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Em 2007, Rosivanio de Lima Pereira Kaxinawá, 34 anos, deixou a aldeia indígena onde vivia, no Acre, para cursar a Escola Latino-Americana de Medicina, em Cuba. Com especialização em medicina da família, ele integra atualmente uma equipe de 117 profissionais de saúde enviados a 29 distritos sanitários especiais indígenas, incluindo o Território Yanomami, que enfrenta situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.

“Sei da realidade do meu povo, do sofrimento que é ir para a cidade e pegar uma ficha de saúde às 3h da manhã para ser atendido. Hoje, podemos levar atendimento para dentro da comunidade, para que o indígena não saia da sua aldeia. Já é um grande fato. Podemos contribuir e melhorar nesse sentido”, acrescentou.

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O cubano naturalizado brasileiro Osmel Gonçalves Corona, 34 anos, é especialista em clínica geral, formado pela Universidade de Ciências Médicas de Havana. Enviado pelo Ministério da Saúde ao Distrito Sanitário Especial Indígena Litoral Sul, ele vai atender uma área que inclui aldeias ao longo dos estados do Paraná, Rio de Janeiro e de São Paulo. O profissional trabalha com povos indígenas desde a chegada ao país, em 2017.

“Estou concretizando um sonho. A gente sempre quer levar um atendimento de qualidade, ajudar as pessoas que precisam, que estão em um lugar onde é muito difícil fixar um profissional e a gente ficar lá para ajudar, para mostrar que tem capacidade para ajudar com os problemas de saúde deles. Muitas dessas comunidades estão desassistidas, sem profissionais há muito tempo.”

"Nunca pensei em trabalhar com povos indígenas. No meu país, temos uma formação diferente, não temos essa população indígena. Está sendo uma experiência muito bonita", disse. "Na minha chegada ao Brasil, fui trabalhar no distrito sanitário especial indígena de Tocantins, em 2017. Estive lá por dois anos. Depois, trabalhei dois anos em outro distrito. Agora, estou indo para o Distrito Especial Indígena Litoral sul", concluiu.

Entenda

O envio dos 117 profissionais para distritos indígenas de todo o país acontece no âmbito do programa Mais Médicos pelo Brasil, relançado pelo governo federal na última segunda-feira (20). Na semana passada, a pasta realizou um evento de recepção aos novos profissionais, que foram apresentados às secretarias de atenção primária à saúde e de saúde indígena. Atualmente, os 34 distritos do país contam com 227 profissionais em atuação.

Rebatizado de Mais Médicos para o Brasil, o programa, criado em 2013 e marcado pela contratação de médicos cubanos, passa a incluir outras áreas de saúde, como dentistas, enfermeiros e assistentes sociais, e promete priorizar profissionais brasileiros.

Do total de novas vagas para este ano, 5 mil serão abertas por meio de edital já neste mês de março. As outras 10 mil serão oferecidas em formato que prevê contrapartida de municípios, o que, de acordo com o governo federal, garante às prefeituras menor custo, maior agilidade na reposição do profissional e condições de permanência nessas localidades. O investimento é de R$ 712 milhões por parte da União apenas em 2023.

Emergência yanomami

Há dois meses, o ministério atua em terras Yanomami em razão da situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional por desassistência na região. As ações incluem a instalação de um Centro de Operações de Emergência local e nacional, o envio de agentes de controle de endemias e de voluntários da Força Nacional do Sistema Único de Saúde e melhorias na infraestrutura dos polo base e da Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) de Boa Vista.

Segundo o Ministério da Saúde, mais de 9,4 mil atendimentos aos indígenas já foram realizados nesse período. Atualmente, a Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) tem 30 crianças com desnutrição grave em acompanhamento e 36 com desnutrição moderada.

 De acordo com a pasta, mais de 30,4 mil habitantes vivem no território indígena Yanomami.

O município de Jaboatão dos Guararapes, localizado na Região Metropolitana do Recife (RMR), abriu uma seleção simplificada com 25 vagas para médicos. O objetivo é reforçar o quadro de atendimento da cidade devido à pandemia de Covid-19. 

Entre as especialidades disponíveis estão pediatra, clínico geral e médico de estratégia em saúde da família. Os salários variam de R$ 4.170 a R$ 10.904, para jornadas de trabalho de 20 ou 40 horas semanais. 

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Os candidatos serão selecionados através de avaliação curricular. Para participar, é necessário se inscrever até a próxima segunda-feira (6), enviando a documentação exigida pelo edital publicado no Diário Oficial do Município através do endereço de e-mail selecaosaudejaboatao@jaboatao.pe.gov.br. O resultado final será divulgado no dia 13 de abril, também no Diário Oficial de Jaboatão

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"São medicações mais seguras [...] sem causar dependência ou intolerância”, diz psicanalista sobre antidepressivos. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

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Duas horas atrasada, Alice* chegou à sede do LeiaJá, no Centro do Recife, desculpou-se com a reportagem e contou as novidades. Ela deixou um emprego de oito horas, está se programando para cursar agroecologia e resolveu plantar um jardim. A rotina, comum para uma jovem de 26 anos, tenta seguir seu curso natural diante da tentativa de suicídio mais recente, ocorrida poucos dias antes da entrevista que conduz esta reportagem. Distante dos estereótipos associados às pessoas acometidas por transtorno de ansiedade, Alice veste um alegre vestido florido, mantém os cabelos elegantemente cortados e ouve atentamente às perguntas. Após sofrer uma overdose de medicamentos, a jovem prova que escancarar as feridas é a maior demonstração de força e que não há melhor valorização à vida do que lutar por ela.

“Em 2012 comecei a sentir os primeiros sintomas, muitas crises de choro, dor de barriga e vômito, mas a coisa explodiu mesmo em 2016. Procurei um psiquiatra e iniciei o tratamento clínico, mas parece que piorei com os remédios. Creio que o primeiro profissional não teve tanta empatia comigo, aí procurei outra psiquiatra. Estou com ela até hoje”, conta Alice. Apesar das irregularidades causadas pelas medicações em aspectos como o peso e o sono- seja dormindo demais e se atrapalhando nas tarefas cotidianas, seja enfrentando a dificuldade para repousar- Alice destaca sua boa resposta à metodologia da nova psiquiatra, que reduziu a quantidade de medicações que ela ingeria; é prova da importância do acompanhamento médico e defende a importância de buscar aliar o processo clínico a práticas integrativas, como yoga e meditação.

Entregue pela mãe biológica à sua mãe adotiva ainda bebê, Alice conta que teve uma adolescência conturbada, a qual considera um dos gatilhos para seu transtorno de ansiedade. “Sempre senti o processo da rejeição, pois elas eram vizinhas. Além disso, a família que me criou é evangélica e me descobri bissexual, algo muito novo para mim. Inicialmente, resolvi procurar uma psicóloga, porque tinha medo de precisar tomar remédios”, lembra. Atualmente, contudo, ela comemora sua melhor resposta às medicações e a redução das dosagens proposta por sua psiquiatra. “Tomo apenas três remédios e dois deles ela juntou em uma só cápsula. Parece besteira, mas minha mente se sente mais confortável, é uma questão de autoestima”, confessa. Além disso, Alice aderiu aos óleos essenciais e se matriculou em um curso de yoga. “Ajudou muito, mas tenho dificuldade de dar continuidade nas coisas, não consigo ficar muito tempo em uma coisa”, lamenta.

Alice destaca importância do diálogo com a médica em seu tratamento. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

A paciente atribui a aceitação da necessidade da ingestão dos medicamentos ao diálogo que conseguiu estabelecer com sua médica. “A gente criou um vínculo forte, ela me deu o telefone dela para que eu ligasse em caso de emergência. Tenho vergonha, mas sei que ela não vai me julgar, como da outra vez. Ela só disse que eu deveria ter entrado em contato, porque poderia ter morrido devido à intoxicação”, afirma.

Para Kátia Petribu, afiliada à Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), professora associada de psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Pernambuco (UPE) e presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria (SPP), a cumplicidade entre médico e paciente é fundamental para que todas as dúvidas sobre a medicação sejam sanadas. “Existe muito preconceito com os remédios. Já tive pacientes que tinham medo de engolir o remédio por medo de passar mal, embora eles já estivessem mal o tempo todo. Às vezes, é a própria ansiedade, o medo do tratamento, um quadro fóbico”, coloca.

A psiquiatra defende ainda que, atualmente, as drogas de primeira escolha são os antidepressivos. “Porque são medicações mais seguras com estudos que comprovam a sua eficácia nos transtornos de ansiedade, sem causar dependência ou intolerância”, conclui.

Seja um transtorno do pânico ou um transtorno de ansiedade generalizada, o tratamento da ansiedade, de forma geral, começa quando o paciente procura acompanhamento psiquiátrico. “A partir disso, a gente faz o diagnóstico de que tipo de ansiedade o paciente pode sofrer, lembrando que existem diagnósticos duplos (quando o indivíduo sofre de mais de uma modalidade). A terapia se baseia em psicofármacos, que serão prescritos de acordo com o tipo de ansiedade”, explica Kátia Petribú.

O procedimento clínico inclui ainda psicoterapias, geralmente cognitivos comportamentais. “Outro tipo de terapia que também parece ser bem eficaz nesses casos é a Eye Moviment Dessensitation and Reprocessing (EMDR), uma abordagem psicológica que lida com a situação do trauma”, comenta.

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Em carta ao Conselho de Psiquiatria de Pernambuco, a Associação Brasileira de EMDR introduz que a técnica psicológica foi elaborada pela renomada psicóloga norte-americana Francine Shapiro, em 1987, e é “comprovada cientificamente como um dos melhores recursos para tratamento de pessoas que apresentam TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático)”. De acordo com o texto, a terapia, focada no reprocessamento das memórias dolorosas a partir de estimulações cerebrais, usa procedimentos psicoterapêuticos específicos para: “1) acessar informação existente; 2) apresentar informação nova; 3) facilitar o processamento da informação; e 4) inibir o acesso de informação”.

Kátia Petribu lembra ainda que fatores como exercício físico e boa alimentação são importantes para o sucesso do trabalho clínico. “As pessoas comem muito fast food e a gente sabe o papel tóxico das substâncias que esse tipo de comida carrega. Elas estimulam ocitosinas pró-inflamatórias, ativando o eixo do cortisol, liberando substâncias ansiogênicas por natureza. Não precisa entrar na ‘neura’, mas a pessoa não pode comer só isso por uma questão de facilidade”, alerta. Além disso, a psiquiatra reconhece que atividades como a meditação e a yoga podem auxiliar o tratamento médico, desde que não substituam o procedimento formal. “Existem técnicas de meditação que a pessoa pode fazer sozinha, recursos para auxiliar nesse processo que podem melhorar a qualidade de vida. A Universidade de Orxford desenvolveu um protocolo muito legal, que foi validado no Brasil, e está disponível na internet".

Uma nota publicada pela ABP em maio deste ano, contudo, alerta a população a respeito de procedimentos inadequados. “Nos últimos anos muitos profissionais denominados como ‘coachs’ têm propagado tratamentos não científicos e diagnósticos inadequados para diversos transtornos mentais (autismo, depressão, esquizofrenia, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno bipolar, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade e outros), feitos por profissionais sem formação adequada em áreas da saúde mental”, destaca a instituição.

Mestrando em psicologia cognitiva da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Northon Ferreira está desenvolvendo a pesquisa “Efeitos do Mindfullness baseado em promoção da saúde sobre a regulação emocional”, tomando por base o protocolo do médico norte-americano John Kabat-Zinn, que, após passar uma temporada no Tibet absorvendo a cultura dos monges budistas, trouxe ao ocidente, nos anos 1990, sua leitura do conceito que prega o foco no momento presente. Para os tibetanos, este é o melhor caminho para aliviar a dor e o sofrimento. “A ‘sati’ (do idioma pali) foi traduzida para o inglês como mindfullness e, para o português como atenção plena e é um dos principais ensinamentos do budismo, que não é uma religião, mas um estilo de vida. Trata-se de um conjunto de técnicas, envolvendo meditação, respiração e autocontrole”, comenta.

Confira a entrevista com Northon Ferreira:

De acordo com o pesquisador, apenas oito semanas são necessárias para que o paciente aprenda a praticar o mindfullness sem acompanhamento. “Um dos exemplos do que ensinamos é a técnica do caminhar consciente, atravessando uma sala de uma lado a outros, da forma mais lenta que pudermos. Então damos sugestões de como pisar no chão, prestando atenção no próprio corpo, tudo consiste no presente”, coloca Northon Ferreira. O tempo demandado para que a terapia faça efeito varia de paciente para paciente. “Em alguns casos, já vemos resultado na quarta semana. Fazemos um encontro semanal, mas passamos as atividades de casa, então a prática pode ser desenvolvida durante toda a semana”, afirma.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a quantidade de procedimentos envolvendo práticas integrativas no Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu de 157 mil para 335 mil (126%), entre os anos de 2017 e 2018. No mesmo intervalo de tempo, também aumentou o número participantes de atividades do gênero, de 4,9 milhões para 6,67 milhões (36%). Quando o SUS começou a implementar sua Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, em 2006, apenas cinco delas eram oferecidas: medicina tradicional chinesa/acupuntura, homeopatia, medicina antroposófica, termalismo e fitoterapia. Agora, a população dispõe de 29 atividades, sendo as mais recentemente acrescentadas ao programa a biodança, dança circular, musicoterapia, reiki, shantala, quiropraxia e o yoga.

Confira a entrevista com Maprem Zaki:

A terapeuta ayurvédica, professora de yoga e idealizadora do espaço 'Pura Luz Yoga', localizado no Recife, Maprem Zaki, explica que, na visão védica, a origem da ansiedade está ligada ao sentimento de insatisfação. “Em geral, estamos todos insatisfeitos, porque a gente não consegue usufruir daquilo que a gente queria que fosse da maneira que projetamos. O ser humano está constantemente querendo que as coisas saiam como ele planejou, com medo de não dar certo. A gente é escravo do desejo, você anseia por algo o tempo todo porque não percebe que já é”, coloca.

Tendo como base de trabalho a Svadhyaya, ou seja, o estudo de si mesmo, o yoga estimula o autoconhecimento de seus praticantes. “Quando você se entende, não vai desejar coisas que seu corpo não alcança, aprendendo a aceitar quem é e vencendo a ansiedade. A ideia é trabalhar com o contentamento, que na lógica do yoga, não é conformação, mas entender que esse momento que não pode ser transformado precisa ser aceito, porque ele é necessário para você”, defende.

*Nome fictício

Reportagem integra o especial “Ansiedade”. Produzido pelo LeiaJá, o trabalho jornalístico detalha como a doença afeta pessoas de todo o mundo, bem como mostra as formas de tratamento. Confira as demais matérias:

1 - 'Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis'

2 - Os brasileiros são os mais ansiosos do mundo

3 - Dependência tecnológica: ansiedade pode ser gatilho

4 - Depressão e ansiedade podem andar juntas

A Secretária de Saúde de Guarulhos abre nesta quarta-feira (17), sete vagas para médico na função de socorrista clínico geral. Na última sexta-feira (12), foram abertas 5 vagas para médicos em clínica geral. Somadas, agora serão 12 vagas disponíveis e que a adminitração espera preencher em caráter de emergência.

É que número atual de profissionais ocupantes das funções de médico clínico geral é insuficiente para suprir as necessidades prioritárias da Rede Municipal de Saúde, o que prejudica o bom atendimento à população, segundo o Diário Oficial. As admissões realizadas no último concurso público não foram suficientes para atender a demanda necessária.  

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Para clínico geral, as inscrições se encerram no domingo (21), e para socorrista, os interessados devem se inscrever até o dia 28 de abril. Os candidatos podem enviar e-mail para eduardofrancelino@guarulhos.sp.gov.brjanainagiampauli@guarulhos.sp.gov.br ou comparecer na Secretaria da Saúde, na rua Íris, 320, sala 09, no Gopoúva, de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h. Mais informações pelo telefones (11) 2472-5049 ou 2472-5103.

São necessários currículo resumido (uma página), cédula de identidade, comprovante de residência, cadastro no CRM-SP, diploma de Medicina e comprovação da especialidade. A seleção é realizada por meio da avaliação currícular e comprovantes, de modo que os candidatos podem apresentar certificados (reconhecidos pelo MEC) de estágio na área, título de especialização expedido pela Sociedade Brasileira correspondente à função a que disputa; de cursos de especialização em Saúde Pública, Administração Hospitalar ou Saúde Coletiva com duração mínima de 360 horas; e curso de aperfeiçoamento na área, após a graduação completa, com duração mínima de 360 horas.

O salário base da função de clínico geral, sem gratificações, é de R$ 6.070,13 com carga horária de 20 horas semanais, Já o de socorrista clínico geral é de R$ 7.284,16 para jornada de trabalho de 24 horas semanais.

As contratações serão realizadas pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), por tempo determinado de 12 meses, com possibilidade de prorrogação do contrato por até igual período.

por Valéria Campello

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