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O senador Sérgio Moro (União-PR) lamentou, em pronunciamento no Plenário, nesta quarta-feira (13), a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli de anular todas as provas provenientes do acordo de leniência firmado entre a empresa Odebrecht e a Operação Lava-Jato.

O senador relembrou o acordo celebrado em 2016, com a previsão de multa de indenização com valores bilionários, considerado por ele "o maior acordo, até então celebrado, de recuperação de valores desviados, na prática, por subornos, subfaturamentos que envolveram diversas estatais brasileiras".

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— Esse acordo de leniência, atacado agora, é um acordo que prevê a recuperação, de pagamento pela Odebrecht, de R$ 3 bilhões, cerca de R$ 3,1 bilhões para o Brasil. É um acordo maior de R$ 3,8 bilhões, que envolveu outros países que fizeram simultaneamente o acordo, como os Estados Unidos e a Suíça, cada um recebendo a sua parte diretamente da Odebrecht, não teve dinheiro saindo do Brasil para esses países. A Odebrecht pagou diretamente porque teve que fazer um acordo com essas três jurisdições porque ela cometeu crimes nos três países, mas foi um acordo muito elogiado — afirmou.

Moro se disse atônito com a decisão baseada, segundo ele, em informações falsas. O senador argumentou que Dias Toffoli considerou que a contabilidade informal que foi disponibilizada pela Odebrecht ao Ministério Público Federal teria sido obtida de maneira irregular, sem a observância dos trâmites regulares formais, sem que houvesse passado pela autoridade central, o Ministério da Justiça, nos acordos de cooperação entre outros países e o Brasil.

— O mais grave é que uma decisão dessa magnitude tenha sido tomada com base numa premissa falsa, com base numa informação falsa prestada pelo Ministério da Justiça, uma decisão que apontava para uma anulação de centenas de investigações, de casos que têm que ser investigados, porque temos que apurar essas suspeitas de suborno, de corrupção. Não só isso, uma decisão que diretamente beneficiou o presidente Lula, e uma decisão que foi proferida por um Supremo que foi enganado por informações falsas prestadas pelo Ministro da Justiça — declarou.

*Da Agência Senado

PSOL, PCdoB e Solidariedade pediram na quinta-feira (30) que o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhe para o gabinete do ministro Gilmar Mendes a ação em que as três legendas pedem a suspensão das multas previstas em acordos de leniência assinados por empreiteiras no âmbito da Operação Lava Jato. 

Acordos de leniência são como uma espécie de delação premiada, em que pessoas jurídicas assumem a responsabilidade por atos ilícitos e pagam multas para que possam continuar negociando com o poder público.

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Os partidos argumentam que Mendes deve ser o relator da ação por ele já relatar outro processo, um mandado de segurança, sobre o tema. Para as legendas, isso significa que o ministro deve ser escolhido por prevenção, princípio pelo qual, ações sobre um mesmo assunto e com pedidos similares devem ficar com o mesmo relator, para que não se produzam decisões conflitantes, por exemplo.

A ação foi protocolada no Supremo já com o pedido de distribuição para Gilmar Mendes, que é crítico dos acordos fechados no âmbito da Lava Jato. A solicitação, contudo, foi ignorada, e o processo acabou sendo distribuído a Mendonça, por sorteio.

Mendonça, por sua vez, já trabalhou na negociação de acordos de leniência quando era integrante da Advocacia-Geral da União (AGU). Antes de integrar o Supremo, o ministro fez doutorado na área de recuperação de ativos desviados pela corrupção, sendo requisitado por órgãos da administração pública federal para auxiliar em projetos sobre o assunto. Não há prazo definido para que o ministro decida sobre a relatoria. 

Entenda

Os partidos da base aliada do governo protocolaram nesta semana uma ação de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) no Supremo, em que pedem que os pagamentos das multas, que passam de R$ 8 bilhões, sejam suspensos por colocar em risco a continuidade do funcionamento das empresas, o que prejudicaria o interesse econômico e a soberania nacional.

As legendas argumentam a ocorrência de vícios na negociação, como por exemplo o fato de que algumas das empresas que fecharam os acordos, como a Odebrecht, negociaram os termos quando tinham executivos presos pela Lava Jato. Isso as colocava em posição de desvantagem, fazendo com que fossem coagidas a aceitar os termos impostos pelo Ministério Público Federal (MPF), argumentaram os partidos na peça inicial.

Ao final, as siglas querem que o Supremo considere nulos os acordos de leniência celebrados antes de 6 agosto de 2020, quando foi assinado, com a anuência do próprio Supremo, um acordo de cooperação técnica que estabeleceu a Controladoria-Geral da União (CGU) como responsável por controlar as negociações com as empresas.

O controlador-geral da União, Wagner Rosário, revelou, em entrevista ao programa Brasil em Pauta, que a Controladoria-Geral da União (CGU) deve retomar a negociação de acordos de leniência em 2021. Esses acordos são firmados com grandes empresas envolvidas em casos de corrupção em que elas se comprometem a auxiliar o Poder Público com as investigações e devolvem dinheiro desviado em troca de abrandamento das penas. 

Segundo Rosário, no ano passado, apenas um acordo de leniência foi assinado e, para 2021, a previsão é fechar de 7 a 8 acordos desse tipo. O controlador-geral considera esse tipo de acordo importante. “Com ele conseguimos não apenas sancionar as empresas envolvidas com corrupção, mas também recuperar recursos que até então estavam perdidos”, disse.  

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Auxílio emergencial

Rosário também informou que o cruzamento de dados dos beneficiários do auxílio emergencial permitiu com que a CGU conseguisse rastrear 2,7 bilhões de cadastros que não tinham direito ao benefício. O cancelamento trouxe uma economia de R$ 4,5 bilhões aos cofres públicos. 

Essa não foi a única ação realizada pela CGU para combater a corrupção durante a pandemia. O órgão criou um painel para verificação de preços dos insumos usados no combate ao coronavírus.  Esse painel pode ser verificado por gestores para conferir se o preço do produto que estavam pagando estava dentro da média. Segundo Rosário, em paralelo, foi feito um trabalho de inteligência com fornecedores onde se verificaram algumas inconsistências.  

“Foi constatado, por exemplo, que 9 milhões de empresas foram criadas após a pandemia. Restava saber se eram apenas de fachada ou não”, diz o controlador-geral. Com base nessas informações e denúncias, a CGU realizou 49 operações destinadas a apurar o desvio de recursos para o combate à covid-19.

Corrupção

O controlador-geral disse que, no ano passado, 514 servidores foram demitidos por desvios de conduta. Desde a criação da secretaria que verifica essas regularidades, em 2003, são mais de 8 mil servidores demitidos.

Rosário conta que a controladoria vem procurando otimizar alguns processos e evitar desligamentos como a realização de trabalhos de prevenção para evitar demissões e a utilização de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) firmados com servidores.

Participação da sociedade

De acordo com Wagner Rosário, a sociedade tem papel fundamental no trabalho da CGU, uma vez que várias das operações começam por meio de denúncias. Rosário destaca que a controladoria unificou as ferramentas de participação civil em uma só: a fala.br . “Por lá o cidadão pode pedir informações, reclamar e até fazer as denúncias”, diz.

O Grupo CCR e o Ministério Público de São Paulo fecharam acordo de leniência no qual é revelado caixa 2 de pelo menos R$ 30 milhões para campanhas eleitorais de ex-governadores e deputados de São Paulo. Pelo menos 15 políticos são citados no termo, denominado Auto Composição para Ato de Improbidade, entre eles, os ex-governadores tucanos Geraldo Alckmin e José Serra e o deputado Campos Machado (PTB).

A concessionária se dispõe a pagar multa de R$ 81 milhões - parte desse valor, R$ 17 milhões, será destinada, na forma de doação, à Biblioteca da Faculdade de Direito da USP, nas Arcadas do Largo São Francisco, no centro da capital paulista.

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A CCR, uma das maiores empresas de concessão de infraestrutura da América Latina, admite que repassou valores "por fora" aos políticos do PSDB, PT, MDB, PTB e outras agremiações.

Foi uma longa negociação. À mesa, cinco ex-executivos da CCR e um grupo de promotores de Justiça que atuam na Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, braço do Ministério Público paulista que combate corrupção. Os advogados Celso Vilardi e Sebastião Tojal representaram a CCR na elaboração dos termos do acordo.

Essa primeira etapa da investigação trata especificamente de caixa 2 eleitoral. A etapa inicial da colaboração indica o "modus operandi" do esquema - os repasses eram efetuados por meio de doleiros ou via subcontratados na forma de "consultorias".

O próximo passo da investigação deverá abranger a área criminal - corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa.

Um investigador destacou que a origem do acordo são duas recentes ações da Lava Jato no Paraná que pegaram concessionárias de rodovias envolvidas em esquema milionários de propinas.

A delação do operador Adir Assad foi o ponto de partida da investigação. Outro investigador anotou que a partir da Auto Composição, os ex-executivos da CCR vão fazer novos depoimentos e entregar mais provas.

Os executivos terão um prazo, a partir da assinatura do pacto, para entregar todas as provas de que dispõem. Até aqui eles já repassaram documentos que indicam a prática do caixa 2 - doações sem registro na Justiça Eleitoral.

Sobre os políticos citados, um investigador que participou das negociações disse. "Vai de A a Z. Tudo que tiver de eleição nesse período está no acordo, até eleição de síndico de prédio tem lá."

Entre os beneficiários de recursos ilícitos de campanha há parlamentares com foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF).

O caixa 2 não teria provocado impacto direto ou indireto nas tarifas de pedágio, segundo apuração preliminar. E também não teria dado prejuízo aos cofres públicos. Neste caso, os recursos destinados a deputados e ex-governadores para suas campanhas teriam saído do lucro da CCR, disse um investigador. "A questão aí é com os acionistas."

A Procuradoria-Geral do Estado não deverá participar da assinatura do acordo que terá de ser submetido ao crivo da Justiça, como todos os outros desse gênero.

Defesas

A reportagem está tentando contato com os ex-governadores paulistas e com o deputado Campos Machado. Da mesma forma, tenta falar com representantes da CCR. O espaço está aberto para as manifestações.

À frente do primeiro acordo de leniência que contou com a aprovação de todos os órgãos com atuação sobre o tema, o da empresa MullenLowe, o advogado Igor Tamasauskas afirma que ainda falta ao Estado brasileiro desenvolver uma metodologia de cálculo de ressarcimento dos cofres públicos que não inviabilize as empresas que se propõem a revelar crimes cometidos.

No acordo da MullenLowe, assinado em abril com a Controladoria-Geral da União (CGU), a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério Público Federal (MPF), e com o aval do Tribunal de Contas da União (TCU), a empresa devolveu ao Estado o lucro de cada contrato viciado. Esse método, chamado de disgorgement, poderia ser usado, segundo Tamasauskas, em caso de impasse quanto ao cálculo do dano ao erário. Advogado também da J&F no acordo firmado com o MPF, ele critica punições a empresas por fatos que elas próprias admitiram e sustenta que o propósito do programa de leniência é depurar a relação entre o Estado e o privado. Abaixo, os principais trechos da entrevista.

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O acordo da MullenLowe foi saudado por CGU, AGU, MPF e TCU como sinal de que é possível a política vingar. Que entraves restam?

A grande questão é identificar a forma adequada do valor de ressarcimento ao erário. Há um círculo vicioso. O Estado só conhece a profundidade do esquema de corrupção se a empresa colaborar; só que, para a empresa colaborar, ela tem de ressarcir o dano; e o dano acaba tendo uma fórmula de cálculo que inviabiliza a própria continuidade da empresa. A gente precisa conseguir superar essa armadilha e encontrar alguma fórmula de cálculo consistente tecnicamente, e que faça sentido do ponto de vista do interesse público, mas que não inviabilize a continuidade das empresas.

No caso da MullenLowe, o cálculo foi feito com base no disgorgement, devolução de lucros de contratos viciados. Esse caminho pode ser replicado em outros?

Penso que sim. Se você considerar que um mercado específico era todo viciado, e o Estado é também culpado porque deixou chegar a uma situação tão descontrolada, não dá para você falar que nesta ponte aqui houve sobrepreço de tanto porque aquela ponte custou tanto, se aquela ponte também pode ter tido sobrepreço ou uma combinação de empresas. Invertendo a lógica, passando a olhar pelas empresas e vendo quanto dali gerou lucratividade indevida, devolver essa lucratividade pode ser uma forma de superar esse impasse. Sem o programa de leniência, o Estado consegue enxergar apenas dez centímetros de um lago envolvendo a corrupção dessas empresas. Quando a empresa colabora, demonstra que, na verdade, ali tem mais 10 metros de profundidade. Ela leva ao Estado uma série de provas e investigações a que o Estado nunca ia ter acesso. Então não faz sentido que o Estado use documentos aos quais não teria acesso se não tivesse a colaboração justamente para inviabilizar a empresa. Esse ponto de equilíbrio que eu acho que precisa ser atingido.

Em abril, o TCU puniu pela primeira vez uma empresa apesar de acordo de leniência vigente - a Andrade Gutierrez. Qual o peso dessa decisão?

A análise de um caso específico é desfavorável para compreender todo um quadro. Esse caso demonstra a dificuldade de se chegar a um denominador comum em relação ao ressarcimento ao erário, isso é o que precisa efetivamente ser superado.

O Estado pode se satisfazer em recuperar apenas uma parte do prejuízo causado por uma empresa?

Precisa haver punição exemplar, mas que não mate a empresa, porque, se for matar a empresa, desestimula o programa. O programa é para permitir o mercado limpo, e não um mercado que tenha empresas zumbis e outras empresas que consigam entrar nesse vácuo sem esse tipo de controle.

O Grupo J&F negocia a repactuação no acordo de leniência. O que está sendo discutindo?

O MPF chamou uma discussão para ver se haveria adesão de outras entidades, e estamos discutindo. Tem diversos órgãos participando de reuniões no MPF. Está tendo discussão para aperfeiçoar o acordo.

O fato de o acordo de Joesley Batista e outros delatores estar ameaçado traz risco ao acordo de leniência da controladora da JBS?

Não. A ruptura da leniência só poderá ocorrer se houver nulidade dos acordos, mas ninguém está pedindo a nulidade, só a rescisão. A PGR diz que houve descumprimento de cláusulas do acordo de colaboração. Tem essa diferença entre nulidade e rescisão. Como se fala em rescisão apenas, a leniência não vai sofrer nenhum efeito. Do ponto de vista da leniência, estamos seguros de que não há nenhuma discussão sobre a validade da leniência por conta desses fatos.

Alguma mudança na lei poderia trazer mais efetividade aos acordos de leniência?

Se pensarmos toda hora em modificações legislativas, não vai ter estabilidade de regra, vai trazer mais insegurança. O que se precisa agora é insistir no diálogo, na prática e na reiteração. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O acordo de leniência firmado pelo governo federal com a UTC Engenharia deve destravar os processos de outras empreiteiras alvo da Operação Lava Jato que, desde o fim de 2014, tentam fechar uma colaboração e indenizar os cofres públicos em troca de continuar contratando com o poder público.

Atualmente, há uma fila de 12 empresas à espera de um acordo de leniência com o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União (CGU), que trabalha em parceria com a Advocacia-Geral da União (AGU) nas tratativas com as companhias. A expectativa dos órgãos é de que ao menos mais dois acordos sejam concluídos em breve. A UTC se comprometeu a pagar R$ 574 milhões em 12 anos pelos prejuízos causados por corrupção.

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A Andrade Gutierrez também está perto de concluir suas negociações. A empreiteira já fechou um acordo com o Ministério Público Federal, mas vinha enfrentando dificuldades por causa de divergências entre os órgãos que têm competência para fiscalizar e celebrar acordos.

O Tribunal de Contas da União (TCU) decretou parte das empreiteiras inidôneas neste ano, enquanto o Executivo negociava acordos. Houve também mudanças na lei que disciplina o assunto em 2015, o que paralisou vários processos.

Desde o início do governo Michel Temer, a AGU promoveu ações de improbidade contra empresas investigadas, o que foi interpretado por elas como um entrave para os acordos. Para as empresas, os acordos com o MPF devem ser considerados válidos também no Executivo, que faz negociações de forma independente.

Segundo advogados de empresas ouvidos pelo Estado, a lentidão da CGU e as cobranças da AGU, além das ameaças do TCU, configuraram um quadro de "desincentivo" à leniência. O acordo com a UTC, no entanto, sinalizou uma mudança de postura, disseram.

'Deslealdade'

Advogados envolvidos na leniência da Odebrecht chegaram a entregar aos procuradores de Curitiba um estudo jurídico sobre o receio de a empresa ser vítima de "deslealdade governamental". A Odebrecht fez questionamento formal à força-tarefa sobre quais informações poderia entregar à CGU para dar início à negociação de leniência, em razão do temor de uma retaliação do governo. Os procuradores indicaram que a empreiteira poderia compartilhar as informações que foram tornadas públicas.

O Grupo J&F tem se queixado publicamente da "retaliação" sofrida após fechar seu acordo. Cerca de um mês após o acordo vir à tona, a AGU pediu que o TCU declare a indisponibilidade de bens da JBS.

'Superfiscalização'

Integrante da equipe responsável pelo acordo da UTC, o advogado Sebastião Tojal disse ver com otimismo o novo posicionamento da CGU, mas apontou a existência de vários órgãos com competência de fiscalização e a falta de coordenação entre eles como empecilho para a eficácia e celeridade nas tratativas. "A iniciativa de buscar um superfiscalização acabou sendo substituída por uma ação desorientada, que resultou no atraso dos acordos", afirmou Tojal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Grupo J&F, que controla a JBS, não fechou acordo de leniência com o Ministério Público Federal (MPF). O prazo terminou às 23h59min de ontem (20).

O MPF defendeu o pagamento de R$ 11,169 bilhões pela empresa, que seriam pagos em dez anos. O valor é equivalente a 5,8% do faturamento obtido pelo grupo econômico em 2016. Já os representantes da J&F propuseram pagar R$ 1 bilhão, o que equivale a 0,51% do faturamento registrado no período.

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Segundo o MPF, a Lei Anticorrupção estabelece que a multa em acordos de leniência deve ter como parâmetro percentual que varia entre 0,1% e 20% do faturamento.

Apesar do não fechamento de um acordo de leniência, a empresa já fechou com o MPF um acordo de colaboração, que já foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O acordo de leniência abrange aspectos civis e de responsabilidade da empresa, enquanto o acordo de colaboração diz respeito a aspectos penais.

A J&F e o MPF ainda podem voltar a negociar um acordo de leniência, com outras condições.

Delação

Desde quinta-feira (18) o STF vem divulgando o conteúdo dos depoimentos de delação premiada dos diretores da JBS firmados com o MPF e homologados pelo STF. Os depoimentos revelaram diversas práticas ilícitas dos executivos da empresa, como o pagamento de propina a políticas. Em nota, Joesley Batista, um dos donos da empresa, admitiu os pagamentos indevidos a agentes públicos e pediu “desculpas a todos os brasileiros” pelas relações de suas empresas com autoridades.

O PPS pediu nessa quarta-feira (3) ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão da Medida Provisória (MP) 703/2015, que trata das regras para acordos de leniência entre o governo e empresas acusadas de corrupção. Para o partido, não há urgência que justifique a regulamentação da matéria por meio de MP. A questão será decidida pela ministra Rosa Weber.

A legenda sustenta que, por tratar de direito processual, a matéria não pode ser motivada pela Presidência da República. “Em um Estado Democrático, jamais haveria a possibilidade de conciliação da segurança jurídica com a criação de ilícitos e sanções a serem disciplinadas no campo direito processual, discricionariamente, por uma única pessoa, o presidente da República”, argumenta o PPS.

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Publicada no dia 21 de dezembro do ano passado no Diário Oficial da União, a MP permite que o governo federal, estados e municípios possam assinar acordos de leniência firmados com empresas privadas acusadas de corrupção de forma isolada, por meio de órgãos de controle interno, ou com o Ministério Público. Com o acordo, as empresas podem voltar a participar de contratos com a administração pública caso cumpram penalidades e demais condições legais.

De acordo com o governo, o objetivo das mudanças na legislação é dar celeridade aos acordos de leniência para combater a corrupção, mas impedir a fragilização da economia e evitar o desemprego.

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados vai debater, nesta quarta-feira (25), com o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, a proposta de acordo de leniência entre o governo e as empresas envolvidas nas irregularidades da Petrobras investigadas na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. A reunião estava marcada para a última quarta-feira (18), mas foi adiada porque Adams não pôde comparecer.

O advogado-geral defende a proposta como uma maneira de punir as empreiteiras e demais contratadas pela Petrobras sem que isso signifique o fim das atividades das empresas, como quer o Ministério Público Federal. Se optar pelo acordo de leniência, a empresa evita vir a ser considerada inidônea, o que provocaria a paralisação de todas as obras contratadas pelo poder público. Ela passa a colaborar com a investigação e se compromete a pagar os prejuízos que causou. É uma espécie de delação premiada voltada para as pessoas jurídicas. Esse tipo de acordo está previsto na lei de regulamentação do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência (12.529/11) e na Lei de Combate à Corrupção (12.846/13).

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Além do chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), foram convidados para a audiência pública o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, e o procurador-geral junto ao TCU, Paulo Bugarin.

*Com informações da Agência Câmara

De passagem por São Paulo, onde participou na sede da Federação das Indústrias do Estado de um evento do setor de construção, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, comentou rapidamente a polêmica sobre os acordos de leniência que estão sendo discutidos pela Controladoria Geral da União. "O acordo de leniência vai seguir a instrução normativa da Lei Anticorrupção", se limitou a dizer o presidente do TCU.

A instrução normativa citada por Cedraz foi editada pelo Tribunal em fevereiro sob o número 74/2015. O TCU entende que acordos feitos com base na lei anticorrupção, de 2013, devem passar por análise do Tribunal antes de serem fechados.

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A polêmica entre a CGU e o TCU sobre possíveis acordos de leniência de empresas da Lava Jato envolve também o Ministério Público do Paraná. No fim de fevereiro, procuradores foram a Brasília para uma reunião com membros do TCU. O temor do MP é que os acordos prejudiquem o processo na Justiça.

Fiscalização

Durante palestra, quando questionado sobre a Operação Lava Jato, o presidente Aroldo Cedraz disse que, se as denúncias contra as empresas envolvidas tivessem passado pelo órgão em 2009, talvez a situação não tivesse chegado ao patamar atual. Ele evitou comentar o julgamento das acusações e lembrou que o TCU tem um papel preventivo.

Em nota divulgada nesta sexta-feira, 6, a bancada do PT na Câmara dos Deputados diz estar preocupada com a repercussão econômica e social da Operação Lava Jato. Ao defender que os acordos de leniência sejam concretizados, a bancada argumenta que obras no País poderão ser paralisadas, mais de 500 mil trabalhadores correm o risco de perder seus empregos e, além das empreiteiras envolvidas, outras 50 mil empresas ligadas ao setor serão atingidas.

"É necessário debelar a corrupção no País - tarefa que vem sendo implementada incisivamente pelos governos do PT e aliados desde 2003 - e, ao mesmo tempo, é imprescindível preservar milhares de empregos, garantir os investimentos das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Minha Casa, Minha Vida e outras obras de infraestrutura que melhoram a qualidade de vida do povo brasileiro, e defender o conhecimento e tecnologias das empresas nacionais", destaca o texto.

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Os petistas tiveram um encontro com o advogado-geral da União, ministro Luís Inácio Adams, nesta semana e saíram convencidos de que a proposta de eventual acordo de leniência entre a Controladoria-Geral da União (CGU) e as empresas arroladas na Lava Jato é a melhor solução para a crise que envolve o setor. A bancada reafirma que apoia a petição protocolada no Tribunal de Contas da União (TCU) contra a representação do Ministério Público solicitando que os acordos não sejam realizados. "Entendemos que esse tipo de acordo protege a economia brasileira, a atividade econômica, a manutenção dos interesses nacionais num setor altamente competitivo no mercado mundial e, principalmente, preserva de forma coletiva os trabalhadores", pregam os deputados.

O PT da Câmara diz que esse tipo de acordo não atrapalha as investigações em curso e não impede a responsabilização individual dos executivos envolvidos. "Cumpre ao acordo de leniência combater a corrupção quando exige o reconhecimento dos ilícitos praticados pelas empresas, a colaboração no processo de investigação, o ressarcimento integral e ágil de eventuais danos ao Erário e adoção de práticas futuras anticorrupção que as empresas têm que assumir no âmbito de suas atividades".

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