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Com Pernambuco correndo o risco de não ter um ramal da Ferrovia Transnordestina, o governador Paulo Câmara (PSB) afirmou, nesta quinta-feira (29), que existe um conflito de interesses para que, por enquanto, seja construído apenas o trecho da ferrovia até o Porto de Pecém, no Ceará.

Segundo o governador, há um conflito de interesses em relação ao lado do Ceará porque o dono da TLSA, que tem a concessão da Transnordestina, teria investimentos privados no Ceará, como no terminal de grãos de Pecém.

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Câmara assegura ainda que o lado de Suape é o menor, precisa de menos quilômetros para ser finalizado e de menos recursos. “Suape tem uma estrutura pronta para receber as cargas oriundas e utilizadas pela Transnordestina. Isso tudo está sendo colocado para o ministério [da Infraestrutura] após essa possível preferência por Pecém”, diz.

O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), que já foi presidente de Suape e aliado do PSB, chegou a afirmar que o governo estadual não viabilizou o escoamento de cargas a partir do Porto de Suape e que o Porto de Pecém foi quem conseguiu se viabilizar.

O governador pernambucano nega a afirmação do senador e assegura que todas as etapas necessárias para ter o ramal foram cumpridas. “Entregamos todos os projetos, estamos com tudo encaminhado e Pernambuco nunca deixou ter pendências. Esse é um tema que deve unir Pernambuco, e não querer colocar culpa em ninguém. Esse assunto envolve bilhões e bilhões de reais que a muito tempo precisa ser concluído”, assevera.

Paulo complementa que vai mostrar, de maneira técnica, que “finalizar o eixo até Suape é mais barato, mais rápido e, estruturalmente, até por questões geográficas, Pernambuco está muito mais pronto para iniciar esse processo da utilização da Transnordestina a partir destes esforços. Quem quiser politizar uma questão como essa não vai encontrar respaldo porque queremos resolver de maneira técnica, como deve ser um empreendimento”, finaliza.

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Indignados pelo desinteresse do ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, em manter a extensão da Transnordestina até o Porto de Suape, os 25 deputados federais de Pernambuco se reúnem às 10h, desta terça-feira (27), para discutir as vantagens logísticas da vinda da ferrovia até o Litoral do Estado. A bancada alega interesses pessoais na decisão.

"Esperamos que o governo reconsidere essa decisão e que não opte por uma condução desastrosa que deve prejudicar milhões de pernambucanos e nordestinos a partir de um mero interesse pessoal e financeiro do concessionário, que opera no terminal de Pecém", aponta o comunicado assinado pelos líderes da bancada, os deputados Augusto Coutinho (Solidariedade) e Wolney Queiroz (PDT).

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Além dos parlamentares, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, o ex-prefeito Geraldo Julio, e o presidente do Porto de Suape, Roberto Gusmão, devem participar do encontro para trocar informações técnicas com objetivo de mobilizar o Governo Federal para que a ligação férrea vá além do plano da Concessionária de conclui-la até o Porto de Pecém, no Ceará.

Os pernambucanos ressaltam que o trecho da ferrovia até Suape é 100 km mais curto do que até Pecém, o que resultaria na economia de R$ 1,5 bilhão em obras. Para os congressistas, o Executivo e a Concessionária ignoram as vantagens do Porto do Estado, que também “é indiscutivelmente a alternativa ambientalmente mais sustentável e pode encurtar as distâncias, causando menores emissões de gases de efeito estufa”.

Depois de serem acionadas a plena carga para que as hidrelétricas pudessem poupar seus reservatórios, algumas usinas térmicas estão em vias de serem desligadas, justamente por causa do grande volume de água que consomem para gerar energia. Na semana passada, as duas maiores térmicas movidas a carvão do País, Pecém I e II, que operam no Porto de Pecém, no Ceará, informaram à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que não terão mais condições de continuar em funcionamento, caso o preço da energia que vendem não seja reajustado para acompanhar a explosão do custo da água no Estado.

A origem do problema está na pior crise hídrica dos últimos 66 anos enfrentada pelo Ceará. Como essas térmicas necessitam de muita água para resfriar suas máquinas - um volume equivalente a 6% do consumo diário de Fortaleza - , o governo cearense, preocupado com o abastecimento da população, decidiu atacar no preço e criou uma cobrança específica para essas usinas, o Encargo Hídrico Emergencial.

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Na semana passada, os carteiros entregaram nos escritórios das empresas Eneva e EDP, donas das duas usinas, as primeiras contas de água com a taxa extra embutida. A fatura referente ao mês de setembro chega a R$ 1,308 milhão decorrente do consumo de água, mas acrescenta outros R$ 9,125 milhões relativos ao novo encargo. Os empresários reagiram de imediato, bateram na porta da Aneel e ameaçaram desligar as máquinas.

"Em poucas semanas de geração com esse custo extraordinário, os agentes (empresas) não terão recursos para pagamento de combustível e/ou operação e manutenção e da própria água", declararam as empresas, em carta enviada à agência. "Em face desses prejuízos insustentáveis, os agentes não terão outra alternativa senão paralisar a operação do complexo termoelétrico, caso haja o despacho do complexo sem o devido repasse desses custos adicionais."

Na prática, o que os geradores pedem é uma revisão de suas tarifas já neste mês de outubro e enquanto durar a cobrança do encargo, previsto para ser recolhido mensalmente até agosto de 2017.

Equilíbrio

De acordo com o ex-diretor da Aneel Edvaldo Alves de Santana, o pedido das empresas tem respaldo na lei das concessões, que prevê o repasse de qualquer tributo ou encargo à tarifa, caso seja comprovado que os custos afetam o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos. "A lei estabelece que qualquer novo encargo deve ser obrigatoriamente repassado às tarifas. Isso já foi feito em casos semelhantes", disse.

Se a agência acatar a solicitação, avalia Santana, o gasto será assumido pelos agentes que estiverem expostos ao mercado à vista de energia, no qual empresas fazem a compra de energia diretamente com os geradores. Como as distribuidoras estão com excesso de energia contratada, em tese, esse rombo não atingiria os consumidores residenciais.

Apesar de Pecém I e II gerarem um volume de energia equivalente a 60% do consumo de todo o Ceará, o governo estadual parece não estar preocupado com o eventual desligamento das usinas, porque conta com o benefício de estar conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que distribui energia entre quase todos os Estados do País.

O governo do Ceará não quis comentar o assunto. O Ministério de Minas e Energia informou que o caso é atribuição da Aneel. A agência não se manifestou até o fechamento da reportagem.

As empresas Eneva e EDP informaram, por meio de comunicado, que estão "em tratativas com os órgãos competentes", e que estão em busca de "uma solução que será benéfica para todos os envolvidos, sem prejudicar a segurança energética do Estado do Ceará e/ou a saúde financeira dos empreendimentos". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta terça-feira (24), autoriza a Companhia Siderúrgica do Pecém a implantar e explorar, sob o regime de autoprodução de energia elétrica, a Usina Termelétrica - UTE CSP, localizada no município de São Gonçalo do Amarante, no Ceará.

Segundo a resolução, a central geradora é constituída por três unidades geradoras, sendo uma de 18.000 kW e duas de 100.000 kW cada, utilizando gás de alto forno como combustível. Assim, a central geradora terá potência instalada de 218.000 kW e potência líquida de 35.400 kW.

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A medida da Aneel também estabelece um cronograma que deve ser observado. O início da operação comercial da unidade geradora 1 deve ocorrer até 1º de setembro de 2015; da unidade 2, até 21 de outubro de 2015; e da unidade 3, até 1º de janeiro de 2016. A outorga tem prazo de 30 anos.

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