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Pressionado por descumprir suas principais promessas de campanha, sobretudo em relação à eliminação do déficit orçamentário do Estado, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), encontrou uma boia de salvação no acordo feito com a mineradora Vale. Assinado semana passada, o acordo prevê um crédito suplementar ao orçamento mineiro de R$ 11,06 bilhões, como parte da reparação aos danos causados pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em janeiro de 2019.

O recurso poderá abastecer caixas de prefeituras e realizar obras e investimentos em 853 municípios no momento em que Zema articula sua candidatura à reeleição.

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No ano que vem, o governador deverá enfrentar o atual prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que está no final do segundo mandato e deve concorrer ao governo do Estado. De acordo com pesquisas locais e monitoramentos feito pelos partidos, Zema é melhor avaliado no interior, pela força do cargo. Por outro lado, Kalil tem aprovação concentrada em Belo Horizonte e nos municípios da região metropolitana, onde está a maior parte dos eleitores.

O valor destinado ao Executivo corresponde a 30% do total de R$ 37,68 bilhões do acordo com a Vale. Os outros R$ 26,62 bilhões serão aplicados pela mineradora na reparação socioeconômica e socioambiental de Brumadinho e mais 25 municípios de seu entorno atingidos pela tragédia - que deixou 270 pessoas mortas, entre elas duas mulheres grávidas, em 25 de janeiro de 2019. Dez vítimas continuam desaparecidas.

Zema sofreu críticas por não obter êxito em eliminar o déficit orçamentário. Para 2021, a previsão é de déficit de R$ 17,3 bilhões. No ano que vem, a estimativa é de novo rombo de R$ 12,4 bilhões. Os novos recursos, porém, não serão usados para reduzir o déficit. Com as contas no vermelho, somente na área da saúde, entre 2009 e 2020, em transferências obrigatórias que deixou de fazer, o governo mineiro acumulou dívidas de R$ 6,9 bilhões com os municípios, de acordo com levantamento do Tribunal de Contas de Minas Gerais. Essa situação fez com que, desde sua posse, Zema enfrentasse pressão por parte dos prefeitos.

Agora, desse total de 11,06 bilhões que entram no caixa do Estado, R$ 1,5 bilhão serão repassados diretamente às prefeituras. A distribuição será proporcional ao número de habitantes, em valores que variam entre R$ 750 mil, em municípios pequenos, e R$ 50 milhões, cifra recebida pela capital. O cronograma prevê transferências até as vésperas das eleições do próximo ano: 40% até o dia 30 deste mês, 30% até 31 de janeiro de 2022 e, os outros 30%, até 1º de julho de 2022.

O restante de pouco mais de R$ 9,5 bilhões, Zema vai poder gastar em iniciativas como a retomada da construção de hospitais, serviços de pavimentação e melhorias nos 475,8 km de rodovias estaduais, aquisição de equipamentos de comunicação para a Polícia Militar e órgão de fiscalização ambiental, reformas de escolas estaduais e postos de saúde, construção de cisternas e intervenções em córregos.

"Esses R$ 50 milhões para Belo Horizonte podem não valer nada para a prefeitura da capital. Mas R$ 750 mil ou R$ 1,5 milhão é um dinheiro que vai ter um impacto político muito grande em cidades pequenas", disse o presidente da Associação Mineira de Municípios, Julvan Rezende Araújo Lacerda. "Esses recursos vão agregar muito para o governador em cidades pequenas do interior."

Reeleição. Zema nega que o dinheiro da Vale possa favorecer sua campanha à reeleição, argumentando que a maior parte dos investimentos previstos serão feitos após concluir o atual mandato. "Serão depositados em valores semestrais, durante os próximos cinco anos. A maior parte das receitas será viabilizada, após o encerramento do período de mandato", disse, por meio de nota.

O líder do bloco de oposição na Assembleia Legislativa, André Quintão (PT), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou o desastre na mina da Vale, disse haver ausência de transparência e debate com as vítimas e a sociedade para definir os investimentos. "As vítimas e a sociedade não participaram. O governo definiu os investimentos sem ouvir", disse o deputado.

O prefeito de Santana do Garambéu, - a 240 Km da capital mineira - José Francisco de Moura (Republicanos) disse que a receita extra será gasta na reforma de uma escola municipal, na compra de equipamentos para o posto de saúde e início da construção de uma creche na cidade. O município de 2,4 mil habitantes, com orçamento de R$ 10 milhões, em 2020, vai receber R$ 750 mil do acordo com a Vale.

"Eu não conhecia o governador (Zema). Estivemos com ele no Palácio (Tiradentes) e fomos muito bem recebidos. Ele é um homem muito simples. A conversa foi muito boa. Agora arrumamos uns troquinhos com ele", disse o prefeito. "Ele (Zema) pode contar com a nossa ajuda nas eleições do ano que vem", completou.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), colocou na equipe de comunicação do Estado o marqueteiro Paulo Vasconcelos, publicitário que comandou a campanha à Presidência da República do hoje deputado federal Aécio Neves (PSDB) em 2014 e responsável, ao lado da irmã do parlamentar, Andrea Neves, pela estratégia de mídia dos governos do tucano. Ao menos por enquanto, a participação de Vasconcelos na área de comunicação de Zema é "episódica" e "voluntária", segundo o Estado.

O governo afirma, porém - ao mesmo tempo em que explica o motivo da ida do marqueteiro para a equipe -, haver a necessidade de contratação de consultoria na área de comunicação por causa da "crise e alongamento da pandemia".

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Em nota, o Palácio Tiradentes diz que "ao longo das últimas semanas, Paulo Vasconcelos vem prestando um apoio episódico, voluntário e pessoal nas questões de comunicação. Não há qualquer contratação neste momento, relativa a esse apoio de consultoria".

Em seguida, o texto diz que "dado o aprofundamento da crise e alongamento da pandemia, o Estado avalia a contratação de um trabalho específico de consultoria de comunicação focada neste cenário". Se comparado a outros Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, Minas Gerais, ao menos segundo os dados oficiais, registra resultados satisfatórios na tentativa de evitar a propagação do novo coronavírus.

Na área econômica, no entanto, com a elevação de gastos na Saúde, a situação piora um quadro que antes da pandemia já era ruim. O déficit para 2021 foi estimado em R$ 17,3 bilhões. O cenário nas contas públicas fez soar o alerta no governo para a área da comunicação, sobretudo levando-se em consideração que Zema deverá tentar a reeleição em 2022.

O assunto, porém, é evitado externamente por integrantes da cúpula do governo Zema, sobretudo por envolver um ex-auxiliar de Aécio. O governador do Novo foi eleito em 2018 exatamente por ser colocar contrário a Aécio e seu grupo político - que comandou o estado entre 2003 e 2014 - e ao PT, que, com Fernando Pimentel, governou Minas entre 2015 e 2018.

De acordo com Vasconcelos, a estrutura que se pretende montar para a comunicação do governo é exatamente a que existiu nas gestões de Aécio em Minas. A organização da área, segundo ele, ocorre via núcleo que reúne representantes de empresas públicas, autarquias e secretarias de Estado. Todas as ações passam por esse núcleo, retirando a autonomia individual. Durante os governos de Aécio, o núcleo tinha Andrea Neves e Vasconcelos entre seus integrantes, o que perdurou nos dois governos do tucano. A atuação dos integrantes do núcleo, no grupo, não era remunerada, segundo o marqueteiro.

Contrato

Vasconcelos afirma que, no primeiro governo de Aécio, que foi de 2003 a 2006, manteve contrato com o governo na área de comunicação, via sua agência de publicidade, chamada Vitória. Agora, com um pé no governo do Novo, o marqueteiro afirma que voltará a atuar para o Executivo estadual. "Ainda não sabemos como a contratação ocorrerá, se pelo próprio governo, ou pelo Novo", afirmou, destacando que, por se tratar de consultoria, não é necessária licitação, caso a contratação venha a ocorrer pelo governo. Ele diz que, no governo, terá salário de R$ 7,5 mil, mesmo valor pago a chefes de assessorias de comunicação de secretarias do Estado. Vasconcelos chegou ao governo Zema pelas mãos do vice-governador, Paulo Brant, em março deste ano.

Ligado aos Neves, ao menos até 2014, Vasconcelos nega que sua ida para o governo Zema possa ter relação com um possível início de influência de Aécio e Andrea no Palácio Tiradentes. "Não tenho nenhum contato com os dois", afirmou.

Assim como o ex-governador de Minas e atual deputado federal, Vasconcelos é investigado pela Polícia Federal em inquéritos que apuram corrupção passiva, corrupção ativa e caixa dois por repasses de recursos envolvendo campanhas eleitorais tucanas de 2010 e 2014. O marqueteiro nega irregularidade. "Sempre estive à disposição da Justiça", diz. O deputado tucano também nega irregularidades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (NOVO), disse nesta sexta-feira, 25, em entrevista ao vivo à Globonews, que sua relação com o partido "tem sido a melhor possível, inclusive com o João Amoêdo". Candidato a presidente no ano passado, Amoêdo é o atual presidente do Novo.

Conforme informou o BRPolítico, Zema e Amoêdo tem se estranhado pela falta de apoio do governador à indicação de um nome do próprio do partido à prefeitura da capital mineira no próximo ano.

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Ainda sobre o partido, Zema não quis comentar a atuação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. "O trabalho do ministro do Meio Ambiente eu não posso avaliar. Em Minas eu tenho muitos 'incêndios' para apagar", disse Zema.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Salles já foi descrito por Amoêdo como não sendo um "ministro do partido Novo". "É apenas um filiado do Novo que foi convidado pelo Bolsonaro para fazer a gestão do Meio Ambiente."

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), criticou nesta sexta-feira, 18, a decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de retirar os inativos do cálculo de gasto com pessoal. Segundo Zema, a decisão - que afasta o Estado dos critérios utilizados pelo Tesouro Nacional - foi um "retrocesso", mas afirmou que não deve impactar a entrada de Minas Gerais no Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

"O TCE já havia aderido à regra do Tesouro, que eu diria que deveria ser uma regra impositiva. Mas o TCE tem soberania. O que eu gostaria é que ele fizesse o que fosse melhor para os mineiros, não o que fosse melhor para determinados grupos", disse, após evento realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP).

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Um dos critérios para ingresso no RRF (regime de socorro a Estados com profundo desequilíbrio fiscal) é ter um alto grau de comprometimento das contas com gasto com pessoal. Sem os inativos na conta, o Estado pode não atingir esse patamar e ficar de fora dos critérios elegíveis.

Problema similar ocorreu com o Rio Grande do Sul, que também tinha um cálculo oficial do gasto com pessoal diferente do Tesouro. Tanto Minas Gerais, quanto Rio Grande do Sul tentam ingressar no RRF, que até hoje só tem como adepto o Rio de Janeiro.

Segundo Zema, a decisão do TCE não deve atrapalhar porque o Estado pode apresentar os dados ao Tesouro pelo critério oficial estadual e pelo critério do Tesouro. "Não chega a atrapalhar, mas não deixa de soar muito mal", disse.

Ingresso no RRF

O governador afirmou ainda que o governo espera conseguir ingressar no RRF até o fim de março de 2020. Ele explicou que o primeiro projeto necessário para cumprir com as exigências do regime já foi encaminhado para a Assembleia Legislativa. E que os demais projetos de lei - entre eles o que permite a privatização de estatais, incluindo a Cemig - devem ser encaminhados à medida em que a assembleia julgue adequado.

"É bem provável que consigamos encaminhar as próximas etapas ainda no primeiro trimestre de 2020. E gostaria muito que o Estado tivesse adesão sacramentada até o fim de março", disse Zema.

Desafio

O governador de Minas Gerais afirmou que tem o desafio de preparar o Estado para aderir ao RRF. "Na semana passada, encaminhamos à Assembleia Legislativa o primeiro projeto de lei que permite isso", disse Zema, acrescentando que a primeira empresa a ser privatizada será a Codemig e que, em um segundo momento, virão as privatizações de Cemig e Copasa.

"Não há plano B. Plano B não existe em Minas. O plano é sanear as contas", disse Zema, depois de afirmar que as empresas estatais mineiras se tornaram um "obstáculo ao desenvolvimento do Estado".

Críticas

Zema criticou a gestão da Cemig nos governos anteriores e disse que a estatal impedia "diversos investimentos" em energia fotovoltaica no Norte do Estado. "Além disso, muitos empreendimentos imobiliários que solicitavam energia elétrica tinham que se sujeitar a um prazo de espera de 1 a 3 anos. E muita gente desistia de investir".

O governador de Minas Gerais criticou, também, o que chamou de "descontrole de gastos" de governos anteriores. "A situação de Minas já era gravíssima em alguns anos e, por incrível que pareça, o governo anterior maquiou os dados para que nada fosse feito."

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), recorreu ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para evitar a saída dos tucanos da base do Palácio Tiradentes na Assembleia Legislativa. A possibilidade de o partido se transformar em independente foi defendida na convenção estadual do PSDB de Minas, no sábado, e tem como um de seus principais defensores o deputado federal Aécio Neves (MG).

Zema telefonou para Doria ainda no fim de semana. Disse que precisava da bancada tucana, que tem seis parlamentares, de um total de 77 deputados estaduais. O governador de São Paulo, hoje o principal nome da legenda no plano nacional, se comprometeu a ajudar.

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"O PSDB vai manter seu apoio na base ao governador Romeu Zema. Ele é um homem honesto e decente. Recebeu uma herança maldita do PT, do Fernando Pimentel", disse Doria.

O embate colocou o governador paulista e Aécio em rota de colisão mais uma vez. No último domingo, durante a convenção estadual da sigla em São Paulo, Doria evitou fazer comentários sobre a possibilidade de expulsão do deputado federal. O presidente do partido no Estado, Marco Vinholi, ligado ao governador paulista, defende a expulsão do tucano mineiro da sigla.

Aécio foi governador de Minas por duas vezes, senador por um mandato e candidato à Presidência da República em 2014, quando foi derrotado por Dilma Rousseff (PT). Sob investigação e réu na Lava Jato, o tucano, no entanto, perdeu força política, não conseguiu articular a reeleição para o Senado e acabou se candidatando a deputado federal. Teve 106 mil votos. Na disputa, entre os eleitos, ficou na 19.ª posição.

O PSDB tem um secretário no primeiro escalão do governo Zema - o ex-deputado federal e ex-prefeito de Juiz de Fora Custódio Mattos. O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado estadual Luiz Humberto Carneiro, também é do PSDB. Ambos não participaram da convenção em Minas.

O presidente do PSDB em Minas Gerais, deputado federal Paulo Abi Ackel, que assumiu o cargo no sábado, confirmou o contato com o governador de São Paulo. "Converso com Doria com muita frequência sobre muitos assuntos e sobre Minas Gerais. E noto que tem preocupação com o Estado. Mas sobre a política mineira e sobre os destinos do partido em Minas, nada foi falado e o governador não se sentiria à vontade para fazê-lo."

O deputado disse que a possibilidade de o partido adotar postura de independência em relação a Zema "não é algo para ontem". "Vamos provocar um debate dentro da legenda. Não podemos ser caudatários de um projeto político de outro partido, que é menor que o nosso", afirmou Abi Ackel.

O governo Romeu Zema não se posicionou sobre a disputa envolvendo o PSDB de Minas e o de São Paulo. A convenção nacional do partido será no dia 31.

Retorno

O principal objetivo de Aécio Neves ao querer ver o PSDB longe do governo Zema é tentar pavimentar um possível retorno ao topo da política nacional, mesmo respondendo a diversos inquéritos na Justiça. Para isso, o tucano precisa, primeiro, voltar a ter expressão no cenário político de Minas.

Na convenção de sábado, o parlamentar foi aplaudido ao discursar, mas nada que destoasse das palmas a outros integrantes da legenda. Também não havia faixas de apoio. De forma oficial, Aécio tem o mesmo discurso do presidente da legenda, de que o partido não pode ser signatário de uma sigla que não tem o mesmo projeto dos tucanos, por isso o melhor caminho seria a independência.

Segundo o deputado, o projeto dos tucanos não é o "ultraliberalismo", conforme disse em sua fala no sábado. A reportagem entrou em contato com a assessoria do deputado e não obteve retorno até a conclusão desta edição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Preocupada com o impacto da administração Romeu Zema na imagem do partido e com um possível descolamento em relação à legenda, a direção nacional do Novo estuda acionar o Departamento de Apoio ao Mandatário, órgão previsto no estatuto partidário, para monitorar as ações do governo de Minas Gerais.

Algumas ações deste início de mandato de Zema fizeram acender o sinal de alerta na cúpula do Novo. A principal delas foi a nomeação de pessoas ligadas ao PSDB para cargos-chave do governo, como Custódio de Mattos, ex-secretário de Desenvolvimento Social de Aécio Neves, para a poderosa pasta de Governo e o deputado tucano Luiz Humberto Carneiro, que foi líder do ex-governador Antonio Anastasia, para a liderança do governo na Assembleia Legislativa.

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Além disso, a manutenção de Germano Vieira, remanescente da gestão Fernando Pimentel (PT), na Secretaria de Meio Ambiente, em meio à tragédia de Brumadinho, também desagradou à cúpula do partido. Durante a campanha, Zema fez duras críticas ao PT e ao PSDB, os quais associou à "velha política" em contraposição à proposta "modernizadora" do Novo.

Segundo fontes próximas à cúpula do partido, a relação da direção com Zema começou a ficar turva ainda no primeiro turno da campanha eleitoral, quando o então candidato pediu votos tanto para João Amoêdo (Novo) quanto para Jair Bolsonaro (PSL). Zema afirmou que foi um erro de comunicação, mas a cúpula do partido não engoliu a explicação.

Agora, dirigentes da sigla se queixam de dificuldades de interlocução com o governador, a quem consideram "muito autossuficiente" e arredio.

Por isso, estudam monitorar a gestão por meio do Departamento de Apoio ao Mandatário, órgão previsto no estatuto do partido que tem o objetivo de dar suporte aos candidatos eleitos pelo Novo, mas também tem a prerrogativa de "vetar nomeações" e "alertar o mandatário" em casos extremos de possível desacordo com as rígidas normas da sigla.

'Prestar contas'

Procurada, a direção do Novo não quis se manifestar. Em entrevista ao Estado, Zema negou qualquer desalinhamento em relação ao partido e disse aceitar com naturalidade o monitoramento pela cúpula da legenda (mais informações nesta página).

"A coisa que eu mais fiz na minha vida foi ter que prestar contas. O que vai mudar agora? Não mudou nada. Prestar conta nos faz agir melhor e aprimorarmos", declarou ele. "O diretório nacional participou ativamente da escolha do secretariado. Nossa interlocução tem sido a melhor possível", completou o governador.

Sobre a nomeação de Germano Vieira, Zema disse se tratar de um técnico aprovado por entidades da indústria, agricultura e mineração.

A opinião, no entanto, não é unanimidade no partido. O deputado estadual Bartô do Novo tem verbalizado a insatisfação com alguns nomes do secretariado. "Vejo como insustentável (a permanência de Germano). Apesar de ter um perfil técnico e ter o aval de algumas instituições, o problema ocorrido na sua pasta foi muito grave", afirmou Bartô do Novo.

Para o deputado federal Tiago Mitraud (Novo-MG), a eleição do primeiro governador vai levar o partido a um amadurecimento, sem que isso represente abrir mão de seus princípios. "Talvez precise ganhar maturidade, especialmente filiados que acham que todas as mudanças vão ser feitas da noite para o dia. Aos poucos, a base de apoio do Novo vai ganhando mais maturidade", disse o parlamentar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A cúpula do Novo assumiu postos-chave na transição de governo em Minas Gerais para montagem do secretariado de Romeu Zema e na renegociação de dívida junto à União, hoje em cerca de R$ 90 bilhões. O presidente nacional do partido, João Amoêdo, viaja pelo menos uma vez por semana ao Estado para reuniões - a mais recente ocorreu na terça-feira passada. Nas finanças, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco, coordenador econômico do Novo, passou a exercer a mesma função na equipe do governador eleito em Minas para articulações sobre o passivo do Estado em Brasília.

A renegociação da dívida é vista por Zema como ponto crucial. A Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2019 enviada pelo atual governador, Fernando Pimentel (PT), à Assembleia Legislativa prevê déficit de R$ 5,6 bilhões para o período. Desde fevereiro de 2016, o funcionalismo público mineiro recebe os salários de forma escalonada. Nas reuniões com representantes do governo federal, Gustavo Franco, que já foi filiado ao PSDB, discute com técnicos medidas que podem ser tomadas pelo Estado para que, em contrapartida, a dívida seja renegociada.

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A concentração de esforços em Minas acontece porque o Estado é o primeiro a ser governado pelo Novo, e a avaliação é de que uma administração bem conduzida no Palácio Tiradentes pode abrir espaço nacional para a legenda nas eleições seguintes. "Um bom governo demonstra definitivamente que é possível uma nova forma de governar. Será fabuloso para o Novo, mas será também muito bom para o Brasil, e ficará claro que não é preciso depender de velhas oligarquias da política", disse o vereador Mateus Simões, coordenador da equipe da transição de Zema.

Apesar de ter vencido a disputa em um dos principais Estados do País, o Novo, criado em 2011, é um partido ainda em "fase de testes". A sigla teve registro aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2015. Nas eleições municipais de 2016 quatro vereadores venceram a briga para Câmaras de Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Em outubro, conseguiu eleger oito deputados federais, 11 estaduais e um distrital.

Programação

As reuniões de Zema e Amoêdo em Minas Gerais têm como principal objetivo definir ações para os 100 primeiros dias de governo. Ainda na área política, segundo o coordenador da equipe de transição do governador eleito, a expectativa é de que todo o secretariado seja anunciado até o dia 15 de dezembro. A escolha não será divulgada em bloco. "A decisão tomada é no sentido de divulgar cada nome por área temática", afirmou Simões.

Um dos primeiros secretários a ser anunciado, segundo o vereador, será o da Fazenda, o que pode ocorrer nesta semana. A explicação é que as próximas agendas em Brasília para discussão da dívida já devem ser feitas com o indicado para o cargo. Segundo Simões, as negociações com Gustavo Franco à frente já estão adiantadas e que, agora, é preciso ter o diagnóstico financeiro do Estado em mãos para que se possa definir propostas.

O candidato do partido Novo, Romeu Zema, será o novo governador de Minas Gerais a partir de 2019. O postulante derrotou o senador Antônio Anastasia, do PSDB. Após surpreender no primeiro turno, Zema se manteve na liderança da disputa do segundo turno, que foi marcada por diversos ataques entre os candidatos. Com 77,14% dos votos apurados, Zema está matematicamente eleito, com 71,40% dos votos válidos. Anastasia tem 28,60%.

Em sua primeira disputa eleitoral, Zema procurou se colocar como alternativa para "os mesmos políticos de sempre" e se apresentou como gestor. Sua principal proposta é promover um enxugamento da máquina pública, com corte de cargos, secretarias e privilégios. Em um Estado onde os salários dos servidores são escalonados, o candidato assinou um compromisso, em cartório, de que só receberá o salário de governador, após todos os servidores terem recebido.

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Analistas políticos ouvidos pela reportagem afirmam que a eleição de Zema se explica por um desgaste à polarização entre PT e PSDB, partidos que comandaram o Estado nos últimos 16 anos, o que abriu margem para uma busca de uma candidatura que representasse a "renovação". "Renovação esta que não possui um conteúdo político determinado, mas que expressa a vontade da população em superar as crises", afirmou o pesquisador do Centro de Estudos Legislativos da UFMG, Lucas Cunha.

Para o professor de Ciências Políticas da PUC-MG, Malco Camargos, a marca da campanha eleitoral em Minas foi a busca por uma terceira via, e o empresário de Araxá se impulsionou pela ausência de outras forças alternativas. "É uma vitória anti-sistêmica. O Zema é alguém que se considerou de fora da política e agora vem trazer sua experiência para promover a boa política", afirmou.

A partir de 2019, Romeu Zema terá como principal desafio resolver a grave crise financeira que assola o Estado mineiro, que está em situação de calamidade financeira desde dezembro de 2016, e herdará um orçamento com previsão de déficit de R$ 11,4 bilhões. O governo de Minas também tem uma dívida com as prefeituras mineiras estimada em R$ 9,4 bilhões pela Associação Mineira de Municípios.

Além da questão financeira, Malco Camargos acredita que o candidato vitorioso terá dificuldades em conseguir apoio na Assembleia Legislativa, já que conseguiu eleger três deputados e propõe uma forma diferente de governar, que não envolveria negociações com bancadas, mas sim com cada parlamentar. "Vai ser um cenário de negociação individual, que traz incertezas, e não dá para prever o que cada deputado vai querer", analisa o cientista político.

Empresário de 54 anos, Romeu Zema nasceu em Araxá, na região do Triângulo Mineiro, e comandou por mais de 15 anos o Grupo Zema, empresa familiar que atualmente tem mais de 850 estabelecimentos em nove Estados brasileiros e que é composto por lojas de eletrodomésticos, distribuição de combustíveis, concessionárias e financeiras.

O candidato ao governo de Minas Gerais, Romeu Zema, do partido Novo, foi vaiado e xingado ao tentar participar do ato favorável ao presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, realizado na Praça da Liberdade, neste domingo, 21. O empresário de Araxá, no Triângulo Mineiro, foi chamado de "oportunista" e "vagabundo" pelos participantes do evento e teve que deixar o local onde deu entrevista coletiva escoltado por seguranças.

"É normal em um sistema democrático, ninguém satisfaz a todos", afirmou o candidato sobre a reação dos manifestantes, que declarou voto a Bolsonaro, e lidera as pesquisas de intenção de voto. De acordo com o Ibope divulgado na quarta-feira, 17, Zema tem 66% dos votos válidos contra 34% do adversário, Antonio Anastasia, do PSDB. O senador declarou neutralidade.

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Apesar da confusão, muitos militantes do partido Novo permaneceram na manifestação e distribuíram materiais do candidato. A reportagem também encontrou alguns adesivos com as imagens de Bolsonaro e Anastasia, mas o material não foi feito pela campanha do senador.

A manifestação favorável a Bolsonaro foi organizada pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e pelo Vem Pra Rua. O ato começou às 10h e o público passou se dispersou logo depois de 12h. Joice Halssemann, que foi eleita deputada por São Paulo, foi bastante aplaudida quando chegou ao local e jogou flores brancas do alto do trio.

Durante o discurso, a jornalista chamou o PT e partidos de esquerdas de "esquerdalhada maldita" e agradeceu os mineiros "por tirarem Pimentel e Dilma". O governador do Estado, Fernando Pimentel, não foi para o segundo turno e a ex-presidente cassada ficou em quarto lugar na disputa ao Senado.

Deputado federal com maior número de votos em Minas Gerais, Marcelo Álvaro Antônio convocou os apoiadores do presidenciável para fazerem votação recorde neste segundo turno. "Dia 28 vamos tirar o PT e ganhar essa eleição com a maior votação da história de um presidente do Brasil", disse.

Entre os manifestantes, muitas faixas pedindo voto por cédulas de papel e criticando o uso das urnas eletrônicas foram vistos. Os participantes também disseram ser "caixa-dois do Bolsonaro" e alguns foram fantasiados com caixas, em referência ao pedido de impugnação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra Bolsonaro levado adiante pelo adversário, Fernando Haddad, do PT.

Os dois candidatos ao governo de Minas Gerais que disputam o segundo turno das eleições 2018, Antonio Anastasia (PSDB) e Romeu Zema (Novo), investiram para conquistar o apoio do eleitorado evangélico em Belo Horizonte, nesta segunda-feira, 15. Ambos se encontraram com lideranças e fiéis da Igreja Batista Getsêmani, uma das maiores congregações evangélicas da capital mineira.

Anastasia, que não havia divulgado previamente que cumpriria agenda com os religiosos, defendeu a normalização dos repasses para prefeituras mineiras, melhorias na saúde e em infraestrutura no Estado. O tucano disse também que pretende colocar os salários dos professores em dia, antes de pensar em reajustes.

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"A igreja evangélica é muito expressiva, tem muitos valores sociais e nos ajudou em muitas parcerias", disse Anastasia, lembrado do apoio das entidades religiosas cristãs em programas de recuperação de usuários de drogas, enquanto ele esteve à frente do Palácio da Liberdade, entre 2010 e 2014. O senador eleito por Minas Gerais Carlos Viana (PHS), que foi apoiado pelo tucano, o acompanhou no evento.

Zema se disse favorável à "família tradicional" e contrário ao "ensino de ideologias" nas salas de aula. "Escola é para ensinar matemática e português, não para criar confusão na cabeça das crianças", disse. O candidato do Novo ainda se declarou favorável à isenção fiscal de igrejas e ao retorno da disciplina de educação moral e cívica nas escolas.

"Estou conversando com todo tipo de entidade, não me nego a falar com nenhuma classe. Da diversidade surge o enriquecimento e é extremamente bom para a democracia", disse o candidato Zema, que voltou a manifestar apoio ao candidato à Presidência pelo PSL nas eleições 2018, Jair Bolsonaro, e declarou estar sendo "atacado" neste segundo turno, por falas "distorcidas" pela imprensa.

O pastor-presidente da Igreja Batista Getsêmani, Jorge Linhares, declarou voto em Bolsonaro e Anastasia. Entre as apresentações dos candidatos, o líder religioso fez diversas críticas ao PT e ao candidato à Presidência pelo partido, Fernando Haddad. "Os evangélicos precisam ser respeitados", disse Linhares, que dedicou orações tanto para Anastasia quanto por Zema.

O pastou pediu para que fiéis que votarão em Bolsonaro levantassem a mão. Em seguida, perguntou quem votaria no PT. "Está repreendido em nome de Jesus", disse ao ver uma mão levantada pelo partido de Haddad.

Representante de Bolsonaro

Um dos principais aliados de Bolsonaro, o senador Magno Malta (PR-ES), que não conseguiu se reeleger, representou o presidenciável. Além de minimizar a derrota nas eleições, Malta discursou defendendo pautas de Bolsonaro e fazendo diversos ataques contra Haddad e o PT, a quem o senador chamou de "demônio".

Malta afirmou que a eleição de Bolsonaro unirá o País. "Quebramos o preconceito que tínhamos contra os católicos, e eles e os espíritas quebraram o tabu que tinham contra a gente." No fim do discurso, o senador voltou a dizer que, se for eleito, o presidenciável do PSL transferirá a Embaixada Brasileira em Israel de Tel-Aviv para Jerusalém.

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