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Os asilos de idosos foram confinados nesta quarta-feira (12) na Nova Zelândia em função de um surto da casos de Covid-19, anunciou a primeira-ministra Jacinda Ardern, que não descartou adiar as eleições gerais previstas para setembro no país.

"Tenho consciência até que ponto será difícil para aqueles que têm entes queridos nestes estabelecimentos, mas é a forma mais forte de protegê-los e cuidar deles", explicou Ardern, que quer evitar que as casas de repouso dos idosos se tornem focos de contágios.

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Na terça-feira (11), a primeira-ministra ordenou a volta do confinamento por três dias a partir desta quarta-feira na maior cidade da Nova Zelândia, Auckland, após o surgimento, pela primeira vez em 102 dias, de casos de coronavírus transmitidos localmente.

A chefe do governo, cuja eficiente política de luta contra a pandemia foi elogiada no mundo todo, anunciou a detecção de quatro casos da doença em uma família de Auckland, mas que a origem da infecção era desconhecida.

A Nova Zelândia, que registrou no total 22 óbitos na população de 5 milhões de habitantes, não confirmava um caso de transmissão dentro de seu território desde 1º de maio.

Em relação ao possível adiamento das eleições previstas para 19 de setembro, Ardern declarou que estava estudando o assunto com a Comissão Eleitoral, "simplesmente para garantir que teremos todas as opções ao alcance", embora não informou quando tomará uma decisão sobre o caso.

A Câmara aprovou nesta quarta-feira, 20, projeto que obriga a União a destinar R$ 160 milhões para o auxílio de instituições de longa permanência para idosos no enfrentamento do coronavírus. O projeto vai ao Senado agora. O texto aprovado foi o parecer da relatora, deputada Margarete Coelho (PP-PI).

A fórmula para rateio do montante será definida pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, considerando o número de idosos atendidos em cada instituição. O dinheiro servirá preferencialmente para prevenção e controle da Covid-19, para a compra de insumos, equipamentos e medicamentos e para adequação de espaços físicos.

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Mais cedo, a Câmara aprovou projeto sobre a revisão para concessão de benefícios do INSS para pacientes com doenças crônicas progressivas degenerativas, durante a pandemia. O relatório do deputado Fred Costa (Patriotas-MG) ampliou o alcance do projeto original. Em vez de uma, três categorias de doenças ficarão isentas de fazer reavaliações durante a pandemia para continuar recebendo auxílio doença, pensão ou aposentadoria por invalidez permanente. São elas: fibromialgia, doenças crônicas progressivas degenerativas ou que reduzam a imunidade do paciente.

A sessão foi encerrada na sequência e nova foi convocada para amanhã após o fim da reunião do Congresso.

Ao menos 20 idosos já morreram em asilos do interior de São Paulo por Covid-19. Pelo menos dois óbitos suspeitos estão em investigação. Há também pacientes em isolamento ou internados com a doença. O Estado possui 589 centros de acolhimento de idosos públicos ou conveniados, que reúnem 19,2 mil pessoas com 60 anos ou mais. Essa faixa etária é considerada grupo de risco para o coronavírus.

Desde o início da pandemia, as unidades suspenderam as visitas e foram alertadas para redobrar cuidados para evitar a infecção. Vários abrigos já registraram mortes e há casos de famílias que retiraram seus idosos internados e levaram para casa.

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Em Itu, a prefeitura decretou intervenção em uma clínica de idosos após a morte do terceiro residente com sintomas de Covid-19. Dois dos casos, uma mulher de 67 anos que morreu na noite de domingo, 3, e um homem de 72 anos que morreu na segunda, 4, tiveram resultado positivo para Covid-19.

Na manhã desta terça, dia 6, uma idosa de 93 anos morreu com sintomas da doença, mas o resultado do exame ainda não saiu. Outros quatro - dois funcionários e dois idosos - estão com o novo vírus. Os idosos estão internados, um deles em UTI. Há ainda suspeita da doença em outros dois funcionários e 14 internos. Eles ainda passavam por avaliação médica na tarde de terça.

A prefeitura enviou equipes das vigilâncias sanitária e epidemiológica para assumir os serviços de saúde na unidade. O município determinou que as famílias dos idosos assistidos pela clínica particular fossem comunicadas sobre os casos e as providências tomadas. A prefeitura informou ainda que todas as clínicas de longa permanência de Itu foram vistoriadas desde o início da pandemia. As identidades das vítimas e o endereço do estabelecimento foram preservados "por questões de sigilo médico", segundo a prefeitura.

No Lar Betel, em Piracicaba, onde foram registradas oito mortes de idosos, ainda há quatro deles internados e sete em isolamento no local. Dos 25 funcionários que pegaram o vírus, 14 estão afastados. A administração iniciou na quarta-feira (6) o que chama de "isolamento inverso". Os residentes sem sintomas estão sendo retirados e levados para outra unidade.

"Estamos cuidando de preservar a saúde daqueles que estão com a saúde preservada para reduzir o risco de contaminação pelo coronavírus", disse o presidente Luiz Adalberto dos Santos. Houve três casos de famílias que retiraram os idosos e levaram para casa. "É um direito das famílias, desde que os residentes estejam em condições de saúde estável. Se estiver positivo para a Covid-19, não pode sair para não levar o vírus para fora."

Ainda em Piracicaba, duas idosas internas do Residencial Bem Viver morreram após contrair o vírus. Elas tinham 80 e 85 anos, respectivamente, e chegaram a ser internadas em hospitais da cidade, mas não se recuperaram. Segundo a administração do abrigo, as duas pacientes tinham comorbidades. Outros quatro idosos que tiveram a Covid-19 permanecem internados, mas estão se recuperando, segundo a direção. Dois residentes que não tinham o vírus já foram levados para casa por familiares.

A filha de uma das idosas que morreu, Gisele Rossin, disse que a família não foi avisada de que havia casos de coronavírus entre os residentes. Segundo ela, o asilo recebeu um idoso da capital que apresentou sintomas da doença e morreu, no dia 16 de abril, em um hospital da cidade. "Só soubemos desse caso depois que minha mãe também ficou doente", relatou.

Cecília Maria Biasin Rossin, de 60 anos, mãe de Gisele, foi internada no dia 27 de abril no Hospital Regional de Piracicaba e faleceu no Domingo. O Bem Viver informou que o idoso não tinha sintomas quando passou pelo abrigo, onde não ficou como interno. O Ministério Público abriu procedimento para apurar as mortes.

O núcleo da Polícia Econômico-Financeira da Guarda de Finanças (GdF) e o núcleo especializado em casos de saúde dos Carabineiros (NAS, na sigla em italiano) estão fazendo uma série de investigações em asilos de toda a Itália para verificar centenas de mortes pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) em instituições do tipo.

Entre essa terça-feira (14) e quarta-feira (15), a GdF está focando suas ações na região da Lombardia. Os investigadores estão fazendo uma busca nas comunicações entre o governo regional e as Residências Sanitárias Assistenciais (RSAs) e, nesta manhã, o foco foi a unidade de Pio Albergo Trivulzio e outras estruturas em Milão para apreender documentos sobre a gestão da crise.

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No dia 14, o foco também foi a Trivulzio, mas o intuito era entender a organização interna da entidade e, em particular, a "chegada" de 20 novos idosos no RSA quando a pandemia já estava instalada no país. Uma decisão do governo local, no dia 8 de março, autorizou a entrada das pessoas para se instalarem na instituição. Após a divulgação pela imprensa da ação da GdF, o governador da região, Attilio Fontana, disse em nota que todos "estão empenhados a combater o vírus e a proteger os lombardos" e que dará "a máxima colaboração a quem estiver investigando". De acordo com fontes, estão na mira a investigação de ao menos 143 mortes nas Residências entre os meses de março e abril.

- NAS fecha 15 asilos pelo país: Em outra frente de investigação, o NAS informou que foram fechados 15 casas de repouso, RSAs ou centros de reabilitação de idosos por todo o país após investigações sobre a gestão da pandemia do novo coronavírus. Os habitantes desses locais foram transferidos para outras unidades.

Segundo a entidade, 601 unidades por todo o país foram investigadas, sendo que 17% delas não estavam seguindo as normas determinadas - totalizando 104 casas. Ao todo, foram indiciadas 61 pessoas e outras 157 foram punidas financeiramente com multas que totalizam mais de 72 mil euros.

Os problemas mais comuns encontrados foram a ausência de uma quantidade suficiente de profissionais para cuidar dos idosos, superlotação, inadequação da estrutura física e de gestão, entre outros. Foram 212 irregularidades encontradas nas investigações.

Entre as intervenções mais significativas, estão unidades em Taranto, Campobasso, Perúgia, Reggio Calábria, Nápoles, Roma, Cosenza, Údine e Turim. Segundo um levantamento do Instituto Superior de Saúde (ISS), órgão ligado ao governo italiano, são 2.399 estruturas de atendimentos aos idosos na Itália. Em uma pesquisa, que 577 unidades responderam, o número de mortes por coronavírus (ou suspeitos de) desde o início da pandemia é de 1.443 falecimentos. Não há, no entanto, dados oficiais de quantas pessoas, de fato, morreram nos RSAs.

No país, são 21.067 mortes e 162.488 casos confirmados da Covid-19, sendo a maior parte das contaminações na Lombardia (61.326), Emilia-Romagna (13.778) e Piemonte (17.690).

Da Ansa

Apenas um a cada quatro asilos de São Paulo possui Alvará de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), aponta levantamento do Ministério Público Estadual (MPE) sobre casas de repouso para idosos. Segundo a pesquisa, as condições sanitárias dos estabelecimentos também estão comprometidas. Ao todo, 73,3% das unidades não são licenciadas pela Vigilância Sanitária.

Dos 1.543 asilos no Estado, só 402, ou 26%, possuem o AVCB, documento que atesta que o estabelecimento apresenta todas as condições de segurança contra incêndios. Já as unidades que não receberam licença da Vigilância Sanitária somam 1.132 casos - contra 411 que estão regularizadas, segundo dados do MPE.

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Segundo o MPE, 908, ou 58,8%, dos abrigos também não têm registro no Conselho Municipal do Idoso. A pesquisa aponta, ainda, que 40.311 pessoas vivem em asilos de São Paulo: 13,2% a mais comparado a 2015, ano em que o órgão fez o primeiro mapeamento. Eram 35.591 idosos em casas de repouso na ocasião.

O número de asilos também cresceu 8,4% em um ano, de acordo com o MPE. Em 2015, eram 1.423 unidades no Estado. Do total, 1.496 asilos são privados, ante 33 unidades públicas. Entre os abrigos particulares 502 (33%) pertencem a entidades filantrópicas, enquanto os demais têm finalidade lucrativa.

Em nota, a promotora de Justiça Maricelma Rita Meleiro, assessora da área do idoso do Centro de Apoio Operacional Cível e de Tutela Coletiva (CaoCível), diz que o crescimento dessas instituição "evidencia a deficiência das políticas públicas em favor do envelhecimento ativo".

"Houve um acréscimo de 30 entidades filantrópicas demonstrando a desaceleração da participação social no atendimento de longa duração, historicamente delegado no Brasil à benevolência moral e religiosa", afirma a promotora, que coordenou o levantamento.

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O Procon-PE realizou nesta quinta-feira (1°) uma fiscalização em asilos particulares de idosos no Recife. Foram visitadas as casas de repouso Geriátrico São Francisco e Santa Bárbara, localizadas respectivamente no bairro de Casa Amarela e Encruzilhada, Zona Norte da cidade.  

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Entre os itens averiguados estão a relação contratual, validade de alimentos, medicamentos e fraldas. Também está sendo fiscalizado se há alguma prática abusiva como a retenção do cartão de aposentadoria ou de pensão.

Em duas das visitas, a filha de um idoso relatou ter entrado na justiça para descobrir quem fez um empréstimo consignado no nome do pai de 79 anos. O empréstimo não poderia ter sido feito já que existe um documento em que apenas a filha poderia realizar transações na conta.

Na instituição de Casa Amarela, onde moram 70 idosos, técnicos do Procon-PE encontraram três pacotes de aveia vencidos, irregularidade na instalação elétrica e a ausência do Código de Defesa do Consumidor (CDC). No abrigo da Encruzilhada foram notificadas irregularidades na instalação elétrica e retirados objetos que podem causar acidentes.

No Procon-PE cerca de 15% das reclamações são feitas por pessoas acima dos 60 anos. E na sua maioria são de problemas financeiros

Com informações da assessoria

Eles te pegaram no colo, o criaram e fizeram de você um cidadão digno. Foram anos de dedicação exclusiva e, em vários momentos, você se tornou totalmente dependente deles. Agora, são eles que precisam de ajuda. Muitas famílias acabam tendo que conviver com idosos, sejam parentes ou pessoas muito próximas. Porém, em uma determinada fase da vida, a idade avançada, no contexto da longevidade, acaba fazendo do indivíduo um ser dependente e limitado. Nem sempre os familiares podem conviver com essa situação e o destino para muitos velhinhos são os asilos, abrigos ou como muitos chamam atualmente, residências para idosos. 

Na maioria dos casos, é uma tarefa muito difícil decidir colocar um idoso num abrigo. As questões sentimentais pesam, além das dúvidas sobre se o indivíduo em questão será bem tratado ou não. Todavia, o que acaba pesando de fato são as obrigações e circunstâncias pessoais e do cotidiano – trabalho, filhos e afazeres - , levando os filhos a deixarem os pais ou parentes nas residências de acolhimento.

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“O médico constatou que meu pai tem Alzheimer e ele não reúne condições de ficar sozinho. Ele até conversa, mas, por conta da doença, esquece as coisas. Junto com os meus outros dois irmãos chegamos à decisão de colocar meu pai no abrigo. Foi uma decisão muito difícil. É uma pessoa que a gente ama, um ente querido. Mas, realmente ele precisa e nós não temos condições de tratarmos ele em casa. Inclusive por orientações médicas”, diz o profissional da área de gastronomia, Sérgio Oliveira, que está prestes a colocar o pai de 88 anos de idade em uma residência de velhinhos. 

O Abrigo Cristo Redentor, localizado em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, é um dos locais de acolhimento mais tradicionais do Estado. Inaugurada em 1942, a instituição filantrópica tem atualmente 154 idosos, entre homens e mulheres, oriundos tanto de internamentos quanto de ações da Prefeitura da cidade, que recolhe velhinhos moradores de rua. De acordo com a gerente da residência, Cristiane Melo, existem algumas condições para o acolhimento dos idosos. “A gente não recebe idosos acamados ou que tenham doenças infectocontagiosas. Também exigimos, como manda o Estatuto do Idoso, que as famílias ou responsáveis façam sempre visitas. Eles devem ser maiores de 60 anos e ainda passam por exames psicosociais e médicos”, explica a gerente. Ainda segundo Cristiane, o Abrigo recebe doações e contribuições dos próprios internos. Os gastos mensais para a manutenção do espaço chegam a passar de R$ 100 mil. O desconto nas rendas dos velhinhos é de 70%, independente do valor que eles ganham.

Nas dependências do Abrigo, o silêncio é bem característico. Os velhinhos, seja pela idade avançada ou condições físicas, evitam agitação e atividades que exigem esforço. Isso fica bem evidente na ala dos idosos que não andam. Em uma mesa, várias senhoras passam boa parte da manhã trocando olhares. A rotina muda na hora do almoço ou quando os voluntários chegam para conversar. No mesmo espaço, idosas de melhor saúde realizam atividades de terapia ocupacional, como dona Luzinete Maria da Silva (foto à direita), 69 anos. Ela mostra com orgulho suas pinturas e bonecas que para ela representam os filhos que não teve. Há seis anos no Abrigo, dona Luzinete foi internada pela sobrinha. “Fiquei muito feliz quando vim pra cá. Foi melhor assim. Aqui eu converso, pinto, faço passeio... Quero terminar meus dias aqui”, diz, aos risos.

 

Dona Luzinete ainda recebe visitas de familiares. O que não acontece com uma das moradoras mais velhas do Cristo Redentor, a senhora Maria José dos Santos (foto abaixo), conhecida como Cabrobó. A idosa de 107 anos foi internada por familiares em 1998. Apesar de não receber visitas de parentes, a ausência da família não representa tristeza. “Não me lembro de mais ninguém. Estou muito velha. Mas, posso dizer que sou muito feliz aqui. A idade representa tristeza para alguns. Já eu sou muito feliz por chegar a mais de 100 anos”, afirma dona Cabrobó.


As histórias do Abrigo têm uma mescla de drama, tristeza e alegria. Há também fatos de superação. Um deles é o da dona Maria das Dores Virgolino Ferreira, 97 anos, conhecida como Dorinha. Desafiando a medicina, segundo a organização do Abrigo, ela tem uma vida saudável e sempre consegue resultados satisfatórios nos exames médicos. A vitalidade dela começou na infância. Tinha tudo para morrer, quando foi abandonada ainda bebê pela mãe em uma cesta num rio que passa próximo ao terreno onde o Abrigo foi construído. Resgatada por um vaqueiro e depois de morar com uma família rica da região, por força e curiosidade do destino, Dorinha vive hoje no mesmo terreno onde nasceu. Veja o depoimento da ex-empregada doméstica.

De acordo com o psicólogo responsável pelo Abrigo Cristo Redentor, Carlos Cabral (foto abaixo), que há quase 35 anos trabalha no local, atualmente praticamente é “zero” o número de idosos abandonados. Ele justifica que após a criação do Estatuto do Idoso e das políticas públicas que impedem o desprezo dos mais velhos, sobre pena de punição, as pessoas começaram a temer abandonar seus entes. Cabral também salienta que a ideologia atual dos abrigos é a de oferecer para os internados um ambiente residencial, proporcionando ao idoso um local onde há pessoas da mesma faixa etária dele e que fazem coisas que ele faz.

“Hoje é um mal necessário deixar um idoso num abrigo. Porque acho que a retirada do idoso do grupo familiar tem várias situações. Aqui se trabalha para o idoso manter a qualidade de vida. Acontece também que alguns velhinhos não gostam e não querem dar trabalho aos familiares. Sobretudo, é importante lembrar que aqui não é uma clínica médica. Aqui é uma residência”, diz o psicólogo, destacando também que diversos profissionais de saúde prestam atendimento aos internados.

Segundo a geriatra Sandra Brotto, do Instituto de Medicina do Idoso de Pernambuco (Imedi), a palavra “asilo” foi colocada em desuso, por causa de questões pejorativas. Agora, as residências e abrigos são chamados de Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI). “Nessa última, a visão é gerontológica, ou seja, voltada a reabilitação e para o envelhecimento ativo, visando manter o idoso com maior autonomia e independência possível”, comenta a médica.

Sandra explica que é importante analisar caso a caso, porém, a demência é um dos principais incentivadores que fazem as famílias deixarem seus idosos nos abrigos. “Na maioria das vezes, a instituição é a solução para um idoso com déficit cognitivo, ou seja, um quadro demencial que necessita de cuidados multiprofissionais e integrais, o que nem sempre é possível em casa. Apesar de culturalmente as pessoas sentirem-se culpadas na hora de transferir o idoso do domicilio para  uma ILPI, essa mudança pode ser muito benéfica se lá ele receber atenção especializada, cuidados de reabilitação e promoção de saúde em tempo integral”, explica a geriatra. Ela complementa dizendo: “A família tende a se sentir sobrecarregada com o estresse do trabalho e de deixar o idoso só ou sem um cuidador. Sendo assim, numa ILPI de visão gerontológica, o idoso poderá ser cuidado e interagir socialmente com outros idosos, diminuindo a solidão e tornando mais fácil o acesso aos cuidados multidisciplinares como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional”.

A médica também orienta que a internação do idoso não pode ser feita contra a vontade dele, quando o envolvido não possui quadro demencial. A decisão deve ser tomada de forma harmoniosa, além de ser possível a realização de um período de adaptação. No Cristo Redentor, por exemplo, esse período é de 90 dias. “Um idoso quando não quer ficar no Abrigo nós não aceitamos. Ele deve ficar aqui por vontade”, garante o psicólogo Carlos Cabral.

O que pode ser o último lar

É inevitável que o sentimento de finidade não ganhe espaço nas mentes dos velhinhos, diz Cabral. Somando a isso, doenças comuns da própria velhice também atormentam essa fase da vida, levando alguns até a depressão. Seja na casa de uma família, num abrigo, ou na UTI hospitalar, esses locais podem representar os últimos espaços de vivência de todos nós, quando envelhecemos.

No Cristo Redentor, existem alas exclusivas para pessoas que não andam, além de espaços para quem consegue se locomover. Salão de festas, salas de fisioterapia, jardins, refeitório e enfermarias são alguns dos locais da residência. Entretanto, é nos dormitórios – separados por sexo – que é possível identificar o “jeitinho” de cada um dos velhinhos.


A linha, a agulha e o tecido desfiado em cima da cabeceira revelam uma antiga costureira. A cama muito bem arrumada mostra um pouco do que foi a camareira que hoje está na fase final da vida residindo num abrigo. Entre essas e outras características, tudo vai criando a imagem de quem foram essas pessoas. As fotografias também alimentam a saudade dos familiares. Saudade que pode ser “matada” quando acontecem as visitas. Outros vão apenas guardar as lembranças, uma vez que não têm mais ninguém para visitá-los. No vídeo abaixo, assista depoimentos de idosos que veem no Abrigo seu último lar. Conheça também um homem que já chegou a ter um cargo elevado em um importante banco brasileiro, foi casado cinco vezes e hoje mora no asilo. 

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Abrigos no Brasil 

Uma pesquisa realizada em 2011 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que o Brasil tinha 218 asilos públicos. Ao todo, eram atendidos 83 mil idosos, tanto em espaços privados quando nos geridos pelo poder público. Vale lembrar que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem atualmente 24,8 milhões de anciãos.

O estudo do Ipea ainda apontou que as instituições brasileiras para velhinhos estão concentradas no Sudeste, sendo que só o estado de São Paulo tinha 34,3% do total. Ainda de acordo com a análise, em média, cada residência gasta por mês R$ 717,91 por residente.


A pesquisa informou também que quando um idoso precisa ir a um abrigo e não há vagas disponíveis, seja nos filantrópicos ou públicos, ele fica por tempo indeterminado em hospital público. De acordo com o Ipea, o custo para manter um idoso no abrigo é de R$ 750 mensais, em média. Já no hospital, o gasto aumenta para R$ 1,4 mil.

Leia também: Queixas da longevidade: o drama dos idosos sem trabalho 

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Fone: (81) 3257-8000 / 3255-6933

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