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O presidente da República, Jair Bolsonaro, admitiu, na manhã desta segunda-feira (9), que a PEC do voto impresso pode ser derrotada no plenário da Câmara. De acordo com o chefe do Executivo, "se não tiver uma negociação antes, um acordo, vai ser derrotada", afirmou em entrevista à Rádio Brado (BA). A proposta do voto impresso deve ser discutida na Câmara ainda nesta semana - mesmo após ter sido derrotada na Comissão Especial - por decisão do presidente e da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

A justificativa de Bolsonaro sobre a provável derrota do projeto é a de que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, "apavorou" parlamentares para que a pauta não fosse aprovada.

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Em críticas ao magistrado, Bolsonaro diz que "a intimidação do Barroso está fazendo diferença no Parlamento", e classificou o ministro como "armamentista e trotskista, tudo o que não interessa para o Estado Democrático". O presidente também voltou a associar o ministro à defesa da pedofilia.

O chefe do Executivo seguiu com as acusações de fraude nas urnas eletrônicas e repetiu acusações feitas na transmissão ao vivo que fez no dia 29 de julho. Destacando que não tem nada comprovado e que suas falas se tratam de suposições, mas que têm certeza de que são verdadeiras, o chefe do Executivo voltou a acusar o TSE de ter apagado as provas do ataque hacker às urnas.

Segundo Bolsonaro, os hackers teriam desviado 12 milhões de votos a seu favor e voltou a dizer que ele só venceu devido a quantidade expressiva de votos que teve. O presidente voltou a defender que teria vencido no primeiro turno em 2018.

De acordo ele, sua "suposição" é de que após ele sair vitorioso do pleito, os hackers não foram pagos pelo serviço e, então, eles denunciaram a fraude. "Não precisa nem fazer perícia, está comprovado. O TSE comprovou, apagou os rastros, as digitais da cena do crime. Isso é mais do que suficiente para nós sim aprovarmos o voto impresso", declarou o chefe do Executivo.

Em defesa da adoção do voto impresso, Bolsonaro diz que sua defesa é pelo voto "democrático, transparente e seguro". "Eleições sem dúvidas, sem surpresas", destacou, emendando que essa é uma pauta que a oposição, citando PT, PCdoB e PSOL, não quer.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), afirmou que a Proposta de Emenda à Constituição que trata do voto impresso será analisada em plenário na terça (10) ou quarta-feira (11). Apesar de acreditar que "as chances de aprovação podem ser poucas", ele disse ter conversado com o presidente da República, Jair Bolsonaro, e obtido o compromisso de que o resultado da votação será respeitado.

"Nossa expectativa é que os Poderes acatem com naturalidade e respeitem (o resultado do plenário)", declarou Lira em entrevista à Rádio CBN. "O presidente Bolsonaro me garantiu que respeitaria o resultado do plenário."

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Na semana passada, a comissão especial da Câmara que tratava da PEC rejeitou a proposta por 22 votos a 11. Mesmo assim, Lira optou por levar o tema para deliberação do plenário, atendendo aos interesses da base governista. Isso não quer dizer, porém, que a pauta vá avançar.

"Temos uma média de 15 ou 16 partidos contrários ao voto impresso, acho que as chances de aprovação podem ser poucas", afirmou o presidente da Câmara.

Como se trata de uma PEC, para a mudança ser aprovada, precisa do apoio de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votação e depois, também em duas rodadas, os votos de 49 dos 81 senadores.

Lira disse que conversou com Bolsonaro na sexta-feira, após a rejeição da PEC na comissão especial. Ele admitiu que "não é usual" levar uma proposta rejeitada na comissão para votação em plenário, mas defendeu a iniciativa como "necessária", uma vez que a pauta "esticou tanto a corda" entre os Poderes e "já passou dos limites".

Ele insistiu que "quem for vencido tem que serenar" e destacou que o tema também enfrenta resistências no Senado, onde proposta similar está travada: "Não legislar também é legislar."

Respeito à Constituição

Ao defender a participação de seu partido, o Progressistas, no governo, Lira também contrariou o presidente Bolsonaro e afirmou que só atua "dentro dos limites" da Constituição. "Nós jogamos dentro das quatro linhas", declarou. "Todas as vezes que se tornar necessária a intervenção nossa, nós iremos fazer."

Na semana passada, Bolsonaro ameaçou ultrapassar os limites constitucionais ao comentar a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de incluí-lo no inquérito das fake news.

Mesmo com o aceno do presidente Arthur Lira (PP-AL) em levar a discussão do voto impresso ao plenário da Câmara, a proposta deve ser rejeitada novamente pelos deputados. Dos 24 partidos com atuação na Casa, 15 são contra o voto impresso. A informação é do jornal O Globo.

Na quinta-feira (5), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19 já havia sido derrotada na comissão especial sobre o tema por 23 votos contra 11 favoráveis. Ainda assim, Lira garantiu que o debate vai para votação aberta no plenário. Ele deve se reunir com lideranças partidárias ainda nesta segunda (9) para pautar a votação para esta semana.

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A medida precisa de 308 votos para ser aprovada mas, segundo levantamento feito com os líderes das siglas pelo O Globo, 330 deputados devem ir contra a PEC do voto impresso. A base de apoio é sustentada pelo PSL, com 53 representantes, e pelo bloco formado pelo Pros, PSC e PTB, que somam 33 votos. Ao todo, 86 votos estariam garantidos.

Apesar da afinidade com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o PP liberou deu autonomia para sua bancada de 41 deputados. Enquanto isso, Republicanos (32), Podemos (10), Novo (8) e Patriota (6) não se posicionaram sobre a disputa. Somados, 97 representantes poderiam fortalecer a campanha pelo voto de papel, mas 183 votos ainda não garantem a aprovação.

A base contrária à PEC 135/19 é puxada pelos 53 parlamentares do PT e conta com apoio de partidos historicamente adversários. Para barrar a proposta também estão o PL (41), PSD (35); MDB (34); PSDB (32); PSB (31); DEM (27); PDT (25); SDD (14); PSOL (9); Avante (8); PCdoB (8); Cidadania (7); PV (4); Rede (1); Sem partido (1). Unidos, 330 votos iriam de encontro à medida criticada pelo Tribunal Superior eleitoral (TSE).

Sem apresentar provas de fraude nas urnas eletrônicas, o presidente Jair Bolsonaro voltou hoje a fazer acusações contra o sistema eleitoral brasileiro. "Querem no tapetão decidir as coisas no Brasil. Isso não pode ser dessa maneira. Democracia nasce do voto responsável e contabilizado", disse durante transmissão nas redes sociais ao chegar para uma "motociata" com apoiadores em Florianópolis (SC).

Bolsonaro quer o voto impresso para as eleições de 2022, mas a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que muda o sistema de votação no Brasil foi derrotada na comissão especial por 23 a 11. Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), anunciou que, a despeito da rejeição, decidiu levar para o plenário a discussão sobre o voto impresso.

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A proposta que institui o voto impresso no Brasil deve ser votada no plenário da Câmara até a próxima quarta-feira. Para ser aprovado, o texto precisa de pelo menos 308 votos na Câmara e 49 no Senado, em duas votações em cada Casa, um número que dirigentes de partidos acham muito difícil de alcançar em razão do cenário de crise. Lira já avisou a Bolsonaro que, se o texto for rejeitado, não aceitará ruptura institucional.

Na transmissão de hoje, Bolsonaro disse que "reconhece o que está em risco com a política" e afirmou que os políticos precisam "ouvir a população". "Há preocupação por parte de muita gente com o destino da política do nosso país, com sua liberdade", afirmou. O presidente ainda citou "dificuldades" enfrentadas, como a pandemia de covid-19, a crise hidrológica e a geada que afetou a produção no campo, mas disse ter "lealdade" ao povo.

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Na última terça-feira (3), Bolsonaro se tornou alvo de uma investigação instaurada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes a pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em razão das alegações sobre fraudes nas urnas eletrônicas.

A notícia-crime contra Bolsonaro foi apresentada ao STF na noite de segunda (2) pelo presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, que atualmente é o alvo preferencial dos ataques do presidente. O pedido de investigação veio depois de Bolsonaro fazer uma live apresentando vídeos antigos e informações falsas contra as urnas eletrônicas, alegando mais uma vez que o sistema é fraudável.

Após essa live, Bolsonaro também se tornou alvo de inquérito administrativo no TSE, que vai apurar se o presidente praticou "abuso do poder econômico e político, uso indevido dos meios de comunicação, corrupção, fraude, condutas vedadas a agentes públicos e propaganda extemporânea".

O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), decidiu levar para o plenário da Câmara a discussão sobre o voto impresso mesmo após o projeto ter sido derrotado em comissão especial nesta quinta-feira, 05, por 23 a 11. Segundo Lira, a disputa em torno desse tema "infelizmente, já foi longe demais" e somente com a votação em plenário "teremos uma decisão inquestionável e suprema".

"Pela tranquilidade das próximas eleições e para que possamos trabalhar em paz até janeiro de 2023, vamos levar a questão do voto impresso para o plenário, onde todos os parlamentares eleitos legitimamente pela urna eletrônica vão decidir", afirmou Lira.

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O deputado convocou a imprensa para um pronunciamento sem permitir questionamentos. O partido de Lira votou a favor do voto impresso, uma bandeira do presidente Jair Bolsonaro. O PP havia se comprometido com outras legendas a derrubar a proposta, mas mudou de posição após o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), ser nomeado por Bolsonaro como ministro da Casa Civil na última quarta-feira.

Nas últimas semanas, Bolsonaro tem ameaçado a realização do pleito em 2022 caso o Congresso não restabeleça o voto em papel. Nesta sexta-feira, 6, Bolsonaro xingou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, de "filho da p...". O ministro se tornou o maior alvo do mandatário pela defesa do voto eletrônico. Como revelou o Estadão, o próprio Lira recebeu um recado de um interlocutor do ministro da Defesa, Braga Netto, e de comandantes militares ameaçando as eleições.

"Para quem fala que a democracia está em risco, não há nada mais livre, amplo e representativo que deixar o plenário manifestar-se. Só assim teremos uma decisão inquestionável e suprema porque o plenário é nossa alçada máxima de decisão, a expressão da democracia. E vamos deixá-lo decidir. Esta é a minha decisão", comunicou.

O governo tenta construir um meio termo para a proposta ter maior aceitação entre os deputados. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR) avalia que não tem necessidade de todas as urnas terem o dispositivo que imprime o voto e que isso poderia ser aplicado em apenas uma porcentagem representativa.

"A ideia é fazer por amostragem. Como sempre que achei fosse, nunca achei que ia ter todas as urnas com voto impresso porque não tem nenhuma necessidade disso", afirmou.

Para justificar a ideia, Barros citou o exemplo das pesquisas eleitorais. "Se você pensar estatisticamente, você faz uma pesquisa de intenção de voto do Brasil com 2 mil entrevistas para quase 200 milhões de eleitores".

O deputado do Paraná ressaltou que a alternativa ainda não está fechada e precisa ser debatida. "Isso também é uma construção que pode acontecer e pode não acontecer. Estamos conversando. A ideia é chegar em um entendimento."

A proposta é criticada por especialistas e pelo próprio presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, que enxerga um retrocesso no sistema eleitoral do País. Essa postura do magistrado fez dele o alvo principal dos ataques do presidente Jair Bolsonaro nos últimos tempos. Nessa escalada de críticas, Bolsonaro afirmou nesta semana que sua luta não é contra o TSE ou o STF, mas apenas contra Barroso, que, segundo ele, "se arvora como o dono da verdade".

'Botão amarelo'

Lira (PP-AL) voltou a falar sobre o "sinal amarelo", um recado indireto sobre seu papel institucional na vigilância da democracia no seu pronunciamento feito hoje, quando anunciou que levará a proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso para ser votada no plenário da Casa, pelos 513 deputados e não apenas na comissão especial.

"O botão amarelo continua apertado. Segue com a pressão do meu dedo. Estou atento. Vinte e quatro horas atento. Todo tempo é tempo. Mas tenho de certeza que continuarei pelo caminho da institucionalidade, da harmonia entre os poderes e da defesa da democracia. O plenário será o juiz dessa disputa que já foi longe demais", disse Lira.

Ele já havia citado esse "sinal amarelo" em março deste ano, no dia em que o País ultrapassou a marca de 300 mil mortes provocadas pela covid-19 e após o presidente Jair Bolsonaro insistir em recomendações contrárias a diretrizes científicas. Sem citar a palavra impeachment, Lira disse, no dia 24 de março, que "os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e são todos amargos; alguns, fatais".

O próprio deputado deixou claro para quem o seu recado era direcionado. "Dirijo-me a todos que conduzem os órgãos diretamente envolvidos no combate à pandemia", afirmou ele. "Estou apertando hoje um sinal amarelo para quem quiser enxergar: não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o País se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a ser praticados", afirmou também naquele dia.

O novo relator do parecer do voto impresso na comissão especial é o deputado Raul Henry (MDB-PE). Ele prepara o texto pedindo o arquivamento da proposta de emenda à Constituição (PEC) de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF) para ser apresentado ao colegiado nesta sexta-feira, 6, na reunião marcada para às 18 horas (de Brasília).

Henry acredita que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pode levar a proposta para o plenário da Casa, mas não sabe dizer ao certo qual texto iria para apreciação dos 513 deputados, se o dele, o do deputado Filipe Barros (PSL-PR) ou se ainda pode vir a ser indicado um novo relator.

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Lira fará um pronunciamento agora às 17h30 (de Brasília) no Salão Verde da Câmara.

O tema não foi divulgado, mas deputados acreditam ser sobre a PEC do voto impresso.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta sexta-feira (6), que harmonia "é o que menos existe" entre os Poderes da República. Em discurso a políticos e empresários aliados em Joinville (SC), Bolsonaro disparou série de ataques contra o Supremo Tribunal Federal, com o qual trava batalha em torno do voto impresso. "Não exijo que acreditem em mim", disse sobre suas falas contra o sistema eletrônico de votação.

"Eu quero e desejo eleições limpas e democráticas, sem que meia dúzia de pessoas sem compromisso com a liberdade conte nossos votos em uma sala escura. Sem eleições limpas, (as eleições de 2022) já é uma fraude."

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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pregou diálogo entre os Poderes na manhã desta sexta-feira em entrevista à Globo News e se solidarizou com membros do STF pelos ataques do chefe do Executivo. Bolsonaro evitou temas relativos ao embate com o Judiciário em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada. No entanto, voltou a subir o tom nesta tarde.

A apoiadores, Bolsonaro chamou o presidente do STF de “filho da put*”. 

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Embora a pauta do encontro entre o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, não tenha sido divulgada, uma fonte ligada ao ministro informa que eles conversaram sobre o 'contexto' dos eventos que ocorreram esta semana.

Em nota divulgada momentos após o término da reunião, as autoridades disseram 'reconhecer a importância do diálogo permanente entre as duas instituições' para 'aperfeiçoar o sistema de Justiça a serviço da democracia e da República'.

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Na quinta-feira, 5, Fux suspendeu a sessão de votações no STF para anunciar o cancelamento do encontro com o presidente Jair Bolsonaro e as lideranças do Legislativo, que estava previsto para acontecer nos próximos dias. Em um duro e breve discurso, o ministro afirmou que o presidente não está disposto a dialogar e afirmou que não é possível tolerar ataques e insultos de Bolsonaro a integrantes da Corte.

"Como tem noticiado a imprensa brasileira nos últimos dias, o Presidente da República tem reiterado ofensas e ataques de inverdades a integrantes desta Corte, em especial os Ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Além disso, Sua Excelência mantém a divulgação de interpretações equivocadas de decisões do Plenário, bem como insiste em colocar sob suspeição a higidez do processo eleitoral brasileiro", disse Fux no discurso de ontem.

A manifestação de Fux foi mais uma parte da série de reações do Judiciário aos ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas e aos ministros do STF que atuam também na Justiça Eleitoral. Agora, os holofotes estão sobre Aras, que vai ter que se manifestar sobre o inquérito aberto na última segunda-feira, 2, por ordem do ministro Alexandre de Moraes contra Bolsonaro em razão das alegações sobre fraudes no sistema de votação eletrônico.

Ao atender o pedido do Tribunal Superior Eleitoral e determinar a instauração da investigação contra o presidente, Alexandre deu cinco dias para a Procuradoria-Geral da República se pronunciar sobre o caso. Bolsonaro também é alvo de um inquérito administrativo que corre perante a corte eleitoral.

O PGR também vem sendo cobrado por seus pares para se posicionar sobre as ameaças de Bolsonaro às eleições 2022, condicionando a realização do pleito ao voto impresso. Oito antecessores de Aras divulgaram nota enfática em reação às alegações sem provas do presidente. Além disso, cinco dos onze integrantes do Conselho Superior do Ministério Público Federal pediram que o Procurador-Geral Eleitoral investigasse o chefe do Executivo por crime de abuso de poder de autoridade nos ataques ao sistema eleitoral.

Aras é o único com poderes de interromper as investigações abertas contra o presidente Jair Bolsonaro no Supremo, ou, eventualmente, apresentar uma denúncia criminal para aprovação da Câmara dos Deputados, ao final do inquérito que corre no tribunal. Caso o presidente venha a responder na Justiça, é possível que os planos de reeleição sejam interrompidos. Juristas ouvidos pelo Estadão disseram que a eventual condenação de Bolsonaro em uma ação penal por crime comum - a ser julgado pelo próprio STF - pode implicar na inelegibilidade por 8 anos.

Com interesses sobre a mesa na reunião de hoje, o procurador-geral da República é visto por setores da política como um homem de confiança de Bolsonaro e teria motivos pessoais para bloquear as respostas institucionais do Supremo. Aras foi sondado para ocupar uma vaga no Supremo este ano, mas foi preterido por André Mendonça, que deixou a Advocacia-Geral da União (AGU).

Se Bolsonaro for reeleito, Aras terá uma nova chance de chegar ao STF, desta vez para ocupar a vaga de Gilmar Mendes. A reunião de hoje, embora pouco comentada pelos participantes, tem potencial de definir qual será o papel da PGR frente à crise instalada entre os Poderes.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), reagiu às declarações do presidente Jair Bolsonaro que colocam em suspeição a realização das eleições em 2022. Nesta sexta-feira (6), em entrevista à GloboNews, Pacheco descartou a possibilidade de o pleito não ser realizado no ano que vem. "Teremos eleições em 2022 legítimas", garantiu, afirmando que são graves as declarações do presidente Bolsonaro em questionar a lisura das eleições.

"Não podemos questionar a lisura das eleições", disse o presidente do Parlamento, emendando que "todo aquele que pregar retrocesso com eleições 2022 será punido pela história". Pacheco relembrou ainda que não há comprovação de fraude nas eleições e apostou na confiança do sistema de votação. Em sua avaliação, "a maioria dos parlamentares compreende que o sistema eletrônico é confiável" e a vontade do Congresso deve ser a de preservação do sistema.

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A postura do parlamentar contra os ataques do presidente Bolsonaro ao sistema eleitoral, contudo, não são compartilhadas pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Na última quarta-feira (4), em entrevista à Bandeirantes, Lira afirmou que o debate sobre o voto impresso estava muito "polarizado" e pediu calma na análise do tema.

O presidente da Câmara admitiu não existir "nenhum fato relevante" que aponte fraude nas urnas eletrônicas, mas mesmo assim, não deixou de apoiar a bandeira do presidente. Lira falou em criar formas de auditagem "mais transparentes", que evitem a contestação das eleições, e jogou a decisão final sobre o tema para o Senado.

Apesar da pressão e das ameaças de Bolsonaro, o voto impresso sofreu sua primeira grande derrota no Congresso na quinta-feira (5). O relatório do deputado Filipe Barros (PSL-PR) para a volta da contagem manual do resultado das eleições e da impressão do comprovante de votação foi derrotado por 23 votos contrários e 11 favoráveis.

Contra qualquer ataque da decisão, Pacheco disse que as instituições devem ser "obedientes" e entender que "quem decide é o Congresso Nacional". "O papel do Congresso é discutir isso (voto e urna), como foi feito ontem", pontuou. A expectativa, conforme pontua, é que o assunto seja encerrado na Câmara dos Deputados. No entanto, caso prossiga para o Senado, "a Casa decidirá", declarou. Pacheco defendeu ainda que as reformas administrativa e tributárias são as prioridades do Parlamento no momento.

A comissão especial da Câmara dos Deputados sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19, que torna obrigatório o voto impresso reúne-se novamente nesta sexta-feira (6). O colegiado rejeitou nessa quinta-feira (5) o substitutivo apresentado pelo relator, deputado Filipe Barros (PSL-PR). Foram 23 votos contrários ao parecer, e 11 votos favoráveis.

Os deputados devem votar o parecer vencedor, que pode sugerir, inclusive, o arquivamento da proposta. O presidente da comissão, deputado Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), havia indicado o deputado Júnior Mano (PL-CE) para redigir o parecer vencedor, mas o deputado declinou da indicação.

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Texto rejeitado
O substitutivo de Filipe Barros propõe a contagem pública e manual de votos obrigatoriamente impressos. Além disso, define que futura lei sobre procedimentos de votação teria aplicação imediata. Em geral, regras eleitorais só entram em vigor se aprovadas um ano antes do pleito.

A versão original da PEC, de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), é mais simples. Prevê apenas que, em eleições, plebiscitos e referendos, independentemente do meio usado para registro dos votos, será “obrigatória a expedição de cédulas físicas conferíveis pelo eleitor”.

Ontem o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que a PEC poderá ser avocada pelo Plenário, mesmo derrotada no colegiado. “Comissões especiais não são terminativas, são opinativas, então sugerem o texto, mas qualquer recurso ao Plenário pode ser feito”, explicou.

*Da Agência Câmara de Notícias

O deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), em publicação no Twitter, comentou sobre a derrota de Jair Bolsonaro na questão do voto impresso. Apesar da pressão e das ameaças do presidente da República, o voto impresso sofreu sua primeira grande derrota no Congresso nessa quinta-feira (5).

O relatório do deputado Filipe Barros (PSL-PR) para a volta da contagem manual do resultado das eleições e da impressão do comprovante de votação foi derrotado por 23 votos contrários e 11 favoráveis em comissão da Câmara dos Deputados.

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"Derrotamos de forma acachapante o voto impresso na comissão e derrotaremos novamente se a proposta for levada ao Plenário. Mas vamos lutar para que isso não seja feito. O Congresso não pode servir de instrumento para a campanha golpista de Bolsonaro contra o sistema eleitoral", escreveu Freixo.

A comissão especial da Câmara dos Deputados sobre a Proposta de Emenda à Constituição PEC 135/19, que torna obrigatório o voto impresso, rejeitou nesta quinta-feira (5) o substitutivo apresentado pelo relator, deputado Filipe Barros (PSL-PR). Foram votos 23 contrários ao parecer, ante 11 votos favoráveis.

Saiba mais sobre a tramitação de propostas de emenda à Constituição

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Por indicação do presidente da comissão especial, deputado Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), o parecer vencedor será elaborado pelo deputado Júnior Mano (PL-CE) e deverá ser apreciado em nova reunião do colegiado nesta sexta-feira (6), às 18 horas.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou hoje mais cedo que a PEC do voto impresso poderá ser avocada pelo Plenário, mesmo depois da derrota no colegiado. “Comissões especiais não são terminativas, são opinativas, então sugerem o texto, mas qualquer recurso ao Plenário pode ser feito”, explicou.

Da Agência Câmara de Notícias

 

Centenas de empresários, economistas, diplomatas e representantes da sociedade civil divulgaram um manifesto em defesa do sistema eleitoral brasileiro, destacando que "o princípio-chave de uma democracia saudável é a realização de eleições e a aceitação de seus resultados por todos os envolvidos". O comunicado, que é publicado na edição desta quinta-feira (5), do Estadão, não cita o presidente Jair Bolsonaro, mas é categórico ao dizer que o País "terá eleições e seus resultados serão respeitados" e ao afirmar que "a sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias".

O manifesto foi divulgado no mesmo dia em que Bolsonaro passou a ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das fake news. A decisão do ministro Alexandre de Moraes atendeu a um pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Corte vai apurar a possível prática de 11 crimes pelo presidente.

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Entre os signatários estão nomes de peso do mundo empresarial e financeiro, como Frederico e Luiza Trajano, do Magazine Luiza, Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal, do Banco Itaú Unibanco, Carlos Jereissati, do Iguatemi, Pedro Passos e Guilherme Leal, da Natura, e Luis Stuhlberger, gestor do Fundo Verde. Também assinam economistas como Armínio Fraga, Pedro Malan, Ilan Goldfajn, Persio Arida, André Lara Resende, Alexandre Schwartsman e Maria Cristina Pinotti.

O manifesto nasceu de alguns associados do Centro de Debates de Políticas Públicas (CDPP) e se espalhou para outros grupos de discussão de empresários, economistas e advogados. "Já na hora que ele começou a adesão foi enorme", afirmou o economista Affonso Celso Pastore, do CDPP. "A sociedade civil precisa se manifestar como na época da campanha pelas eleições diretas. Bolsonaro já entrou em todos os órgãos de controle, como a Polícia Federal e o Ministério Público Federal, e a luta dele agora é controlar o Judiciário. É imprescindível a união de todos em defesa da democracia", afirmou Maria Cristina.

O texto foi elaborado na terça-feira, dia 3, e passou a circular entre grupos de empresários, economistas e grupos que representam a sociedade civil. Ele traz a assinatura de políticos, como o presidente do Cidadania, Roberto Freire, e de dirigentes de entidades da sociedade civil, como Priscila Cruz, do Todos pela Educação. Lideranças religiosas também subscrevem o documento. Lá estão o cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, e o rabino Michel Schlesinger.

"Acho espetacular a sociedade civil se mobilizar na defesa da democracia. Entendo que 70% da sociedade quer o Brasil democrático, onde vigoram o estado de direito e as liberdades. Nada mais importante para a democracia do que eleições limpas, que são garantidas pela voto eletrônico, que vigora há 25 anos no País sem notícia de fraude", disse o cientista político Luiz Felipe d'Avila.

O manifesto tem três parágrafos. Nele os signatários afirmam sua preocupação com a pandemia, as mortes e a perda de empregos. Dizem que as transformações da sociedade e a recuperação do País só serão possíveis pela via democrática. E afirmam confiar no sistema atual de voto.

"O Brasil enfrenta uma crise sanitária, social e econômica de grandes proporções. Milhares de brasileiros perderam suas vidas para a pandemia e milhões perderam seus empregos. Apesar do momento difícil, acreditamos no Brasil. Nossos mais de 200 milhões de habitantes têm sonhos, aspirações e capacidades para transformar nossa sociedade e construir um futuro mais próspero e justo. Esse futuro só será possível com base na estabilidade democrática", diz o texto.

Leia a íntegra do manifesto

"O Brasil enfrenta uma crise sanitária, social e econômica de grandes proporções. Milhares de brasileiros perderam suas vidas para a pandemia e milhões perderam seus empregos.

Apesar do momento difícil, acreditamos no Brasil. Nossos mais de 200 milhões de habitantes têm sonhos, aspirações e capacidades para transformar nossa sociedade e construir um futuro mais próspero e justo.

Esse futuro só será possível com base na estabilidade democrática. O princípio chave de uma democracia saudável é a realização de eleições e a aceitação de seus resultados por todos os envolvidos. A Justiça Eleitoral brasileira é uma das mais modernas e respeitadas do mundo. Confiamos nela e no atual sistema de votação eletrônico. A sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias.

O Brasil terá eleições e seus resultados serão respeitados."

Depois de fazer acusações sucessivas de fraude das urnas eletrônicas sem apresentar provas, todas amplamente desmentidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o presidente Jair Bolsonaro classificou como "vital" para a democracia a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar indícios de irregularidades que ele aponta nos equipamentos. No entanto, o chefe do Executivo ponderou que não sabe se obterá assinaturas no Parlamento para a abertura da comissão.

Em entrevista à Rádio 93 FM RJ, compromisso que não consta da agenda oficial do presidente, Bolsonaro voltou a pedir transparência e a defender o voto impresso nas eleições do País. Em acusações ao TSE, Bolsonaro reafirmou que a urna eletrônica não é auditável. A afirmação, no entanto, já foi rebatida pelo próprio órgão eleitoral, que afirma que todo o processo eleitoral é auditável e seguro. Além das auditorias internas, cidadãos, partidos políticos, fiscais de partidos, candidatos, OAB e Ministério Público podem realizar a fiscalização durante as etapas do processo.

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Bolsonaro voltou a acusar o TSE de acobertar a invasão ao sistema eleitoral da Corte que continha os códigos usados nas urnas eletrônicas, como fez na noite de quarta-feira (4), e de ter apagado "as pegadas" deixadas pelo hacker. Conforme justifica, um hacker teve acesso às chaves criptografadas das urnas eletrônicas. Segundo ele, a comprovação da ação do TSE é que o órgão rebateu o presidente "com mentiras e fake news" às suas declarações em transmissão ao vivo nas redes sociais na última quinta-feira (29). "Mas não rebateu inquérito da PF sobre invasão hacker". Na noite desta quarta-feira, 4, o TSE disse que o programa da urna eletrônica "simplesmente não roda" se for adulterado.

Bolsonaro alega que a tecnologia da urna eletrônica é a mesma desde 1996 e, por isso, precisa ser modernizada. "Se um banco utilizasse a mesma tecnologia desde 1996, ninguém iria confiar", compara. "Eleições democráticas têm que ser igual à história de mulheres certas: não basta ser mulher, tem que parecer honesta".

Agora investigado no inquérito das fake news do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente reforçou também os ataques contra o presidente da Corte, o ministro Luís Roberto Barroso. "Por que o ministro Barroso joga todas as fichas contra o voto auditável, contra o voto impresso, contra o voto democrático? Obviamente que tem algum interesse que eu não consigo entender ou decifrar qual seja", afirmou. Bolsonaro repete que a articulação do ministro a favor do voto eletrônico tem como objetivo eleger o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022.

Nas acusações, o presidente disse ainda que "Barroso chegou ao STF porque defendeu um terrorista, o Battisti". Cesare Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália, que pediu a extradição para que ele cumprisse pena naquele país. Na época, Barroso atuou de forma a favor de Battisti. Em 2009, o STF entendeu que a decisão sobre extraditar ou não o italiano cabia ao presidente da República. Em 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou a extradição.

Nas críticas feitas ao ministro, o chefe do Executivo sugeriu novamente uma manifestação da população em São Paulo para um apelo contra Barroso. "Não podemos ter eleições duvidosas em 2022. É preciso contagem pública dos votos", afirmou.

Insatisfeito com o posicionamento do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, que defende com ênfase as urnas eletrônicas, o presidente Jair Bolsonaro voltou a usar suas redes para atacar o ministro. Nesta manhã, em publicação em sua página no Facebook, o presidente utilizou um episódio ocorrido há cerca de cinco anos, em 2016, quando o magistrado concedeu perdão a José Dirceu (PT) no caso do mensalão. No post, o mandatário anexou uma notícia veiculada pela imprensa na ocasião e citou o versículo da Bíblia que diz "conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".

O mote utilizado nesta quinta-feira pelo presidente vai na linha dos ataques que vem fazendo sistematicamente a Barroso. A apoiadores, Bolsonaro tem afirmado que o ministro estaria envolvido em um grande esquema de fraude para tentar colocar seu adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de volta na Presidência.

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A insistência de Bolsonaro no tema tem causado diversos atritos entre Poderes, com lideranças de várias esferas mandando recados ao Executivo contra seus ataques à democracia. Na segunda-feira (2), sem citar Bolsonaro, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, afirmou que a Corte está atenta aos "ataques de inverdades" e que harmonia e independência entre os Poderes não significa "impunidade de atos que exorbitem o necessário respeito às instituições".

Barroso também reagiu, mas foi mais direto, afirmando que quem repete uma mentira muitas vezes será "perenemente prisioneiro do mal". O ministro disse que a obsessão do chefe do Executivo por ele "não faz nenhum sentido e sobretudo não é correspondida". Barroso então apresentou ao ministro Alexandre de Moraes - que conduz o inquérito das Fake News no Supremo - uma notícia-crime em que pede a apuração sobre "possível conduta criminosa" de Jair Bolsonaro.

Horas depois de o presidente Jair Bolsonaro dizer, nesa quarta-feira (4), que um inquérito sigiloso da Polícia Federal revela acesso de hackers a programação de urnas eletrônicas, em 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou nota para destacar que o caso foi amplamente divulgado à época e não representou qualquer risco à integridade daquelas eleições.

"O código-fonte dos programas utilizados passa por sucessivas verificações e testes, aptos a identificar qualquer alteração ou manipulação. Nada de anormal ocorreu", disse o comunicado do TSE, que rebateu as acusações de Bolsonaro em sete pontos. "Cabe acrescentar que o código-fonte é acessível, a todo o tempo, aos partidos políticos, à OAB, à Polícia Federal e a outras entidades que participam do processo. Uma vez assinado digitalmente e lacrado, não existe a possibilidade de adulteração. O programa simplesmente não roda se vier a ser modificado".

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As declarações de Bolsonaro, em novo ataque ao presidente do TSE, Luis Roberto Barroso, foram feitas durante entrevista ao programa "Os Pingos nos Is", da Rádio Jovem Pan. Segundo Bolsonaro, em 2018 uma pessoa teria acessado o código de programação das urnas eletrônicas, assim como senhas de um ministro e de servidor da Corte. O agente teria oferecido o material ao blog TecMundo. O Estadão/Broadcast apurou que o inquérito não investiga invasão em urna eletrônica, mas, sim, tentativa de acesso ao sistema do TSE.

"As urnas eletrônicas jamais entram em rede", assinalou a nota do tribunal. "Por não serem conectadas à internet, não são passíveis de acesso remoto, o que impede qualquer tipo de interferência externa no processo de votação e de apuração. Por essa razão, é possível afirmar, com margem de certeza, que a invasão investigada não teve qualquer impacto sobre o resultado das eleições."

O TSE informou, ainda, que encaminhou à Polícia Federal os dados necessários para a apuração dos fatos. "A investigação corre de forma sigilosa e nunca se comunicou ao TSE qualquer elemento indicativo de fraude. De 2018 para cá, o cenário mundial de cybersegurança se alterou, sendo que novos cuidados e camadas de proteção foram introduzidos para aumentar a segurança dos demais sistemas informatizados."

Além disso, a nota do TSE garantiu que os sistemas usados nas eleições de 2018 "estão disponíveis na sala-cofre para os interessados, que podem analisar tanto o código-fonte quanto os sistemas lacrados e constatar que tudo transcorreu com precisão e lisura".

Leia, a seguir, a íntegra da nota:

Em referência ao inquérito da Polícia Federal que apura ataque ao seu sistema interno, ocorrido em 2018, o Tribunal Superior Eleitoral esclarece que:

1. O episódio de 2018 foi divulgado à época em veículos de comunicação diversos. Embora objeto de inquérito sigiloso, não se trata de informação nova.

2. O acesso indevido, objeto de investigação, não representou qualquer risco à integridade das eleições de 2018. Isso porque o código-fonte dos programas utilizados passa por sucessivas verificações e testes, aptos a identificar qualquer alteração ou manipulação. Nada de anormal ocorreu.

3. Cabe acrescentar que o código-fonte é acessível, a todo o tempo, aos partidos políticos, à OAB, à Polícia Federal e a outras entidades que participam do processo. Uma vez assinado digitalmente e lacrado, não existe a possibilidade de adulteração. O programa simplesmente não roda se vier a ser modificado.

4. Cabe reiterar que as urnas eletrônicas jamais entram em rede. Por não serem conectadas à internet, não são passíveis de acesso remoto, o que impede qualquer tipo de interferência externa no processo de votação e de apuração. Por essa razão, é possível afirmar, com margem de certeza, que a invasão investigada não teve qualquer impacto sobre o resultado das eleições.

5. O próprio TSE encaminhou à Polícia Federal as informações necessárias à apuração dos fatos e prestou as informações disponíveis. A investigação corre de forma sigilosa e nunca se comunicou ao TSE qualquer elemento indicativo de fraude.

6. De 2018 para cá, o cenário mundial de cybersegurança se alterou, sendo que novos cuidados e camadas de proteção foram introduzidos para aumentar a segurança dos demais sistemas informatizados.

7. Por fim, e mais importante que tudo, o TSE informa que os sistemas usados nas Eleições de 2018 estão disponíveis na sala-cofre para os interessados, que podem analisar tanto o código-fonte quanto os sistemas lacrados e constatar que tudo transcorreu com precisão e lisura.

Às vésperas de a proposta do voto impresso ser analisada pela comissão especial do Congresso, o relator do projeto, deputado Filipe Barros (PSL-PR), protocolou, nessa quarta-feira (4), novo parecer sobre a medida. A versão ganhou um dispositivo que reduz o poder do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas investigações sobre processos de votação e outro que permite ao eleitor acompanhar a contagem manual de votos. Há ainda uma alteração que, segundo especialistas, derruba a regra de que as mudanças só poderiam ocorrer um ano após aprovadas, ou seja, elas teriam validade imediata e para 2022.

O texto tem previsão de ser analisado pela comissão especial nesta quinta (5). Caso seja aprovado, vai ao plenário da Câmara. Se conseguir o apoio, em dois turnos, de três quintos da Casa (mínimo de 308 votos favoráveis), segue para o Senado. As mudanças apresentadas se dão no momento em que o presidente Jair Bolsonaro eleva o tom nas críticas à urna eletrônica, condicionando a realização das eleições à adoção do voto impresso.

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Barros determina, no novo texto, que investigações sobre o processo de votação devem ser conduzidas de forma "independente" da autoridade eleitoral e que esse trabalho tem de ficar a cargo da Polícia Federal, "sendo a Justiça Federal de primeira instância do local da investigação o foro competente para processamento e julgamento". Ao Estadão/Broadcast, o parlamentar afirmou que o dispositivo serve "para garantir investigações céleres e isentas". Ele também retirou um artigo da versão anterior que dizia que o TSE editaria normas e adotaria medidas para assegurar o sigilo do exercício do voto.

O deputado fez ainda mudanças para permitir que qualquer pessoa possa acompanhar a apuração manual dos votos, apesar de não detalhar como isso ocorreria. "A apuração consiste na contagem dos votos colhidos na seção eleitoral, publicamente por meio da presença de eleitores e fiscais de partidos, imediatamente após o período de votação e gera documento que atesta o resultado daquela seção eleitoral", diz o texto. "Apuração tem que ser pública. É ato administrativo. Apuração secreta só em ditaduras", declarou Barros.

Anualidade

Atualmente, qualquer mudança no processo eleitoral só pode começar a valer se tiver sido aprovada até, no máximo, um ano antes das eleições. É a chamada regra da anualidade. Essa norma está prevista na Constituição: "A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência". Barros quer acrescentar um "adendo": "A lei que verse sobre a execução e procedimentos dos processos de votação, assim como demais assuntos que não interfiram na paridade entre os candidatos, tem aplicação imediata".

Para técnicos legislativos, essa alteração pode fazer com que qualquer mudança aprovada em cima da hora passe a valer. Barros discordou. "Estamos só deixando mais claro o entendimento do próprio STF e TSE, de que aquilo que for relacionado a procedimento não precisa respeitar a anualidade e que essa regra só vale para o que puder gerar uma desigualdade entre os candidatos", disse.

O texto do relator prevê ainda que o transporte dos registros impressos de voto até a sede das autoridades estaduais eleitorais ficará a cargo das forças de segurança pública ou das Forças Armadas.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que a urna eletrônica é confiável, mas afirmou que uma parte da população tem dúvidas sobre o sistema e que o Congresso é o fórum adequado para discutir o assunto. Em entrevista a uma rádio de Natal (RN) nesta quarta-feira, 4, o presidente Jair Bolsonaro disse ter o apoio de Lira para aprovar o voto impresso na Câmara.

"Estou no oitavo mandato, seis mandatos eleito pela urna eletrônica, o sistema brasileiro é confiável e não há o que dizer a respeito dele", afirmou, em entrevista à CNN. "Mas uma grande parcela da população coloca dúvidas sobre o resultado do pleito e não é conveniente para qualquer um que seja eleito, nem deputado federal, senador, governador ou presidente da República, o cargo mais relevante do nosso País, ter uma eleição contestada."

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Lira disse que o Parlamento é o fórum adequado para uma decisão sobre o caso. "Se nós pudermos achar uma maneira adequada de fazer com que essas versões sejam esclarecidas, acho que o Parlamento é o fórum específico. Aqui todas as matérias tramitam democraticamente e são aprovadas ou rejeitadas", afirmou. "Se nós pudermos chegar a um ponto de autocontenção dos poderes e achar uma saída que sirva para todos seria o ideal."

A comissão especial que analisa a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que retoma o voto impresso deve se reunir amanhã, 5, às 14h. O novo parecer do relator, deputado Filipe Barros (PSL-SP), foi protocolado hoje, 4. O texto tem um dispositivo para reduzir o poder do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas investigações sobre processos de votação e outro para permitir que eleitores possam acompanhar a contagem manual dos votos na seção eleitoral.

Caso seja aprovado, vai ao plenário da Casa onde, para seguir para o Senado, precisa do apoio em dois turnos de três quintos dos parlamentares (mínimo de 308 votos favoráveis). Uma outra PEC com o mesmo teor foi aprovada há anos pela Câmara, mas nunca foi votada pelos senadores.

Um erro na contagem manual dos votos que elegeram o ministro Kassio Nunes Marques como membro substituto do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) virou piada na sessão plenária desta quarta-feira, 4, no Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao anunciar o resultado da votação, o ministro Luiz Fux, presidente do STF, contou um voto sobressalente. O episódio não passou despercebido pelos colegas, que ironizaram a confusão.

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"Está sobrando voto. Eu quero dizer que o que estava errado era o impresso, viu? Aqui estava correto. O computador estava correto", brincou o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE e alvo de ataques do presidente Jair Bolsonaro na esteira de declarações recentes do chefe do Executivo contra o sistema eletrônico de votação.

"É melhor recorrer às urnas eletrônicas, porque essas não falham", acrescentou o ministro Ricardo Lewandowski, arrancando risadas dos pares.

Eleito como suplente para o Tribunal Superior Eleitoral, Nunes Marques aproveitou para agradecer a indicação.

"Espero que um pouco da minha experiência como advogado e dois biênios como juiz da classe jurista do TRE do Piauí possam de alguma forma contribuir para o aperfeiçoamento daquela jurisdição", disse.

Na contramão dos colegas, Nunes Marques, que ocupa a cadeira no STF por indicação de Bolsonaro, divulgou uma nota no início da semana em que afirma que o voto auditável é uma 'preocupação legítima do povo brasileiro'.

As declarações infundadas do presidente sobre supostas fraudes no sistema eletrônico de votação e ameaças às eleições de 2022 levaram à abertura de um inquérito administrativo no TSE. A Corregedoria do tribunal eleitoral também pediu a inclusão de Bolsonaro em outra investigação, a das fake news, que tramita no STF.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer críticas contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, e a reforçar defesa à adoção do voto impresso nas eleições de 2022. Segundo o chefe do Executivo, a anulação das condenações ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocorreu para eleger o petista "dentro de uma sala escura do TSE". "Não podemos admitir isso", disse Bolsonaro em entrevista à Rádio 96 FM, de Natal (RN).

Ao afirmar que a defesa do voto impresso é para garantir "eleições limpas", Bolsonaro diz que já conta com o apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), na pauta. "Temos Lira dizendo que o que o parlamentar decidir será executado, e obviamente vai contar com meu apoio também nessa proposta", comentou.

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O chefe do Executivo repetiu as acusações feitas e vídeos mostrados na transmissão ao vivo realizada pelas redes sociais na quinta-feira (29). Apesar de insistir na tese de fraudes das urnas eletrônicas, um relatório da Polícia Federal, divulgado pela Folha de S.Paulo, nesta quarta-feira (4), concluiu que um caso de suposta fraude em uma urna eletrônica em Morro Agudo (SP) - de que ao digitar o número 1, o equipamento acrescentava o 3 automaticamente - tratava-se de um problema físico no teclado e não de falha no software ou no sistema da urna.

"Quando se fala de internet não existe sistema seguro", insistiu Bolsonaro. No entanto, embora seja eletrônica, a urna funciona de forma isolada, ou seja, não possui nenhum mecanismo que possibilite sua conexão a redes de computadores, como a internet.

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