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Único foragido do grupo comandado pelo bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o contador Giovani Pereira se entregou nesta segunda-feira à Polícia Federal, em Anápolis (GO). Encarregado de fazer a contabilidade do grupo e controlar os pagamentos de propina a políticos, servidores e policiais subornados pelo bicheiro, Giovani foi condenado a 13 anos e 4 meses de prisão em 8 de dezembro último por corrupção e formação de quadrilha.

Diálogos interceptados pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, nos dias 22 e 23 de março de 2011, entre Cláudio Abreu (diretor regional da construtora Delta), Cachoeira e o contraventor Rodrigo Santos, mostram a participação ativa de Giovani na destinação de R$ 1 milhão ao ex-senador Demóstenes Torres, cassado por envolvimento com o bicheiro. Demóstenes negou ter recebido o valor.

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Considerado um arquivo vivo da organização, Giovani já vinha sendo procurado desde 29 de fevereiro de 2012, quando foi deflagrada a Operação Monte Carlo, que desarticulou um esquema de corrupção, tráfico de influência e exploração de jogos ilegais em Goiás, Distrito Federal, Tocantins e Minas Gerais. Apontado como chefe do bando, Cachoeira foi condenado a 39 anos de prisão pela 11ª Vara da Justiça Federal de Goiânia.

Outros sete operadores da organização criminosa, entre os quais Giovani, também cumprirão parte da pena em regime fechado porque foram sentenciados a mais de 8 anos de prisão. Cachoeira e outros três, todavia, conseguiram habeas corpus para recorrer da sentença em liberdade. Cansado de fugir e acuado pela polícia, o contador resolveu se entregar para tentar a extensão do benefício do habeas corpus.

Cercado por uma equipe da PF na fazenda onde estava escondido nos arredores do município, Giovani negociou rendição e se apresentou ao delegado Angelino Alves em companhia do advogado Calixto Abdala Neto, por volta das 9h40. Ele usou o direito de ficar em silêncio, mas o advogado informou que entrará com pedido de habeas corpus para que o cliente recorra em liberdade, a exemplo de outros condenados no inquérito da Operação Monte Carlo.

O presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), abriu nesta terça-feira (18) a reunião na qual deverá ser votado o relatório final das investigações apresentado pelo deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da comissão. É a terceira tentativa de votação do parecer, que corre o risco de encerrar os trabalhos sem aprovação do texto, uma vez que o prazo final para a conclusão da CPI é no dia 22 próximo. Esta semana o Congresso, caso aprove o Orçamento da União, entrará em recesso parlamentar.

A proposta de Odair Cunha sugere ao Ministério Público o indiciamento de 29 pessoas e a responsabilização de outras 12 por participar ou se envolver criminosamente com a quadrilha comandada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na lista de indiciados estão o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e o senador cassado Demóstenes Torres (sem partido-GO).

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Bombardeado por críticas quando apresentou pela primeira vez, no final de novembro, o relator da CPI retirou do seu relatório os pedidos de indiciamento de jornalistas e de investigação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Mas, ainda assim, a proposta de Cunha deve ir à votação sem o apoio unânime dos parlamentares.

Descontentes, oposicionistas e até parlamentares da base aliada apresentaram cinco relatórios em separado que pedem, entre outros fatos, o aprofundamento das investigações sobre a construtora Delta e também dos governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB) e de Tocantins, Siqueira Campos (PSDB).

A CPI do Cachoeira deve votar nesta terça-feira (18) seu relatório final. Apesar do clima acirrado entre situação e oposição, o deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da CPI, garantiu que não deixará a comissão ser usada para alimentar o caso nem cederá a pressões. "Não vamos incluir ou excluir nada que faça parte do eixo essencial do nosso relatório", afirmou Cunha. Sua decisão sobre os votos em separado também será apresentada amanhã.

O relatório deveria ter sido apreciado semana passada, mas, com cinco votos em separado e requerimentos para novas investigações, houve adiamento. Cunha excluiu do texto dois capítulos e retirou o pedido de indiciamento do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e de vários jornalistas, entre eles o chefe da sucursal de Brasília da revista Veja, Policarpo Júnior.

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Cinco partidos (PSDB, PMDB, DEM, PSOL e PPS) apresentaram votos alternativos ao do relator. A maioria reivindica o aprofundamento das investigações em torno da empreiteira Delta, acusada de atuar em parceria com o contraventor Carlos Cachoeira. A oposição também pede mais apurações sobre as empresas apontadas como fantasmas, que ajudariam a lavar dinheiro ilícito do esquema.

Os tucanos querem, ainda, a inclusão do empresário Fernando Cavendish, da Delta, do ex-diretor da empreiteira Carlos Roberto Duque Pacheco, do ex-chefe do Dnit Luiz Antonio Pagot e até do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu na lista dos indiciados. Cunha admitiu que o nó que impede a aprovação do relatório tal como se encontra está atado porque não houve articulação suficiente em torno das cinco mil páginas apresentadas por ele.

"Havendo decisão política, o tempo é o menos importante", afirmou Cunha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Deputados e senadores tucanos integrantes da CPI do Cachoeira protocolam na Procuradoria-Geral da República na manhã desta quarta-feira (7) um relatório de 460 páginas com o cruzamento de dados de empresas de fachada ligadas à Construtora Delta. Eles querem investigação sobre essas empresas, já que não ocorreu na CPI do Cachoeira. O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), informa que o governo impediu a investigação das 29 empresas que funcionam como "braços financeiros" da empreiteira, a ponto de brecar até mesmo os pedidos de abertura das contas de cada uma delas.

"O essencial não foi investigado pela CPI, a corrupção se estende aos governos federal, estadual e municipal", afirma Dias. Ele lembrou que o Sistema do Controle de Atividades Financeiras (Siaf) identificou movimentações atípicas dessas empresas. "Quer dizer que elas nada produzem, mas recebem e repassam altas somas de dinheiro", disse o senador.

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O deputado Carlos Sampaio (SP) falou sobre a expectativa do partido quanto à iniciativa do Ministério Público Federal de instaurar inquérito "para apurar aquilo que deixou de ser apurado". "É preciso saber mais sobre o envolvimento dessas laranjas, braços financeiros da organização criminosa, mas infelizmente a CPI foi interrompida pelo governo, impedido o avanço da investigação", defendeu.

O líder Alvaro Dias lembrou que a CPI foi criada atendendo à orientação do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, interessado em atingir o governador de Goiás, Marconi Perillo. "Mas o que se constatou foi muito mais, expondo órgãos públicos, o governo da presidente Dilma Rousseff e gestores estaduais e municipais", reiterou.

A CPI do Cachoeira aprovou nesta quarta-feira (31), por 17 votos a 9, um pedido para suspender a votação de 533 requerimentos de convocação de pessoas e de quebras de sigilo de empresas ligadas ao esquema montado pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Após intensa discussão de parlamentares da base e da oposição, a maioria aceitou a proposta do relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), segundo a qual a votação de requerimentos fosse suspensa até que o Congresso decida se a comissão vai ou não prorrogar os trabalhos.

Odair Cunha é favorável a um novo prazo para a CPI de 48 dias. Oficialmente, os trabalhos se encerram no domingo (4). "Estou dizendo isso para tranquilizar todos os membros desta CPMI no sentido de que necessitamos de uma prorrogação que, pelo menos, viabilize uma discussão transparente e clara do nosso relatório", afirmou, referindo-se ao texto de conclusão dos trabalhos que diz estar pronto para apreciação. "O mais prudente e o bom senso fazem com que neste momento suscitemos o adiamento dessa discussão", completou.

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O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) criticou a intenção de suspender a votação de requerimentos. Segundo Lorenzoni, o pedido esconde a intenção de rejeitar a quebra de sigilo de 13 empresas que teriam vínculos com a empreiteira Delta, supostamente ligada a Carlinhos Cachoeira.

Ao defender a proposta do relator da CPI, o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) disse que Odair Cunha, desde o primeiro dia dos trabalhos de investigação, "não desviou um dia sequer" do plano traçado para as apurações. "A proposta do relator é que a gente não bote a carroça na frente dos bois: primeiro se vote a prorrogação dos trabalhos", destacou.

Onyx acusou Picciani de ser "do grupo que quer blindar a Delta". O deputado do PMDB retrucou, dizendo lamentar "profundamente" o desrespeito com ele e com muitos colegas da comissão. "Eu quero dizer que nós não nos prestamos ao papel de defender, blindar, proteger quem quer que seja. Mas não vamos permitir a perseguição política de alguns atores políticos aqui", rebateu, referindo-se à tentativa de tentar convocar o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, seu aliado político.

"É só marcar a missa de sétimo dia", afirmou o deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP), logo após a votação. Em protesto à decisão, os integrantes da oposição deixaram o plenário.

A Comissão Parlamentar de Inquérito do Cachoeira encaminhou nesta quarta-feira (19) ao Ministério Público Federal em Goiás ofício solicitando o sequestro de bens de 30 pessoas envolvidas com o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, acusado de comandar um esquema de jogo do bicho e exploração de máquinas caça-níqueis em quatro Estados e no Distrito Federal com a ajuda de agentes públicos. A CPI pede ainda a retenção dos passaportes dos integrantes do grupo de Cachoeira. O objetivo é evitar a venda dos imóveis e a fuga para o exterior.

Pelos dados da CPI, Cachoeira possui em seu nome apenas um terreno em um condomínio de Goiânia avaliado em R$ 1,5 milhão. A maioria de seus bens está registrada no nome de seus parentes. Reginaldo Almeida Ramos, um dos irmãos de Cachoeira, tem em seu nome bens avaliados em R$ 17,1 milhões.

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Já Andressa Alves Mendonça, atual mulher do contraventor, tem uma fazenda avaliada em R$ 20 milhões, em Brasília.

Andrea Aprígio de Souza, ex-mulher do contraventor, tem um patrimônio estimado de R$ 16,3 milhões, entre apartamentos, terrenos e salas comerciais, e um avião avaliado em R$ 750 mil.

Adriano Aprígio, irmão de Andrea, possui imóveis no valor de R$ 9,4 milhões.

Ex-diretor regional da empreiteira Delta Construções na região Centro-Oeste, Claudio Abreu - acusado de atuar em conjunto com o contraventor na cooptação de agentes públicos - tem bens estimados em R$ 4,6 milhões. Junto com outros quatro sócios, entre eles Adriano e Abreu, Cachoeira também é dono de uma fazenda em Brasília, avaliada em R$ 17,5 milhões.

"Há fortes indícios que a construção desse patrimônio se deu por fraude em licitação ou por jogatina", afirmou ontem o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). "Quem adquirir estes bens pode estar comprando terreno na lua", observou. "Existe essa possibilidade de integrantes da organização criminosa estarem se desfazendo de seus bens para fugir", disse o vice-presidente da CPI, deputado Paulo Teixeira (PT-SP). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo


Documentos enviados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira com extratos bancários do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), apontam falhas na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral do então candidato à reeleição, em 2002. Técnicos da CPI não conseguiram detectar em que foram gastos R$ 8.898,00 depositados na conta de Perillo, no dia 6 de agosto de 2002.

Pelos extratos bancários em poder da CPI, o tucano recebeu R$ 300 mil da EGL Empreendimentos Gerais S.A., sucessora da BMG Corretora S.A. Esses recursos foram depositados em 29 de julho de 2002 em uma das contas de Perillo. No dia 31 de julho, R$ 290 mil saíram para a Tarso Estratégia e Comunicação Ltda. Outros R$ 8.898,00 foram para uma conta do governador Perillo.

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Na prestação de contas do governador apresentada à Justiça Eleitoral no dia 30 de novembro de 2002, os R$ 290 mil foram destinados à CMP Comunicação Ltda., que, apesar do nome diferente, tem o mesmo CNPJ da Tarso Estratégia e Comunicação. Já os R$ 8.898,00 depositados na conta do governador não aparecem na prestação. Técnicos da CPI não conseguiram descobrir se os recursos saíram da conta do governador e onde foram gastos. Na época, a legislação eleitoral permitia que os recursos de campanha transitassem por contas do candidato. Além disso, o CNPJ da EGL na prestação de contas à Justiça Eleitoral é diferente do número que aparece nos extratos das contas bancárias de Perillo.

Outro lado

Procurada pelo jornal O Estado de S. Paulo para dar explicações sobre as discrepâncias, a assessoria de imprensa do governador Marconi Perillo afirmou que "não tem cabimento discutir, dez anos depois, uma conta de campanha que foi plenamente aprovada pela Justiça Eleitoral".

Assinada por Isanulfo Cordeiro, a nota diz que "como não encontrou absolutamente nada de errado, irregular ou ilegal na vida pessoal e nos mandatos exercidos por Marconi Perillo, a CPMI, de forma direcionada e rasteira, vem tentando, de qualquer maneira, criar algum tipo de constrangimento ao governador".

Na disputa pela reeleição em 2002, Perillo obteve uma receita de R$ 9,1 milhões. Valor exatamente igual às despesas da campanha. A doação de R$ 300 mil feita pela EGL foi uma das maiores recebidas pelo tucano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo


Em depoimento de dez minutos, o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, negou envolvimento com o esquema investigado pela Operação Saint Michel, da Polícia Civil de Brasília, de fraude no sistema de bilhetagem do transporte público do Distrito Federal. "Todas as acusações são improcedentes, não passam de especulação desvairada", afirmou ele perante o juiz da 5ª Vara Criminal do DF, para logo depois optar pelo direito de ficar calado, alegando que as acusações estão sendo questionadas tecnicamente nas instâncias superiores.

A sessão, na qual foram interrogados sete réus da denúncia, teve um início tumultuado, com debate acalorado entre o advogado de defesa, Nabor Bulhões, e os promotores do Ministério Público, sobre o uso de algemas imposto a Cachoeira no traslado do presídio até o Fórum. "Não há nada mais covarde do que expor o preso à violação de sua incolumidade", protestou Bulhões. "O que fizeram é uma violência à lei e a constituição, uma agressão à incolumidade física e moral do preso", disse. O Ministério Público alegou que Cachoeira agrediu um agente carcerário e que a Justiça não atendeu a reclamação da defesa para que não fossem utilizadas as algemas.

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Em depoimento à CPI Mista do Cachoeira, o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), confirmou que assessores do seu governo sofreram pressões para dar o contrato a uma empresa coreana, mas resistiram e não houve desvio de dinheiro público. Sete réus, dois deles ainda presos preventivamente, respondem pela tentativa de fraude. Um deles é o ex-diretor da construtora Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, que também foi preso, mas já está solto. Abreu, como os demais réus, também usou o direito de ficar calado.

Heraldo Puccini, diretor da Delta na região Sudeste, chegou a se emocionar ao negar envolvimento no esquema ou mesmo que conhecesse Cachoeira pessoalmente. Ele afirmou que só soube da denúncia após os fatos, por ocasião do cumprimento do mandado de busca e apreensão. "Estou acabado", observou. Mas ele se negou a responder às perguntas do Ministério Público.

Cachoeira está preso desde 29 de fevereiro, acusado de chefiar uma quadrilha, desmantelada pela Operação Monte Carlo, suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro, desvio de dinheiro público e exploração de jogos ilegais em Goiás e no entorno de Brasília. No processo relativo à operação Saint Michel, que foi desencadeada há um mês pela Polícia Civil e o Ministério Público do DF, ele responde pelas acusações de tráfico de influência e formação de quadrilha. Antes da audiência, a defesa do bicheiro pediu ao Supremo Tribunal Federal habeas corpus para que ele não fosse algemado, mas o pedido foi negado.

Bulhões tem expectativa que a Justiça conceda alvará de soltura de Cachoeira nos próximos dias. Ele disse que seu cliente está à disposição da Justiça e espera que ele seja tratado com a dignidade que qualquer preso merece. Segundo ele, o MP e as autoridades policiais desobedecem súmula vinculante do STF que prevê uso de algemas apenas por bandidos perigosos, com histórico de violência e resistência a prisão. "Preso também tem direitos e não pode ser objeto de execração e abusos estatais", protestou.

Relatório da Polícia Federal em poder da CPI aponta a proximidade entre Fernando Cavendish, dono da Delta, e o contraventor Carlinhos Cachoeira. Elaborado pela Operação Monte Carlo, o documento que trata exclusivamente dos negócios da empreiteira diz que Cachoeira era sócio oculto da empresa e mantinha relações próximas com diretores da Delta.

"Observa-se que este vínculo Cachoeira-Delta não é feito apenas por meio de Cláudio Abreu (diretor da empresa no Centro-Oeste). Cachoeira tem, também, relação muito próxima com outros diretores regionais da Delta, e até com o seu presidente Fernando Cavendish", afirma a PF.

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Desde que a Monte Carlo foi deflagrada, em 29 de fevereiro, a Delta sustenta que as suspeitas da PF recaem exclusivamente sobre Abreu. Contudo, dados obtidos pela CPI indicam operações financeiras envolvendo a matriz, no Rio. Cavendish tem depoimento marcado para o dia 28.

O relatório afirma que os contratos da Delta estão marcados por suspeitas de irregularidades. A PF também faz referência ao "estreito vínculo de amizade" entre Cavendish e o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB).

Em nota, a Delta diz desconhecer o relatório e nega ligações entre Cavendish e Cachoeira. "A empresa vem sendo auditada, investigada e é objeto de diversas ações de questionamento em pelo menos três CPIs e ninguém, em tempo nenhum, demonstrou ter qualquer argumento ou provas plausíveis destinados a sustentar essa tese de parte da PF." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Citado em interceptações telefônicas do grupo de Carlinhos Cachoeira como o "Magrão" e o "01 de Brasília", o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), começou a ser investigado pelo Superior Tribunal de Justiça, no inquérito aberto a pedido do Ministério Público.

O ministro Francisco Falcão, relator do inquérito, autorizou ontem a realização do primeiro lote de diligências pedidas pelo MP, inclusive busca e apreensão de documentos para serem analisados. O relator, porém, manteve a investigação sob segredo de Justiça e não revelou os alvos das buscas e o teor das diligências.

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Desencadeada em 29 de fevereiro, a Operação Monte Carlo desmantelou uma quadrilha acusada de corrupção, desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro e exploração de jogos ilegais em Goiás e no DF. Foram presas 35 pessoas, entre elas Cachoeira, único que permanece detido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

O Tribunal de Contas do Município (TCM) julgou irregular um contrato de R$ 7.513.479,16 pagos pela Prefeitura de São Paulo à Delta Construções por obras inacabadas no Parque D. Pedro II, no centro da capital paulista.

Os pagamentos foram feitos entre dezembro de 2004 e setembro de 2005. O relator do caso, conselheiro Edson Simões, pediu ao prefeito Gilberto Kassab (PSD) a abertura imediata de investigação dos servidores envolvidos na liberação irregular de recursos para a empresa.

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O documento do TCM cita o engenheiro fiscal da Prefeitura responsável pela obra, Arnaldo Antunes de Faria Sodré, que assinou relatórios confirmando a execução de obras que nunca foram feitas. Ao tribunal, Sodré alegou que havia "deficiências" no projeto da obra e que, por isso, não teria avaliado corretamente a execução do serviço.

A Delta ganhou licitação em 2003, durante a gestão Marta Suplicy (PT), para fazer obras de recuperação no Parque D. Pedro, com base em projeto feito um ano antes pelo paisagista Fernando Chacel. O plano previa conectar o parque à Rua do Gasômetro e ao Palácio das Indústrias (atual Museu Catavento), além de recuperar o Edifício São Vito, que seria destinado a famílias de baixa renda - posteriormente, o prédio foi demolido.

Procurada, a Prefeitura de São Paulo informou que vem prestando todas as informações solicitadas pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) desde 2005, quando foi aberta a inspeção sobre o contrato firmado em 2003. A administração disse reiterar que trabalha para atender sempre às recomendações do tribunal e que, por meio das secretarias competentes, "tomará as medidas necessárias".

A Delta afirmou que não teve tempo hábil para analisar o caso. Procurada no início da noite, a assessoria de imprensa de Marta Suplicy (PT) não comentou o caso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Na primeira sessão da CPI do Cachoeira nesta terça-feira, depois de um mês de recesso, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) desafiou Andressa Mendonça, mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, a apresentar o dossiê que teria contra a parlamentar. A ameaça de Andressa foi feita depois de ser denunciada, na semana passada, por chantagem a um juiz federal e obrigada a pagar uma fiança de R$ 100 mil. Na época, segundo Kátia Abreu, a mulher do bicheiro teria afirmado possuir um dossiê contra a senadora, inclusive com fotos.

Andressa teria dito que a senadora "não saía da casa de Cachoeira e teria pedido dinheiro para a campanha". À CPI, a senadora afirmou também que recebeu ameaças em seu gabinete, originadas de um telefone público localizado em Taguatinga, cidade a 20 quilômetros de Brasília. "É uma tentativa de me amedrontar. Não tenho medo dela e de seu comparsa", disse a senadora, ao informar que protocolou uma interpelação contra Andressa, em Goiânia. "Carminha e Max só na TV. Não vão jogar meu nome no lixão", completou Kátia Abreu, numa referência à novela Avenida Brasil.

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Andressa deveria prestar depoimento à comissão nesta terça-feira, mas ficou em silêncio e se negou a responder qualquer pergunta. "Mentirosa e cascateira", acusou a senadora, no momento em que Andressa Mendonça deixou calada a sala da CPI.

O outro depoente, Joaquim Gomes Thomé Neto, acusado de ser um dos responsáveis pelas escutas telefônicas que favoreceriam os negócios de Cachoeira, também ficou em silêncio. "Estamos investigando uma organização criminosa e, por isso, quanto mais o tempo passa, mais a organização se fecha. Mas não são só os depoimentos que são o centro de nossa investigação", afirmou o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG).

A mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, usou o direito de permanecer calada e não prestou depoimento nesta terça-feira (7) à CPI. Ela tinha sido convocada na condição de investigada, depois de ter tentado intimidar um juiz de Goiás para liberar Cachoeira da prisão.

Outro que compareceu hoje à comissão e alegou também o direito constitucional de permanecer calado foi o policial federal aposentado Joaquim Gomes Tomé Neto, um dos responsáveis pelas escutas feitas por Cachoeira. Ele já havia sido convocado, no início de julho, mas apresentou atestado médico alegando que tinha se submetido a um cateterismo. Com isso a reunião de hoje da CPI foi encerrada.

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Os três convocados pela CPI do Cachoeira ligados ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), conseguiram habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir o direito de ficar em silêncio no depoimento agendado para esta quinta-feira. Dessa forma, Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete de Agnelo, Marcello Lopes, ex-assessor da Casa Militar do DF, e João Carlos Feitoza, ex-subsecretário de Esportes da capital federal podem se recusar a responder às perguntas.

Monteiro é citado em escutas telefônicas como suposto facilitador do esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, no DF. Em entrevista à Agência Estado, o advogado de Monteiro, Sandro Rogério Monteiro, negou todas as acusações feitas contra seu cliente e disse que mesmo com o habeas corpus o ex-chefe de gabinete de Agnelo estaria interessado em esclarecer a participação dele no caso.

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Monteiro pediu demissão do cargo em 10 de abril, depois da divulgação de gravações de grampos telefônicos da Polícia Federal em que o araponga Idalberto Matias, o Dadá, pede ao ex-diretor da Delta Construções Cláudio Abreu que pague propina ao ex-chefe de gabinete para indicar uma pessoa do grupo para o cargo de diretor do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), estatal que cuida do lixo na capital. A Delta é detentora do contrato. A PF afirmou ainda que Monteiro teria recebido um aparelho Nextel do grupo de Cachoeira para permanente contato.

Outro convocado, Marcello Lopes, conhecido como Marcelão, teria conseguido a nomeação de um aliado de Cachoeira no Serviço de Limpeza Urbana da capital. Ele conseguiu um habeas corpus da ministra Cármen Lúcia na quarta-feira.

O último convocado a depor é o ex-subsecretário João Carlos Feitoza, suspeito de receber dinheiro do grupo de Cachoeira, que conseguiu o habeas corpus do ministro Marco Aurélio Mello.

O jornalista Luiz Carlos Bordoni afirmou, em depoimento à CPI do Cachoeira, nesta quarta-feira, ter recebido "dinheiro sujo" para quitar uma dívida de campanha do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). "Eu trago aqui a verdade dos fatos. Pelo meu trabalho limpo eu fui pago com dinheiro sujo", afirmou.

Em abril de 2010, Bordoni disse ter fechado verbalmente, em uma conversa com Perillo, sua atuação na campanha, na área de rádio. Sem contrato, ele disse que acertaram que a participação seria de R$ 120 mil na campanha e R$ 50 mil de bônus pela vitória.

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Segundo o jornalista, do total de R$ 120 mil, foram pagos durante a campanha R$ 80 mil da seguinte forma: R$ 40 mil das mãos do próprio Perillo, R$ 30 mil do setor financeiro da campanha e R$ 10 mil do ex-tesoureiro de campanha, Jayme Rincón. Ficou faltando uma parcela de R$ 90 mil, sendo R$ 40 mil pela campanha e o restante referente ao bônus.

Bordoni disse que, parar quitar a dívida, deu o número da conta de sua filha, Bruna, para o ex-assessor especial de Perillo Lúcio Fiúza Gouthier. "Ao Lúcio foi dada a conta de Bruna. Não a cascatas ou a cachoeiras", ironizou. No dia 14 de abril de 2011, ele afirmou que a conta da filha recebeu um depósito de R$ 45 mil feito pela Alberto & Pantoja. O restante foi pago pela Adécio & Rafael Construtora e Terraplenagem.

O jornalista, que colocou à disposição da CPI seus sigilos bancário, fiscal e telefônico, disse nunca ter se preocupado com "quem depositou" os recursos. "Para quê e por quê eu iria mentir, meus amigos? Eu fiz um pacto com meu amigo Marconi. Quem tem amigos como tal, não precisa de inimigos", afirmou. Para ele, Perillo "faltou com a verdade" no depoimento que prestou à CPI, negando o caixa dois da campanha.

Bordoni, que trabalha para o governador desde 1998, desafiou Perillo a sustentar a versão de que só recebeu R$ 33 mil na campanha, por meio da empresa Arte Mídia. O jornalista mostrou o contrato que o governador disse ter firmado com ele. E ressaltou que o documento não traz qualquer menção a ele. "Se os senhores identificarem neste papel onde está escrito o meu nome, eu engulo esta folha", afirmou.

O jornalista disse que Cachoeira tem um "governo paralelo" e que o "jogo do bicho", uma contravenção penal, é comum no Estado. "Ele corre frouxo em Goiás", afirmou.

O administrador de empresas Lenine Araújo de Souza negou nesta quarta-feira, em depoimento à CPI do Cachoeira, ser "braço direito" do contraventor Carlinhos Cachoeira. Ele foi único dos depoentes convocados para depor hoje que, mesmo com uma liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que lhe garantia o direito de permanecer em silêncio, disse estar disposto a colaborar com a comissão. Os outros convocados preferiram permanecer calados: o ex-diretor regional da Delta Construções Cláudio Abreu, o auxiliar de Cachoeira Gleyb Ferreira da Cruz e o administrador José Olímpio de Queiroga Neto.

Lenine afirmou que poderia falar à CPI logo após os depoimentos das testemunhas de um processo a que responde por envolvimento com o contraventor, marcado para os dois próximos dias na Justiça Federal em Goiânia. "Não me considero braço direito do senhor Carlos", disse o depoente, ao fazer uma rápida exposição inicial. Ele disse que se sente "injustiçado" por causa da sua vinculação com o caso. Lenine afirmou ainda que se apresentara espontaneamente à Justiça, que havia expedido uma ordem de prisão contra ele.

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O administrador disse que foi transferido para o presídio de segurança máxima de Mossoró e, depois de 15 dias de isolamento, foi deslocado para a ala federal da penitenciária da Papuda, em Brasília. "Isso me causou profundos problemas psicológicos a mim, à minha esposa e à minha família", afirmou, ressaltando que nunca foi preso em "45 anos de vida".

O depoimento do tesoureiro da Delta, Rodrigo Moral Dall Agnol, foi adiado porque há dúvidas entre se ele vai depor como investigado ou testemunha. A CPI ficou de enviar informações ao Supremo para esclarecer essa situação.

Críticas

O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), e outros integrantes da comissão criticaram pouco antes a série de habeas corpus concedidos pelo STF. Vital disse que, em nome da comissão, quis demonstrar o "inconformismo" e a "desnecessidade" das decisões do STF. O presidente da CPI lembrou que ninguém está sendo coagido a depor. O colegiado deve encaminhar uma queixa ao Supremo, por entender que o tribunal sequer pediu informações à CPI sobre a situação das pessoas convocadas.

O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), disse que não há diferença entre a situação da atual CPI para as anteriores. "Não vejo diferença entre a decisão dos ministros tomados nesta CPI do Cachoeira para outras", disse o tucano, ao ressaltar que, a rigor, os investigados nem precisariam da decisão do Supremo para virem à comissão.

Os parlamentares devem discutir agora se convocam os governadores de Goiás, o tucano Marconi Perillo; do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz; e do Rio de Janeiro, o peemedebista Sérgio Cabral. No início da sessão da CPI, Vital do Rêgo negou recurso apresentado pelo deputado Gladson Cameli (PP-AC) para recusar a vinda dos governadores.

O presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), rejeitou nesta quarta-feira o pedido para impedir a eventual convocação dos governadores de Goiás, o tucano Marconi Perillo; do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz; e do Rio de Janeiro, o peemedebista Sérgio Cabral. Vital negou recurso apresentado pelo deputado Gladson Cameli (PP-AC) para recusar a vinda dos governadores.

Cameli, que apresentou a questão de ordem na última terça-feira, argumentava que apenas as comissões parlamentares de inquérito instaladas nas assembleias legislativas estaduais teriam poder para convocar os chefes dos Executivos locais.

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Em resposta a Cameli, o presidente da CPI do Cachoeira, porém, disse estar "persuadido" de que a convocação dos governadores "não viola o princípio federativo". Para Vital, a comissão do Congresso tem "jurisdição em todo o território nacional, o que não acontece em uma CPI estadual".

"No exercício da sua função judicante, cumpre à CPI buscar a verdade, justamente em respeito aos governados, ao povo brasileiro. Inclusive aos indiciados que porventura forem inocentes", afirmou Vital.

A comissão deve votar a convocação dos três governadores logo após os depoimentos previstos para esta quarta-feira. Entre as seis pessoas marcadas pela CPI para falar está o ex-diretor da Delta Construções Cláudio Abreu e Gleyb Ferreira da Cruz, braço direito do contraventor Carlinhos Cachoeira. Eles conseguiram habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecerem calados diante das perguntas dos integrantes da CPI.

O senador Demóstenes Torres (sem partido –GO) depõe neste momento na Comissão de ética do Senado sobre a sua relação com o contraventor Carlinhos Cachoeira. No início do seu depoimento Demóstenes diz ser “vítima da maldade”, alega que as informações divulgadas tem “muita maledicência”, com intuito de “enxovalhar” sua reputação. Para ele, esta é a “campanha mais orquestrada da história do Brasil”.

De acordo com o senador, um exemplo, é a compra do apartamento em que mora com a família. “O meu apartamento foi comprado, parte, com um dinheiro, legal, da conta da minha mulher. Foram pagos R$ 600 mil e outros R$ 800 mil financiados, os quais eu pagarei até completar 80 anos”, alega. 

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“Se eu estou aqui hoje é porque eu quero dar explicações a sociedade, a minha família, aos senhores... Se eu estou aqui é porque eu readquiri a fé”, diz o senador que também garante que pensou nas “piores coisas”, inclusive em renunciar seu mandato de senador.

Demóstenes fez questão de ler as declarações feitas contra ele por delegados e procuradores contidas nos autos do processo. Segundo o senador, as acusações “raivosas” serão rebatidas por ele durante o depoimento e que já estão “desmentidas” nos autos. “Eu jamais tive alguma ligação com os jogos ilegais”, defende-se Demóstenes.

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