A deputada federal Clarissa Tércio (PP-PE) definiu como "absurda" a possibilidade da criação de uma nova turma de medicina na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), destinada aos moradores de assentamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
A parlamentar bolsonarista, que é investigada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por possível apoio aos atos antidemocráticos do 8 de janeiro, disse que a possível decisão "priorizaria a filtragem ideológica". Além disso, Clarissa usou o assunto para fazer críticas à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
##RECOMENDA##"A cara do desgoverno do PT e um verdadeiro absurdo, querer criar uma turma específica do curso de Medicina para assentados", escreveu a deputada através do Twitter.
Curiosamente, a bolsonarista ainda disse que o governo Lula "quer formar médicos sem qualificação". Porém, vale ressaltar que, um estudante universitário de medicina no Brasil consegue se qualificar durante a sua graduação e quando finaliza o curso, ele já pode iniciar sua carreira profissional, tanto na rede pública quanto na rede privada, em clínicas ou até à frente de seu próprio negócio.
Segundo Adelar Pretto, membro da direção do MST no Rio Grande do Sul, a UFPel), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o movimento já estão discutindo o tema. “Já queremos iniciar no ano que vem com a primeira turma”, adiantou.
“Oxalá a gente consiga formar muitos médicos para trabalhar nos municípios mais distantes, espalhados pelos rincões do nosso Brasil para atender nas comunidades pelo SUS”, diz Pretto. “É uma necessidade muito grande. É com esse foco que vamos pelear.” A primeira turma, segundo ele projeta, terá 60 alunos já que “a demanda é grande”.
Graduação para assentados e filhos de assentados da reforma agrária não é novidade na universidade gaúcha. Através de convênio, a instituição já formou 139 profissionais de medicina veterinária e tem mais duas turmas em andamento. Uma dessas turmas, está com formatura agendada para 2023.
Todos os estudantes ingressaram na universidade através do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), que atua na promoção da educação para os trabalhadores e trabalhadoras do campo.
Mesmo com alguns grupos conservadores e políticos bolsonaristas sendo contrários a formação destes estudantes, acusando a decisão de priorizar "a filtragem ideológica", a nova turma de medicina não prejudicará na quantidade de vagas destinadas a outros estudantes que desejam ingressar na instituição.