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A nova configuração da corrida presidencial instalada com a morte do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), deixa a disputa mais acirrada. De acordo com cientistas políticos, a inserção de Marina Silva (PSB) como protagonista no pleito traz à tona um novo cenário para os próximos 45 dias. O que antes era uma competição mais centralizada entre Aécio Neves (PSDB) e a presidente Dilma Rousseff (PT), tornou-se um acirramento maior entre Neves e Marina, que pleiteiam, agora, uma vaga para um eventual segundo turno. 

“A disputa fica mais acirrada, pois Marina sempre teve um percentual maior de voto. Tudo muda. Com Eduardo ela tinha somado muito pouco, não conseguiu transferir votos”, analisou o professor e cientista político, Hely Ferreira. Segundo ele, a única vez que se pode observar maciçamente uma transferência de votos foi em 1989, quando Leonel Brizola (PDT) apoiou o ex-presidente Lula (PT) numa disputa presidencial.

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Para o cientista político e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, Túlio Velho Barreto, o cenário fica mais acirrado com a nova candidata. “Temos um quadro estabilizado: Dilma em primeiro, Marina e Aécio disputando quem vai para um eventual segundo turno. Agora Aécio que não tinha uma sombra relevante passa a ter, ele vai ter que enfrentar Dilma e não pode deixar de observar os passos de Marina. Ele pode ser atropelado por ela”, conjecturou. 

Indagado sobre o ativo de votos que Marina tem desde a eleição de 2010 e estavam, a maior parte deles ainda indecisos, Barreto afirmou que a neosocialista ainda vai precisar se estabilizar diante da população brasileira. “Ela precisa se estabilizar ou crescer a despeito das dificuldades que vai ter nos palanques estaduais em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais”, disse. Para o cientista, Marina deverá medir o comportamento dela quanto ao Nordeste do país. “Sem dúvida Dilma e Eduardo concorriam acirradamente da região Nordeste, que tem o segundo maior colégio eleitoral, principalmente com a paternidade das obras”, registrou. 

Quanto se a comoção nacional sobre a tragédia que vitimou Campos vai influenciar na corrida, Hely Ferreira disse que o caso será mais forte apenas em Pernambuco. “Este peso é mais local, no cenário nacional isso não surte muito efeito não. Daqui a alguns dias ele será lembrado como um candidato de forma trágica. Não vejo com muita importância nacional não”, observou. 

Corroborando com Ferreira, Velho Barreto disse ser necessário medir bem o uso da imagem de Campos na campanha do PSB. “A morte trágica trouxe para campanha um componente que não estava no cenário, que é o emocional. Os políticos terão que medir com uma régua bastante precisa o uso da tragédia. Até certo ponto talvez isso seja positivo, mas ultrapassando isso pode gerar problemas”, pontuou.

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