadas 47.992 mortes contra as 34.168 registradas no período”, informou a Universidade Federal de Pelotas.
O estudo identificou também que a queda na mortalidade a partir de fevereiro indica relação com o efeito protetor da primeira dose das vacinas contra o novo coronavírus. De acordo com os pesquisadores, o efeito protetor se torna mais forte a partir da segunda dose da vacinação. “A vacina CoronaVac representa mais de três em cada quatro doses de imunizantes administrados no Brasil, sendo a vacina Oxford/AstraZeneca responsável pela quase totalidade do restante. Os dados existentes não permitem estudar o impacto de cada tipo de vacina separadamente”, detalhou a instituição de ensino.
Ainda conforme as análises da pesquisa, outra conclusão é que os atuais resultados indicam proteção por meio das vacinas mesmo diante da predominância da variante P.1 em alguns casos. A conclusão corrobora com estudos promovidos em Manaus e São Paulo entre profissionais de saúde vacinados nos primeiros meses deste ano, evidenciando, dessa forma, que também houve proteção a partir da primeira dose em grupos afetados pela variante.
Diante das conclusões da pesquisa, o epidemiologista e líder do estudo da Universidade Federal de Pelotas, Cesar Victora, diz que a vacinação se confirma como a medida mais importante para o combate em massa da pandemia. “Uma vez que medidas não farmacológicas, como distanciamento social e uso de máscara, não estão sendo uniformemente aplicadas na maior parte do país, o rápido progresso da vacinação continua sendo a abordagem mais promissora para controlar a pandemia em um país onde quase 400 mil vidas já foram perdidas para a Covid-19”, analisou o epidemiologista, conforme informações da Universidade.
De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 42 milhões de doses de vacinas foram aplicadas no Brasil até o momento. A pasta informa, ainda, que a quantidade de doses distribuídas entre os estados chega a 64.384.978.