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Na última quinta-feira (23), o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) decidiu pela suspensão do bônus regional para cursos de medicina, odontologia e direito ofertados pela Universidade de Pernambuco (UPE). A decisão judicial foi anunciada um dia antes do encerramento das inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), previsto para esta sexta-feira (24).

A liminar do TJPE retira o acréscimo de 10% nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de maneira imediata. De acordo com o juiz Luiz Gomes da Rocha Neto, da 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital, a decisão visa restabelecer o "princípio da isonomia".

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Como funciona o bônus regional?

Recife: para ter direito à bonificação nos cursos de direito, medicina e odontologia, os candidatos precisam ter estudado e morado na capital pernambucana, Região Metropolitana ou Zona da Mata;

Garanhuns: para a graduação de medicina, na cidade do Agreste Pernambucano, é necessário morar e ter estudando na região;

Serra Talhada (medicina) e Arcoverde (direito e odontologia): para receber os 10%, os candidatos precisam ser do Sertão pernambucano.

Revolta e incertezas

O estudante Vinícius Diniz, de 21 anos, tenta desde 2019 ingressar no curso de medicina. Residente em Serra Talhada, ele optou pela graduação ofertada pela UPE no Sertão de Pernambuco e o mesmo curso na Univasf, no Campus Paulo Afonso, no Sisu 2023.

Ao LeiaJá, ele garante que, mesmo com a decisão judicial, até a última parcial da seletiva, permanece com o acréscimo de 10% na nota final. “O acréscimo ainda está sendo contabilizado no Sisu. Visto que a última parcial ainda estava com as notas bonificadas (...) estou bem revoltado com essa suspensão. Apreensivo também, visto que até então eu estava na lista de classificados”, diz.

À reportagem, Vinícius conta que soube da suspensão do bônus regional através da mídia. “Um amigo meu me enviou a notícia”. O estudante expõe que está em um momento de “incertezas por causa dessa situação”. Em tom de revolta, Vinícius aponta que a decisão do fim da bonificação deveria ter sido anunciada antes do processo de inscrições do Sisu 2023, não no final do prazo.

Sofia Fregapane, de 18 anos, também pleiteia uma vaga no curso de medicina, mas no campus Recife. A estudante, que está no segundo ano de curso preparatório, classifica o bônus com uma "esperança" para aqueles que desejam ingressar no ensino superio público. 

"Desde que o bônus para upe e federal foi anunciado eu, assim como diversos outro alunos, me senti muito mais esperançosa por saber que a gente de pernambuco teria uma vantagem e assim, pra quem quer medicina qualque 0,5 que seja faz diferença", conta.

E complementa: "É muito triste para mim como estudante e vestibulanda de um dos cursos mais difíceis de ingressar no país. Eu senti como se estivessem dificultando ainda mais a realização do meu sonho e como se tudo que eu construi até aqui foi totalmente desmoralizado". Além disso, Sofia alega que tem medo do fim da bonificação. Na análise dela, isso refleteria, por exemplo, no aumento da nota de corte. 

Usando o caso da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que, por ação popular, teve também a suspensão do bônus, e recorreu da decisão, o que garantiu o retorno da bonificação, Vinícius acredita que essa será a conduta adotada pela UPE. “Imagino que a UPE possa fazer o mesmo. Até porque 8 dos 9 dias de Sisu tiveram a bonificação”, ressalta.

O que diz a UPE

Por meio de nota, a comunicação da universidade estadual afirma que ao receber a notificação do oficial de Justiça irá recorrer para a manutenção do bônus regional. "O departamento jurídico da instituição já está preparando recurso contra essa decisão". 

Na véspera do encerramento das inscrições no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), nesta sexta-feira (24), o juiz Luiz Gomes da Rocha Neto, da 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital, decidiu pelo fim do bônus regional destinado a estudantes pernambucanos nos cursos oferecidos pela Universidade de Pernambuco (UPE). A bonificação garantia acréscimo de 10% na nota final de classificação do Sisu.

Segundo o magistrado, a decisão visa restabelecer o "princípio da isonomia". Além disso, é entendido que o fim do bônus regional é a "melhor solução para resguardar o direito dos candidatos (...) de forma que a parte ré proceda com a classificação dos candidatos nos cursos pretendidos, nas regiões escolhidas, sem usar o critério regional de bonificação a todos os candidatos".

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A determinação manda que a UPE suspenda imediatamente a aplicação "da bonificação regional prevista na Resolução CEPE nº 092/2020 e no Edital do Processo Seletivo – Sisu 2023 da UPE, sem usar o critério regional de bonificação a todos os candidatos". O LeiaJá entrou em contato com a universidade estadual, no entanto, a assessoria informou que o posicionamento sobre a decisão só será divulgado na sexta-feira (24).

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) reduziu, pela segunda vez consecutiva, o bônus regional concedido na nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aos candidatos de medicina no Campus Recife, através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Anteriormente, o acréscimo que era de 7% foi alterado para 5%. 

A política de bônus regional, ou inclusão regional, é uma ação afirmativa adotada por diversas universidades para os processos seletivos de ingresso discente, voltados para estudantes oriundos da região. Na cidade do Recife, o bônus é concedido ao candidato de medicina que cursou e concluiu todo o ensino médio em escolas regulares e presenciais de Pernambuco.    

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"Segundo o documento, a nota final do Enem terá os seguintes acréscimos (...) 5% para candidatos ao curso de Medicina do Campus Recife que cursaram e concluíram todo o Ensino Médio em escolas regulares e presenciais em Pernambuco e para candidatos aos cursos de Vitória e Caruaru que tiverem cursado e concluído, no mínimo, 2/3 do Ensino Médio em escolas regulares e presenciais das mesorregiões da Zona da Mata pernambucana e do Agreste pernambucano", explicou a UFPE, em nota.

A Justiça Federal de Pernambuco (JFPE) concedeu, em caráter provisório, o pedido de uma estudante para que a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) exclua do seu critério de cotas regionais o bônus de 10% à nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). De acordo com a argumentação da autora do pedido, a modalidade que oferece a bonificação não teria sido selecionada e, na lista final, a jovem perdeu a vaga no curso de medicina.

A estudante ajuizou uma declaração de anuidade com urgência contra a UFPE, alegando que, ao acompanhar o procedimento do programa, verificou que havia sido incluída a bonificação regional, que concede 10% a mais em sua nota do Enem por morar nos municípios incluídos nas mesorregiões da Zona da Mata e Agreste do Estado. A autora argumenta na declaração que observou, no site do Sisu, que as notas de corte indicadas para o curso de medicina, sem os argumentos regionais, estariam fixadas em nota inferior à sua, por tal razão teria realizado a inscrição na modalidade mencionada. 

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Após o processo ser avaliado, o juiz da 2º Vara Federal de Pernambuco, Francisco Alves dos Santos Júnior, concedeu o pedido da estudante. A decisão do juiz ainda determinou que a instituição de ensino refaça a lista de candidatos aprovados sem esse bônus. “Ao final do fechamento do sistema, as notas teriam sido recomputadas, fazendo-se novamente uma lista única, em que teriam passado a figurar como aprovados apenas aqueles inscritos com argumento regional. Aqueles que teriam se inscrito na opção listada pelo MEC teriam sido sumariamente excluídos”, diz a nota do JFPE.

De acordo com o juiz, no documento da declaração de anuidade, qualquer critério ou subcritério limitador do direito de acesso às universidades públicas só pode ser criado por Lei, "porque ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de Lei (princípio da legalidade, instituído no inciso II do art. 5º da vigente Constituição da República)".

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