Quem pensa que a mobilidade nada tem a ver com economia, se engana. Grande parte da economia de várias regiões se deve aos gastos com manutenção de veículos, obras viárias mal executadas, entre outros problemas. A população, que deveria procurar o transporte público para se deslocar, acaba procurando outros meios por conta da precariedade dos serviços.
Mesmo sem conforto, a frota de ônibus dos 14 municípios da Região Metropolitana do Recife (RMR) é nova. Os novos ônibus passaram de 448 mil veículos em 2001 para quase o dobro da frota – 930 mil em 2011, contabilizando um aumento de 7,6% em dez anos. Só na RMR, mais de 1,5 milhão de pessoas usam o transporte público para se deslocarem todos os dias, de acordo com o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Além desses problemas, as tarifas de ônibus só alavancaram. O crescimento anual ficou em torno de 1,81% para quase nenhuma melhora no conforto dos ônibus, o que quer dizer que de 2002 a 2012, o aumento total do Anel A ficou de 19,62%.
##RECOMENDA##A alta das motocicletas como meio de deslocamento por ano também cresceu, ficando com 15,8% de pessoas comprando motos para trabalhar. “Apesar de rápido, sabemos que isso representa os mais graves acidentes de trânsito da cidade”, afirma Aldemir do Vale, economista e diretor da Consultoria Econômica e Planejamento (Ceplan).
Com a compra elevada de motos, o índice de pessoas por carro caiu em 37% no ano passado em relação a 2001. Antes, era um carro para cada 10,7 habitantes. Hoje, são 6,7 por pessoa. O aumento de motocicletas também é justificado pela má estrutura do transporte público, além de ser um meio rápido de deslocamento.
A necessidade é apontada por Jorge Jatobá, economista e diretor da Ceplan, ainda para o ano em que a Copa do Mundo será realizada no Brasil, onde várias soluções terão que ser implantadas para a RMR, além das próprias obras viárias que estão sendo construídas. “A reduzida mobilidade gera custos ambientais com maior emissão de carbono, que gera conflitos, acidentes, atrasos na entrega de mercadorias, entre outros. Os próximos gestores da RMR enfrentarão um grave problema na tentativa de solucionar esse agravante, que não é de agora”, conta Jatobá. Os dados foram apresentados nesta quarta (7) na sede da Ceplan, no bairro das Graças, Zona Norte da cidade.