Tópicos | Aécio

No julgamento dos primeiros manifestantes dos atos antidemocráticos do 8 de janeiro, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes citou palavrões que foram ditos por Aécio Lúcio Costa Pereira no dia da invasão às sedes dos Três Poderes. "Quem não acreditou, também estou aqui pra vocês, p...", leu o magistrado.

O Supremo deu início, nesta quarta-feira, 13, às sessões de julgamentos das primeiras ações penais contra os manifestantes golpistas, que invadiram e depredaram as sedes do Executivo, do Judiciário e do Legislativo em Brasília.

##RECOMENDA##

Aécio Pereira, um dos réus que está em julgamento, gravou um vídeo ao lado da cadeira do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mandando um recado aos seus colegas de trabalho.

Moraes leu a transcrição do vídeo com as palavras do extremista. "Quem não acreditou, também estou aqui pra vocês, p... Olha onde eu tô, na mesa do presidente. Dilsão, Vilsão, Rony, tamo aqui, p... Marcelão, tamo aqui c... Vai dar certo, não desistam. Saiam às ruas e parem as avenidas."

Em seguida, o ministro se virou para a presidente do STF, Rosa Weber, e questionou: "Isso é um passeio pacífico, presidente?". Moraes, que é relator das ações penais contra os manifestantes golpistas, votou pena condenação de Pereira.

O ministro defendeu que o cientista da computação seja condenado a uma pena de 17 anos. Como mostrou o Estadão, a ideia é que a pena comece a ser cumprida em regime fechado e, nos últimos seis meses, Pereira vá para o regime aberto. Isso não exclui a possibilidade de ele receber o benefício da progressão de regime.

A pena é resultado das condenações máximas previstas na lei para os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada.

O ex-presidenciável e deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou neste domingo, 27, ao Estadão, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deveria reparar o Brasil dos prejuízos causados durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). A declaração foi uma resposta à afirmação de Lula sobre ser necessário discutir como "reparar" a sua correligionária, que sofreu impeachment em 2016. O debate voltou à tona após o arquivamento da ação de improbidade pelas "pedaladas fiscais" no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1). Em 2014, Dilma e Aécio foram adversários diretos nas eleições presidenciais, que resultaram na vitória, nos dois turnos, da petista.

"Lula agora fala em reparar a ex-presidente Dilma pelo suposto 'golpe' do impeachment, ignorando decisões do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele deveria canalizar sua energia para reparar o Brasil dos prejuízos que sua pupila causou ao País e aos brasileiros", disse.

##RECOMENDA##

No governo Dilma o Brasil lidou com uma grave crise econômica. Ao assumir o primeiro mandato, Dilma recebeu a taxa de desemprego em 5,30%, segundo o critério (PME/IBGE) e, ao ser afastada, em maio de 2016, a taxa estava 8,20%. A inflação foi de 5,90% a 9,28% no mesmo período de tempo. O PIB mudou de um crescimento de 7,53% ao ano para uma retração de 3,90% anual.

Dilma deixou o governo em 2016 após sofrer um impeachment. A justificativa do processo defendia que a petista infringiu a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) ao editar decretos para abertura de crédito suplementar sem autorização do Congresso Nacional e atrasar, de maneira proposital, o repasse de dinheiro da União para bancos com o objetivo de melhorar artificialmente as contas. A manobra, batizada de "pedaladas fiscais", foi revelada pelo Estadão.

A declaração de Aécio foi feita no momento em que o PSDB tenta reerguê-lo como liderança política. Na última quinta-feira, 24, o deputado foi ovacionado durante evento "Diálogos Tucanos", promovido para discutir a renovação do partido. Tietado por filiados, Aécio apareceu de visual novo, com barba; subiu ao palco a convite do presidente do PSDB, o governador gaúcho Eduardo Leite, e mostrou confiança de que a legenda voltará a ter protagonismo nacional.

Para Aécio, a narrativa defendida por Lula sobre a ilegalidade do impeachment de Dilma impede o desenvolvimento político do País. "O presidente Lula impede o Brasil de superar o antagonismo raivoso que se instalou na cena política nacional ao insistir em manter o País acorrentado a falsas narrativas do passado", disse. Desde que assumiu o terceiro mandato, o petista tem afirmado em seus discursos que o impedimento de sua correligionária foi um "golpe".

Essa narrativa foi fomentada por Lula na última semana após o Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região em Brasília manter, por unanimidade, o arquivamento da ação de improbidade contra a ex-presidente Dilma. Durante discurso no Fórum Econômico Brasil-Angola na capital de Luanda, o petista defendeu que a colega de sigla "foi cassada de forma leviana" e que o País lhe devia desculpas.

Para Aécio, Lula e o Partido dos Trabalhadores "não fazem bem ao País ao disseminar a fake news" de que a ex-presidente foi absolvida dos crimes de responsabilidade. "O TRF-1 sequer discutiu o mérito da ação. Na verdade, apenas aplicou uma previsão constitucional de que ninguém pode ser condenado duas vezes pelo mesmo crime. Dilma já foi condenada anteriormente pela Lei do Impeachment, inclusive com a perda da Presidência da República, e não poderia, portanto, ser novamente condenada pelos mesmos crimes da Lei de Improbidade", disse. "É lamentável quando o próprio presidente da República e seu partido, que deveriam dar o exemplo, se colocam contra esse esforço nacional em nome de seus objetivos políticos."

A decisão do TRF-1 foi divulgada após o colegiado da 10ª Turma se reunir para julgar uma apelação do Ministério Público Federal (MPF). Como mostrou o Estadão, o Tribunal decidiu que Dilma e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega não poderiam responder nos termos Lei de Improbidade Administrativa porque já foram responsabilizados por meio da Lei que define os crimes de responsabilidade. Isso ocorre por, em 2018, o Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu que o Presidente da República não deveria estar à mercê do sistema de dupla responsabilização.

Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que o arquivamento da decisão não inocenta Dilma, visto que o mérito da ação não foi analisado; o que houve foi uma análise foi de caráter formal e processual em resposta à decisão do STF em 2018. Eles ainda afirmam que não existe correlação entre a decisão de arquivar a ação no TRF-1 e o processo que levou ao afastamento da ex-presidente, já que cada um dos acontecimento se refere a leis diferentes: a ação no Tribunal enquadra Dilma na Lei de Improbidade Administrativa; enquanto, no passado, ela já havia sido responsabilizada pela Lei do Impeachment.

Aécio defende ainda que, ao repetir sistematicamente a narrativa de "golpe", tanto Lula quanto o Partido dos Trabalhadores tentam se valer da máxima da propaganda de Adolf Hitler: "Tentam, mais uma vez, fazer valer a máxima de Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler, que insistia em que 'uma mentira repetida mil vezes vira verdade'. Como sociedade, temos o dever de reagir a isso, em respeito à nossa História e a diversas gerações de brasileiros vítimas dos descalabros daquele governo", disse.

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu rejeitar denúncia contra o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) por corrupção e lavagem de dinheiro quando foi governador de Minas Gerais e senador. O julgamento foi unânime.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou o tucano de receber R$ 65 milhões em propinas da Odebrecht e da Andrade Gutierrez para defender interesses das empreiteiras no chamado Projeto Madeira - que tratava das licitações das Usinas Hidroelétricas de Santo Antônio e Jirau.

##RECOMENDA##

O julgamento terminou nesta sexta-feira (25), no plenário virtual. Nessa modalidade, os ministros registram os votos no sistema online e não há debate ou reunião do colegiado.

O ministro Edson Fachin, relator do processo, classificou a denúncia como "genérica" e disse que a PGR não conseguiu provar quais teriam sido os "desentraves burocráticos" operados por Aécio Neves em favor das empreteiras.

Fachin considerou ainda que, sem provas das acusações de corrupção, as denúncias de lavagem de dinheiro não poderiam ser processadas.

Os advogados Alberto Zacharias Toron e Luiza Oliver, que patrocinam a defesa de Aécio Neves, alegaram insuficiência de descrição dos fatos imputados e "ausência de justa causa" para a ação penal.

Além do deputado, a denúncia também atingia outras quatro pessoas - o ex-diretor de Furnas Dimas Fabiano Toledo, o empresário Alexandre Accioly Rocha, o executivo Marcelo Odebrecht e o ex-gerente de Recursos Humanos da Odebrecht Ênio Augusto Pereira Silva.

A PGR afirma que a Odebrecht teria pago R$ 30 milhões ao tucano, entre 2009 e 2010, em troca do "poder de influência", em especial para agilizar a emissão da licença para instalação da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio.

A denúncia também acusa suposto pagamento de R$ 35 milhões, pela Andrade Gutierrez, ligados a projetos de exploração do potencial energético do Rio Madeira. A empreiteira teria fechado contrato de investimento fictício com uma empresa que tem como sócio um "amigo pessoal" de Aécio.

Ao analisar o caso, Fachin entendeu que a narrativa da denúncia "não aponta, dentre as atribuições do cargo de Governador de Estado, quais seriam os atos passíveis de negociação no interesse das sociedades empresárias consorciadas, em especial no contexto dos procedimentos licitatórios das Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau".

O ministro destacou que a ação penal só pode ser processada "quando narrada, ainda que de forma sumária, a mercancia espúria de atribuições inerentes ao cargo público ocupado pelo agente denunciado".

"No âmbito da Operação Lava Jato, a forma mais recorrente de mercancia ilícita de funções públicas atribuídas a parlamentares federais verificou-se na indicação e manutenção de agentes públicos para cargos de direção órgãos públicos, empresas públicas e sociedades de economia mista, em especial na Petrobras S.A., bem como na omissão em relação ao dever de fiscalização dos atos de interesse público", explicou o ministro.

Além disso, Fachin ponderou que a própria PGR reviu seu posicionamento e passou a defender a rejeição da denúncia. Em agosto, a vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo se declarou suspeita para atuar no caso. O procurador-geral da República Augusto Aras defendeu então que o tribunal acolhesse as alegações das defesas e rejeitasse a acusação por ausência de justa causa.

Além de Fachin, apenas o ministro Kassio Nunes Marques apresentou voto escrito. Ele defendeu a ausência de justa causa para o recebimento da denúncia.

"As declarações prestadas por agentes colaboradores, desacompanhadas de razoáveis elementos de corroboração, não possuem, portanto, aptidão para fundamentar o recebimento da denúncia", escreveu.

Desafeto do ex-governador João Doria, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) disse que o PSDB não deve fechar "aliança automática" com a senadora Simone Tebet (MS) para a eleição presidencial. Aécio já reclamou mais de uma vez que o MDB foi "sócio dos equívocos do PT". Nos bastidores, tucanos avaliam que a estratégia tem como objetivo abrir caminho para o apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nesta quarta-feira, 18, os presidentes do PSDB, Bruno Araújo; do MDB, Baleia Rossi, e do Cidadania, Roberto Freire, decidiram indicar Simone como candidata da terceira via à sucessão de Bolsonaro. A escolha ainda terá de passar pelo crivo das Executivas nacionais dos três partidos, na próxima terça-feira, 24.

##RECOMENDA##

Ex-presidente do PSDB, Aécio diz, porém, que os tucanos devem apresentar candidatura própria à Presidência para ser alternativa a Lula e Bolsonaro, desde que não seja a de Doria. Um importante integrante do diretório nacional do PSDB, que preferiu não ser identificado, avalia que a tentativa do mineiro de barrar uma aliança com o MDB é "uma evidente ajuda a Bolsonaro" e que, ao impedir a união dos dois partidos, "algum tipo de serviço está sendo prestado" à reeleição do atual presidente.

Ao mesmo tempo, a bancada de deputados tucanos e alguns pré-candidatos a governos estaduais têm procurado se aproximar de Bolsonaro. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, o pré-candidato a governador Eduardo Riedel já declarou apoio ao presidente. Na Paraíba, o deputado Pedro Cunha Lima, que também quer ser governador, chegou a participar de ato com Bolsonaro no Estado. Justificou depois sua presença em uma inauguração de obra, ao lado do presidente, como "algo institucional".

O PSDB é rival do MDB nos dois Estados. Riedel deve ter André Puccinelli (MDB) como adversário e Cunha Lima vai enfrentar na eleição o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), apoiador declarado do ex-presidente Luiz Inácio do Lula da Silva (PT).

Os dois partidos também são adversários em outros Estados, como em Pernambuco, onde o MDB quer apoiar o pré-candidato de Lula ao governo, o deputado Danilo Cabral (PSB), enquanto o PSDB quer lançar Raquel Lyra.

Documentos enviados pelos próprios parlamentares ao Supremo Tribunal Federal (STF) mostram que 19 tucanos de uma bancada de 22 deputados indicaram recursos do orçamento secreto. A prática, revelada pelo Estadão, é usada pelo governo de Bolsonaro para ganhar apoio político no Congresso.

Na Câmara, o PSDB costuma votar alinhado com o governo. Segundo os ofícios enviados pelo Congresso, pelo menos R$ 483 milhões foram apadrinhados por tucanos em 2020 e 2021. O único integrante da bancada que disse não ter indicado as emendas foi o deputado Alexandre Frota (SP). Joice Hasselmann (SP) e Aécio não responderam ao STF.

No início de abril, durante a janela partidária, período em que deputados federais podem trocar de partido sem o risco de perder o mandato, dez deputados se desfiliaram do PSDB. Alguns deles viraram declaradamente bolsonaristas, como Domingos Sávio, que já foi aliado de Aécio e deixou de ser tucano para entrar no PL, partido do presidente.

O exemplo mais explícito de um atual filiado tucano que apoia Bolsonaro acontece no Mato Grosso do Sul, onde Eduardo Riedel, que tenta suceder o também tucano Reinaldo Azambuja no governo, já disse que "está fechado com Bolsonaro". O exemplo de Riedel foi levado para a reunião da Executiva do PSDB ontem, 17, com reclamações de que a pré-candidatura de Doria atrapalha ele. A deputada Tereza Cristina (Progressistas-MS), ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro, deve ser a candidata a senadora na chapa do tucano.

Ao falar do MDB, Aécio não economiza nas críticas à parceria que o partido já teve com o PT. "Na nova matriz econômica, que levou o Brasil a três anos consecutivos de recessão, na ocupação desenfreada do Estado por um grupo político, na equivocada política externa que fez o Brasil ser conduzido por um arcaico bolivarianismo, representado por Hugo Chávez e Maduro, em todos esses equívocos, o MDB esteve lá", declarou.

Apesar disso, o PT atraiu uma parcela da velha guarda tucana. O ex-senador Aloysio Nunes, que foi vice de Aécio na eleição presidencial de 2014, já declarou voto em Lula. O próprio ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também já disse que votaria em Lula caso aconteça um segundo turno entre o petista e Bolsonaro.

Para evitar uma aliança com o MDB, o principal argumento citado pelo mineiro é que a senadora Simone Tebet (MDB-MS), pré-candidata presidencial, pode ser rifada pela própria legenda na convenção partidária. Aécio tem reclamado, em conversas reservadas, que não quer ficar a reboque do que vão decidir caciques do outro partido, como o senador Renan Calheiros e o ex-presidente José Sarney, que apoiam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Uma ala do PSDB ainda tenta fazer com que o senador Tasso Jereissati (CE) ou o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite possam ser candidatos do partido.

De acordo com a avaliação de um membro da Executiva, que até pouco tempo apoiava Doria, existem três tipos de candidatos a presidente para os candidatos a governador: o que atrapalha, o que ajuda e o que não ajuda e nem atrapalha. A avaliação geral é que Doria, pela rejeição que acumulou, atrapalha. A ideia é buscar um outro tucano que seja neutro e não dificulte os acertos regionais da legenda.

A vitória de João Doria nas prévias do PSDB para disputar a Presidência da República em 2022 lançou ainda mais pressão política e dúvidas sobre os próximos passos de dois ex-presidenciáveis do partido, Aécio Neves e Geraldo Alckmin. Rivais de Doria, ambos se opuseram à ascensão do governador de São Paulo e, derrotados internamente, se veem agora com pouco espaço de poder, às voltas com especulações de que deixarão o partido.

No tucanato, as alas aecista e alckmista trabalharam majoritariamente pelo triunfo de Eduardo Leite, governador gaúcho suplantado por Doria nas prévias. Aécio e seus aliados rejeitam a debandada, apesar do ambiente hostil e das cobranças por expurgo. Mas Alckmin pode ter sua decisão precipitada.

##RECOMENDA##

Aliados dizem que não há mais condições de ele permanecer na legenda. Ele já conversava com partidos de centro-direita, como o PSD, e até de esquerda, como o PSB, sendo considerado peça-chave no xadrez eleitoral das disputas pelo Palácio do Planalto e pelo Palácio dos Bandeirantes.

O PSDB concluiu suas prévias inéditas com mágoas não cicatrizadas e desentendimentos explícitos. Um cenário de "união" pregado pela direção nacional é visto como distante para integrantes da velha guarda do PSDB. Durante os últimos meses, a troca de farpas mais dura foi protagonizada por Doria e Aécio - identificado pelo entorno do governador como incentivador da rebeldia da bancada bolsonarista no PSDB da Câmara.

Doria já defendeu publicamente a expulsão do mineiro por causa das suspeitas de corrupção no caso JBS. Aécio reagiu. Ele acusou o rival de liderar um projeto pessoal e disse que o PSDB correria risco de se tornar um "partido nanico" com a candidatura do governador de São Paulo à Presidência.

Influenciado por Aécio, o diretório de Minas Gerais apoiou Leite, que se vencesse poderia ter fortalecido o poder atualmente exercido por Aécio de forma discreta na sigla. Com o cenário oposto, sua influência no partido pode se ver fragilizada. Mesmo diante desse quadro, o mineiro nega a possibilidade de deixar o PSDB.

A posição foi reafirmada neste domingo (28), por um de seus aliados, o presidente da sigla em Minas e deputado federal, Paulo Abi-Ackel (MG). Ao Estadão/Broadcast Político, Abi-Ackel afirmou que "nenhum de nós" pensa em sair do PSDB. "E sei que posso falar pelo ex-governador Aécio Neves. Não cogitamos deixar o PSDB, até porque fomos nós que o construímos ao longo dos últimos 30 anos", afirmou o deputado.

Embora ninguém cogite hoje que Aécio atue na campanha de Doria, seus aliados calculam que o agora pré-candidato do PSDB precisará do apoio de Minas para pacificar o partido e evitar defecções na rota das eleições. Abi-Ackel também reforçou o desafio que Doria terá nos próximos meses para demonstrar ter "condições de liderar uma candidatura viável na terceira via" nos próximos meses. "A bola está com ele", disse o deputado, para quem a ala de apoio a Eduardo Leite "de certa forma" se sente vitoriosa com os 45% de votos conquistados pelo gaúcho nas prévias.

Um dos temores correntes entre aliados de Doria é que seus inimigos na legenda trabalhem para que o PSDB desista de ter candidato próprio a presidente. Questionado se o êxito de Doria na eleição interna concretizaria a candidatura própria, Abi-Ackel indicou que ainda há muitas discussões internas ao longo da fase pré-eleitoral e destacou o protagonismo da seção de Minas Gerais.

"Vamos imaginar que Doria seja capaz de unificar o partido e tornar-se viável. Para isso, Minas será fundamental, porque provamos ter força, unidade e entusiasmo com o partido. Demos para Eduardo quase 100% dos votos de filiados, militantes, prefeitos e vices, vereadores, deputados. Foi uma bela demonstração de força", disse.

Já para o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, a definição de Doria como pré-candidato deve selar seu destino fora do PSDB. Alckmin guarda o desejo de concorrer mais uma vez ao Palácio dos Bandeirantes no próximo ano, a contragosto de Doria. O atual governador apoia os planos eleitorais do vice-governador Rodrigo Garcia, egresso do DEM, e queria forçar uma disputa de primárias locais, o que Alckmin rejeita. Alckmin foi padrinho político de Doria, mas sofreu o que considera um processo de "traição" ao ver Doria tentar disputar o Planalto ainda em 2018, furando a fila tucana, e depois apoiando Bolsonaro na mesma campanha, quando Alckmin naufragou.

Aliados apostam que não existem mais chances de Alckmin permanecer no partido e que ele deve seguir para outro para viabilizar sua candidatura ao governo de São Paulo. Alckmin, que encabeça a corrida eleitoral em São Paulo de acordo com pesquisas eleitorais, já flerta com alguns, como o PSD, de Gilberto Kassab.

O União Brasil, fusão do DEM com o PSL, também entrou na disputa para abrigar o ex-governador. Recentemente, ele passou a ser cortejado para uma aliança com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. Seria filiado ao PSB e disputaria como candidato a vice-presidente. Apesar de já ter declarado que se sente "honrado" com o aceno petista e até elogiado Lula, algo que provoca ruídos no tucanato, a composição é considerada improvável por alckmistas.

Doria tem sido cauteloso ao falar sobre ambos. Ele tem elogiado a trajetória política do ex-governador e neste domingo citou as incertezas sobre a permanência do tucano na legenda. "Resta saber qual seu destino. Se for ficar no PSDB, será muito bem-vindo e será respeitado nos seus objetivos, obviamente, na dimensão que possui como homem público", disse em entrevista na CNN. Sobre Aécio, o governador de São Paulo se esquivou de comentários. A reportagem tentou contato com Aécio, mas não obteve resposta até a publicação deste texto. Alckmin também não retornou.

O deputado federal Aécio Neves (MG) descartou qualquer possibilidade de sair do PSDB, caso o governador de São Paulo, João Doria, seu inimigo político, seja escolhido pré-candidato à Presidência nas prévias do partido, marcadas para amanhã. "Essa hipótese é ridícula. Simplesmente não existe", disse Aécio, que é um dos principais articuladores da candidatura do governador gaúcho, Eduardo Leite, numa referência a rumores sobre o assunto.

A disputa interna está bastante acirrada. Doria e Leite disputam voto a voto o apoio dos tucanos. O ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio (AM) também participa das prévias, mas tem poucas chances.

##RECOMENDA##

O processo de escolha do pré-candidato do PSDB expôs a divisão no partido. Doria e Leite trocaram acusações durante a campanha e houve denúncias de que o aplicativo de votação a ser usado para a votação permite fraudes.

Além de Aécio, o gaúcho também tem o apoio de outro nome experiente da legenda, o senador Tasso Jereissati (CE). Doria, por sua vez, recebeu o aval do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra do partido, e do senador licenciado José Serra (SP).

Ex-governador de Minas e ex-presidente do PSDB, Aécio vem travando embates com Doria nos últimos anos. Esses embates têm refletido em disputas internas do partido na Câmara dos Deputados. O governador já tentou expulsar o mineiro por causa das suspeitas de corrupção no caso JBS, mas o partido arquivou o caso.

AMANHÃ. O resultado das prévias mostrará para qual lado vai pender o PSDB no ano eleitoral. Se Doria vencer, deverá se fortalecer para influir na escolha do próximo presidente do partido e do novo líder da bancada tucana na Câmara. O líder do partido, hoje, é o deputado Rodrigo de Castro (MG), aliado de Aécio. Se Leite for o escolhido, o poder do paulista se reduz e Aécio volta a ganhar espaço no partido.

Candidato derrotado do PSDB na eleição presidencial de 2014, o ex-governador de Minas disse que as prévias são "uma boa experiência", mas reiterou críticas a Doria. "O que não faz bem às prévias são tentativas de fraudar o colégio eleitoral, como aquela feita pelo diretório de São Paulo com a inclusão de 92 prefeitos e vices que não estavam aptos a votar", disse. Após a denúncia, a Executiva Nacional do PSDB suspendeu a participação dos novos filiados nas prévias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo, reagiu às críticas feitas pelo deputado Aécio Neves (MG) à disposição do governador João Doria de sair candidato à Presidência.

Para Alfredo, Aécio fez uma "aliança explícita" com o Centrão e "conchavos" com o Planalto e, por isso, "envenena o DNA tucano". Aécio disse que a pré-candidatura de Doria pode levar o PSDB ao "isolamento absoluto".

##RECOMENDA##

O deputado federal Aécio Neves (PSDB) disse que não houve fraude nas eleições de 2014, quando disputou a presidência da República com Dilma Rousseff (PT), que foi reeleita.  O posicionamento do tucano acontece após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ter afirmado, em entrevista, que Aécio foi quem saiu vitorioso na disputa, mas que houve fraude. A afirmação do presidente não apresenta provas.

"Eu não acredito que tenha havido fraudes nas urnas em 2014. Tampouco acredito que nós estejamos fadados a viver eternamente com as urnas eletrônicas de primeira geração", disse o deputado ao UOL.

##RECOMENDA##

A conta oficial do PSDB no Twitter também se colocou contra a afirmação de que houve fraude em 2014.  "O jogo de Bolsonaro é claro. No risco de perder as próximas eleições, alega fraude - sem evidências, sem apresentar provas. Flerta com um extremo minoritário. O PSDB considera as eleições de 2014 limpas e confia nas urnas eletrônicas. Estará sempre na defesa da democracia", pontuou. 

Nesta quarta-feira (7), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a colocar em xeque a confiabilidade das urnas eletrônicas. Desta vez, ele afirmou que houve fraude nas eleições de 2014 e que Aécio Neves (PSDB) foi eleito naquele ano, e não Dilma Rousseff (PT). 

A declaração de Bolsonaro foi dada em entrevista à 'Rádio Guaíba', de Porto Alegre. "Nosso levantamento, feito por gente que entende do assunto, garante que sim. Não sou técnico de informática, mas foi comprovada fraude em 2014", disse.

##RECOMENDA##

Além disso, o presidente afirmou que o parlamento brasileiro "negociou com lideranças partidárias para que o voto impresso não fosse votado". "Para quê? Para fraude. O Brasil é o país que desponta no tocante da informatização. Por que o Japão não adota o voto eletrônico? Por que os Estados Unidos não fazem o mesmo?", indagou.

Jair Bolsonaro ainda criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal(STF) Luís Roberto Barroso, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para o chefe do Executivo, Barroso é quem não quer transparência nas eleições e teria interesses pessoais por trás disso.

Na última segunda-feira (5), o ministro afirmou, durante debate temático no Senado, que as urnas eletrônicas são seguras, além de se colocar contra a aprovação da volta do voto impresso. 

Determinado a disputar a Presidência da República em 2022, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), passou a pressionar o partido a adotar uma postura mais contundente de oposição ao presidente Jair Bolsonaro. Ele também voltou a defender publicamente o afastamento do deputado Aécio Neves (PSDB-MG) da legenda.

O chefe do Executivo paulista tratou do tema em uma reunião anteontem no Palácio dos Bandeirantes com a presença de líderes do PSDB. Estavam presentes o prefeito Bruno Covas, o líder do partido na Câmara, Rodrigo de Castro (MG), o ex-senador Aloysio Nunes, o ex-ministro Antonio Imbassahy (BA) e o presidente do PSDB-SP, Marco Vinholi.

##RECOMENDA##

A pauta da reunião foi a posição do PSDB na eleição da presidência da Câmara, quando o partido liberou a bancada e parte dos deputados votou em Arthur Lira (PP-AL), nome que foi apoiado por Bolsonaro. Durante o encontro em São Paulo, o posicionamento da sigla foi creditado por parte dos participantes a uma articulação de Aécio.

Apesar do tom contundente contra o deputado mineiro, Doria optou por não pressionar a executiva tucana pela expulsão. Em 2019, a Executiva Nacional do PSDB arquivou dois pedidos contra Aécio. Em uma reunião em Brasília, a representação que pedia a expulsão foi arquivada por 30 votos a 4, o que significou uma derrota política para o governador paulista. "Eu defendo o afastamento de Aécio, mas essa não é uma questão central neste momento. Todos concordam que o PSDB precisa fazer oposição a Bolsonaro", disse Doria ao Estadão.

Em nota, o deputado Aécio Neves, que também foi presidente nacional do PSDB, rebateu duramente as falas do governador. "É lamentável que o governador de São Paulo demonstre tamanho desconhecimento em relação à realidade do seu próprio partido. O PSDB tem uma longa tradição democrática, construída muito antes de sua chegada ao partido, e que não será sufocada por arroubos autoritários de quem quer que seja", afirmou. Para o deputado, Doria tentou se "apropriar do partido".

FHC

Lideranças do PSDB se reuniram ontem com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em São Paulo. No encontro, FHC concordou com a tese de que o partido precisa intensificar institucionalmente o discurso de oposição a Bolsonaro, mas evitou se posicionar sobre a situação de Aécio.

Após desistir de tentar a reeleição ao Senado por causa das denúncias que pesam contra ele (em 2017, citado nas investigações da Lava Jato, chegou a ser afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal, mas recuperou o posto por decisão do próprio Senado), Aécio se elegeu deputado federal em 2018.

Em dezembro do ano passado, ele foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro na construção da Cidade Administrativa, a sede do governo mineiro, que custou R$ 1,3 bilhão. O parlamentar negas as acusações.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Tribunal de Justiça de São Paulo negou, por maioria, recurso do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) para publicar direito de resposta a reportagem publicada pela revista Veja em 2017, intitulada 'A vez dele', sobre investigações da Lava Jato que atingiriam o tucano. O texto revelava que as apurações miravam supostos pagamentos de propinas da Odebrecht que teriam sido depositados na conta de Andreia Neves, irmã de Aécio, em Nova York.

A defesa de Aécio alegou nos autos que a reportagem teria se baseado na delação do ex-executivo da empreiteira Benedicto Junior - porém, após os anexos da confissão do executivo terem se tornado públicos, não foi mencionada nenhuma transação da Odebrecht à Andreia Neves. O pedido foi negado em primeira instância e subiu para o TJSP, que também negou o recurso do tucano.

##RECOMENDA##

Para o desembargador Rodolfo Pellizari, a reportagem não teria utilizado somente a delação de Benedicto Júnior, deixando claro que também foram consultadas outras três fontes sigilosas. "Além disso, em toda a matéria é ressalvado que o pagamento de propina ao apelante foi apenas mencionado na delação de Benedicto Júnior, fato que ainda demandaria apuração em investigação criminal, de modo que a assertiva em momento algum foi dada como certa", afirmou o magistrado.

Pellizari também destaca que a defesa de Aécio não questiona ou rebate o conteúdo das acusações, como o suposto pagamento de propina, mas sim quem teria dito tais acusações.

"Em outras palavras, não questiona o apelante o quê foi dito, mas sim quem teria afirmado um fato, afinal, não seria mentiroso", pontuou o desembargador. "E, não sendo o fato noticiado falso, pouco importa quem foi o autor da afirmação, circunstância que assume caráter secundário e até mesmo irrelevante no contexto da matéria jornalística, insuficiente a eivá-la de ilicitude".

O magistrado enfatizou ainda que Aécio teve oportunidade de se manifestar à reportagem antes da publicação, quando foi procurado pelos repórteres a se manifestar. À época, a assessoria do tucano tratou o caso como uma 'acusação falsa e absurda'.

"Tal circunstância revela o inegável compromisso ético da apelada com os fatos divulgados, dando oportunidade para que todos os envolvidos externassem suas versões", afirmou Pellizari. Ele foi seguido por três dos quatro desembargadores que participaram da sessão da 6ª Câmara de Direito Privado.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO ALEXANDRE FIDALGO, QUE DEFENDEU A EDITORA ABRIL NO PROCESSO

"A Justiça considerou que a imprensa cumpriu o papel de publicar aquilo que, a rigor, naquele momento, era verdadeiro. A defesa provou que a informação sobre as contas no exterior era verdadeira. O texto de resposta é que, se deferido, constituiria uma mentira", completa o especialista em direito de imprensa"

COM A PALAVRA, O ADVOGADO ALBERTO ZACHARIAS TORON, QUE DEFENDE AÉCIO NEVES

Nota da defesa do deputado Aécio Neves

Em 2017, a revista Veja publicou uma matéria falsa, de capa, na qual afirmava que Benedito Júnior, da Odebrecht, teria dito em delação que a empresa fez pagamentos irregulares para o deputado Aécio Neves numa conta movimentada pela irmã dele em Nova York.

Apesar da gravidade da afirmação, a revista não identificava o nome do banco, da agência e nem o número da conta. Tampouco trazia qualquer documento que confirmasse a afirmação feita.

No entanto, documento da PGR de 9 de agosto de 2019, anexo, informa que jamais existiu a delação nos termos em que mencionados pela Veja. Em outras palavras, Benedito Júnior nunca fez qualquer menção ao nome da irmã do senador em suas delações , confirmando a falsidade da reportagem.

A gravidade desse episódio é extrema.

Não se trata de mais uma mentira dita por um delator sob pressão. Nesse caso, a mentira nunca foi dita. A grave reportagem foi simplesmente inventada. Infelizmente, não se sabe por quem e nem com qual objetivo.

Uma das hipóteses é que alguém tenha fingido ser uma fonte, mentido para para a revista, usado a credibilidade do veículo e o levado a enganar seus leitores em nome de seus interesses políticos e pessoais.

Quem teria poder de levar a revista a publicar tal reportagem sem nenhum documento que a comprovasse?

Por que a revista, honrando a sua história de responsabilidade com a sociedade, não reconheceu o erro e informou aos seus leitores como e por quem foi enganada?

O direito ao sigilo de fonte é pilar essencial do regime democrático e precisa ser assegurado. Mas fontes revelam informações verdadeiras. Alguém que engana deliberadamente um veículo de comunicação e prejudica sua reputação por seus próprios interesses não merece se esconder atrás desse nome.

Enfim , nunca existiu a tal conta bancária, nunca existiram os depósitos mencionados. Nunca existiu a delação citada pela revista como fonte da matéria, como afirma a PGR e reconheceu o STF.

A Veja ofereceria um grande gesto de respeito aos seus leitores se, seguindo exemplo de veículos internacionais, revelasse os bastidores dessa falsa reportagem e por que foi levada a cometer tal erro.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, liberou o depoimento do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) no âmbito da investigação sobre superfaturamento na construção da Cidade Administrativa. Na mesma decisão, o ministro determinou à Vara de Inquéritos Policiais de Belo Horizonte que instaure procedimento para apurar "eventual extravio" de mídias relacionadas a delações que citam o tucano.

As mídias envolvem as delações do empreiteiro Marcelo Dias, da Santa Bárbara Engenharia, e José Ricardo Nogueira Breghirolli, apontado como chefe do departamento de propinas da OAS. A defesa de Aécio alegou ao Supremo no início do mês que não obteve cópia das mídias anexadas ao inquérito, cerceando seu direito de defesa. Moraes concedeu acesso no dia 5 de agosto à defesa de Aécio, reforçando a ordem no último 10, ocasião em que suspendeu o depoimento do tucano.

##RECOMENDA##

Mesmo assim, a defesa alegou ao ministro que não conseguiu ter acesso aos documentos. Nos autos, a Polícia Federal em Belo Horizonte relatou a Moraes que as mídias solicitadas pela defesa "não se encontram nesta Polícia Judiciária ou não existem". O mesmo foi dito pela Vara de Inquéritos Policiais da Comarca de Belo Horizonte e pela Procuradoria-Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais.

"Ocorre, portanto, uso de expediente com o propósito de atrasar o encerramento da apuração, ao passo que o Reclamante (Aécio) insiste na obtenção de documentos que não estão em poder da autoridade policial ou sequer existem", afirmou a Procuradoria-Geral mineira.

Moraes pontuou que é inconteste que tanto a defesa quanto o Ministério Público tiveram acesso aos autos do inquérito policial e que a ausência das mídias citadas pela defesa de Aécio "não tem condão de paralisar" as investigações.

"Como ainda não se tem notícia da localização das mencionadas mídias bem como das documentações faltantes, posteriormente, se e quando forem aos autos do inquérito, será garantido eventual acesso ao Ministério Público e à própria defesa", apontou o ministro. "E sendo assim, uma vez que a defesa teve acesso a todos os documentos efetivamente existentes nos autos do inquérito policial acima, não há mais razão para se manter a suspensão do depoimento do reclamante, que fica liberado".

Cidade Administrativa

A construção da sede do executivo mineiro é base de investigações contra Aécio Neves, especificamente no período em que atuou como governador de Minas Gerais. Em maio, o tucano e outras onze pessoas foram indiciadas em maio pela Polícia Federal por corrupção, desvio de recursos públicos e falsidade ideológica esquema de superfaturamento nas obras entre 2007 e 2010.

Os investigadores também apontaram indícios de desvio de R$ 232 milhões em recursos públicos por meio de contratações fictícias, cujos serviços não foram prestado. Somado à fraude na licitação, o prejuízo aos cofres do governo mineiro chegam a R$ 747 milhões em valores atualizados.

Em maio, a defesa do tucano afirmou que o indiciamento era "absurdo". "A obra foi acompanhada por auditoria independente e seu edital apresentado ao TCE e ao Ministério Público que não apontaram qualquer irregularidade", afirmaram os advogados de Aécio.

Com a palavra, o criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende Aécio

"O pedido para ser ouvido no inquérito partiu do próprio deputado Aécio Neves, interessado em prestar todos os esclarecimentos sobre o tema.

A defesa se limitou a requerer que fosse assegurado ao parlamentar o mesmo direito garantido a todo cidadão de ter conhecimento das acusações que lhe são feitas antes de prestar esses esclarecimentos.

A decisão do Ministro Alexandre de Moraes confirma a informação dada pela Defesa de que estão faltando documentos importantes no inquérito. A defesa espera que tais documentos sejam localizados e posteriormente anexados ao inquérito. O parlamentar permanece à disposição dos responsáveis pelo Inquérito para ser ouvido.

Alberto Zacharias Toron

Advogado"

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu o depoimento do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) no âmbito de inquérito sobre superfaturamento na construção da Cidade Administrativa, sede do governo estadual mineiro, até que o parlamentar tenha acesso integral às delações premiadas que constam nos autos relacionados à investigação. A decisão foi dada na segunda-feira (10), sendo que a oitiva de Aécio estava prevista para esta quarta (12).

A suspensão foi determinada após pedido da defesa de Aécio, que enviou petição ao Supremo contra decisão do Juízo da Vara de Inquéritos Policiais de Belo Horizonte, que manteve o interrogatório de Aécio para esta quarta. A oitiva já havia sido redesignada, pois estava prevista para o dia 6.

##RECOMENDA##

Os advogados alegaram no entanto que até o dia 7 não tinham obtido acesso às delações premiadas da OAS e da Santa Bárbara Engenharia, que constam em processos ligados à investigação sobre a construção da Cidade Administrativa. Desta maneira, pediram a suspensão da oitiva de Aécio de maneira a garantir 'tempo hábil suficiente para a análise da defesa'.

O acesso integral aos relatos de delatores sobre o caso foi garantido por Alexandre em decisão proferida no último dia 5. Moraes atendeu a pedido da defesa, que alegava que não teve acesso aos depoimentos que incriminaram Aécio perante o Juízo da Vara de Inquéritos Policiais de Belo Horizonte, mas restringiu documentos e provas relacionadas às diligências ainda em andamento na investigação.

Ao analisar a nova petição dos advogados do tucano, Alexandre entendeu que foram juntados aos autos 'documentos inequívocos de descumprimento' da decisão que proferiu na última semana.

"Suspendo o depoimento do reclamante, para data posterior ao acesso integral das declarações prestadas pelos colaboradores que incriminam o reclamante, já documentadas, bem como aos documentos todos e que não se refiram a diligências em andamento, que possam ser prejudicadas, existentes nos autos dos REs n.s 007/2019 e 028/2019, respectivamente vinculados ao Inquérito Policial n. 0605503-14.2018.8.13.0024, todos em trâmite na Vara de Inquéritos Policiais da Comarca de Belo Horizonte, do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, em prazo razoável para a análise da defesa, sob pena de configuração das responsabilidades administrativa e criminal por parte da autoridade que vier a descumprir a presente decisão", escreveu o ministro.

Aécio e outras onze pessoas foram indiciadas em maio pela Polícia Federal por corrupção, desvio de recursos públicos e falsidade ideológica em suposto esquema de superfaturamento na construção da Cidade Administrativa de Minas Gerais entre 2007 e 2010.

O investigadores também apontaram indícios de desvio de R$ 232 milhões em recursos públicos por meio de contratações fictícias, cujos serviços não foram prestado. Somado à fraude na licitação, o prejuízo aos cofres do governo mineiro chegam a R$ 747 milhões em valores atualizados.

Em maio, a defesa do tucano afirmou que o indiciamento era 'absurdo'. "A obra foi acompanhada por auditoria independente e seu edital apresentado ao TCE e ao Ministério Público que não apontaram qualquer irregularidade", afirmaram os advogados de Aécio.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu ao deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) acesso integral às delações premiadas da OAS e da Santa Bárbara Engenharia em processos ligados ao inquérito em que foi indiciado por corrupção e peculato. O tucano é investigado por superfaturamento na construção da Cidade Administrativa, sede do governo estadual mineiro, enquanto era governador do Estado.

A defesa de Aécio alegou ao ministro que não teve acesso aos depoimentos que o incriminaram perante o Juízo da Vara de Inquéritos Policiais de Belo Horizonte, medida que violou jurisprudência da Corte que prevê amplo acesso da defesa aos elementos de prova já documentos durante investigação.

##RECOMENDA##

Segundo os advogados do tucano, mesmo após a Justiça mineira permitir acesso aos autos, após a reclamação ser apresentada ao Supremo, o acesso ainda era parcial e não englobava à íntegra das documentações relacionadas às delações dos executivos Marcelo Dias e José Ricardo Nogueira Breghirolli.

Moraes concedeu acesso às delações, mas restringiu os documentos e provas relacionadas às diligências ainda em andamento na investigação.

Aécio e outras onze pessoas foram indiciadas em maio pela Polícia Federal por corrupção, desvio de recursos públicos e falsidade ideológica esquema de superfaturamento na construção da Cidade Administrativa de Minas Gerais entre 2007 e 2010.

O investigadores também apontaram indícios de desvio de R$ 232 milhões em recursos públicos por meio de contratações fictícias, cujos serviços não foram prestado. Somado à fraude na licitação, o prejuízo aos cofres do governo mineiro chegam a R$ 747 milhões em valores atualizados.

Em maio, a defesa do tucano afirmou que o indiciamento era "absurdo". "A obra foi acompanhada por auditoria independente e seu edital apresentado ao TCE e ao Ministério Público que não apontaram qualquer irregularidade", afirmaram os advogados de Aécio.

A campanha presidencial de Aécio Neves (PSDB-MG) está na mira da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). As investigações apuram se houve caixa dois no período, de recursos que somam R$ 1 milhão.

Segundo reportagem do jornal 'O Globo', o empresário Mino Mattos Mazzamati, que foi preso durante a Operação Paralelo 23, em que o também tucano José Serra foi alvo, confessou que recebeu pagamentos através de caixa dois para trabalhar na campanha de Aécio. Os repasses teriam sido executados por Elon Gomes de Almeida, ex-diretor do grupo Qualicorp. O fundador do Qualicorp, José Seripieri Filho, aliás, também foi preso, por ser acusado de ter repassado R$ 5 milhões para Serra.

##RECOMENDA##

Atualmente deputado federal, Aécio é réu por, supostamente, ter recebido propina do grupo J&F. Além disso, a Polícia Federal concluiu que ele recebeu R$ 65 milhões em propinas da Odebrecht e da Andrade Gutierrez.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), colocou na equipe de comunicação do Estado o marqueteiro Paulo Vasconcelos, publicitário que comandou a campanha à Presidência da República do hoje deputado federal Aécio Neves (PSDB) em 2014 e responsável, ao lado da irmã do parlamentar, Andrea Neves, pela estratégia de mídia dos governos do tucano. Ao menos por enquanto, a participação de Vasconcelos na área de comunicação de Zema é "episódica" e "voluntária", segundo o Estado.

O governo afirma, porém - ao mesmo tempo em que explica o motivo da ida do marqueteiro para a equipe -, haver a necessidade de contratação de consultoria na área de comunicação por causa da "crise e alongamento da pandemia".

##RECOMENDA##

Em nota, o Palácio Tiradentes diz que "ao longo das últimas semanas, Paulo Vasconcelos vem prestando um apoio episódico, voluntário e pessoal nas questões de comunicação. Não há qualquer contratação neste momento, relativa a esse apoio de consultoria".

Em seguida, o texto diz que "dado o aprofundamento da crise e alongamento da pandemia, o Estado avalia a contratação de um trabalho específico de consultoria de comunicação focada neste cenário". Se comparado a outros Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, Minas Gerais, ao menos segundo os dados oficiais, registra resultados satisfatórios na tentativa de evitar a propagação do novo coronavírus.

Na área econômica, no entanto, com a elevação de gastos na Saúde, a situação piora um quadro que antes da pandemia já era ruim. O déficit para 2021 foi estimado em R$ 17,3 bilhões. O cenário nas contas públicas fez soar o alerta no governo para a área da comunicação, sobretudo levando-se em consideração que Zema deverá tentar a reeleição em 2022.

O assunto, porém, é evitado externamente por integrantes da cúpula do governo Zema, sobretudo por envolver um ex-auxiliar de Aécio. O governador do Novo foi eleito em 2018 exatamente por ser colocar contrário a Aécio e seu grupo político - que comandou o estado entre 2003 e 2014 - e ao PT, que, com Fernando Pimentel, governou Minas entre 2015 e 2018.

De acordo com Vasconcelos, a estrutura que se pretende montar para a comunicação do governo é exatamente a que existiu nas gestões de Aécio em Minas. A organização da área, segundo ele, ocorre via núcleo que reúne representantes de empresas públicas, autarquias e secretarias de Estado. Todas as ações passam por esse núcleo, retirando a autonomia individual. Durante os governos de Aécio, o núcleo tinha Andrea Neves e Vasconcelos entre seus integrantes, o que perdurou nos dois governos do tucano. A atuação dos integrantes do núcleo, no grupo, não era remunerada, segundo o marqueteiro.

Contrato

Vasconcelos afirma que, no primeiro governo de Aécio, que foi de 2003 a 2006, manteve contrato com o governo na área de comunicação, via sua agência de publicidade, chamada Vitória. Agora, com um pé no governo do Novo, o marqueteiro afirma que voltará a atuar para o Executivo estadual. "Ainda não sabemos como a contratação ocorrerá, se pelo próprio governo, ou pelo Novo", afirmou, destacando que, por se tratar de consultoria, não é necessária licitação, caso a contratação venha a ocorrer pelo governo. Ele diz que, no governo, terá salário de R$ 7,5 mil, mesmo valor pago a chefes de assessorias de comunicação de secretarias do Estado. Vasconcelos chegou ao governo Zema pelas mãos do vice-governador, Paulo Brant, em março deste ano.

Ligado aos Neves, ao menos até 2014, Vasconcelos nega que sua ida para o governo Zema possa ter relação com um possível início de influência de Aécio e Andrea no Palácio Tiradentes. "Não tenho nenhum contato com os dois", afirmou.

Assim como o ex-governador de Minas e atual deputado federal, Vasconcelos é investigado pela Polícia Federal em inquéritos que apuram corrupção passiva, corrupção ativa e caixa dois por repasses de recursos envolvendo campanhas eleitorais tucanas de 2010 e 2014. O marqueteiro nega irregularidade. "Sempre estive à disposição da Justiça", diz. O deputado tucano também nega irregularidades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Procuradoria-Geral da República denunciou o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em esquema de propinas de R$ 65 milhões das construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez. Os crimes teriam ocorrido entre os anos de 2008 e 2011, período em que o parlamentar exerceu os cargos de governador de Minas Gerais e senador.

A denúncia toma como base a delação de Marcelo Odebrecht e investigações da Polícia Federal, que no mês passado concluíram que o tucano recebeu R$ 30 milhões do grupo Odebrecht e outros R$ 35 milhões da Andrade Gutierrez.

##RECOMENDA##

Os valores seriam, segundo a denúncia da PGR, "contrapartida pelo exercício de influência e negócios da área de energia desenvolvidos em parceria" com as construtoras, como os projetos do Rio Madeira, as Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, pela Cemig e Furnas.

Defesa

Em nota, a defesa de Aécio afirma que a notícia da denúncia causa "surpresa e indignação". "Não há e nunca houve qualquer crime por parte de Aécio Neves", afirma.

"Foi demonstrado exaustivamente que as conclusões alcançadas pelo delegado são mentirosas e desconectadas dos próprios relatos dos delatores e, o que é mais grave, das próprias investigações da PF", diz o texto assinado pelo advogado Alberto Zacharias Toron.

A nota prossegue afirmando que é "tamanho o absurdo do presente caso que os próprios relatos dos delatores desmentem-se entre si. Basta lê-los." A defesa do deputado critica o que chamou de "vazamento" do conteúdo do inquérito, que tramita em sigilo.

"Depois, mais uma vez a Defesa vê-se surpreendida com vazamentos sistemáticos de inquérito sigiloso, sendo certo que nem mesmo os advogados tiveram acesso à referida denúncia para rebatê-la." Toron afirma ainda confiar que o poder Judiciário chegará à conclusão de que não há crime cometido pelo deputado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em Londres para uma palestra sobre os 50 anos de seu livro "Dependência e Desenvolvimento na América Latina", o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu uma longa entrevista à BBC onde analisou o governo Jair Bolsonaro, o PSDB e Lula, entre outros temas. Entre críticas aos atuais ministros, defesa de Aécio e críticas à Lula, FHC falou sobre sua visão do atual momento do Brasil.

O ex-presidente atacou o que chamou de "setor ideológico" do governo Bolsonaro e fez duras críticas - sem citar nomes - aos ministros Abraham Weintraub e Ricardo Salles. "(Setor ideológico) acha que está defendendo a cristandade contra o comunismo, que é algo que não tem mais, onde que está? Eu não sei. Mas eles pensam que tem. E há muito tempo que não se vê um governo tão de uma família. A família tem peso. Então, não pode-se dizer que o governo está caminhando numa certa direção. Ele fala as coisas. Faz menos do que fala e o que fala assusta. Meio-ambiente, por exemplo. A retórica é de que não é um tema importante, e é. Na prática (em termos de medidas concretas) não mudou muita coisa, mas mudou. Porque quando o governo fala, o presidente fala, o ministro fala, as coisas começam a acontecer. A queimada aumentou, o desmatamento aumentou. Eu sei que é cíclico e há momentos com mais queimadas. Mas além de ser cíclico, você tem um ingrediente que é a desatenção aparente do governo para essas questões", disse FHC.

##RECOMENDA##

"Na área da educação, meu Deus, me preocupa porque você não vê rumo. E agora você vê um diálogo do ministro da Educação que é inaceitável. Mexe com a mãe não sei de quem. Coisas que não têm cabimento. Então, tem áreas bem retrógradas e outras são construtivas. Por incrível que pareça os militares são os mais moderados. E precisamos buscar algum tipo de moderação no Brasil. É contra nossa cultura, o nosso espírito não é de ruptura. E o governo é muito de rupturas. Fala palavras pesadas, acha inimigo onde não tem, tropeça sozinho", completou.

Fernando Henrique disse que não acredita que a Democracia esteja sob risco, mas alertou para os riscos de se alimentar posições reacionárias. "Vou citar Otávio Mangabeira. A democracia é uma planta tenra que você tem que regar todos os dias. Acho que há uma posição reacionária contra mulher, índio, negro. Eu não aceito isso. Sou contra. Temos que lutar contra isso e protestar claramente. Agora, não posso dizer que o governo tenha assumido essa posição. Tem setores que defendem essa posição e aí você tem que ser contra. O presidente agora mesmo está criando um partido novo e o símbolo são balas, um revólver 38. Isso não é uma coisa civilizatória. Não tem cabimento. Temos que ser contra. Mas nós podemos dizer que somos contra. Temos liberdade. A imprensa está livre. Eu vivi regime autoritário, vi gente torturada. É diferente. Não vamos misturar alhos com bugalhos", afirmou.

Aécio

Perguntado sobre a continuidade de Aécio Neves nos quadros do PSDB, FHC tentou se esquivar, mas disse que sairia do partido se fosse o deputado mineiro."Eu renunciaria sim. Eu renunciaria. Talvez pior do que qualquer fato tenha sido o tipo de conversa que o Aécio Neves teve. Aquilo foi negativo, é inegável. Na matéria de corrupção, o PSDB tem que ser contra, seja lá quem for. Mas não pode prejulgar", disse.

Lava Jato e Lula

Tido como aliado da Lava Jato - nas conversas vazadas entre procuradores e o ex-juiz Sérgio Moro - FHC sobre as críticas à força tarefa, mas defendeu os procuradores. "Há exageros na própria Lava Jato. Eu sempre defendi, porque é uma coisa inédita no Brasil colocar ricos e poderosos na cadeia. Eu não gosto de ver, porque alguns deles eu conheço, mas acho que é importante que tenha sido feito. Ela às vezes exagera e deve-se condenar o exagero", disparou.

Fernando Henrique negou qualquer envolvimento com os procuradores, admitiu que o julgamento pode ter sido parcial, mas acha que Lula deveria mesmo estar preso. "Eu mal conheço os juízes e procuradores da Lava Jato. É possível que eles tenham lado, tenham uma visão. Todo mundo tem. É bobagem pensar que as pessoas são neutras. Mas os juízes não julgam por aí, analisam fatos. Eu já fui chamado a depor três vezes a pedido da defesa de Lula. E você dá uma espiada no processo. Tem muita coisa. Não creio que os juízes tenham condenado simplesmente porque têm um viés político contrário. A Lava Jato pode ter uma tentação a ser salvadora da pátria, expurgar, resolver tudo. Mas não é por isso que condena. Condena porque tem fato. Também não acho que seja pecado tão grande que o procurador tenha falado com o juiz. Trabalham juntos. Ou eu digo que a Justiça não vale para nada ou eu tenho que aceitar a Justiça, o julgamento. Pode ter errado num ponto? Mas em três instâncias? É um pouco demais", afirmou FHC.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), condenou a decisão da Executiva Nacional do PSDB de rejeitar a expulsão do deputado Aécio Neves (PSDB-MG) do partido. "Respeito a votação, mas ela não reflete o sentimento da opinião pública brasileira. Cada membro da Executiva deve responder por sua posição. A minha é clara: Aécio Neves deve se afastar do PSDB e fazer sua defesa fora do partido. O derrotado neste caso não foi quem defendeu o afastamento de Aécio. Quem perdeu foi o Brasil", disse Doria em nota.

O presidente do diretório estadual do PSDB, Marco Vinholi, também emitiu nota condenando a decisão. "A decisão da Executiva Nacional de arquivar a representação contra o deputado Aécio Neves não representa uma derrota de São Paulo, muito menos do governador João Doria ou do prefeito de São Paulo, Bruno Covas. É, isto sim, uma derrota do PSDB, que optou por ficar do lado errado da história. Mantemos nossa posição de trabalhar pela construção de um partido firme, ético e que represente os anseios do povo brasileiro", disse.

##RECOMENDA##

O movimento do governador de São Paulo, João Doria, de acirrar o clima de confronto com o presidente Jair Bolsonaro e se distanciar do governo federal tem encontrado resistência no PSDB. Segundo integrantes da sigla, o projeto eleitoral do paulista, que tenta ser uma alternativa ao bolsonarismo em 2022, ainda não tem respaldo no partido, que ontem lhe impôs uma derrota ao rejeitar um pedido de expulsão do deputado Aécio Neves (PSDB-MG).

Doria defendia a saída do ex-presidenciável tucano, acusado de corrupção, como uma forma de evitar que a presença de Aécio no partido gerasse futuros constrangimentos. O recado da Executiva da sigla, porém, foi de que o governador não conseguirá impor sua vontade sem um aval da cúpula tucana, na qual Aécio mantém influência.

##RECOMENDA##

A tentativa de Doria de se distanciar do presidente leva em conta um cálculo político de que é preciso antecipar a discussão eleitoral para fortalecer um "caminho de centro". Após associar sua imagem a Bolsonaro e cunhar o voto "Bolsodoria" em 2018, o tucano começou a se afastar gradualmente nos últimos meses e a criticar iniciativas do governo.

Ontem, em entrevista no Palácio dos Bandeirantes, Doria atacou a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, como embaixador brasileiro em Washington. "Jamais nomearia meu filho nem ninguém da minha família para nenhuma função pública", disse. Ele também reagiu à divulgação pelo BNDES da lista de contratos de jatos executivos financiados pelo banco, em que aparece como beneficiário. "O uso político do BNDES é tão condenável hoje quanto foi no passado, no governo do PT", afirmou.

Deputados ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, no entanto, avaliam como erro já partir para o confronto direto com Bolsonaro, uma vez que o capital político do presidente da República é alto e tê-lo como inimigo poderia atingir as candidaturas tucanas nas eleições municipais do ano que vem.

Em alguns casos, como em Mato Grosso do Sul, onde o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) é aliado ao Planalto, políticos locais ainda apostam no apoio da rede bolsonarista para ter sucesso nas urnas.

O movimento para estancar a antecipação da disputa eleitoral no PSDB nasceu com os chamados "cabeças brancas", lideranças parlamentares mais experientes, como os senadores Tasso Jereissati (CE) e José Serra (SP).

Oficialmente, Doria tem declarado que o PSDB deve se manter independente, sem se posicionar como oposição ao presidente. Contudo, a filiação do deputado Alexandre Frota (SP), ex-PSL, ao partido por suas mãos foi vista por parte da bancada do PSDB na Câmara como um ato de confronto a Bolsonaro. O parlamentar rompeu com o presidente e é uma das vozes mais críticas ao atual governo no campo da centro-direita.

Aécio

A votação de ontem que salvou Aécio de ser expulso do PSDB sinalizou que Doria não tem maioria no partido. A Executiva da sigla rejeitou o pedido por 30 votos a 4. A decisão de livrar Aécio do processo de expulsão foi feita a portas fechadas. A discussão durou mais de quatro horas e, por mais de uma vez, os dirigentes tiveram que interromper para acalmar os ânimos.

Doria defendia a expulsão do deputado para levar adiante o que chamou de "faxina ética" no PSDB, que no ano passado teve o seu pior desempenho eleitoral da história. Em nota, o tucano criticou a decisão da direção do partido, que, segundo ele, "escolheu o lado errado".

"Respeito a votação, mas ela não reflete o sentimento da opinião pública brasileira. Cada membro da Executiva deve responder por sua posição. A minha é clara: Aécio Neves deve se afastar do PSDB e fazer sua defesa fora do partido", afirmou o governador de São Paulo.

Aécio presidiu o partido de maio de 2013 a setembro de 2017 e mantém forte influência na sigla. Sua saída do comando da legenda foi antecipada após as primeiras denúncias da Lava Jato contra ele. O mineiro é alvo de ao menos oito inquéritos, abertos após delações da Odebrecht, da J&F e do ex-senador petista Delcídio Amaral. Ele também é réu sob acusação de corrupção e obstrução da Justiça. O tucano nega a prática de crimes.

O deputado Celso Sabino (PSDB-PA), relator do pedido de expulsão, alegou que Aécio não foi condenado e, por isso, não havia motivo para expulsão. Na avaliação de parlamentares, caso levasse o afastamento adiante, o partido daria força ao discurso de criminalização da política.

Após o resultado, Aécio afirmou que a decisão da Executiva foi democrática e negou significar uma derrota de Doria. "Acho que isso permitirá que o PSDB cumpra seu papel de um partido de centro, com a grave preocupação social e que pode voltar a ser protagonista no processo político brasileiro", disse. (Colaborou Pedro Venceslau)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando