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Na próxima segunda-feira (9), será realizada na Câmara dos Deputados uma audiência pública que deve tratar dos cortes promovidos pelo Governo Federal no orçamento de todo o conjunto de instituições federais de ensino superior da região Nordeste (Universidades Federais, Federais Rurais e Institutos Federais de Ensino Superior). Tendo início às 9h, a sessão ocorrerá de forma remota pelos canais oficiais da Casa legislativa. O objetivo é debater, analisar e denunciar os impactos econômicos e sociais do sucateamento da educação na vida dos nordestinos.

A audiência foi convocada pelas deputadas federais Marília Arraes (PT-PE) e Natália Bonavides (PT-RN). Desde 2020, instituições federais da educação de todo o Brasil sofreram cortes de verba e vêm denunciando incapacidade de finalizar os semestres vigentes até o fim deste ano. Foram afetados a produção de pesquisas, o pagamento de bolsas, o calendário de aulas, além da infraestrutura geral das instituições. . A Lei Orçamentária Anual de 2021, por exemplo, trouxe um corte de R$ 1 bilhão que atingiu as 69 universidades federais espalhadas pelo país.

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"O acesso ao ensino superior é crucial para o desenvolvimento regional e social da população. A educação pública, de qualidade, é a responsável por abrir as portas e as possibilidades de formação, emprego e renda para uma grande parcela da população brasileira", afirma Marília Arraes.

Em Pernambuco, a Universidade Federal de Pernambuco tem sofrido duramente os efeitos da diminuição de recursos promovida pelo Governo Federal. A IES sofreu um corte de R$ 30 milhões no orçamento de 2021. O valor caiu 19% em relação ao ano passado. Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o orçamento previsto para 2021 foi de R$ 115 milhões, menor do que quatro anos atrás. Já a Universidade Federal da Bahia vive um cenário onde o orçamento foi o menor dos últimos 11 anos.

"A falta de investimentos gera um atraso preocupante. Não há recursos para pagamentos de bolsas e da promoção das políticas de assistência estudantil, o que, consequentemente, aumenta a evasão escolar de alunos de baixa renda. Os cortes orçamentários promovidos pelo Governo Federal, juntamente com os bloqueios, comprometem não só as pesquisas, as aulas e toda rotina acadêmica, como também o dia a dia das instituições, inclusive a imensa gama de serviços que são prestados à população, como nos hospitais-escola, nas clínicas e uma infinidade de outros projetos e serviços", ressalta Marília

Foram convidados para a audiência pública os reitores da UFPE, UFRN, UFBA, IFPE, IFRN e representantes do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES), do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (CONIF) e do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE).

Nesta quinta-feira (20), em todo o País, serão realizados atos contra os cortes orçamentários nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) participa de eventos distintos para se posicionar contra a crise instaurada pelo baixo repasse do Ministério da Educação (MEC), aprovado para 2021.

A agenda de manifestações se estende por todo o dia. O reitor da UFRPE, Marcelo Carneiro Leão, e a pró-reitora de Ensino de Graduação, Socorro Lima, participam às 14h de reunião pública promovida pela Comissão de Educação da Câmara dos Vereadores do Recife. A solenidade será transmitida pelo canal da Câmara no Youtube.

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Às 15h haverá a participação do movimento estudantil na manifestação 'Tsunami da Educação', em frente à Faculdade de Direito do Recife, no centro da cidade. Já no canal da Associação dos Docentes da UFRPE (Aduferpe), a partir das 16h30, será transmitida uma assembleia comunitária contra os cortes e a reforma administrativa, com a participação do Sindicato dos Técnicos da UFRPE (Sintufepe) e da União Nacional dos Estudantes (UNE), entre outras entidades ligadas à educação.

Também será feito o lançamento oficial da campanha 'Universidade Pública importa, Educação transforma'. Os movimentos programados buscam alertar a sociedade sobre a média de cortes sofridos pelas IFES de 20% pela Lei Orçamentária Anual (LOA), além do bloqueio de 13,8%, acarretando no risco do não funcionamento pleno das universidades durante todo o ano letivo de 2021. Os protestos, virtuais e presenciais, também prestarão homenagem às pessoas vítimas da Covid-19.

Reitores de importantes instituições de ensino federais de Pernambuco promoveram um ato, na tarde desta quarta-feira (5), contra cortes orçamentários do Governo Federal que afetam universidades públicas e institutos. A iniciativa, promovida virtualmente, denunciou cortes de, em média, 18,16%, além de um bloqueio de 13,18% dos recursos previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021.

Chamado de  “Cortes na Educação - Instituições Federais de Ensino de Pernambuco discutem o impacto da Lei Orçamentária Anual”, o ato público contou com Alfredo Gomes, reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Marcelo Carneiro Leão, reitor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), além do gestor José Carlos de Sá, do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE). Eles alertam que, diante dos cortes federais, as instituições poderão paralisar suas atividades antes do fim de 2021.

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Na iniciativa de hoje, ao apresentarem dados das pró-reitorias de planejamento e gestão orçamentária, os gestores das universidades e do IFPE revelaram o risco de serem obrigados a finalizar serviços de empresas terceirizadas, tais como segurança e limpeza. Sobre essa possibilidade, Alfredo Gomes a classificou como “dolorosa decisão de suprimir postos de trabalho, demitindo pessoas que mais precisam neste momento trágico do país”.

Em manifesto, a UFPE, organizadora do ato desta quarta-feira, diz que “o corte orçamentário de R$ 1 bilhão que atinge todas as instituições federais de ensino técnico e superior brasileiras afeta diretamente contratação de serviços, fornecimento de energia elétrica e água, compras de materiais (de expediente a insumos para pesquisa), assistência estudantil, bolsas, editais de fomento, obras, entre outros serviços”.

“Nossas instituições acolhem 50% de alunos oriundos do sistema de cotas, entre filhos de porteiros e porteiras, enfim, jovens de classes populares que dependem desse ensino para fazer sua formação superior, além de sermos responsáveis, nos últimos dez anos, pelo egresso de 30 a 40 mil graduados e pós-graduados”, comentou o reitor da UFPE, ao indicar quão crítico é a queda no orçamento da Universidade.

O vice-reitor da UFPE, Moacyr Araújo, destacou que a posição dos representantes acadêmicos é a de tentar, novamente, diálogo com o Governo Federal para que os cortes sejam revistos, sem deixar de criticar a postura de alguns representantes do poder público. “Vamos nos manter abertos ao diálogo, mesmo com quem acredita que a terra é redonda e em ‘gripezinha’, mas precisamos, também, questionar a legalidade desse desmonte, pois no futuro vão nos perguntar o que fizemos para evitar a destruição das nossas instituições públicas de ensino superior”, afirmou, em entrevista à assessoria de comunicação da UFPE.

Marcelo Carneiro Leão, representante da UFRPE, enalteceu o valor das universidades públicas para a sociedade brasileira: “Mais de 90% da produção científica e intelectual do país vem das nossas bancas”.

Marcelo Carneiro Leão, reitor da UFRPE. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens/Arquivo

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), em nota à população brasileira, fez duras críticas à LOA 2021. Confira:

A Andifes, entidade que congrega os reitores das 69 universidades federais, alerta a sociedade brasileira sobre a realidade e as consequências da LOA 2021.

Em 27 de agosto de 2020, quando o Governo Federal enviou o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) ao Congresso, a mensagem já era preocupante para o país: a proposta trazia um corte no orçamento discricionário das universidades federais de 14,96%, equivalente a R$ 824.553.936 milhões em relação aos valores do Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2020, que se somava a cortes ocorridos em anos anteriores.

O alerta continuou a soar quando a tramitação legislativa dessa peça fundamental para o funcionamento do País ficou paralisada por cerca de seis meses antes de iniciar sua discussão pelos parlamentares. A votação que deveria ter acontecido em 2020 acabou adiada para este ano em razão da pandemia de Covid-19, das eleições municipais, mas, sobretudo, devido a disputas políticas.

Somente no dia 10 de fevereiro de 2021 foi constituída a Comissão Mista de Orçamento com presidente e relator. Mais de um mês depois, em 25 de março, o Congresso Nacional finalmente aprovou o orçamento. Para maior surpresa da sociedade, com um novo corte de 176.389.214 milhões, -3,76%, totalizando uma redução no orçamento discricionário das universidades federais para 2021 de R$ 1.000.943.150 (Um bilhão, novecentos e quarenta e três mil, cento e cinquenta reais), -18,16% em relação a 2020. Dentro desse valor, R$ 177.624.565,00 diminuídos da assistência estudantil destinada aos alunos carentes (mais de 50% dos matriculados). O decréscimo atingiu todas as 69 universidades federais, no entanto com graus diferentes e sem critério conhecido.

Enfim, no último dia do prazo para sanção e após impasse entre governo e Congresso sobre aumento de emendas parlamentares e insuficiência de valores para gastos obrigatórios, segundo ampla divulgação na mídia, em 22 de abril, o presidente da república sancionou o orçamento para 2021, com vetos, confirmando assim a preocupante redução dos recursos destinados às universidades federais brasileiras, bem como na Saúde, Ciência & Tecnologia, IBGE, IBAMA, INEP, entre outros órgãos prestadores de serviços públicos.  Na mesma data, o Decreto 10.686 ainda bloqueou na lei sancionada R$ 2,7 bilhões do orçamento do MEC, alcançando as universidades federais em mais 13,89%.

Reconhecemos a fragilidade pela qual passa a economia brasileira nos últimos anos, agora agravada pela pandemia. A solução proposta pela EC 95 de sucessivos cortes no custeio e nos investimentos públicos, que caminha em direção contraria às medidas implementadas pelas economias que mais crescem no mundo, até o momento, se mostrou contraproducente. Observamos queda no PIB, inflação e desemprego crescentes. A seguir nesta rota, em breve os serviços públicos serão inviabilizados ou reduzidos a poucos brasileiros.

Mesmo em meio a tamanha dificuldade orçamentária, a rede de universidades federais tem se recusado a parar. Com ajustes que já chegaram ao limite, redução de despesa resultante da prevalência das atividades remotas, ao contrário, temos mantido nossas ações e nossa estrutura a serviço dos brasileiros, sobretudo, na luta diária contra o Coronavírus. Além do ensino, pesquisa e extensão, da formação de milhares de profissionais altamente qualificados, as universidades têm se dedicado às questões humanitárias que permeiam esse grave momento global. Não paramos nem um dia.

A pandemia pode acabar. O vírus não. Portanto temos que agir e nos precaver. Pelo menos três universidades federais estão desenvolvendo vacinas nacionais contra a Covid-19. No conjunto, há mais de 1.200 projetos de pesquisas nas diversas áreas do conhecimento em andamento, com expectativa de ampliação desse número. A rede federal de hospitais universitários, formada por 50 hospitais vinculados a 35 universidades, disponibiliza, desde o início da pandemia, mais de dois mil leitos para pacientes com Covid-19, sendo cerca de 1.300 leitos de enfermaria e em torno de 700 leitos de UTI. Nossos campi promovem desenvolvimento regional e nacional e garantem oportunidade a estudantes em todo o Brasil, pois estão situados em capitais e no interior. As limitações impostas pela LOA 2021 impactam todos esses esforços. A par dessas drásticas decisões sobre o financiamento, no dia 23 de abril, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), confirmando a reconhecida qualidade do sistema de universidades federais, construído cotidianamente há anos, com os impostos e para benefício direto da sociedade brasileira, divulgou que 71% das instituições públicas federais têm Índice Geral de Cursos (IGC) 2019 4 e 5, notas máximas. São avaliações que atestam o claro retorno do investimento que se faz nas universidades federais.

Reduzir ou paralisar nossas atividades não é uma opção. Seria o mesmo que impor uma punição aos brasileiros, já tão agastados com a pandemia. Rever valores, conceitos e prioridades é o caminho para o qual conclamamos as autoridades.

O Ministério da Educação (MEC), até então, não se posicionou quanto às reclamações das universidades e institutos federais.

O governo conservador espanhol aprovou, nesta sexta-feira (17), uma polêmica reforma do sistema educacional, duramente atingido pelos cortes orçamentários, para reduzir o elevado nível de fracasso escolar em um país com um desemprego juvenil superior a 57%.

"Precisamos de uma remodelação urgente de todo o sistema educacional, porque não podemos permitir os números de fracasso, abandono escolar e desemprego juvenil do sistema", afirmou a porta-voz do executivo, Soraya Sáenz de Santamaría, após a reunião do conselho de ministros.

A medida aprovada pelo governo, que será debatida no Congresso dos deputados - onde o partido governamental dispõe de maioria absoluta -, é "uma das reformas mais importantes na agenda do governo" de Mariano Rajoy, no poder desde dezembro de 2011, acrescentou o ministro da Educação, Ignacio Wert.

Afundada na recessão, a Espanha sofre com uma taxa de desemprego histórica superior a 27%, que entre os jovens de 16 a 24 aos dispara a 57,22%. Ao alto desemprego entre os jovens soma-se uma taxa de abandono escolar de 25%, "o dobro em comparação com o resto dos países da UE", disse Sáenz de Santamaría. Quase um quarto (23,5%) dos jovens entre 15 e 29 anos não trabalham ou estudam, acrescentou.

"O investimento em educação duplicou na última década e o fracasso também", afirmou a número dois do governo, em referência às críticas da comunidade acadêmica pela redução de 3 bilhões de euros anuais do orçamento educacional, dentro do drástico plano de austeridade.

Os pontos chave da reforma, e também os mais controversos, são a flexibilização dos currículos escolares - que separa aos 15 anos os alunos encaminhados à formação profissional dos que querem cursar uma universidade - e a introdução de exames ao fim de cada etapa escolar para conseguir o título correspondente.

Milhares de professores e estudantes protestaram no dia 9 de maio na Espanha pedindo a renúncia de Wert por uma reforma que consideram discriminatória e que também não convence os demais grupos políticos.

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