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A lava incandescente tem efeito devastador de imediato, mas em médio prazo revela-se um fertilizante no mar. Um estudo concluiu que a vida marinha se recuperou em três anos, após a erupção do vulcão Tagoro, nas Ilhas Canárias. A lava e os gases libertaram nutrientes que favoreceram o aumento de fitoplâncton (micro-organismos aquáticos), atraindo mais peixes, crustáceos e cefalópodes, como polvos e lulas.

O vulcão Tagoro, que entrou em erupção debaixo de água perto da ilha de El Hierro, vizinha de La Palma, em outubro de 2011, foi o objeto de estudo do Instituto Espanhol de Oceanografia e da Universidade de Las Palmas, em Gran Canaria.

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Tagoro

Tagoro permaneceu em atividade quase seis meses, o que causou alterações na temperatura, acidez e composição química da água do Mar de las Calmas. A vida marinha existente nesse recanto do Atlântico e que atraía os adeptos do mergulho foi exterminada.

O vulcão subaquático matou os peixes após a erupção, conforme a temperatura da água subiu e os níveis de oxigênio caíram.

As investigações, que se concentraram à volta da cratera, revelaram que a área fora do raio de 200 metros da chaminé vulcânica, estava repleta de vida, ao fim de três anos após a erupção.

"A lava é rica em ferro, além de magnésio e silicatos, e isso fornece nutrientes para a água", diz Carolina Santana González, oceanógrafa da Universidade de Las Palmas, em Gran Canaria, citada no The Guardian.

Além de registar um aumento de fitoplâncton, havia também peixes adultos, lulas e polvos, mas os cientistas lembram que se perdeu biodiversidade.

"Isso acontece quase imediatamente. A lava fertiliza a água e a área se recupera em curto espaço de tempo. No caso da ilha de El Hierro, a vida marinha restaurou-se quase completamente em três anos", afirmou Carolina González.

"É como um incêndio florestal. Ele destrói tudo, mas ao mesmo tempo fornece nutrientes para um novo crescimento. A diferença é que a vida marinha se recupera muito mais rápido do que uma floresta", acrescentou.

Em El Hierro, as análises químicas perto do cone do vulcão demonstraram que a concentração de ferro era quase 30 vezes maior que o nível normal.

As águas ao redor do vulcão também eram ricas em dióxido de carbono, que diminui os níveis de pH e, assim, ajuda os micro-organismos a absorver o ferro, diz o estudo.

Embora o ferro oxide na água e se forme em outros compostos, a baixa atividade vulcânica existente em El Hierro manteve a emissão desse nutriente.

Os cientistas também destacam o fenômeno que ocorre quando a lava empurra a água do fundo do mar, rica em nutrientes, para a superfície, facilitando a difusão desses nutrientes.

"Não podemos parar a natureza, mas a natureza possui mecanismos de regeneração rápidos e eficazes", diz Eugenio Fraile Nuez, responsável pelo monitoramento do vulcão La Palma, do navio do Instituto de Oceanografia atracado ao largo da costa onde a lava está caindo no mar.

"É por isso que não é uma catástrofe ambiental, mas muito pelo contrário: vulcões são vida", afirma.

Cumbre Vieja

Em La Palma, a lava está a cerca de 8 quilômetros de uma reserva marinha que cobre cerca de 3.500 hectares de mar. É o abrigo de anêmonas tropicais, douradas, algas castanhas, lagostas e tartarugas marinhas.

Durante as erupções do Cumbre Vieja, a lava já cobriu mais de 30 hectares de fundo de mar, até a profundidade de 24 metros, duplicando o tamanho da península criada recentemente na ilha.

Assim que o vulcão se estabilizar, em terra o quadro será sombrio. A lava destruiu 855 edifícios, tornou centenas de hectares de terra inutilizáveis, enterrou mais de 27 quilômetros de estrada, e cerca de 20% das plantações de banana se perderam. Mas, ao contrário da renovação em terra, que será mais lenta, a vida no mar é promissora.

Os seis anos de investigação das consequências da erupção do El Hierro podem dar pistas para entender como a crise climática pode afetar os oceanos, diz Carolina González.

Nesse contexto, a cientista lembra que "a maior ameaça à vida marinha da ilha não é o vulcão, mas a atividade humana. O verdadeiro problema é a pesca excessiva".

O Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (Unesp) está com uma exposição fotográfica sobre a vida dos seres vivos que habitam o mar. A mostra é gratuita e ficará aberta para a visita do público até o dia 31 de maio no Espaço IB, localizado em Botucatu, interior de São Paulo.

A exposição possui cerca de 40 imagens de peixes, águas-vivas, corais, moluscos e vermes marinhos que foram registradas por pesquisadores e parceiros do Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (USP).

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Serviço:

Exposição fotográfica sobre a vida marinha

Endereço: Rua Professor Doutor Antonio Celso Wagner Zanin, 250, Botucatu, SP.

Quando: Durante todo o mês de maio, de segunda a sexta-feira das 8h às 22h30 e aos sábados das 8h às 12h.

Para mais informações ligue: 14 3880-0845.

A partir de dezembro de 2017, uma área de 1,55 milhão de quilômetros quadrados na Antártida terá proteção especial para a conservação da vida marinha. A decisão foi tomada, em uma reunião na Austrália, pelos países que integram a Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos da Antártida, da qual o Brasil faz parte. Todos os países-membros da comissão concordaram com a proposta, feita pelos Estados Unidos e pela Nova Zelândia.

A maior área de proteção marinha do mundo, localizada no Mar de Ross, vai limitar ou proibir totalmente algumas atividades para atender a conservação específica, a proteção do habitat, o monitoramento de ecossistemas e o manejo de pesca. Em 72% da área de proteção haverá uma zona de proibição total de pesca, enquanto outras áreas vão permitir a captura de alguns peixes para investigação científica.

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Secretário-executivo da comissão, Andrew Wright lembrou que a decisão levou vários anos para ser tomada. “Alguns detalhes sobre a área de proteção ainda estão sendo finalizados, mas não há dúvidas sobre o estabelecimento da zona protegida e estamos incrivelmente orgulhosos de ter chegado a este ponto', disse Wright.

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse, em nota, que a aprovação da proposta foi um progresso extraordinário e que não aconteceu por acaso, mas “graças a muitos anos de persistentes estudos, intensas negociações e diplomacia baseada em princípios. Aconteceu porque nossas nações entenderem a responsabilidades que partilhamos para proteger esse lugar único para as futuras gerações”, disse.

A Comissão para a Conservação dos Recursos Vivos Marinhos da Antártida foi estabelecida por um acordo internacional em 1982, com o objetivo de promover a conservação da vida marinha no continente. Além da União Europeia, 24 países fazem parte da comissão: Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Chile, China, França, Alemanha, Índia, Itália, Japão, República da Coreia, Namíbia, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Rússia, África do Sul, Espanha, Suécia, Ucrânia, Reino Unido, Estados Unidos e Uruguai.

A proposta de transformar o Arquipélago dos Alcatrazes, um santuário de vida marinha e espécies ameaçadas no litoral norte de São Paulo, em uma nova área protegida federal voltou à tona de forma polêmica nesta semana, no 8.º Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), em Curitiba. Depois de duas décadas sendo discutido como Parque Nacional Marinho, com amplo apoio da sociedade civil, o projeto foi alterado para outra categoria, chamada Refúgio de Vida Silvestre (RVS), potencialmente bem mais restritiva.

O projeto foi apresentado pelo presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Cláudio Maretti, como um dos poucos que têm possibilidade de ser implementado nos próximos anos, diante de uma situação política e orçamentária desfavorável à área ambiental. Ainda assim, a notícia não agradou a todos.

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Na nova proposta, o tamanho da área protegida aumentaria de 16 mil hectares para 67 mil hectares. O problema, segundo os defensores do projeto original, é que a categoria de refúgio não garante o direito à visitação pública. A mudança teria sido feita em Brasília, sem consulta à sociedade civil ou aos analistas ambientais do próprio ICMBio que trabalham na região. "Uma das coisas mais difíceis de se conseguir no processo de criação de uma unidade de conservação é o apoio das comunidades locais. Esse gargalo nós não temos; a sociedade quer o parque, deseja o parque", disse ao Estado Edilson Esteves, chefe da Estação Ecológica de Tupinambás, uma unidade de conservação que já existe no local desde 1987, mas que cobre apenas algumas partes do arquipélago.

Ele teme que a mudança de categoria ponha a perder as alianças que foram historicamente costuradas com alguns setores da sociedade, como os pescadores tradicionais, praticantes de mergulho recreativo e ecoturismo, que veem a criação do parque como uma oportunidade de abrir o arquipélago para visitação pública e transformá-lo em um foco de desenvolvimento sustentável para a região - e não mantê-lo como uma área fechada, acessível apenas para cientistas e a Marinha.

Missões distintas

Em um RVS, o ecoturismo pode ser permitido, mas não é uma obrigatoriedade nem uma prioridade; enquanto que em um parque nacional a visitação pública é uma prerrogativa, tida como parte essencial da estratégia de conservação da unidade. "Não existe nenhum Refúgio de Vida Silvestre no Brasil com visitação pública", aponta Esteves, destacando ainda que essas áreas tendem a receber menos recursos do que os parques, porque têm menos visibilidade.

Já o diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do ICMBio, Sergio Brant, acredita que RVS é a categoria mais adequada. "Tudo que é possível fazer em um parque também é possível fazer num refúgio, só que com um enfoque maior na proteção da biodiversidade", justificou. "Vai ser uma área maior e mais eficiente de proteção." Segundo Brant, o projeto de criação do refúgio está "em fase final de trâmite interno" no governo, para ser enviado à sanção da presidente Dilma Rousseff. "Alcatrazes é uma prioridade para nós", garante.

Esteves e outros servidores do ICMBio ligados ao tema circularam no CBUC uma proposta de moção, pedindo a aprovação "urgente" do projeto original de criação do parque nacional. "Destacamos que Alcatrazes vem sofrendo aumento da pressão por empreendimentos potencialmente poluidores e pela pesca, demandando medidas urgentes para sua proteção", dizia o documento, que recebeu 150 assinaturas.

A proposta, porém, não foi apresentada à plenária final do congresso, que aprovou um total de 27 moções - algumas delas com bem menos assinaturas do que a de Alcatrazes. Esteves demandou ver a avaliação do comitê julgador. No documento havia uma anotação dizendo que a justificativa da proposta era "inconsistente" e a RVS "incluía a ilha e aumentava sua área".

Zona de tiro

Há décadas a região do Arquipélago dos Alcatrazes está sob supervisão da Marinha, que desde os anos 1980 usa algumas de suas ilhas como alvo para prática de tiros de canhão. Algo que sempre foi condenado por pesquisadores e ambientalistas, mas que, por bem ou por mal, mantinha a pesca ilegal afastada do local. Em junho de 2013, a Marinha anunciou que não se opunha à criação do parque nacional e, a partir daquele momento, deixaria de atirar na ilha principal do arquipélago - que abriga uma grande diversidade de espécies, incluindo algumas endêmicas e ameaçadas de extinção -, passando a usar apenas como alvo a Ilha da Sapata (bem menor, ao lado dela). Em 31 de agosto deste ano, moradores de São Sebastião ouviram tiros de canhão sendo disparados na região do arquipélago. A Marinha confirmou que foi feito um exercício naquele dia, mas que os tiros foram direcionados apenas para a Ilha da Sapata.

Para os defensores do parque, a visitação pública, principalmente o turismo de mergulho, seria uma forma de reforçar a vigilância do local, além de contribuir para o monitoramento científico da biodiversidade do arquipélago. "É como se você tivesse uma fiscalização indireta. A presença constante de pessoas afasta os infratores", avalia o biólogo Fabio Motta, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ele cita como exemplo o turismo no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, mais ao sul, que transformou o local em um ícone do mergulho e da conservação da vida marinha no litoral paulista.

O biólogo Fabio Olmos disse que não entende por que o parque de Alcatrazes não é criado de uma vez por todas. "É uma unidade de conservação extremamente fácil de ser criada; tem apoio popular e não precisa desapropriar nada. É uma demanda de décadas que poderia ser resolvida com uma canetada", afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) estendeu o prazo para submissão de propostas ao edital 04/2015, lançado para atrair projetos relacionados à prevenção de ataques de tubarões no Estado. Interessados têm até a sexta-feira (10) da próxima semana para inscrever suas propostas. 

Subsidiado pela Secretaria de Defesa Social (SDS), o edital disponibilizará mais de R$ 1,2 milhão para trabalhos que tratem temas como o diagnóstico das causas dos incidentes, tecnologias para monitoramento, segurança, avaliação do impacto socioeconômico dos ataques, entre outras abordagens. O edital está disponibilizado no site da Facepe. 

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