A Polícia Civil vasculhou nesta sexta-feira, 11, 13 endereços na Região Metropolitana do Rio em busca de evidências do envolvimento de moradores com os atos violentos ocorridos na manifestação realizada em 7 de setembro passado. Nove suspeitos de vinculação com o grupo Black Bloc, acusado de praticar depredações e agressões, foram levados à delegacia para a tomada de depoimentos.
A estratégia policial é a de fechar o cerco aos manifestantes ligados ao Black Bloc. A Polícia Civil tenta estabelecer conexões entre manifestantes detidos por vandalismo nas comemorações do Dia da Independência e os administradores do perfil do grupo na rede social Facebook.
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Equipes da polícia foram cedo para as ruas a fim de cumprir 13 mandados judiciais de busca e apreensão na capital e em Niterói (cidade vizinha). Recolheram laptops, HDs, celulares, pendrives, CDs e máscaras.
Como não havia ordem de prisão, nove pessoas foram interrogadas na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). Todas negaram envolvimento com os black blocs e deixaram o distrito em seguida.
"Não faço parte do grupo Black Bloc. Só fui a uma manifestação no 7 de setembro", disse Débora Moreira da Costa, alvo de um mandado.
A investigação é o desdobramento de uma ação deflagrada em 4 de setembro, quando três administradores da página na rede social foram presos acusados por formação de quadrilha e incitação à violência. Ficaram cinco dias na cadeia. Em 7 de setembro, 21 pessoas foram autuadas em flagrante acusadas pelos atos violentos cometidos durante a manifestação.
Como parte das investigações, a Polícia Civil cruzou os boletins de ocorrência com a lista de usuários e administradores do perfil dos black blocs. A DRCI espera comprovar as conexões com os dados contidos nos equipamentos de informática recolhidos nesta sexta.
"Uma coisa é você, isoladamente, deter alguém que lançou um coquetel molotov. Outra, é você identificar essa pessoa como alguém que tem poder de gerenciamento", afirmou o diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), Fernando Reis.
Para o delegado, a polícia busca descobrir se os administradores e seguidores do perfil estão envolvidos nos ataques violentos, de modo a que seja configurada a formação de quadrilha, com enquadramento previsto na nova Lei de Organizações Criminosas, em vigor desde agosto deste ano. Essa legislação é mais dura, com penas que podem ir de três anos a oito anos de prisão.
"Pela internet eu posso comandar qualquer tipo de ação criminosa. Não é pelo fato de que se está na internet que a ação se despersonaliza, muito pelo contrário. Em qualquer sequência de atos criminais em que você consiga identificar os responsáveis por potencializá-los, essas pessoas podem ser enquadradas na lei nova", afirmou Reis.
Redes sociais
A operação repercutiu nas redes sociais. O perfil Black Bloc RJ não se manifestou enfaticamente sobre a operação, mas o Anonymous Rio, que tem se notabilizado por divulgar dados de policiais militares na rede, postou um texto em solidariedade.
No texto, promete organizar uma vigília. Diz ainda, sobre a eventualidade de prisão dos administradores: "Caso algo ocorra conosco... sigam firmes, com sabedoria e serenidade. Nós também seguiremos, independente de onde estivermos".