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Apesar de existirem leis que regulamentam como crime maltratar animais, como a LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998 e a LEI Nº 14.064, DE 29 DE SETEMBRO DE 2020, que preveem pena de reclusão de 2 a 5 anos para os casos de maus-tratos, no Brasil, assim como em vários países subdesenvolvidos, a situação dos animais beira o descaso, abandono, extremos de negligência e até mesmo violência.

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O poder público, que deveria proteger, não dá conta e muitos animais acabam nas ruas dependendo da ação de voluntários que alimentam, resgatam, cuidam de mazelas, reabilitando e colocando-os para adoção, com o objetivo de encontrarem lares onde sejam amados e respeitados. É o trabalho que a bacharel em Direito Raquel Viana, 49 anos, desenvolve no Abrigo Au Family, localizado no distrito de Outeiro, na Região Metropolitana de Belém.

“O abrigo, além de cuidar dos animais em situação de rua e vítimas de maus-tratos, presta atendimento veterinário gratuito, na medida do possível, para os animais da comunidade que ficam ao entorno da nossa sede. Promovemos feiras de adoção, palestras de conscientização sobre a situação do abandono dos animais e algumas atividades envolvendo a comunidade”, explica.

O espaço mantido somente com doações de pessoas que se sensibilizam com a causa, através de campanhas nas redes sociais, venda de rifas e eventos que o grupo promove, abriga atualmente mais de mil animais. Mesmo com a sua capacidade no limite, acaba sempre precisando abrir exceções para resgatar animais abandonados em sua porta. Os abandonos são diários.

“O poder público deveria agir atuando nas questões de políticas públicas, levando informações às pessoas a respeito das leis de combate ao crime de abandonos e maus-tratos, promovendo castração em massa para animais tanto em situação de ruas como para animais de pessoas de baixa renda e incentivar a adoção. Além disso, à população a gente pede que pare de abandonar, que busque no poder público a castração dos seus animais, só assim conseguiremos vencer esse problema de abandonos de animais diariamente”, desabafa a protetora. 

Raquel atua na proteção de animais há cerca 30 anos e relata que em todo esse tempo já viu as mais diversas situações de maus-tratos a cães, gatos e até a cavalos que já resgatou. Todos os animais que chegaram até o grupo foram reabilitados e disponibilizados para adoção, com exceção daqueles que estavam em estado muito grave e não resistiram.

 Assim como Raquel, a protetora Deyse Mendes, 53 anos, que mora um pouco mais distante da capital paraense, em Marabá, relata o fato de no interior do estado ainda existir um agravante: a leishmaniose é uma doença muito presente na região e, assim como assola seres humanos, atinge bastante os animais em situação de rua.

O grupo que Deyse coordena, Patinhas de Rua Marabá, foi fundado com o objetivo de ajudar animais que se encontram em situação de rua e maus-tratos, não possui abrigo e cuida dos seus resgatados em lares temporários. A protetora lembra que seu trabalho na causa animal se iniciou em 2016, na luta contra a leishmaniose.

“A minha atuação eu comecei com campanhas contra a leishmaniose aqui em Marabá. O índice ainda é muito grande. Pra você ter uma ideia, de cada dez animais que a gente resgata, por exemplo, oito têm leishmaniose. Então é um índice muito alto e não existe uma campanha educativa para combater o vetor. Tem para a dengue, mas o mosquito palha (vetor da leishmaniose) existe e não tem nenhuma campanha de conscientização”, ressalta.

O grupo procurou se unir com o Centro de Zoonoses do município. Com base na informação de onde estão as áreas com maior incidência da doença, organiza campanhas de conscientização da população e tutores de animais.

“Agora nós estamos abrindo um projeto piloto, que são os mutirões de castração. O centro de controle de zoonoses tem um agendamento mensal, mas nós vamos aos bairros, com o projeto ‘Veterinários no Bairro’, para justamente a gente tentar diminuir um pouco essas ninhadas indesejadas. Aquele tutor que é consciente e que participa do projeto tem toda a orientação sobre posse responsável, a questão dos maus-tratos e todas as orientações. Assim, se ele vê um vizinho fazendo algo errado, ele vai ter a consciência de orientar, mostrar que está errado”, explica a coordenadora do projeto.

Animais encalhados

A bióloga Renata Emim, presidente do Instituto, conta que existe uma carência de políticas públicas voltadas para esses animais e principalmente de espaços adequados para a reabilitação. “Atualmente não tem nenhum local, por exemplo, na Grande Belém para receber filhotes de peixe-boi quando eles encalham. O único lugar apto a receber esses animais no estado todo fica em Santarém, em uma universidade privada, então a gente tem uma carência de uma política pública direcionada para uma das espécies de mamíferos aquáticos mais ameaçados que temos no Brasil, que é o peixe-boi”, desabafa. 

Outra situação que a bióloga relata é que muitas vezes o instituto atua e tem dado apoio aos eventos de encalhes de animais vivos principalmente quando é solicitado pelas secretárias municipais de meio ambiente, que na maioria das vezes não sabem o que fazer com os animais, não têm orientações claras. O projeto auxilia com informações técnicas, mas falta estrutura.

“Um filhote de peixe-boi, quando é resgatado, quando a gente não consegue fazer uma soltura imediata, precisa de dois anos para completar o seu processo de reabilitação e poder se reintegrado novamente à natureza. E nesse período a gente não tem o que fazer. Muitas das vezes precisamos enviar os animais para outros estados, como o Amazonas, ou para Santarém”, destaca.

O recado que todas as três coordenadoras deixam, neste Dia Nacional dos Animais (14 de março), é que existem muitos desafios. Para elas, somente a união da sociedade com um poder público realmente atuante muda essa realidade.

Por Monique Leão (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

No momento, 876 pessoas estão abrigadas nos 13 pontos de apoio montados em escolas da rede municipal de educação da prefeitura de Petrópolis, além do Colégio Estadual Rui Barbosa, informou nesta segunda-feira (28) a administração local.

A Secretaria de Assistência Social continua oferecendo atendimento para as pessoas que tiveram que sair de suas casas devido ao risco oferecido nas áreas onde moravam. A prefeitura mantém 13 pontos de apoio. Nos locais, estruturados em escolas da rede pública, os abrigados recebem alimentação, atendimentos de assistência social e de psicólogos, médicos e enfermeiros.

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Todas as pessoas que tiveram que recorrer aos pontos de apoio terão direito ao aluguel social no valor de R$ 1 mil, sendo R$ 800 pagos pelo governo estadual e R$ 200 pagos pela prefeitura de Petrópolis. Essas pessoas estão automaticamente cadastradas no programa do Aluguel Social.

Buscas

O Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) finalizou ontem (27) as buscas no Morro da Oficina, concluindo a lista das 93 vítimas por duas pessoas. Os militares continuam em operação no Chácara Flora, onde buscam por duas pessoas. Ao mesmo tempo, fazem varredura nos rios da cidade, onde três vítimas desapareceram. Cerca de 230 militares atuam na operação.

De acordo com a CBMERJ, foram registrados mais de 100 pontos de buscas, envolvendo acima de 500 bombeiros fluminenses e 140 de outros estados, além de mais de 50 cães farejadores. A corporação vem trabalhando 24 horas por dia, desde a tarde do último dia 15, nas operações de busca e resgate de vítimas das fortes chuvas que atingiram Petrópolis, na Região Serrana fluminense. Vinte e quatro pessoas foram resgatadas com vida pelos militares.

Suporte

O governo municipal acompanha as buscas e mantém suporte aos bombeiros nos trabalhos no bairro Chácara Flora e no Rio Piabanha. Até o momento, a equipe Técnica e Científica da Polícia Civil registrou 229 óbitos, sendo 136 mulheres, 93 homens e 43 menores.

O prefeito Rubens Bomtempo afirmou que vai seguir garantindo o suporte necessário para que os militares encontrem os que ainda estão desaparecidos no município. “Nossa prioridade são essas buscas e o atendimento de todas as pessoas afetadas”, destacou.

Até que as buscas cessem, o prefeito assegurou que equipes seguirão atuando no suporte aos bombeiros militares, para garantir o isolamento das áreas e agilizar a retirada de escombros, visando o melhor acesso aos locais de buscas. Uma das iniciativas acompanhadas pela Secretaria de Defesa Civil com essa finalidade são as detonações de rocha. Ontem (27), foi efetuada mais uma ação do tipo no Alto da Serra, para facilitar os trabalhos no Morro da Oficina.

A medida utiliza técnica de baixo impacto, a partir de reação química que desmonta o bloco causando pouco abalo, e não oferece riscos para a população do entorno.

Vistorias

A Defesa Civil deu seguimento ontem (27) às vistorias nas áreas afetadas. Até o momento, 1.713 análises estão em andamento pela equipe técnica, formada por engenheiros e geólogos, e mais de 400 interdições já foram comunicadas. Nos últimos 12 dias, 3.271 ocorrências foram registradas, a maioria delas por deslizamentos.

Além dos registros em função da forte chuva do dia 15, a Defesa Civil tem recebido, ao longo dos últimos dias, chamados de ocorrências devido à instabilidade do solo e das encostas no município. Somente ontem (27), foram registradas mais 110 ocorrências, por 19 localidades. No período, o número de regiões afetadas chega a 43. As localidades com o maior número de ocorrência englobam Alto da Serra, Castelânea, Centro, Chácara Flora, Quitandinha, Caxambu, São Sebastião, Valparaíso, Vila Militar, Floresta, Coronel Veiga, Saldanha Marinho, Morin, Mosela, Independência, Estrada da Saudade, Corrêas, Retiro, Bingen, Siméria e Duarte da Silveira.

Abastecimento

Nesta segunda-feira (28), o abastecimento de água em Petrópolis se mantém normal. A concessionária Águas do Imperador informou que as sete Estações de Tratamento de Água (ETAs) continuam operando normalmente e o abastecimento em toda a cidade está regularizado, inclusive nos bairros atingidos, onde o abastecimento está suspenso apenas nas áreas diretamente atingidas pelos deslizamentos.

Em relação ao fornecimento de energia elétrica, a Enel informou que o serviço foi restabelecido para 30 mil usuários e que suas equipes deram seguimento ao atendimento ontem (27), nas regiões do Chácara Flora e Rua Lopes de Castro. Segundo a Enel, mais 46 famílias tiveram o fornecimento de energia normalizado.

Ônibus

As empresas de ônibus procuram restabelecer gradualmente hoje (28), em caráter emergencial, a operação das linhas de ônibus, em Petrópolis. Os coletivos ainda operam com redução de horários e frota reduzida, não só devido às obstruções viárias, mas também pela falta de colaboradores que tiveram perdas familiares e materiais e não conseguiram retornar aos trabalhos. Há ainda veículos que precisam de manutenção e reparo depois que foram completamente alagados, informou o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Petrópolis (Setranspetro).

A Comissão de Direitos Humanos (CDH) pode votar, na próxima segunda-feira (30), o Projeto que reserva vagas em universidades federais e instituições de ensino técnico para estudantes que vivem em abrigos. O PLS 506/2018 busca suprir a desvantagem que esses estudantes enfrentam em relação aos que têm o apoio familiar. A reunião está marcada para as 14 horas.

O Projeto é resultado da CPI dos Maus-Tratos e altera a Lei nº 12.711 de 2012, que trata do ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio. O texto reserva vagas para estudantes que vivam em abrigos há pelo menos dois anos. O número de vagas a ser reservado será proporcional à quantidade de adolescentes abrigados na população do Estado onde estiver instalada a instituição de ensino.

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De acordo com a justificativa do projeto, dados do Conselho Nacional de Justiça indicavam haver quase 50 mil crianças e adolescentes abrigados no Brasil, por não terem família natural ou condições mínimas para manutenção do convívio familiar. As principais razões são violência doméstica e incapacidade de prover os cuidados mínimos.

No relatório pela aprovação do texto, o senador Marcos Rogério (DEM-RO), disse ser contrário à política de cotas, mas julgou o projeto meritório por considerar que esses estudantes estão em desvantagem com relação àqueles possuem apoio familiar.

Se aprovado, o texto ainda terá que passar pela Comissão de Educação (CE).

Estatuto do Cigano

Também está na pauta da Comissão o Projeto de Lei do Senado (PLS) 248/2015, do senador Paulo Paim (PT-RS), que cria o Estatuto do Cigano. O texto recebeu voto favorável do relator, senador Telmário Mota (PROS-RR), que sugeriu mudanças.

O Estatuto do Cigano determina ser dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação na comunidade, em suas diversas atividades, preservando sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.

O projeto dispõe sobre educação, cultura, saúde, acesso à terra, moradia, trabalho e ações afirmativas para os ciganos. Para o senador Paulo Paim, é preciso estender aos povos ciganos a proteção e respeito garantidos a todas as minorias étnicas. Presentes no Brasil desde 1574, os ciganos ainda enfrentam, hoje, exclusão nas mais diversas esferas, estando sujeitos a preconceito, discriminação e incompreensão com relação a sua cultura e de sua organização social.

Sugestões

 Além dos nove Projetos na pauta, a Comissão pode analisar, também, quatro sugestões legislativas resultantes de ideias legislativas apresentadas por cidadãos pelo Portal e-Cidadania. As ideias que obtiveram o apoio de mais de 20 mil internautas durante um período de quatro meses de consulta pública ganham o status de sugestão e, se aprovadas pela Comissão, podem virar projetos de lei.

Uma das sugestões na pauta é a SUG 30/2018, que proíbe a exportação de animais vivos em navios para abate no exterior. O relatório do senador Fabiano Contarato (Rede-ES) é favorável ao texto.

*Da Agência Senado

 

Várias meninas teriam sido vítimas de abusos sexuais em abrigos de Honduras, montados para atender vítimas dos ciclones Eta e Iota, denunciou nesta sexta-feira (11) uma organização humanitária com sede no Panamá, que acredita que o risco existe também em outros centros semelhantes na América Central.

"A violência contra meninas em abrigos é evidente, com relatos, por parte de autoridades dos centros, do governo e de outras pessoas da comunidade, de abuso sexual", alertou em um comunicado Laura Rey, gerente de programas e influência da ONG Plan International em Honduras.

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Neste país centro-americano, há "dois casos confirmados de abuso sexual de meninas em abrigos", acrescentou Rey.

No entanto, a Plan International, com sede regional no Panamá, suspeita que existam mais casos de supostos abusos sexuais em abrigos na América Central.

"Com base em nossa experiência atendendo emergências em todo o mundo, sabemos que existe um grande risco de assédio e abuso sexual contra meninas em abrigos em toda a região", disse à AFP Amalia Alarcón, gerente regional de programas e influência da organização.

"O fato de antes mesmo do segundo furacão em Honduras já terem sido denunciados dois casos é uma prova clara de que mais uma vez o roteiro está se repetindo. O grande desafio é que a maioria desses casos não são denunciados", acrescentou.

Durante a primeira quinzena de novembro, os ciclones Eta e Iota afetaram 6,2 milhões de pessoas na América Central, causando mais de 200 mortes e dezenas de desaparecidos. Cerca de 130 mil pessoas, das quais 53 mil crianças, ainda permanecem em 1.200 abrigos oficiais na Guatemala, Honduras e Nicarágua.

De acordo com a Plan International, muitos desses centros não têm espaços preparados para a higiene pessoal das meninas, banheiros separados ou lugares adequados para que elas durmam sem medo.

"Nós, meninas, temos medo de que um adulto nos estupre", declarou Angie, uma nicaraguense de 13 anos, segundo um depoimento fornecido à AFP pela ONG.

Angie, nome fictício, contou como em uma ocasião um adulto se aproximou dela para se insinuar, agarrar sua mão e convidá-la "para um hotel".

"Eu me assustei, empurrei ele e saí correndo, depois ele ficou bravo, começou a xingar e me ofender e me mandou ir com ele, mas eu não fui", disse a menor, que também denunciou que jovens e adultos a incomodam, não a deixam dormir ou tomar banho direito "porque estão sempre ali me espionando e me sinto vigiada".

As meninas sofrem "violência" porque "vivem com desconhecidos" e "podem ser excluídas" ou não receber "os mantimentos necessários", segundo o depoimento da guatemalteca Patricia, de 16 anos.

O Brasil tem 30.967 crianças acolhidas em unidades como abrigos e 5.154 aptas para serem adotadas. Os dados são do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) do Conselho Nacional de Justiça.

Amanhã (12) é comemorado o Dia da Criança, data em que são destacados temas relacionados a essa faixa etária. Meninos e meninas em acolhimento se encontram em condição delicada. Essa medida é aplicada pela Justiça quando há situações de abandono, maus-tratos, negligência ou risco.

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Contudo, esse apoio é temporário e tem o prazo máximo de 18 meses. A criança pode ter a solução da situação com reintegração familiar ou a adoção. Há 4.533 unidades de acolhimento no Brasil.

Números

Do total de meninos e meninas acolhidos, 7.997 possuem 0 a 6 anos. A maioria dos abrigados é de adolescentes: são 5.886 com 12 a 15 anos e 8.634 com mais de 15 anos. A distribuição por gênero é similar, com 50,7% de meninos e 49,3% de meninas.

Conforme o painel de informações do SNA, a lista dos estados com mais crianças aptas para adoção começa por São Paulo (1.075), seguida de Minas Gerais (677), Rio Grande do Sul (648), Paraná (519) e Rio de Janeiro (493).  Ainda de acordo com o sistema do CNJ, há 3.702 crianças em processo de adoção e 36.155 pretendentes disponíveis. 

Processo de adoção

Em fevereiro, a Agência Brasil publicou uma matéria explicativa mostrando como são os procedimentos para adoção no Brasil. Há uma série de requisitos estabelecidos pela legislação para que pessoas e ou casais se candidatem ao processo.

O primeiro passo para quem quer adotar é procurar a Vara de Infância e Juventude (VIJ) da sua região. Lá, a pessoa obterá informações específicas sobre o processo e receberá uma lista de documentos pessoais a serem apresentados – como cópia do CPF, identidade, certidão de casamento ou união estável (se for o caso) – comprovante de residência, comprovante de bons antecedentes criminais e atestado de saúde física e mental.

Após protocolar a inscrição, a pessoa – ou casal – deve participar de um curso de preparação psicossocial e jurídica voltada para adoção. Nesse curso, os candidatos a adotantes adquirem uma noção mais ampla da importância da preparação emocional de toda a família e de todas as mudanças que virão com a chegada de um novo integrante.

Depois de cinco meses de trabalho sem registro na carteira profissional em uma metalúrgica em Guarulhos, na Grande São Paulo, Diego Souza recebeu a notícia que mais temia no começo da pandemia: a empresa ia demiti-lo. Logo depois, outra má notícia: por atrasar em um mês o aluguel de R$ 500, a proprietária pediu as chaves do quarto onde morava. Sem emprego e sem teto, o torneiro mecânico de 33 anos pensou, em abril, que teria mais chances na capital. Nada melhorou. Ele chegou a viver seis dias na Praça da República, no centro, dormindo sob a marquise do Cine Marabá. Ainda está sem trabalho, mas conseguiu uma vaga para dormir no Centro Temporário de Acolhimento Alcântara Machado, na zona leste.

Mesmo como centro da pandemia no País, São Paulo também pareceu a melhor opção de emprego para o mineiro Rogério Anselmo, de 45 anos. Tendo trabalhado já como vigilante e auxiliar de produção, ele chegou à capital paulista na terça-feira passada, sem ter onde ficar. Após problemas com a família, ele já morava nas ruas de Belo Horizonte. "Lá já não havia emprego antes. Eu só fazia bicos. Com a pandemia, tudo ficou pior. Só preciso de uma chance para tentar me colocar de pé de novo", diz o pai de quatro filhos - todos vivem com as mães.

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A crise causada pela pandemia tem empurrado para as ruas desempregados e migrantes. Um indicador desse crescimento está nas vagas de acolhimento da Prefeitura. Em abril, eram 594. No início de julho, saltaram para 1.072, sendo 672 em oito equipamentos emergenciais e outras 400 em quatro Centros Educacionais Unificados (CEUs). O porteiro Paulo Ricardo Araújo, de 32 anos, carioca da Ilha do Governador, conseguiu uma vaga no Centro Temporário de Acolhimento (CTA) da Mooca. Desempregado há um mês, depois de sair de uma empresa de logística, ele tem direito a quatro refeições por dia, banho e um lugar para dormir. Solteiro, com uma filha no Ceará, Ricardo passa o dia procurando emprego. "O prazo para ficar no abrigo é o final da pandemia", diz.

Antonio, que revela só o primeiro nome, ainda não conseguiu espaço nesses abrigos. Ajudante de serviços gerais, ele dorme sob o Viaduto Bresser, no Belém, desde o início de junho. Espera a chegada de um primo de Itabaiana (BA) que vai trazer roupas e dinheiro. Prefere não ser fotografado. "É uma situação vergonhosa. Não tenho dinheiro para comprar um sabonete", diz o baiano de 35 anos.

A empregada doméstica Alessandra Rodrigues também ficou sem opções. Não conseguiu vaga nos centros de acolhimento da prefeitura e era impossível dormir na rua com Luana, sua filha de dois anos e seis meses. Assim, ela recorreu a uma ocupação irregular conhecida como Castelo, na Avenida Alcântara Machado, a Radial Leste. A (falta de) opção indica outra válvula de escape para as famílias sem renda durante a pandemia: os imóveis abandonados. "Eu não consegui nenhuma diária de limpeza porque as famílias estão sem dinheiro e com medo da covid. Eu não podia ficar na rua com minha filha, né?", diz a paulistana de 42 anos.

No mesmo endereço de Alessandra, moram 20 famílias (antes da pandemia eram 15). A empregada doméstica conta que as doações, que eram poucas, praticamente desapareceram. Outros moradores que preferem não se identificar afirmam que existem pelo menos mais sete ocupações na região do Belém e boa parte das doações acaba parando nesses endereços. Os itens mais necessários para as famílias que vivem ali são roupas e cestas básicas. Alessandra vive em um cômodo que serve como sala, quarto e cozinha e não tem despesas como água e luz. Conseguiu a vaga ali porque os líderes da ocupação se sensibilizaram com sua história. O café da manhã da mãe e da filha é feito na Igreja São Miguel Arcanjo, na Mooca. E as outras refeições? A pergunta fica sem resposta enquanto Alessandra levanta os ombros. "Nessa pandemia, a gente depende da ajuda das pessoas, mas nem todo mundo está podendo ajudar."

Rotina

Dramas pessoais como esse viraram rotina em São Paulo. Depois da eclosão da pandemia, a quantidade de pessoas sem casa, ou com casa, mas sem comida, explodiu na cidade. E essa situação, visível nas ruas, é ainda ausente nas estatísticas oficiais, como apontam várias instituições filantrópicas ouvidas pelo Estadão. "Tem mais gente procurando café da manhã", afirma o padre Júlio Lancelotti, da Paróquia São Miguel Arcanjo e da Pastoral de Rua da Arquidiocese de São Paulo.

Antes da pandemia, cerca de 150 pessoas apareciam todas as manhãs no café oferecido pela paróquia, que fica na Mooca. "Hoje temos 400 a 500 pessoas." Desemprego, inadimplência, situações de aperto material e emocional têm levado mais gente para as ruas, diz o vigário. Na zona central, o frei Angélico do Coração de Jesus, da congregação religiosa Fraternidade O Caminho, conta que há moradores que vieram do Nordeste e até de fora do País. Eles perderam o emprego e, sem rede de proteção, foram parar em albergues e nas ruas.

"Notamos um aumento por causa da pandemia", diz frei Angélico. Antes, de 40 a 50 pessoas apareciam diariamente na primeira refeição oferecida . "Hoje são 200, no mínimo, no café da manhã." Para agravar a situação, algumas instituições deixaram de oferecer ajuda por causa do risco de aglomerações.

Instalada no Largo de São Francisco, zona central da cidade, a Tenda Franciscana foi aberta exatamente por causa do aumento da procura desses carentes por refeições. Frei João Paulo Gabriel, coordenador do projeto, afirma que no início da pandemia houve aumento "considerável" da procura por comida. "Tem gente vindo aqui porque perdeu a casa. Outras porque não têm casa nem comida." Levantamento preliminar do Serviço Franciscano de Solidariedade revela que 21% dessas pessoas têm casa, mas buscam comida. Outros 74% são pessoas em situação de rua e 5% vivem em ocupações.

Segundo a Prefeitura, de acordo com o Censo da População em Situação de Rua de 2019 havia 24.344 pessoas nessa condição na capital. O padre Júlio Lancelotti chegou a considerar que esses resultados estavam subestimados. Nas suas contas, na época, eram cerca de 30 mil pessoas. "Tudo ficou mais muito difícil para eles", lembra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mais de 140.000 pessoas estavam em abrigos de emergência nas Filipinas nesta sexta-feira (15), devido ao tufão Vongfong, uma situação que complica a luta contra o novo coronavírus no país.

Chuvas fortes caíram no centro do arquipélago desde a tempestade que atravessou, ontem, zonas povoados por centenas de milhares de pessoas.

Milhões de filipinos estão confinados em suas residências pela pandemia, mas mais de 140.000 pessoas foram forçadas a abandonarem suas casas em busca de abrigo, devido à forte tempestade, disseram as autoridades.

"Você precisa usar a máscara e observar as regras do distanciamento o tempo todo", disse à AFP Carlito Abriz, da polícia filipina. "É difícil aplicar isso, porque as pessoas estão estressadas", completou.

As autoridades indicaram que os abrigos de emergência funcionarão com 50% de sua capacidade e que fornecerão máscaras para quem não tem o acessório. Também tentarão não separar as famílias.

O problema é que muitos dos locais planejados em condições normais para servir como centros de evacuação se tornaram unidades de quarentena.

Felizmente, o centro do arquipélago atingido pela tempestade não é a área mais afetada pela Covid-19, que já infectou mais de 11.800 pessoas e causou 790 mortes nas Filipinas.

Todos os anos, o país é afetado por uma média de 20 tufões que causam vítimas e danos extensos, contribuindo para que milhões de pessoas vivam na pobreza.

O ciclone mais mortal já registrado no país foi o Supertufão Haiyan, que deixou mais de 7.300 mortos, ou desaparecidos, em 2013.

Superlotação, pombas, falta de banheiros e lavanderias, percevejos em colchões estão entre os problemas encontrados pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo em abrigos de moradores de rua na capital paulista. O relatório, elaborado em dezembro de 2019, cobra da Prefeitura o aumento do efetivo de funcionários para os alojamentos, além de investimentos nas medidas socioeducativas.

Segundo o documento, o colegiado de vereadores visitou oito equipamentos de acolhimento para adultos em situação de rua conveniados com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social em 2019.

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As visitas se deram entre junho e novembro, e não foram divulgadas previamente.

A indicação de seis locais das diligências veio do Fórum da Cidade da População em Situação de Rua de São Paulo. Outras duas partiram de denúncias ao gabinete do vereador Eduardo Suplicy (PT).

A Prefeitura de São Paulo afirma que 'a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) recebeu e está analisando os apontamentos da Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania'. "Destaca-se que o atendimento a essa parcela da população exige atendimento multidisciplinar e a coparticipação de todas as esferas de governo".

Superlotação

Segundo o documento, o 'problema mais recorrente nas visitas foi a quantidade de pessoas por serviço e por quarto. "Tem equipamento, como o CTA Brigadeiro Galvão, que chega a ter 190 pessoas no mesmo quarto. Nos Complexos, chega-se a ter mais de 1.000 pessoas. Segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, os Centros de Acolhida possuem um limite máximo de 50 (cinquenta) pessoas por unidade e de 4 (quatro) pessoas por quarto".

O colegiado conclui: "Sabemos que, para a realidade da cidade de São Paulo - em que se estima ter entre 20 mil e 30 mil pessoas em situação de rua, dificilmente essa resolução será cumprida. Entretanto, ter 1.210 pessoas acolhidas no mesmo espaço é um número extremamente superior ao limite de 50 usuários por serviço".

De acordo com os vereadores, 'no geral, nesses serviços com muitas pessoas por quarto, são comuns os relatos de presença de percevejos, as chamadas muquiranas, nos colchões'. "A propagação de doenças também é mais rápida e com alta frequência".

Pombos e percevejos

O relatório dá conta de que a 'alta concentração de leitos por quarto implica na falta de privacidade, na segurança dos conviventes e nos problemas de convivência entre eles, principalmente entre os que estão em vaga fixa e os que estão em vaga de pernoite'.

"Dentre os serviços visitados, alguns funcionam em estruturas do tipo galpão que, segundo relatos dos conviventes, acarretam em uma alta quantidade de pombos e em calor excessivo. Muitas vezes, a quantidade de ventiladores é insuficiente. Além disso, a quantidade de banheiros também costuma estar aquém nesses serviços maiores. Foram comuns os relatos de filas enormes para utilização de vasos sanitários e de chuveiros", diz a comissão.

O colegiado ainda afirma que 'outro ponto recorrente é a ausência de funcionários de operacional no período noturno'.

"Em alguns serviços chega a ter operacional noturno, mas em uma quantidade muito menor do que no período diurno. Isso compromete muito a higiene do serviço, principalmente dos banheiros, já que, na maioria dos serviços, a quantidade de conviventes à noite é muito superior do que no período do dia Problemas na lavanderia como baixa quantidade de máquinas de lavar ou acesso também apareceram com frequência". Em um deles, não há lavanderia.

Os vereadores revelam que foram frequentes 'os relatos de que as atividades socioeducativas, culturais e de formação para o mundo do trabalho ocorrem somente para os conviventes 24h'. "Quem se encontra em vagas 16h tem pouco acesso a essas atividades. Por parte dos funcionários, é comum nos serviços mais antigos o relato da dificuldade

em conseguir móveis novos, como, por exemplo, armários para bagageiros, beliches e colchões".

Os parlamentares fizeram uma lista com sugestões de melhorias. Confira:

> Transformação de vagas de pernoite em vagas fixas, deixando apenas uma pequena porcentagem de vagas nos serviços para pernoite;

> Substituição gradual dos serviços com alta quantidade de vagas para serviços menores, com baixa quantidade de conviventes;

> Substituição gradual dos serviços que funcionam em galpões para edifícios mais estruturados. Enquanto não for possível, fazer reforma ou reparos para colocação de forros nos galpões, evitando assim pombos e outros bichos. Além disso, incluir divisórias para melhorar a privacidade dos conviventes;

> Na abertura de novos serviços, não utilizar estruturas do tipo galpão e dividir ao máximo a quantidade de leitos por quarto;

> Aumento do número de assistentes sociais nos serviços, limitando a quantidade de conviventes por assistente social;

> Aumento do número de funcionários operacionais no período noturno;

> Aumento das atividades socioeducativas para as vagas 16h e flexibilização no horário de entrada e saída do equipamento;

> Instalação de lavanderias em serviços que ainda não há e aumento do número de máquinas de lavar naqueles em que foram verificadas baixas quantidades;

> Instalação e reformas dos bagageiros nos serviços;

> Estabelecimento de prazo para resposta das demandas dos serviços na substituição de móveis, como, por exemplo, novos colchões, beliches, armários etc;

> Aumento dos serviços do tipo porta de saída como Autonomia em Foco e Repúblicas;

> Parcerias com a Secretaria de Habitação (SEHAB) para a criação de mais vagas no Programa de Locação Social para pessoas em situação de rua, garantindo assim a saída digna da situação de rua.

COM A PALAVRA, PREFEITURA DE SÃO PAULO

A Prefeitura de São Paulo informa que a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) recebeu e está analisando os apontamentos da Comissão Extraordinária de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania. Destaca-se que o atendimento a essa parcela da população exige atendimento multidisciplinar e a coparticipação de todas as esferas de governo. Após a divulgação dos resultados da primeira etapa do Censo 2019, a Prefeitura de São Paulo anunciou um pacote de medidas que contemplam ações integradas entre diversas áreas: Assistência Social, Direitos Humanos, Saúde, Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Subprefeituras, Habitação, Educação, Cultura. (os detalhes estão no link: http://www.capital.sp.gov.br/noticia/prefeitura-de-sao-paulo-divulga-cen...).

Entre eles está um Plano de Trabalho da SMADS para aprimorar os atendimentos e serviços da rede de acolhimento para pessoas em situação de rua, adequando às necessidades apresentadas pela população, para fortalecer a saída qualificada e maior conquista de autonomia. O plano é pautado em um diagnóstico sobre os usuários dos serviços de acolhimento da SMADS, adequações da infraestrutura, contratação de profissionais e aumento de oficinas e atividades com os usuários, além de fortalecer os trabalhos intersecretariais.

A SMADS possui 136 serviços específicos para população em situação de rua. Destes, 90 são voltados ao acolhimento com 17,2 mil vagas. Entre os serviços estão os Centros de Acolhida 16 e 24h, Centros de Acolhida Especiais, Repúblicas, entre outros.

Acrescenta-se que a rede socioassistencial é regulamentada pela portaria nº 46/SMADS/2010, aprovada pelo Conselho Municipal de Assistência Social, que define as diretrizes e parâmetros dos serviços da assistência social da cidade de São Paulo. A tipificação municipal indica os objetivos, o quadro de recursos humanos, a caracterização dos serviços, funcionamento, forma de acesso, objetivos, provisões institucionais, físicas e materiais, o trabalho social e socioeducativo necessários à operacionalização dos serviços de acordo com a quantidade de usuários. Vale destacar que o quadro de recursos humanos dos Centros de Acolhida é proporcional a capacidade que será definida no lançamento do edital.

Importante reforçar que a SMADS está sempre à disposição para receber sugestões e reclamações sobre a Rede de Assistência Social pelos canais adequados, que são importantes meios de aperfeiçoar o trabalho desempenhado. As situações de denúncias são apuradas para que as providências sejam tomadas e os serviços possam ser otimizados. As contribuições podem ser efetuadas pela ouvidoria da Prefeitura de São Paulo, por seus diferentes canais, ou pelo telefone 156.

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As paradas de ônibus de Belém estão no topo do ranking de reclamações da população. Os problemas são: estruturas precárias e falta de manutenção. Veja opiniões no vídeo.

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Oito adolescentes brasileiros continuam em abrigos nos Estados Unidos, mesmo depois de 50 crianças terem reencontrado seus pais que teriam entrado ilegalmente no país. O Ministério das Relações Exteriores informou que os adolescentes foram enviados a abrigos porque ingressaram no território norte-americano desacompanhados dos responsáveis legais.

De acordo com o Itamaraty, os jovens estão abrigados em Nova York, Illinois, Texas e Arizona. Há possibilidade de que eles sejam enquadrados na lei de migração e não de tolerância zero, que provocou a separação das famílias de imigrantes de diversos países.

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Mas a situação desses adolescentes ainda é complicada devido ao fato de as leis norte-americanas considerarem crime a tentativa de entrar de maneira ilegal no país. A assessoria do Ministério das Relações exteriores afirma que o Portal Consular conta com orientações gerais para quem vai viajar ao exterior e alerta que os cidadãos que buscam imigrar ilegalmente podem acabar presos.

Desempregada e sem lugar para morar, Kymalekah Divine, de 50 anos, viu no abrigo de Nova York, onde vive há um ano, um aviso oferecendo vagas para professores de Inglês. Apesar de já ter experiência na área, acreditou que não conseguiria o emprego. Ela não sabia é que a empresa procurava exatamente pessoas como ela: mulher, sem-teto, com muita experiência de vida e vontade de compartilhar conhecimentos.

"Já havia procurado emprego em várias áreas e tinha sido rejeitada. Não podia acreditar que voltaria a trabalhar no que mais gosto: ensinando", conta. Ela foi uma das 20 tutoras selecionadas para dar aulas de conversação em inglês para estrangeiros na plataforma Soulphia. A empresa foi fundada pelos brasileiros Tiago Noel Souza, de 30 anos, e Felipe Marinho, de 40.

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Os dois mudaram para os Estados Unidos para estudar e se conheceram em um projeto voluntário para moradores de abrigos. "Ficava aquela sensação de que poderia fazer mais por aquelas pessoas", conta Souza.

Com o apoio de ONGs e instituições de ensino, como a Universidade Columbia, eles firmaram uma parceria com um dos abrigos para selecionar e capacitar mulheres que poderiam ser tutoras - cada aula tem 45 minutos e é feita por videochamada. Elas custam entre R$ 40 e R$ 60 - 80% é pago às professoras.

A plataforma tem cerca de 300 alunos inscritos, a maioria brasileiras entre 30 e 45 anos. "Elas buscam mais educação e qualificação do que homens, mas, nesse caso, acho que são maioria nas aulas porque também se importam mais com o outro", afirma Souza.

A psicóloga Patrícia Schuindt, de 30 anos, começou a fazer as aulas em novembro para ganhar confiança ao falar inglês. "A aula é muito focada nas conversas. Elas corrigem e me ajudam a treinar alguns sons que eram difíceis de falar."

Todas as professoras fizeram curso para se adaptar à metodologia, aprender a usar os equipamentos e identificar dificuldades dos alunos. Para as aulas, são estabelecidos roteiros de conversa - normalmente temas atuais, como imigração e machismo. "Agora sei que meu lugar é dando aula. Amo ensinar, gosto do contato com os alunos mesmo que seja por um computador. Essa troca me fortaleceu muito", diz Kymalekah. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Militares do Exército levaram 871 venezuelanos que estavam acampados na Praça Simón Bolívar, em Boa Vista, para dois abrigos montados temporariamente na cidade, segundo informações divulgadas pela Casa Civil da Presidência da República. A ação teve apoio da prefeitura e da Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). 

A retirada começou às 5h30 até o início da tarde. Os venezuelanos foram levados para os abrigos Latife Salomão e Santa Tereza, onde terão três refeições diárias. Eles também foram cadastrados, receberam cartões de acesso aos abrigos e vacinados. 

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O general de Divisão Eduardo Pazuello, coordenador da operação de acolhimento dos migrantes, chamada de Força-Tarefa Humanitária, já havia antecipado à Agência Brasil a ação na praça. “Em Boa Vista, ainda temos pessoas na Praça Simón Bolívar. São os próximos que vamos abrigar. Com a desocupação da praça e com alguns remanescentes em um prédio ou outro, estaremos estabilizados”, disse.

Cerca de 4 a 6 mil venezuelanos estão em Boa Vista e o estado se prepara para receber mais pessoas que fogem da crise econômica intensa instalada no país vizinho. 

A ação faz parte das iniciativas do Comitê Federal de Assistência Emergencial do Governo Federal, presidido pela Casa Civil.

Outra medida é a transferência de venezuelanos para outros estados do país para aliviar a demanda crescente por assistência em Roraima. Até agora, 498 venezuelanos foram distribuídos entre São Paulo, Manaus e Cuiabá. O governo federal pretende investir na interiorização de 15 mil venezuelanos. Estão sendo disponibilizados R$ 190 milhões para atender a operação em um período de 12 meses. Essa verba é utilizada, principalmente, em contratação de estruturas para abrigos, transporte de equipamentos e na alimentação dos migrantes, além das viagens nos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB).

A reportagem da Agência Brasil acompanhou a transferência de alguns deles e conversou para saber o que buscam no Brasil. 

A Vara da Infância e da Juventude de Belo Horizonte tem dois meses para explicar o encaminhamento compulsório para abrigos de 120 recém-nascidos sob o argumento de estarem em "situação de risco". O problema foi atestado pelo Conselho Nacional dos Direitos Humanos das Crianças e Adolescentes (Conanda), da Secretaria de Direitos Humanos do governo federal, e chegou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) e ao Alto Comissariado de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). No início do mês, foi tema de audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Em quatro anos, quase quintuplicou o número de bebês separados de suas mães nas maternidades públicas da capital mineira, por ordem da Vara da Infância e da Juventude, e enviados para abrigos. Foram 29 casos em 2013; 72 em 2014; 140 em 2015; e 132 em 2016. Filhos de mães em situação de vulnerabilidade social, os bebês foram, em muitos casos, colocados na sequência para adoção. A escalada dos números chamou a atenção de funcionários da Secretária Municipal de Saúde.

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Aline Paula de Oliveira, de 28 anos, conta que foi separada de seu primogênito, Zion, de 6 anos, ainda na maternidade, por ordem da Justiça, por ser dependente química. "Não me deixaram nem amamentá-lo. Eu não estava drogada (na época do parto). O sonho de ser mãe tinha me feito reduzir o consumo de crack." O garoto foi dado para adoção e hoje a mãe sonha em poder revê-lo.

As denúncias de afastamento compulsório começaram em 2011 em Belo Horizonte. Em 2014, a orientação, até entãoinformal, foi formalizada pelo Ministério Público de Minas, com a publicação de duas Recomendações (n.º 5 e 6), que orientavam "médicos, profissionais de saúde, agentes comunitários, gerentes e responsáveis por unidades básicas (...)" a avisar à Vara da Infância e da Juventude sempre que uma mulher em "situação de risco" fosse dar à luz. O objetivo era saber se a mulher queria dar o filho para adoção e apurar se havia negligência ou se a mãe era usuária de drogas.

Em 2016, as recomendações viraram a Portaria n.º 3. Assinado pelo juiz da Vara da Infância e da Juventude de Belo Horizonte Marcos Flávio Lucas Padula, o texto foi modificado e passou a prever "apuração de responsabilidade criminal" contra quem não a cumprisse. Seriam investigadas a ocorrência de infrações do artigo 132 do Código Penal (expor a vida ou saúde de outrem a perigo direto e iminente, com pena de detenção de três meses a um ano) e do artigo 236 do Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA (impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do MP no exercício de função, com pena de detenção de seis meses a dois anos).

Foi do próprio Padula a maioria das decisões de afastamento compulsório de bebês. Diante dos protestos, o magistrado suspendeu em agosto deste ano a vigência da Portaria n.º 3.

A explosão no número de casos, envolvendo em geral mães pobres, pretas e pardas, desencadeou acusações de higienismo e preconceito contra a Justiça e de suposto atropelo no processamento regular das adoções. Com as recomendações e, depois, com a Portaria, o Conselho Tutelar (responsável pelas investigações familiares) teria sido afastado das ações. "Não é crime usar droga, não é crime morar na rua", diz a presidente do Conanda, Fabiana Gadelha, que esteve em Belo Horizonte em setembro e considerou haver irregularidades. "Não há nada na lei que diga que essas mulheres não tenham o direito de dar à luz e sair da maternidade com seus filhos."

Padula nega irregularidades. Diz que há "uma campanha de calúnia e difamação" contra a Vara que comanda há anos.

A retirada compulsória de bebês nas maternidades tornou-se mais visível em Belo Horizonte por causa das recomendações e da Portaria, mas não é restrita à capital mineira. Todas as pessoas ouvidas pela comissão do governo federal que investiga os casos de BH relatam que a retirada ocorre em todo o País.

Definição

Uma das dificuldades de avaliar o encaminhamento compulsório de bebês a abrigos é a definição de "situação de risco". Abrange de moradores de rua a pessoas com problemas mentais, passando por dependentes de drogas e vítimas de violência doméstica. Nenhuma dessas condições, por si, pode determinar a separação de mãe e filho. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), somente abuso, maus-tratos e abandono podem afastá-los. Mesmo assim, toda a família extensa da criança - avós e tios, por exemplo - deve ser escutada e considerada como potencial responsável. Além disso, é assegurado o direito pleno de defesa da mãe. Ou seja, ela precisa ser ouvida.

Procurada, a Secretaria de Saúde de Belo Horizonte afirmou, em nota, que "defende a união familiar até que se comprove a incapacidade da mãe ou do familiar mais próximo de cuidar da criança, ou que se comprove a possibilidade de a criança sofrer danos no convívio com a mãe". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A adoção, segundo a Constituição de 1988, é uma medida que visa ao bem-estar de crianças e adolescentes que se encontram em situação de abandono. O processo dirige atenções àqueles que esperam por um lar enquanto vivem em abrigos. Porém, a vontade de ter uma família se torna um problema enorme para esses jovens por conta das preferências dos adotantes na hora de escolher quem será adotado. As que possuem deficiências estão dentro do chamado grupo dos menos contemplados,  sendo que 25% das crianças disponíveis para adoção, em todo o Brasil, possuem algum tipo de deficiência, segundo o Cadastro Nacional.

Por meio do Cadastro Nacional de Adoção é possível localizar todas as Varas da criança e adolescentes, além dos adotantes aptos a adotar. Para o promotor de Justiça Waldir Macieira, as pessoas deveriam dar uma chance para as crianças que estão nos abrigos e muitas vezes são rejeitadas por questões físicas. “A adoção é uma oportunidade para muitas crianças que estão no abrigo, temos um número considerável de crianças aptas para adoção, crianças abandonadas, com deficiências e que precisam de uma oportunidade para ser educadas, amadas”, conta. “As pessoas deveriam dar uma chance para essas crianças. O Cadastro Nacional é fundamental nesse processo, pois ele permite uma organização e acompanhamento durante todo período de adoção”, completa.

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Alguns dos fatores que acabam tornando o processo de adoção doloroso para as crianças e jovens que residem nos abrigos são os estereótipos: 19,9% das pessoas que querem adotar uma criança preferem não adotar crianças negras que representam 66,1% das que estão nos abrigos brasileiros; 91% só aceitam crianças até 6 anos e 92% das crianças nos abrigos têm entre 7 e 17 anos, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça.

Alguns casos acabam tendo um final feliz, como conta Vanessa Brado, assistente social do Abrigo Calabriano em Belém. No abrigo, os casos todos foram bem-sucedidos. Segundo Vanessa, normalmente as famílias já possuem um perfil a ser escolhido e no fim o que acaba contando mesmo é a convivência. “Depende muito da adaptação das crianças, aqui não tivemos nenhum caso relacionado à rejeição, todos foram muito bem acolhidos pelas famílias. Aqui todas as crianças querem ter uma família, todas querem um lar,”. Confira abaixo a matéria completa.

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Diariamente o Conselho Tutelar recebe denúncias sobre maus tratos a crianças e adolescentes. Ao ser acionado, o órgão vai até o local e, caso seja comprovado que os direitos da criança estão sendo violados, a mesma é retirada do local e levada a um abrigo até que tudo seja solucionado.

As denúncias mais frequentes são por negligência (76,35%), violência psicológica (47,76%), violência física (42,66%) e violência sexual (21,90%). As principais vítimas são meninas de oito a 11 anos.

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Fernanda (nome fictício), que hoje tem 20 anos, passou a infância e a adolescência em abrigos infantis. Entre fugas e tristeza, ela buscava preencher o que lhe foi tirado tão cedo.

 

“Tinha dias que eu queria sair correndo, pedir mais uma vez a atenção do meu pai e quem sabe ele me deixava ficar...”

 

A mãe de Fernanda era alcoólatra e, assim que o vício da esposa saiu do controle, o pai de Fernanda foi embora. Quando a mãe morreu de cirrose, em decorrência do alcoolismo, a menina ficou morando com a avó materna. Em junho de 2007, ela foi à escola como sempre fazia, um dia comum na vida de uma criança. Durante a aula de Ciências Sociais, a diretora da escola entrou na sala de aula e pediu a Fernanda que a acompanhasse.  A avó havia falecido.

 

“Lembro como se fosse hoje. Ela me chamou, eu peguei minhas coisas e ela disse que meu tio estava vindo me buscar. Eu não entendi nada, meu tio nunca visitava a gente, nem ligava pra saber como a vovó estava, porque ele queria me buscar na escola?”

 

A garota perdia a única pessoa que zelava por ela. Depois de uns dias, o tio colocou a casa para alugar, doou as roupas da mãe de Fernanda e explicou que, a partir daquele dia, era iria morar com o pai. Fernanda arrumou suas coisas e entrou no carro. Pela janela, ela via toda a sua história ficando para trás. Ao chegar à casa do pai, de longe a menina já podia ver que sua madrasta gesticulava compulsivamente, discutindo com o marido.


 

“Eu não fazia ideia do que eu teria que enfrentar. Entrei naquela casa e já fui colocada de canto pelo meu pai e pela esposa dele. O quartinho no fundo do quintal era meu quarto. Não podia sair pra nada, mas eu amava meu pai. Eu parei de ir pra escola e comecei a ficar na rua a maior parte do dia, e depois da noite também. Sabe qual é a verdade? Ninguém se importou.”

 

Fernanda parou de estudar e passou a frequentar diariamente as ruas no entorno da casa. Dias e noites eram uma coisa só. Comer, tomar banho e dormir ela quase não fazia mais.

Até que alguém denunciou a situação ao Conselho Tutelar.

Sem alimentação, cuidados higiênicos e sem frequentar a escola, Fernanda foi levada pelo Conselho Tutelar e encaminhada a um abrigo. Depois de ser apresentada ao local, ela jantou, tomou um banho e foi para o quarto, onde havia mais dez meninas.

Era o primeiro dia de oito longos anos que estavam por vir.

 

“Eu saí de casa com as minhas coisas na mochila, meu pai não questionou o Conselho Tutelar. Cheguei lá no abrigo e fui bem recebida, dividia quarto com mais dez meninas. Era um lugar legal, as ‘tias’ que cuidavam da gente eram carinhosas e por muitas vezes nos escutavam e davam conselhos. O único problema é que eu não queria ficar ali.”

 

Fernanda fugiu inúmeras vezes. Driblar os funcionários do abrigo e pular o muro era uma rotina. Saía pelas ruas e sempre voltava a bater no portão da casa do pai, que ou não atendia ou ignorava o pedido da filha de voltar a morar com ele.

Àquela altura, Fernanda já não era mais a mesma criança. O brilho no olhar não existia mais. A rotina era constante: faltar à aula, ficar na rua, ir pro abrigo comer, fugir na madrugada e voltar só pela manhã. Passou a ser conhecida no bairro, no Conselho Tutelar e até mesmo no Departamento de Polícia mais próximo.

Fernanda foi diagnosticada com esquizofrenia. Por nunca estar no abrigo, os medicamentos não eram tomados no horário certo. Ela passou a acreditar que estava sendo perseguida e ameaçava quem queria ajudar.

 

“Odiava ficar ali, era cheio de crianças chatas, que ficavam sempre falando que logo estariam com seus pais. E eu pensava: será que eles não perceberam que ninguém se importa com eles? Aquela rotina me irritava, eu queria ficar na rua, sem ninguém mandando em mim. Aí me falaram que eu tinha uma doença e que devia me tratar. Já não tinha mais esperança, há cinco anos naquele lugar, ouvindo meu pai falar que não me queria. Isso me fez não querer mais ele e não querer mais nada, a não ser ‘causar’.”

 

O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece um prazo de dois dias úteis para que os responsáveis pelos abrigos entrem em contato com a Justiça, comunicando o acolhimento da criança. O órgão responsável por determinar as medidas de proteção é o Judiciário, porém muitas vezes a Justiça não é informada que uma determinada criança foi encaminhada a um abrigo. Quando isso acontece, é como se ela deixasse de existir, pois ela não é encaminhada para adoção e, em muitos casos, também não volta para sua família de origem.

Fernanda era um desses casos. Ela já tinha 15 anos e sua situação não estava resolvida. Não voltava para o pai e nem era levada para a adoção. As fugas frequentes e o comportamento rebelde prejudicavam ainda mais o relacionamento dela com as assistentes sociais.

Após cinco anos, a vida dentro do abrigo estava ficando cada vez mais difícil.  As crianças chegavam, mas nunca saíam.

 

“Era criança pra c... O quarto estava lotado, a gente não tinha mais uma roupa nossa, era tudo de todo mundo. Estava insuportável viver ali. Passei uma semana andando pelas ruas, dormindo embaixo de pontos de ônibus. Não tomava banho por vários e vários dias, peguei infecção, meu cabelo era um pesadelo. Me mandaram para outros abrigos, achando que o problema era lá, mas na real o problema era eu.”

 

Sem opções, Fernanda seguia sua rotina de fugas e arrependimentos. O tratamento da esquizofrenia foi deixado de lado e os remédios pararam de ser entregues. Arranjou um namorado bem mais velho e foi morar com ele. Alguns dias depois, por conta das agressões, resolveu voltar para a rua.

O que Fernanda não imaginava é que, após rejeitar o abrigo, seria enfim rejeitada por ele.  Ao completar 18 anos, foi avisada de que deveria sair do abrigo. Foi então que ela parou e pensou no que seria da vida dela.

 

“Eu completei 18 anos em julho. Eles me chamaram e falaram desse jeito: ‘Fernanda, você agora é de maior, não pode mais ficar com a gente. Você precisa pegar suas coisas’. Eu só conseguia pensar no que eu ia fazer. Enfim livre daquele lugar, daquela gente. Mas em nenhum momento passou pela minha cabeça que eu não tinha pra onde ir. Eu não voltei para o meu pai e também não fui adotada.”


Quando o adolescente está chegando à maioridade e não teve sua situação regularizada, a instituição que o abriga deve fortalecer os vínculos comunitários, ajudar na qualificação profissional e, principalmente, ajudar o jovem a construir um projeto de vida. O poder público deve oferecer o acolhimento em repúblicas, criando uma transição entre o serviço oferecido na infância e a aquisição da autonomia. Mas Fernanda não teve nada disso. Sem perspectiva de futuro e sem autoestima, ela estava completamente perdida.

 

“Sai de lá feliz, porque agora eram as minhas regras, sem ninguém encher meu saco. As primeiras noites passei na rua mesmo, almoçava na casa de uns amigos da igreja. Mas na hora de dormir, sem chance, eu ia pra rua.”

 

Um dia, uma chance apareceu e a vida de Fernanda mudou.

 

“Um dia a pastora da igreja me chamou pra morar com ela e o esposo. Eles não tinham filhos e me chamaram, claro que topei. Mas para eu ficar lá tinha que cumprir algumas exigências: voltar a estudar, fazer algum curso, ajudar em casa e me cuidar. Aí eu fiz, não foi fácil, tive que me adaptar à rotina deles, eu nem me lembrava como era ter uma família.” 

 

Fernanda conseguiu uma família, mas não foi através do abrigo nem do sistema Judiciário. Uma família que conheceu uma garota perdida, sem sonhos e sem lembrar o que era amor. Ela começou a estudar, se matriculou em cursos profissionalizantes e voltou com o tratamento da esquizofrenia.

 

“É incrível chegar em casa depois de estudar e encontrar as pessoas te esperando. Saber que vou ter onde dormir e vou ter o que comer. Não sou a melhor garota do mundo, mas sempre me esforço pra corresponder a eles com o meu melhor. Espero estar conseguindo. Quero ser feliz e esquecer tudo que vivi.”


Essa é a história de Fernanda. Assim como ela, existem muitas outras parecidas acontecendo agora mesmo. O ciclo continua: crianças com seus direitos sendo violados, que são retiradas de suas famílias e encaminhadas a abrigos superlotados, ocasionando fugas. Crianças que não são adotadas nem voltam para suas famílias, e que são jogadas nas ruas ao atingir a maioridade, sem qualquer perspectiva de vida.

 

Por Jade Gimenez

 

 

 

Após dois meses sem fornecer alimentos às crianças de vários abrigos, a Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SEDSCJ) participa de audiência no Ministério Público de Pernambuco (MPPE), no bairro na Boa Vista - Centro do Recife. A sessão, que conta com a participação de representantes da pasta, tem como finalidade obter conhecimento sobre a ausência de alimentos na Casa Madalena.

De acordo com a promotora Jecqueline Elihinas, o MPPE quer saber por que os recursos não foram disponibilizados aos abrigos e, além disso, o órgão visa analisar todos os contratos firmados com as empresas terceirizadas. Segundo informações, os funcionários estão sem receber o salário e o vale transporte há três meses. Ainda de acordo com relatos, os colaboradores terceirizados, nos últimos meses, estavam fazendo cota para comprar alimentos e remédios para as crianças.   

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Caso - Em maio, o MPPE recebeu denúncias de que a SEDSCJ não estava fornecendo alimentos para as crianças do abrigo Casa Madalena, na área central do Recife. Após visita do órgão foi confirmado à falta de comida, como carne, verduras e legumes. Com a confirmação, a Secretaria se comprometeu em resolver o problema, porém isso não aconteceu. Após um mês, o MPPE recebeu novas denúncias e detectou que o local estava sem comida e sem cuidadores. 

>> Falta de alimento em abrigos de crianças move ação do MPPE <<

>> Abrigos de crianças continuam sem alimentos e cuidadores <<

>> “As crianças não sabem o que é comer carne há muito tempo” <<

Enquanto a Itália lida com um número recorde de imigrantes que fazem a viagem arriscada através do Mediterrâneo para chegar à costa da Europa, o país também registra um número recorde de pedidos de asilo político, lotando os centros de detenção de migrantes com supostos refugiados na esperança que alguns de seus casos sejam aceitos.

Durante anos, os refugiados muitas vezes usavam a Itália como porta de entrada para países no Norte da Europa, onde as comunidades de imigrantes mais estabelecidos oferecem melhores oportunidades de emprego.

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Mas a agência de refugiados da ONU informou esta semana que o número de pedidos de asilo apresentados na Itália aumentou 148% em 2014 em relação ao ano anterior, superando de longe o recorde de 2011, quando cerca de 40 mil pessoas solicitaram asilo no país na esteira da Primavera Árabe.

Ao todo, cerca de 63,7 mil pessoas pediram asilo na Itália em 2014, fazendo com o país fosse superado apenas por Alemanha, EUA, Turquia e Suécia, de acordo com um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para o Refugiados. Deste total, 9,8 mil dos pedidos são do Mali, cujos cidadãos lideraram as solicitações de asilo na Itália em 2014.

"Quando eu penso sobre minha situação, eu quero chorar, porque eu não tenho dinheiro e nem mesmo as roupas que uso são minhas", disse Landing Sono, um jovem de 25 anos que está no abrigo para imigrantes Umberto I, em Siracusa, na Sicília.

Ele é um dos 195 homens africanos abrigados no centro de imigrantes. Todos eles vivem o mesmo dilema: são livres para sair e caminhar ao redor da cidade, mas se fugirem antes de ter uma audiência para solicitar asilo, eles vão perder a chance de obtê-lo em outros lugares do país.

Lamin Beyai, de Gâmbia, fica no centro de imigração o dia todo à espera de uma audiência para solicitar asilo. "Não é fácil ter de voltar para o mar para chegar a outro lugar, lá tudo pode acontecer. Só Deus pode salvá-lo", disse. Fonte: Associated Press.

Eles te pegaram no colo, o criaram e fizeram de você um cidadão digno. Foram anos de dedicação exclusiva e, em vários momentos, você se tornou totalmente dependente deles. Agora, são eles que precisam de ajuda. Muitas famílias acabam tendo que conviver com idosos, sejam parentes ou pessoas muito próximas. Porém, em uma determinada fase da vida, a idade avançada, no contexto da longevidade, acaba fazendo do indivíduo um ser dependente e limitado. Nem sempre os familiares podem conviver com essa situação e o destino para muitos velhinhos são os asilos, abrigos ou como muitos chamam atualmente, residências para idosos. 

Na maioria dos casos, é uma tarefa muito difícil decidir colocar um idoso num abrigo. As questões sentimentais pesam, além das dúvidas sobre se o indivíduo em questão será bem tratado ou não. Todavia, o que acaba pesando de fato são as obrigações e circunstâncias pessoais e do cotidiano – trabalho, filhos e afazeres - , levando os filhos a deixarem os pais ou parentes nas residências de acolhimento.

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“O médico constatou que meu pai tem Alzheimer e ele não reúne condições de ficar sozinho. Ele até conversa, mas, por conta da doença, esquece as coisas. Junto com os meus outros dois irmãos chegamos à decisão de colocar meu pai no abrigo. Foi uma decisão muito difícil. É uma pessoa que a gente ama, um ente querido. Mas, realmente ele precisa e nós não temos condições de tratarmos ele em casa. Inclusive por orientações médicas”, diz o profissional da área de gastronomia, Sérgio Oliveira, que está prestes a colocar o pai de 88 anos de idade em uma residência de velhinhos. 

O Abrigo Cristo Redentor, localizado em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, é um dos locais de acolhimento mais tradicionais do Estado. Inaugurada em 1942, a instituição filantrópica tem atualmente 154 idosos, entre homens e mulheres, oriundos tanto de internamentos quanto de ações da Prefeitura da cidade, que recolhe velhinhos moradores de rua. De acordo com a gerente da residência, Cristiane Melo, existem algumas condições para o acolhimento dos idosos. “A gente não recebe idosos acamados ou que tenham doenças infectocontagiosas. Também exigimos, como manda o Estatuto do Idoso, que as famílias ou responsáveis façam sempre visitas. Eles devem ser maiores de 60 anos e ainda passam por exames psicosociais e médicos”, explica a gerente. Ainda segundo Cristiane, o Abrigo recebe doações e contribuições dos próprios internos. Os gastos mensais para a manutenção do espaço chegam a passar de R$ 100 mil. O desconto nas rendas dos velhinhos é de 70%, independente do valor que eles ganham.

Nas dependências do Abrigo, o silêncio é bem característico. Os velhinhos, seja pela idade avançada ou condições físicas, evitam agitação e atividades que exigem esforço. Isso fica bem evidente na ala dos idosos que não andam. Em uma mesa, várias senhoras passam boa parte da manhã trocando olhares. A rotina muda na hora do almoço ou quando os voluntários chegam para conversar. No mesmo espaço, idosas de melhor saúde realizam atividades de terapia ocupacional, como dona Luzinete Maria da Silva (foto à direita), 69 anos. Ela mostra com orgulho suas pinturas e bonecas que para ela representam os filhos que não teve. Há seis anos no Abrigo, dona Luzinete foi internada pela sobrinha. “Fiquei muito feliz quando vim pra cá. Foi melhor assim. Aqui eu converso, pinto, faço passeio... Quero terminar meus dias aqui”, diz, aos risos.

 

Dona Luzinete ainda recebe visitas de familiares. O que não acontece com uma das moradoras mais velhas do Cristo Redentor, a senhora Maria José dos Santos (foto abaixo), conhecida como Cabrobó. A idosa de 107 anos foi internada por familiares em 1998. Apesar de não receber visitas de parentes, a ausência da família não representa tristeza. “Não me lembro de mais ninguém. Estou muito velha. Mas, posso dizer que sou muito feliz aqui. A idade representa tristeza para alguns. Já eu sou muito feliz por chegar a mais de 100 anos”, afirma dona Cabrobó.


As histórias do Abrigo têm uma mescla de drama, tristeza e alegria. Há também fatos de superação. Um deles é o da dona Maria das Dores Virgolino Ferreira, 97 anos, conhecida como Dorinha. Desafiando a medicina, segundo a organização do Abrigo, ela tem uma vida saudável e sempre consegue resultados satisfatórios nos exames médicos. A vitalidade dela começou na infância. Tinha tudo para morrer, quando foi abandonada ainda bebê pela mãe em uma cesta num rio que passa próximo ao terreno onde o Abrigo foi construído. Resgatada por um vaqueiro e depois de morar com uma família rica da região, por força e curiosidade do destino, Dorinha vive hoje no mesmo terreno onde nasceu. Veja o depoimento da ex-empregada doméstica.

De acordo com o psicólogo responsável pelo Abrigo Cristo Redentor, Carlos Cabral (foto abaixo), que há quase 35 anos trabalha no local, atualmente praticamente é “zero” o número de idosos abandonados. Ele justifica que após a criação do Estatuto do Idoso e das políticas públicas que impedem o desprezo dos mais velhos, sobre pena de punição, as pessoas começaram a temer abandonar seus entes. Cabral também salienta que a ideologia atual dos abrigos é a de oferecer para os internados um ambiente residencial, proporcionando ao idoso um local onde há pessoas da mesma faixa etária dele e que fazem coisas que ele faz.

“Hoje é um mal necessário deixar um idoso num abrigo. Porque acho que a retirada do idoso do grupo familiar tem várias situações. Aqui se trabalha para o idoso manter a qualidade de vida. Acontece também que alguns velhinhos não gostam e não querem dar trabalho aos familiares. Sobretudo, é importante lembrar que aqui não é uma clínica médica. Aqui é uma residência”, diz o psicólogo, destacando também que diversos profissionais de saúde prestam atendimento aos internados.

Segundo a geriatra Sandra Brotto, do Instituto de Medicina do Idoso de Pernambuco (Imedi), a palavra “asilo” foi colocada em desuso, por causa de questões pejorativas. Agora, as residências e abrigos são chamados de Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI). “Nessa última, a visão é gerontológica, ou seja, voltada a reabilitação e para o envelhecimento ativo, visando manter o idoso com maior autonomia e independência possível”, comenta a médica.

Sandra explica que é importante analisar caso a caso, porém, a demência é um dos principais incentivadores que fazem as famílias deixarem seus idosos nos abrigos. “Na maioria das vezes, a instituição é a solução para um idoso com déficit cognitivo, ou seja, um quadro demencial que necessita de cuidados multiprofissionais e integrais, o que nem sempre é possível em casa. Apesar de culturalmente as pessoas sentirem-se culpadas na hora de transferir o idoso do domicilio para  uma ILPI, essa mudança pode ser muito benéfica se lá ele receber atenção especializada, cuidados de reabilitação e promoção de saúde em tempo integral”, explica a geriatra. Ela complementa dizendo: “A família tende a se sentir sobrecarregada com o estresse do trabalho e de deixar o idoso só ou sem um cuidador. Sendo assim, numa ILPI de visão gerontológica, o idoso poderá ser cuidado e interagir socialmente com outros idosos, diminuindo a solidão e tornando mais fácil o acesso aos cuidados multidisciplinares como fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional”.

A médica também orienta que a internação do idoso não pode ser feita contra a vontade dele, quando o envolvido não possui quadro demencial. A decisão deve ser tomada de forma harmoniosa, além de ser possível a realização de um período de adaptação. No Cristo Redentor, por exemplo, esse período é de 90 dias. “Um idoso quando não quer ficar no Abrigo nós não aceitamos. Ele deve ficar aqui por vontade”, garante o psicólogo Carlos Cabral.

O que pode ser o último lar

É inevitável que o sentimento de finidade não ganhe espaço nas mentes dos velhinhos, diz Cabral. Somando a isso, doenças comuns da própria velhice também atormentam essa fase da vida, levando alguns até a depressão. Seja na casa de uma família, num abrigo, ou na UTI hospitalar, esses locais podem representar os últimos espaços de vivência de todos nós, quando envelhecemos.

No Cristo Redentor, existem alas exclusivas para pessoas que não andam, além de espaços para quem consegue se locomover. Salão de festas, salas de fisioterapia, jardins, refeitório e enfermarias são alguns dos locais da residência. Entretanto, é nos dormitórios – separados por sexo – que é possível identificar o “jeitinho” de cada um dos velhinhos.


A linha, a agulha e o tecido desfiado em cima da cabeceira revelam uma antiga costureira. A cama muito bem arrumada mostra um pouco do que foi a camareira que hoje está na fase final da vida residindo num abrigo. Entre essas e outras características, tudo vai criando a imagem de quem foram essas pessoas. As fotografias também alimentam a saudade dos familiares. Saudade que pode ser “matada” quando acontecem as visitas. Outros vão apenas guardar as lembranças, uma vez que não têm mais ninguém para visitá-los. No vídeo abaixo, assista depoimentos de idosos que veem no Abrigo seu último lar. Conheça também um homem que já chegou a ter um cargo elevado em um importante banco brasileiro, foi casado cinco vezes e hoje mora no asilo. 

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Abrigos no Brasil 

Uma pesquisa realizada em 2011 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que o Brasil tinha 218 asilos públicos. Ao todo, eram atendidos 83 mil idosos, tanto em espaços privados quando nos geridos pelo poder público. Vale lembrar que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem atualmente 24,8 milhões de anciãos.

O estudo do Ipea ainda apontou que as instituições brasileiras para velhinhos estão concentradas no Sudeste, sendo que só o estado de São Paulo tinha 34,3% do total. Ainda de acordo com a análise, em média, cada residência gasta por mês R$ 717,91 por residente.


A pesquisa informou também que quando um idoso precisa ir a um abrigo e não há vagas disponíveis, seja nos filantrópicos ou públicos, ele fica por tempo indeterminado em hospital público. De acordo com o Ipea, o custo para manter um idoso no abrigo é de R$ 750 mensais, em média. Já no hospital, o gasto aumenta para R$ 1,4 mil.

Leia também: Queixas da longevidade: o drama dos idosos sem trabalho 

Ajude o Abrigo Cristo Redentor 

Avenida Governador Agamenon Magalhães, bairro de Cavaleiro, Jaboatão dos Guararapes

Fone: (81) 3257-8000 / 3255-6933

Doações:  Banco do Brasil

Agência: 4118-1 / Conta: 17111-5  

 

 

A prefeitura do Rio iniciou nesta terça-feira, 18, uma operação, em conjunto com a Polícia Militar, que resultou no recolhimento para abrigos de 71 adultos e 21 crianças que dormiam nas ruas do centro e de bairros da zona sul. Outras 8 pessoas foram encaminhadas para a delegacia - de acordo com a secretaria municipal de Governo, havia cinco facas com o grupo. O objetivo do projeto é "combater pequenos delitos na cidade".

Colchonetes e pertences dos moradores de rua foram retirados por garis e levados em um caminhão da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb). A operação não tem prazo para acabar e conta com uma equipe de 250 pessoas das secretarias de Governo, Desenvolvimento Social e Ordem Pública, além da Comlurb, Guarda Municipal e PM. Os trabalhos começaram às 8 horas.

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Em Copacabana e no Leme, os agentes recolheram 43 adultos, quatro adolescentes e uma criança. No centro, foram 19 adultos, 11 adolescentes e um idoso. Nos bairros do Catete, Flamengo, Largo do Machado e Botafogo, oito adultos e cinco adolescentes foram levados para abrigos municipais. Outras oito pessoas foram conduzidas para a delegacia por PMs. "Dessas, quatro já tinham passagens pela polícia. Com elas, a equipe encontrou cinco facas", afirmou a secretaria.

"Com uma equipe multidisciplinar é possível dar uma solução mais rápida a problemas crônicos da cidade", disse o secretário de Governo, Rodrigo Bethlem, coordenador do projeto, em nota divulgada à imprensa.

A gestão Fernando Haddad (PT) também quer que os abrigos para moradores de ruas e dependentes químicos fiquem livres de restrições e possam ser erguidos em bairros residenciais do centro expandido. Hoje é comum moradores irem à Justiça para tentar fechar abrigos, pois acabam concentrando grande número de catadores de papelão e carroceiros.

O artigo 1º da lei enviada à Câmara é claro. "Os equipamentos públicos de educação, saúde e assistência social poderão ser instalados, reformados e regularizados em todo o território do Município de São Paulo, independentemente da zona de uso e da classificação viária do imóvel, inclusive nas ruas sem saída, nas áreas integrantes do sistema de áreas verdes e nas áreas institucionais de loteamentos", diz.

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Em 2011, por exemplo, moradores de Pinheiros conseguiram 1,2 mil assinaturas em uma ação que tentava fechar um albergue para sem-teto na Rua Cardeal Arcoverde. Mas o Ministério Público Estadual (MPE) não aceitou o pedido - o promotor Maurício Antonio Ribeiro Lopes chegou a abrir processo contra os moradores por discriminação racial.

Relevância

Na justificativa do projeto enviado aos vereadores no dia 12, Haddad afirma que "diante da inquestionável relevância em suprir a demanda pelos mencionados serviços e dos óbices até então encontrados pela administração municipal, foi realizada análise técnica que mapeou todos os parâmetros urbanísticos previstos na Lei nº 13.885, de 2004, para a verificação e avaliação relativamente às restrições para a implantação das diferentes tipologias de equipamentos de educação e saúde, como bem explicitado nos pronunciamentos das áreas competentes da Secretaria de Desenvolvimento Urbano". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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