Tópicos | usinas térmicas

Reconhecida como a "capital brasileira do petróleo" até a primeira metade dos anos 2000, a cidade de Macaé, no norte fluminense, perdeu o título e o poder econômico. Nos últimos cinco anos, o dinheiro que era farto passou a migrar para outros municípios mais próximos do pré-sal. Na tentativa de retomar a grandiosidade do passado, Prefeitura e empresários locais fazem, agora, uma nova aposta: construir o maior parque de geração de eletricidade em usinas térmicas do País, utilizando o gás natural extraído do pré-sal.

O plano é instalar 11 usinas, com capacidade total de 14 gigawatt (GW), o equivalente a uma hidrelétrica de Itaipu. É um investimento de cerca de R$ 20 bilhões, em até uma década. Essa quantidade de dinheiro seria a mesma reservada por empresas petrolíferas para explorar e produzir petróleo no litoral norte fluminense, no mesmo período, segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Vianna.

##RECOMENDA##

Mesmo assim, não deve ser o suficiente para recuperar o brilho do passado. Pelo menos, por enquanto. Isso porque a Petrobras chegou a investir sozinha o que o conjunto de petrolíferas deve investir em uma década. Em 2013, por exemplo, foram US$ 9 bilhões. Nos próximos cinco anos, o desembolso previsto é de US$ 2,6 bilhões anuais.

Mas, se os planos da Prefeitura derem certo, a atividade de geração de energia vai ocupar uma parte significativa da indústria do petróleo na economia local. Num primeiro momento, Macaé dependia quase exclusivamente de royalties e movimentações econômicas atreladas à operação da Petrobras. Com o deslocamento da estatal para a Bacia de Santos, nas regiões metropolitanas dos Estados do Rio e de São Paulo, petrolíferas de menor porte assumiram parte dos investimentos da estatal. Além disso, a queda abrupta da cotação de petróleo contribuiu para que a arrecadação do município despencasse.

A decadência trouxe a lição de que é preciso diversificar as fontes de geração de emprego e renda. "Entendemos esses projetos de geração térmica como uma redenção para uma cidade que sempre se doou à indústria de petróleo", afirmou Vianna. Ainda não há previsão, no entanto, de quando serão repostos os mais de 60 mil empregos perdidos na crise. A expectativa da Prefeitura é de que, com os novos investimentos, isso aconteça em menos de dez anos.

Cronograma. Para o professor do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) Nivalde de Castro, o projeto de Macaé é ambicioso. "Temos de lembrar que, na privatização da Eletrobras, foi aprovada a construção de 8 GW de usinas termelétricas espalhadas por várias regiões. Mas a decisão vem do governo e vai depender do crescimento da economia", afirmou.

A primeira térmica a sair do papel, em janeiro de 2023, será a Marlim Azul, projeto de R$ 2,5 bilhões operado pelo fundo Pátria Investimentos, em sociedade com a Shell e a Mitsubishi Hitachi Power Systems Americas (MHPS). Outras nove foram licenciadas, mas ainda não tiveram a energia contratada em leilão. Por isso, há grande expectativa em relação aos leilões de energia programados pelo governo federal para este e o próximo ano.

Realizado em junho, o último leilão frustrou o mercado. Somente a Petrobras saiu vitoriosa e, mesmo assim, com a venda de um pequeno volume de energia. Com o consumo em queda, devido à pandemia, as distribuidoras estão com mais eletricidade contratada do que precisariam e não devem voltar a comprar tão cedo. A crise hídrica, no entanto, pode ajudar a viabilizar o investimento em usinas térmicas.

"Nossa capacidade de geração está pronta. Estamos esperançosos de que, pelo menos, mais três projetos desse parque térmico emplaquem ainda neste ano", disse Vianna.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de serem acionadas a plena carga para que as hidrelétricas pudessem poupar seus reservatórios, algumas usinas térmicas estão em vias de serem desligadas, justamente por causa do grande volume de água que consomem para gerar energia. Na semana passada, as duas maiores térmicas movidas a carvão do País, Pecém I e II, que operam no Porto de Pecém, no Ceará, informaram à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que não terão mais condições de continuar em funcionamento, caso o preço da energia que vendem não seja reajustado para acompanhar a explosão do custo da água no Estado.

A origem do problema está na pior crise hídrica dos últimos 66 anos enfrentada pelo Ceará. Como essas térmicas necessitam de muita água para resfriar suas máquinas - um volume equivalente a 6% do consumo diário de Fortaleza - , o governo cearense, preocupado com o abastecimento da população, decidiu atacar no preço e criou uma cobrança específica para essas usinas, o Encargo Hídrico Emergencial.

##RECOMENDA##

Na semana passada, os carteiros entregaram nos escritórios das empresas Eneva e EDP, donas das duas usinas, as primeiras contas de água com a taxa extra embutida. A fatura referente ao mês de setembro chega a R$ 1,308 milhão decorrente do consumo de água, mas acrescenta outros R$ 9,125 milhões relativos ao novo encargo. Os empresários reagiram de imediato, bateram na porta da Aneel e ameaçaram desligar as máquinas.

"Em poucas semanas de geração com esse custo extraordinário, os agentes (empresas) não terão recursos para pagamento de combustível e/ou operação e manutenção e da própria água", declararam as empresas, em carta enviada à agência. "Em face desses prejuízos insustentáveis, os agentes não terão outra alternativa senão paralisar a operação do complexo termoelétrico, caso haja o despacho do complexo sem o devido repasse desses custos adicionais."

Na prática, o que os geradores pedem é uma revisão de suas tarifas já neste mês de outubro e enquanto durar a cobrança do encargo, previsto para ser recolhido mensalmente até agosto de 2017.

Equilíbrio

De acordo com o ex-diretor da Aneel Edvaldo Alves de Santana, o pedido das empresas tem respaldo na lei das concessões, que prevê o repasse de qualquer tributo ou encargo à tarifa, caso seja comprovado que os custos afetam o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos. "A lei estabelece que qualquer novo encargo deve ser obrigatoriamente repassado às tarifas. Isso já foi feito em casos semelhantes", disse.

Se a agência acatar a solicitação, avalia Santana, o gasto será assumido pelos agentes que estiverem expostos ao mercado à vista de energia, no qual empresas fazem a compra de energia diretamente com os geradores. Como as distribuidoras estão com excesso de energia contratada, em tese, esse rombo não atingiria os consumidores residenciais.

Apesar de Pecém I e II gerarem um volume de energia equivalente a 60% do consumo de todo o Ceará, o governo estadual parece não estar preocupado com o eventual desligamento das usinas, porque conta com o benefício de estar conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que distribui energia entre quase todos os Estados do País.

O governo do Ceará não quis comentar o assunto. O Ministério de Minas e Energia informou que o caso é atribuição da Aneel. A agência não se manifestou até o fechamento da reportagem.

As empresas Eneva e EDP informaram, por meio de comunicado, que estão "em tratativas com os órgãos competentes", e que estão em busca de "uma solução que será benéfica para todos os envolvidos, sem prejudicar a segurança energética do Estado do Ceará e/ou a saúde financeira dos empreendimentos". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A produção de energia eólica aumentou 44,4% no último ano, segundo a edição do Boletim de Operações de Usinas da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A comparação é entre os meses de maio de 2013 e 2014.

No mesmo período, a geração de energia termelétrica aumentou 20,7%. Apesar de apresentar uma redução de 5,1%, a energia produzida por hidrelétricas mantém-se predominante, sendo responsável por 66,5% da produção brasileira.

De acordo com a CCEE, em maio, fontes eólicas produziram 747 megawatts (MW) médios e térmicas, 17.307 MW médios. O boletim informa que o salto na entrega das térmicas foi impulsionado pelas usinas nucleares: foram produzidos 1.763 MW médios – número 154,1% acima do registrado em maio de 2013. As usinas térmicas a carvão geraram 1.823 MW médios (aumento de 37,3%) e as de biomassa 3.038 MW médios, produção 21,6% superior à registrada em maio de 2013.

##RECOMENDA##

A capacidade instalada somou 127.026 MW provenientes de 1.118 usinas que estão operando comercialmente no período. Ainda segundo o boletim divulgado nesta terça-feira (15), a geração total de energia pelas usinas do Sistema Integrado Nacional foi 60.978 MW médios. Apesar de a geração ter sido 2,8% inferior à registrada em abrile, é 1,8% maior do que o resultado obtido em maio de 2013.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando