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O PSDB elegeu, nesta quinta-feira (30), o ex-governador de Goiás Marconi Perillo como seu novo presidente, após uma eleição da Executiva Nacional que expôs novo racha no partido. A sigla, que vem acumulando uma série de reveses políticos nos últimos anos, tenta se unir com foco nas disputas municipais do ano que vem e na campanha presidencial de 2026.

O novo presidente chega ao comando do partido apoiado pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que recuperou influência no partido após ser absolvido de uma acusação de corrupção passiva que o havia afastado dos holofotes. O consenso em torno de Perillo foi alcançado apenas nesta quinta-feira. O ex-senador José Aníbal (PSDB-SP) chegou a concorrer ao posto, como contraponto ao grupo de Aécio.

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"Eu não acho que disputa divide. O Mário Covas se irritava com isso. Disputa unifica. Terminou a disputa, está todo mundo junto. O que nós não podemos é ficar fazendo de conta que a nossa unidade é sólida. Estamos unidos, olha essa vitória, mas é uma unidade que não tem uma âncora política sólida. O PSDB está um pouco perdido no panorama que temos hoje da política brasileira", disse Aníbal, na convenção.

O ex-senador disse que o PSDB não pode se confundir com a "oposição odienta" e elogiou o ministro da Fazenda do governo Lula, Fernando Haddad. "Eu até quero admitir que o atual ministro da Fazenda tem uma sensibilidade para esses temas", disse, ao falar da importância da transição energética. "Mas o Congresso Nacional dificulta muito o trabalho dele, é uma tarefa árdua", emendou.

O deputado Beto Pereira (PSDB-MS) disse ao Estadão/Broadcast que os atores políticos do partido tiveram maturidade para convergir. "Essa manifestação hoje, consensuada, demonstra maturidade", afirmou.

Como mostrou a Coluna do Estadão nesta quarta-feira, 29, um grupo de deputados federais cogitou lançar o líder do partido na Câmara, Adolfo Viana (BA), para a presidência da sigla. "Houve um movimento que foi capitaneado pelo Adolfo dentro da bancada que era, justamente, para que tivéssemos espaço e representatividade dentro da Executiva, de busca de espaço", afirmou Pereira.

Perillo assume a sigla no lugar do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que decidiu deixar o cargo com a justificativa oficial de que precisa se dedicar ao governo estadual. Ele, contudo, também acumulou atritos ao promover intervenções nos diretórios da legenda na capital paulista e no Estado. A expectativa é que Leite seja candidato à Presidência da República em 2026 pelo partido.

"Não somos candidatos a mito, nem a super-heróis e nem a salvadores da pátria", declarou Leite, na convenção, após reconhecer as disputas internas no PSDB. "Somos humanos", justificou.

Antes de Aníbal anunciar que disputaria a presidência do partido contra Perillo, Leite também tentou construir uma chapa liderada pelo ex-senador Tasso Jereissati para a presidência do PSDB, mas não conseguiu. Motivo: Tasso e Aécio são desafetos e não houve acordo.

Prévias causaram trauma nas fileiras tucanas

No ano passado, o PSDB sofreu mais uma derrota ao perder o governo de São Paulo, Estado que administrava há quase três décadas. Após uma debandada de tucanos históricos, como Geraldo Alckmin - hoje vice-presidente da República - e a saída do ex-governador João Doria, o partido acabou sem candidato próprio ao Palácio do Planalto e suas alas entraram em guerra.

Nas prévias realizadas pelo PSDB para a escolha do candidato à Presidência, há exatos dois anos, Aécio apoiou Leite, em um movimento que tinha como objetivo derrotar Doria. Mesmo assim, Doria venceu a eleição interna. Pressionado pelo próprio partido, no entanto, o ex-governador renunciou à candidatura e, onze meses depois, pediu desfiliação. O PSDB fez aliança com o MDB, que lançou Simone Tebet, hoje ministra do Planejamento.

Além da expectativa de lançamento da candidatura de Leite ao Palácio do Planalto em 2026, Aécio também se prepara para disputar o governo de Minas, Estado que já governou. O agora deputado era senador e presidente do PSDB quando, em 2017, foi acusado de pedir propina de R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS, em troca de favores no Congresso. Em julho deste ano, o Tribunal Regional da 3.ª Região (TRF-3) manteve sua absolvição por unanimidade.

Perillo, por sua vez, chegou a ser preso em 2018. Foi acusado de corrupção passiva e organização criminosa em caso envolvendo suspeita de pagamentos da empreiteira Odebrecht.

No ano passado, porém, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes anulou medidas da investigação contra Perillo, tornando inviável o processo contra ele. O ex-governador ainda tentou se eleger para uma cadeira no Senado, mas foi derrotado.

O vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Martins, decidiu nesta quinta-feira, 19, encaminhar à primeira instância de Goiânia uma denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra o ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) por corrupção passiva.

Perillo deixou o comando do Executivo local para disputar as próximas eleições - provavelmente concorrerá ao cargo de senador. Dessa forma, também perdeu a prerrogativa do foro privilegiado.

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O tucano é acusado de corrupção passiva, por ter parte de uma dívida de campanha eleitoral, no valor de R$ 90 mil, paga em troca de um aditivo realizado em contrato do Estado com a Delta Engenharia.

O contraventor Carlinhos Cachoeira foi denunciado no âmbito da mesma investigação, mas o inquérito acabou desmembrado, permanecendo no STJ apenas Perillo, que gozava de foro privilegiado.

"Nesse contexto, cessada a competência do STJ, há que ser determinada a remessa e redistribuição destes autos ao juízo criminal estadual da Comarca de Goiânia", determinou o ministro.

Procurada pela reportagem, a defesa de Perillo disse que é "normal" e "esperado" que o processo seja encaminhado para a primeira instância. "É um caso que não nos preocupa em absolutamente nada", disse o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), afirmou ao Broadcast Político, na noite desta segunda-feira (6), que o senador Tasso Jereissati (CE) "já é candidato" e "agora só precisa começar a campanha" para a presidência do partido. Inicialmente, a ideia dos aliados de Jereissati era oficializar a candidatura durante uma reunião com 24 deputados tucanos que defendem o desembarque do governo, amanhã, e o governador Marconi Perillo (GO), adversário de Jereissati na disputa. O plano mudou após Perillo exigir a presença de todos os integrantes da bancada no encontro, o que deve inviabilizá-lo.

De acordo com Tripoli, o intuito dos aliados de Jereissati será buscar um acordo em busca de uma candidatura única para o comando da sigla. O grupo vai tentar convencer Perillo a desistir da candidatura com o argumento de que o cearense já conta com 24 dos 46 votos da bancada do partido na Câmara dos Deputados. Já o time de Perillo fará o mesmo movimento, mas com a justificativa de que o senador tem de concorrer ao governo do Ceará para garantir palanque à candidatura de Geraldo Alckmin ao Planalto. Aliados de Jereissati afirmam que ele já descartou essa possibilidade.

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Segundo a assessoria de imprensa de Perillo, ele tem agendada, nesta terça-feira (7) pela manhã, uma reunião na residência oficial do governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg. Depois, reservou o período da tarde para conversar com parlamentares e buscar apoio para sua campanha.

Na semana passada, Perillo esteve reunido com Jereissati para formalizar a sua candidatura. Na ocasião, o governador de Goiás surpreendeu ao declarar que "seria natural" o desembarque do governo no final deste ano, quando considera que os ministros tucanos devem deixar a gestão Temer para focar na eleição de 2018. O discurso de Perillo, no entanto, não teria convencido os chamados "cabeças pretas", que permanecem em defesa da candidatura de Jereissati.

Reunião Nesta segunda-feira, Perillo afirmou que a reunião deveria ter um formato melhor, pois acha complicado discutir uma decisão importante para os rumos do PSDB só com uma parte da bancada, excluindo os 20 deputados que votaram a favor de Michel Temer na denúncia da Procuradoria-Geral da República. À noite, ele se reuniu justamente com esta parte da bancada, que é contra a candidatura de Jereissati.

"Estou absolutamente desarmado para ajudar o partido. Não dificulto nada. Não fiz nenhum movimento. Estou jogando parado, conversando por telefone com algumas pessoas. Se conseguirmos um entendimento, melhor", afirmou Perillo antes do encontro.

Jereissati queria que os deputados favoráveis a ele formalizassem a sua candidatura amanhã para passar a imagem de que ele disputará devido à pressão dos parlamentares, e não por vontade própria, já que vinha negando reiteradamente a sua candidatura após assumir a presidência interina da legenda no lugar do senador Aécio Neves (MG). A presença de seus adversários, no entanto, poderia tumultuar a reunião

Segundo aliados de Jereissati, o artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, publicado no domingo (5) em que defende o rompimento com o governo do presidente Michel Temer, deu "força" para o discurso do senador cearense de que o partido precisa desembarcar até o final do ano e reconhecer erros cometidos por tucanos.

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), está reunido nesta quarta-feira, 1.º, com o presidente nacional interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), no Senado. Perillo deve formalizar que disputará o comando do partido no lugar do presidente nacional licenciado da legenda, senador Aécio Neves (MG), em dezembro.

Embora Tasso Jereissati ainda não tenha oficializado a candidatura, a expectativa é que eles sejam adversários na eleição interna. Perillo e Tasso Jereissati são integrantes de grupos distintos dentro da sigla. O governador de Goiás faz parte da ala governista e é visto como o candidato de Aécio. Já o presidente nacional interino do PSDB e senador pelo Ceará é da ala que defende o desembarque da agremiação do governo e um novo discurso de autocrítica para os tucanos.

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Segundo aliados de Perillo, ele quer tratar de questões internas do partido com Tasso Jereissati, sem enfrentamento, em busca de uma conciliação. Nesta terça-feira, 31, deputados da legenda discutiram com Tasso Jereissati após ele apresentar o trabalho do publicitário Moriael Paiva, da empresa Big Data, contratada pelo presidente nacional interino do PSDB e senador para fazer a reestruturação da comunicação da legenda nas redes sociais. A contratação causou reações negativas porque Moriael Paiva foi responsável pela campanha do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), que derrotou o então candidato do PSDB a governador, Pimenta da Veiga, em 2014.

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), se juntou ao grupo dos tucanos que não apoiam palanques duplos entre seu partido e o PSB, do governador Eduardo Campos, nos Estados. "Não dá para se pensar em palanque duplo. Não tem cabimento", avaliou Perillo nesta quinta-feiram 24, ao deixar evento organizado pela The Economist. Ele faz coro ao posicionamento do governador mineiro Antônio Anastasia (PSDB), que, nesta quarta-feira, 23, em entrevista à TV Estadão, adiantou que seria "difícil" explicar ao eleitor sobre a composição de palanques duplos.

Nesta quinta, presente no mesmo evento que Perillo, Anastasia reforçou: "a questão do palanque duplo é uma figura um pouco estranha. É difícil explicar ao eleitor, num dia você está com um candidato, no outro está com outro candidato. Isso tem que ser melhor definido".

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Lideranças do PSB e do PSDB tem conversado sobre a possibilidade de coligações regionais nos Estados, a despeito da disputa presidencial. Há locais críticos, como o Estado de São Paulo, onde Aécio resiste a ceder espaço no palanque ao grupo de Campos. Parte do PSB paulista, como o dirigente estadual da sigla, Márcio França, contudo, defende o apoio a Alckmin. Eduardo Campos e Aécio Neves, neste caso, teriam que dividir o espaço. A questão em São Paulo tem mais um fator de complicação: a ex-senadora e agora correligionária de Campos, Marina Silva, defende o lançamento de nome próprio do partido.

Perillo foi enfático ao apontar que, em Goiás, Eduardo Campos se aliou a "adversários históricos" do PSDB e que "não tem cabimento" formar palanques duplos no primeiro turno. "É absolutamente salutar que esse tipo de pré-acordo (entre PSB e PSDB) exista, se quiserem chegar à Presidência. Se é para vencer a eleição, tem que haver entendimento de que, no segundo turno, o vencedor tenha apoio do vencido", disse o governador goiano, avaliando como positivas as conversas entre Aécio e Campos, desde que não interfiram no primeiro turno.

Os tucanos Marconi Perillo, governador de Goiás, e Antonio Anastasia, governador de Minas Gerais, reiteraram nesta quinta-feira, 24, o entendimento de que o candidato dos tucanos ao Planalto em 2014 será o senador mineiro Aécio Neves, apesar da recente reaparição do ex-governador José Serra no cenário político. Ao falarem sobre o assunto, Perillo repetiu um lema de Mário Covas, de que "a fila anda", e Anastasia avaliou que a participação política de Serra não é prejudicial para a candidatura de Aécio.

"O governador Covas dizia que 'a fila anda'. O entendimento da maioria dos líderes do PSDB é de que a vez agora é do governador Aécio", respondeu Perillo, questionado se Serra seria uma alternativa do partido às eleições presidenciais de 2014, ao deixar evento organizado pela The Economist, em São Paulo. Perillo disse ter ficado feliz com a decisão de Serra continuar filiado e militando no PSDB, mas apontou que a tendência é clara em relação à candidatura de Aécio. "Mas claro que todos nós reconhecemos o valor e o papel desempenhado pelo governador Serra ao longo dos anos, é legítimo da parte dele postular uma eventual indicação como pré-candidato à Presidência", disse o governador goiano, destacando, contudo, que Serra já teve duas oportunidades de concorrer ao Planalto e já foi governador paulista e prefeito de São Paulo.

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Anastasia, que chegou pouco depois do final da apresentação de Perillo ao mesmo evento, reforçou o coro. "Há um sentimento no partido notório da maioria a favor do senador Aécio, mas o governador Serra tem também suas pretensões e ele mesmo disse que também quer se candidatar, não definiu cargo", comentou o mineiro, que já nas últimas eleições presidenciais fez parte do grupo que defendia a candidatura de Aécio. Apesar de afirmar que a definição do candidato "ainda não aconteceu", Anastasia cravou: "Em 2014 é a vez da candidatura Aécio Neves".

Para Anastasia, as viagens de Serra e visitas em agendas semelhantes às de Aécio não prejudicam a candidatura do senador mineiro. "O ex-governador José Serra é um quadro fundamental do PSDB, é um patrimônio do partido. Ele tem vida política, tem todo direito a fazer suas visitas, isso é bom para nós, nós precisamos da atuação firme", disse Anastasia, que apontou que o patrimônio eleitoral de Serra é "muito grande" e avaliou que quanto mais lideranças importantes reforçando a candidatura do PSDB, o partido terá "uma soma e não uma diminuição".

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), acusou nesta quarta-feira (21) o relator da CPI do Cachoeira, deputado federal Odair Cunha (PT-MG), de querer prejudicá-lo por ter feito "uma denúncia relativa ao mensalão" em 2005. O tucano deve decidir nesta quinta-feira se vai procurar a Justiça para evitar o indiciamento pretendido pelo petista em seu relatório, segundo informação de sua assessoria de imprensa.

"O relator, que é ligado a um partido político, tem um único objetivo: me prejudicar politicamente, porque lá atrás eu fiz uma denúncia relativa ao mensalão", disse Perillo, ao visitar nesta quarta um hospital de Goiânia. Em 2005, quando o escândalo da compra de apoio político ao governo Luiz Inácio Lula da Silva veio a público, o tucano exercia o mandato de senador e disse ter alertado o então presidente sobre o esquema.

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"Os envolvidos no mensalão estão sendo condenados. Eu tinha razão quanto a isso", disse Perillo. "O que não pode é essa tentativa de vingança permanente. O que algumas pessoas querem, nesse momento, é tentar politizar e prejudicar alguns por serem adversários."

No relatório, Cunha atribui cinco crimes a Perillo, incluindo formação de quadrilha, corrupção passiva e tráfico de influência. O governador é suspeito de ligação com o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A Polícia Federal chegou a interceptar uma ligação de Perillo ao contraventor, para desejar feliz aniversário - o tucano nega ter ajudado o esquema de Cachoeira em seu governo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

O ministro Marco Aurélio Mello do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu nesta segunda-feira uma liminar para que o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, não seja obrigado a comparecer a uma convocação da CPI do Cachoeira. A defesa do governador goiano quer usar a mesma decisão também para livrá-lo de um eventual indiciamento no relatório final da comissão parlamentar, que será apresentado na quarta-feira pelo deputado federal Odair Cunha (PT-MG).

A confusão em torno do futuro de Perillo, suspeito de ter favorecido o contraventor Carlinhos Cachoeira, se dá em relação ao alcance do recurso. No mandado de segurança impetrado no STF, os advogados pedem a concessão da liminar para determinar à CPI que "se abstenha de o convocar, conduzir, investigar ou indiciar". No mérito do recurso, a defesa pede a confirmação da decisão liminar.

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No despacho que assinou às 10h45 em sua casa, Marco Aurélio Mello acatou o pedido de liminar do governador tucano para assegurar a ele o direito a se recusar a comparecer à CPI do Cachoeira. Contudo, o ministro do STF deixou de se pronunciar na decisão sobre os demais pedidos feitos pela defesa de Perillo.

"Para mim, a decisão do STF compreende tudo. Se o governador não pode sequer ser convocado, o indiciamento dele seria em razão de uma convocação dos elementos colhidos em relação a isso", afirmou o advogado Marcos Mundim, um dos defensores de Perillo. "Como se pode fazer mais, se não pode menos?", questionou.

Entretanto, Marco Aurélio Mello afirmou à Agência Estado que o teor da sua decisão é preventivo. Para o ministro, Perillo pode se recusar a comparecer a uma convocação da CPI, porque, no seu entendimento, ela não pode impor a vinda de um chefe do poder Executivo ao Congresso. Marco Aurélio afirmou que, mesmo com a liminar, o governador pode ter o pedido de indiciamento feito no relatório final da CPI.

A defesa de Perillo discorda do entendimento do ministro do STF e disse que vai aguardar a apresentação do texto de Odair Cunha para decidir o que fazer. Caso o relatório peça o indiciamento do governador, Marcos Mundim disse que pedirá ao Supremo que esclareça o alcance da decisão liminar. Assessores do relator da CPI afirmam que, mesmo com a decisão do STF, Cunha manterá a sugestão de indiciamento de Perillo.

O governador de Goiás depôs à comissão no dia 12 de junho e, na ocasião, negou ter beneficiado Carlinhos Cachoeira na sua gestão. Posteriormente, um novo pedido de convocação foi aprovado pela CPI. "O propósito de indiciá-lo é político", afirmou a defesa de Perillo.

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), se tornou o maior alvo da propaganda eleitoral do candidato a prefeito de Goiânia José Netho (PPL). "A culpa é de quem?, pergunta uma voz no início do programa: "É do moço da camisa azul", respondem eleitores, em referência ao tucano, que tem na camisa azul uma marca desde sua primeira disputa ao governo, em 1998.

O candidato faz ainda referência ao bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso em 29 de fevereiro na Operação Monte Carlo. Netho afirma que "o candidato do moço da camisa azul quer implantar em Goiânia a 'cachoeira' de esquemas que estão fazendo no estado".

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Perillo apoia o candidato Jovair Arantes (PTB). Ambos são citados nas gravações da Operação Monte Carlo. O governador está sendo investigado no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e deve ser indiciado na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que apura a influência de Cachoeira no poder público. O tucano nega ligação com Cachoeira.

Documentos enviados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira com extratos bancários do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), apontam falhas na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral do então candidato à reeleição, em 2002. Técnicos da CPI não conseguiram detectar em que foram gastos R$ 8.898,00 depositados na conta de Perillo, no dia 6 de agosto de 2002.

Pelos extratos bancários em poder da CPI, o tucano recebeu R$ 300 mil da EGL Empreendimentos Gerais S.A., sucessora da BMG Corretora S.A. Esses recursos foram depositados em 29 de julho de 2002 em uma das contas de Perillo. No dia 31 de julho, R$ 290 mil saíram para a Tarso Estratégia e Comunicação Ltda. Outros R$ 8.898,00 foram para uma conta do governador Perillo.

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Na prestação de contas do governador apresentada à Justiça Eleitoral no dia 30 de novembro de 2002, os R$ 290 mil foram destinados à CMP Comunicação Ltda., que, apesar do nome diferente, tem o mesmo CNPJ da Tarso Estratégia e Comunicação. Já os R$ 8.898,00 depositados na conta do governador não aparecem na prestação. Técnicos da CPI não conseguiram descobrir se os recursos saíram da conta do governador e onde foram gastos. Na época, a legislação eleitoral permitia que os recursos de campanha transitassem por contas do candidato. Além disso, o CNPJ da EGL na prestação de contas à Justiça Eleitoral é diferente do número que aparece nos extratos das contas bancárias de Perillo.

Outro lado

Procurada pelo jornal O Estado de S. Paulo para dar explicações sobre as discrepâncias, a assessoria de imprensa do governador Marconi Perillo afirmou que "não tem cabimento discutir, dez anos depois, uma conta de campanha que foi plenamente aprovada pela Justiça Eleitoral".

Assinada por Isanulfo Cordeiro, a nota diz que "como não encontrou absolutamente nada de errado, irregular ou ilegal na vida pessoal e nos mandatos exercidos por Marconi Perillo, a CPMI, de forma direcionada e rasteira, vem tentando, de qualquer maneira, criar algum tipo de constrangimento ao governador".

Na disputa pela reeleição em 2002, Perillo obteve uma receita de R$ 9,1 milhões. Valor exatamente igual às despesas da campanha. A doação de R$ 300 mil feita pela EGL foi uma das maiores recebidas pelo tucano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo


A mãe do governador de Goiás, Marconi Perillo, morreu na madrugada desta quarta-feira (18), em Goiânia. Maria Pires Peres Perillo, de 74 anos, tratava de um câncer no Hospital Santa Helena quando faleceu, às 3h10, por falência múltipla dos órgãos. O velório é realizado desde as 7h no Cemitério Parque Memorial, na saída para a cidade de Bela Vista. O enterro está marcado para as 17h.

O governador de Goiás, Marconi Perillo, ganhou nesta terça o afago público da direção de seu partido, que havia mantido silêncio diante das últimas notícias que apontavam para o suposto envolvimento dele com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Os líderes nacionais tucanos se reuniram para dizer que "tem total confiança na conduta de Marconi".

Para justificar as sucessivas denúncias de corrupção e envolvimento do governador com Carlinhos o Cachoeira, o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE) repetiu, durante o que chamou de "ato de solidariedade", o mantra de "ação orquestrada". Da "ação" fariam parte a presidente Dilma Rousseff, parcela da Polícia Federal - ambos selecionando as informações que chegam à CPI do Cachoeira - e também "a internet", a CUT e a UNE, com a ajuda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ex-ministro José Dirceu. Unidos, formariam uma cortina de fumaça para proteger os réus do mensalão: "Jogam o holofote sobre Marconi para apagar o resto do Brasil", bradou Guerra.

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O discurso de defesa foi referendado pelo líder tucano no Senado, Alvaro Dias (PR), que se disse favorável à investigação de Perillo, mas não à reconvocação para a CPI, na qual seriam feitas "repetições desnecessárias".

A decisão do partido de sair em defesa de Perillo - mesmo dizendo que se tratava de uma "defesa da democracia, e não do governador, que já é grandinho para se defender sozinho" - foi costurada na segunda-feira, data em que Perillo enviou seus representes de Goiás para Brasília. Na reunião com líderes tucanos, apresentaram mais explicações e alinhavaram o discurso-bálsamo que, sobretudo, destacou a "operação de guerra" do PT, deferida por conta do desespero dos petistas em estarem perdendo para a oposição em sete das principais capitais do País, segundo contagem tucana.

Intimidação

O deputado petista Odair Cunha (MG), relator da CPI do Cachoeira, rebateu a acusação e disse que o PSDB está querendo intimidar a CPI. "Nós temos uma clareza, precisamos investigar a organização do senhor Carlos Cachoeira e nenhum tipo de constrangimento ou de intimidação vai parar o nosso trabalho", disse.

Mais uma vez, o relator não disse se vai sugerir, ao final dos trabalhos da CPI, o indiciamento de Perillo por envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Ele não quis opinar sobre a afirmação feita pelo colega Paulo Teixeira (SP), vice-presidente da CPI, de que já há elementos suficientes para indiciar Perillo.

"A PF fez um trabalho totalmente isento, diferentemente de policiais civis e militares do estado de Goiás, inclusive da cúpula dos órgãos, que atuaram na defesa dos interesses de Cachoeira", afirmou.

Cruzamento de dados bancários da CPI do Cachoeira, da Polícia Federal e do governo de Goiás indicam que a Delta Construções teria bancado a compra da casa do governador Marconi Perillo (PSDB) pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, em troca da liberação de mais de R$ 9 milhões em créditos da empresa com o Estado. O tucano nega relação entre a transação imobiliária e os pagamentos do governo.

A PF acredita que a Delta firmou um "compromisso" com Perillo, intermediado por Cachoeira, após a posse no governo. A compra da casa teria sido a primeira negociação após o acerto.

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Análise dos extratos bancários mostra o "Deltaduto" em cinco momentos: 1) o dinheiro que sai da empreiteira; 2) passa por duas empresas comandadas pelo esquema do contraventor, a Alberto e Pantoja e a Adércio e Rafael Construções; 3) recursos de ambas abastecem a conta da Excitant, controlada pelo sobrinho de Cachoeira, Leonardo Augusto de Almeida Ramos; 4) três cheques assinados por Leonardo pagam a compra da casa; 5) e a liberação de créditos à Delta.

A movimentação ocorreu de fevereiro a maio de 2011. Em sete depósitos, a Delta transferiu às duas empresas de fachada R$ 5,4 milhões. Elas repassaram à Excitant R$ 1,4 milhão, em cinco transações. Perillo recebeu esse valor pela casa, em três cheques assinados pelo sobrinho de Cachoeira. A fatura da Delta foi paga em três prestações de cerca de R$ 3,2 milhões.

Escutas - As suspeitas de acerto são reforçadas pelas interceptações telefônicas da Operação Monte Carlo. Em 1.º de março de 2011, às 15h04, Cachoeira pergunta ao ex-vereador Wladimir Garcêz (PSDB) se ele vai mostrar a Perillo "aqueles nove milhões" que o Estado tem de pagar.

"Você levou para mostrar para ele", pergunta Cachoeira. "Tá comigo aqui. Oito milhões, quinhentos e noventa e dois zero quarenta e três", disse Garcêz, que admitiu à CPI ter trabalhado tanto para a empreiteira como para o contraventor. "Então tá", responde Cachoeira.

Uma hora depois, nova conversa entre os dois mostra que, segundo Garcêz, Perillo ficou de resolver, em referência ao pagamento à Delta. No mesmo dia, a Delta recebeu a primeira parcela de cerca de R$ 3,2 milhões. Um dia depois, o tucano recebeu a primeira parcela pela casa.

As investigações da PF, reveladas pela revista Época, apontam que Cachoeira decidiu se desfazer da casa após a compra. Segundo a polícia, o imóvel foi vendido ao empresário Walter Paulo Santiago por R$ 2,1 milhões. Cachoeira teria recebido R$ 1,5 milhão. Perillo, outros R$ 500 mil, repassados pelo então assessor especial Lúcio Fiúza, que teria ficado com R$ 100 mil.

Em nota, Perillo alegou que os três repasses citados pela PF fazem parte de um total de 13 pagamentos feitos de forma regular à Delta, por parte da Secretaria de Segurança Pública. Há cinco casos posteriores à negociação da casa de repasses com idêntico valor. "Verificando os valores, conclui-se que os pagamentos são regulares e continuados, considerando apenas os trâmites burocráticos para sua efetivação."

Em nota, a Delta disse estar à disposição da Justiça e da CPI para prestar "todos os esclarecimentos". A empresa "reserva-se, porém, o direito de não responder a questões pontuais formuladas com base em vazamentos parciais de informações", diz o texto. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

 

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), nega relação entre a compensação dos cheques que recebeu pela venda de uma casa e a liberação de ordens de pagamento atrasadas à Delta Construções S/A. Relatório da Polícia Federal sugere que o tucano condicionou a quitação de faturas à negociação do imóvel com ágio de R$ 500 mil. A casa teria sido comprada por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e paga por empresa que recebeu dinheiro de laranjas da Delta.

Por meio de nota, o governo afirma que "os pagamentos se referem a um contrato de locação de veículos e são feitos de forma continuada". Em 2009, a Delta venceu licitação para fornecimento de carros alugados ao Estado. À época, Goiás era governador por Alcides Rodrigues (PP), eleito com apoio de Perillo. Ao longo do mandato os dois se desentenderam e hoje Perillo trata o governo anterior como oposição.

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O tucano argumenta que não houve participação da Delta ou de Carlinhos Cachoeira na negociação da casa. A conversa teria acontecido exclusivamente com o ex-vereador e ex-secretário de Estado no segundo governo de Marconi (2003-2006), Wladimir Garcêz (PSDB); preso na Operação Monte Carlo como um dos principais aliados de Cachoeira. "Se o sr. Wladimir Garcêz tratou do assunto (da casa) com mais pessoas, isto ocorreu sem o conhecimento ou assentimento do governador", diz a nota.

Os três cheques depositados na conta de Perillo eram da empresa Excitant Confecções, de propriedade de uma ex-cunhada de Cachoeira e, à época, administrada pelo sobrinho dele, Leonardo Almeida Ramos. O tucano diz que não sabia de quem eram os cheques. Na nota, acrescenta que não cabe a ele "investigar a origem dos recursos usados para o pagamento", sobre o fato de a empresa ter recebido dinheiro do grupo ligado a Cachoeira e à Delta.

O governo também questiona o fato de não haver especificação sobre quais seriam as "portas abertas" no governo de Goiás. Relatório da PF mostra Cachoeira e seu sócio, o ex-diretor regional da Delta no Centro Oeste, Cláudio Abreu, comemorando a "porta aberta". A conversa é de 3 de março. Em agosto, a empreiteira venceu lotes de licitações na Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas (Agetop). O governo argumenta que houve deságio do valor estimado inicialmente.

Reconvocação - Parlamentares integrantes da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI) do Cachoeira pretendem apresentar requerimentos pedindo a reconvocação de Perillo, para esclarecer os fatos revelados no relatório da PF. Quanto a isto, o governo goiano diz que "um grupo na CPMI trata de transformá-la em tribunal de exceção com um só alvo: o governador de Goiás, por ser adversário do PT".

Na nota, o governo diz que, "em vez de buscar esclarecer em profundidade as relações da Delta com os governos federal, estaduais e municipais, CPMI e reportagens continuam batendo na mesma tecla da venda da casa do governador, já exaustivamente explicada e bem entendida pelas pessoas de boa fé".

 

O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), afirmou nesta segunda-feira que espera que o governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, apresente explicações ao partido sobre as novas denúncias de envolvimento com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Por meio da assessoria de imprensa, Guerra informa que, até o momento, Perillo tem dado explicações suficientes em relação ao seu envolvimento com Cachoeira.

O presidente do PSDB aguarda esclarecimentos sobre o suposto compromisso firmado entre o governador de Goiás e a Delta Construções, intermediado por Cachoeira. Segundo reportagem publicada pela revista "Época", Perillo teria recebido propina para liberar o pagamento de créditos devidos pela empreiteira. Há suspeita de que o acerto também envolveu a venda da casa do governador para Cachoeira.

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Guerra disse, por meio da assessoria de imprensa, que mantém a confiança no correligionário, mas aguarda novos esclarecimentos ainda nesta semana. O presidente do PSDB chega na noite de hoje a Brasília e não há, pelo menos até agora, previsão de uma reunião extraordinária da executiva do partido para discutir o caso Perillo.

Integrantes da CPI do Cachoeira defenderam ontem que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), seja reconvocado para explicar o "compromisso" firmado entre ele e a Delta Construções, com a intermediação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, assim que assumiu o cargo no ano passado. O acerto, cujo teor integra relatório da Polícia Federal revelado pela revista Época, inclui a liberação de créditos milionários da empreiteira com o governo goiano mediante suposto pagamento de propina a Perillo.

O "compromisso" envolveria até a compra da casa do governador por Cachoeira, paga, segundo a PF, com recursos da Delta. À medida que o governador recebia as parcelas pela venda do imóvel, segundo a polícia, os créditos da Delta eram pagos. De acordo com a revista, a direção nacional da empreiteira tinha conhecimento das negociações. Em depoimento à CPI no mês passado, Perillo sempre negou ter relações com a Delta ou Cachoeira. Ele tem dito que a venda da casa, onde o contraventor foi preso no fim de fevereiro, foi legal. A reportagem não conseguiu contato telefônico com o advogado de Perillo.

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"São gravíssimos os fatos, o que torna inevitável a reconvocação do governador Marconi Perillo. Os elementos mostram que o governador mentiu para a CPI", afirmou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que apresentará na segunda-feira o pedido para reconvocar o governador e ter acesso ao relatório da PF. "Está demonstrado o elo entre Cachoeira, Delta e Marconi", disse o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).

Para Miro, é preciso chamar Marconi para dar, pelo menos, o direito de ele se defender novamente. "Nós estamos diante da possibilidade de esclarecer que houve, de fato, duas transações: uma de propina e a outra da casa", afirmou o deputado do PDT. Randolfe defende que a CPI faça uma sessão extraordinária na próxima semana para tentar agendar o novo depoimento durante o recesso parlamentar. Miro, contudo, acredita que somente em agosto isso será possível.

Com base em interceptações telefônicas, a reportagem aponta que Cachoeira se desfez da casa com o receio de perder negócios no governo caso fosse revelada sua relação com Perillo. A mulher do contraventor, Andressa Mendonça, não queria deixar o imóvel, no qual teria gasto mais de R$ 500 mil para mobiliá-la e decorá-la.

Segundo a PF, o imóvel foi repassado para o empresário Walter Santiago, que pagou R$ 2,1 milhões pela casa. Foram R$ 1,5 milhão para Cachoeira, R$ 100 mil para Lúcio Fiúza, então assessor de Perillo, e outros R$ 500 mil ao governador, levados por Fiúza.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. (Ricardo Brito)

Integrantes da CPI do Cachoeira defenderam neste sábado que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), seja reconvocado para explicar o "compromisso" firmado entre ele e a Delta Construções, com a intermediação do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira assim que assumiu o cargo no ano passado. O acerto, cujo teor integra relatório da Polícia Federal revelado na mais recente edição da revista Época, inclui a liberação de dívidas milionárias da empreiteira com o governo goiano mediante suposto pagamento de propina a Perillo.

O "compromisso" envolveria até a compra da casa do governador por Cachoeira, paga, segundo a PF, com recursos da Delta. À medida que o governador recebia as parcelas pela venda da casa, segundo a polícia, os créditos da Delta eram pagos. De acordo com a revista, a direção nacional da empreiteira tinha conhecimento das negociações. Em depoimento à CPI no mês passado, Perillo sempre negou ter relações com a Delta ou Cachoeira. Ele tem dito que a venda da casa, onde o contraventor foi preso no final de fevereiro, foi legal. A reportagem não conseguiu contato telefônico com o advogado de Perillo, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay.

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"São gravíssimos os fatos, o que torna inevitável a reconvocação do governador Marconi Perillo. Os elementos mostram que o governador mentiu para a CPI", afirmou o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP), que apresentará na segunda-feira o pedido para trazê-lo de volta à comissão e ter acesso ao relatório da PF que foi enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) no inquérito que investiga o governador. "Está demonstrado o elo entre Cachoeira, Delta e Marconi", disse o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).

Para Miro, é preciso chamar Marconi para dar, pelo menos, o direito de ele se defender novamente. "Nós estamos diante da possibilidade de esclarecer que houve, de fato, duas transações: uma de propina e a outra da casa", afirmou o deputado do PDT.

Agosto

Randolfe defende que a comissão faça uma sessão extraordinária na próxima semana para aprovar os requerimentos e tentar agendar o novo depoimento durante o recesso parlamentar. Miro, contudo, acredita que somente em agosto será possível ouvir o governador.

Com base em interceptações telefônicas e quebras de sigilo, a reportagem aponta que Cachoeira, uma espécie de agente da Delta, se desfez da casa com o receio de perder negócios no governo caso fosse revelada sua relação com Perillo. A mulher do contraventor, Andressa Mendonça, não queria deixar o imóvel, no qual teria gasto mais de R$ 500 mil para mobiliá-la. Mas Cachoeira a demoveu, dizendo que ela iria ganhar um "carro zerinho".

Segundo a PF, o imóvel foi repassado para o empresário Walter Santiago, que pagou R$ 2,1 milhões pela casa. Foram R$ 1,5 milhão para Cachoeira, R$ 100 mil para Lúcio Fiúza, então assessor de Perillo, e outros R$ 500 mil ao governador, levados por Fiúza.

Trechos de um relatório do Núcleo de Inteligência da Polícia Federal contém evidências de envolvimento do governador de Goiás, Marconi Perillo, com o esquema da construtora Delta e do bicheiro Carlinhos Cachoeira, diz reportagem publicada na revista Época desta semana.

Segundo a revista, o relatório de 73 páginas e 169 diálogos telefônicos, foi entregue no dia 27 à Procuradoria Geral da República e está sob os cuidados da subprocuradora Lindora de Araújo. O documento explica o episódio da venda da casa do governador de Goiás para o bicheiro.

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Conforme a reportagem, o exame dos diálogos interceptados fez a Polícia Federal, baseada em fortes evidências, concluir que, assim que assumiu o governo de Goiás, no ano passado, Perillo e a Delta fecharam, diz a PF, um "compromisso", com a intermediação do bicheiro Carlinhos Cachoeira: para que a Delta recebesse em dia o que o governo de Goiás lhe devia, a construtora teria de pagar Perillo. A PF também concluiu, segundo a reportagem, que o primeiro acerto envolveu a casa onde Perillo morava, que ele queria vender o imóvel e receber uma "diferença" de R$ 500 mil. Houve regateio, mas Cachoeira e a Delta toparam. Pagariam com cheques de laranjas, em três parcelas, conforme o texto.

A PF também chegou a conclusão de que Perillo recebeu os cheques de Cachoeira; o dinheiro para os pagamentos - efetuados entre março e maio do ano passado - saía das contas da Delta, era lavado por empresas fantasmas de Cachoeira e, em seguida, repassado a Perillo. Ato contínuo, o governo de Goiás pagava as faturas devidas à Delta.

Ainda segundo a reportagem, a PF concluiu que a Delta entregou a um assessor de Perillo a "diferença" de R$ 500 mil e que a direção nacional da Delta tinha conhecimento do acerto e autorizou os pagamentos.

Perillo preferiu não prestar esclarecimentos à Revista. Em nota, limitou-se a dizer que "prestou, por meses a fio, todos os esclarecimentos solicitados pela imprensa, pela sociedade e pela CPI". Na nota o governador Marconi Perillo informa que, considerando já devidamente esclarecidos os assuntos de fato relevantes, não se pronunciará mais a respeito de questões atinentes a sua vida privada, reservando essa providência, como é natural, unicamente para os assuntos relacionados a suas atividades como governador do Estado".

O governador de Goiás, Marconi Perillo, informou nesta quinta-feira que solicitou ao governo R$ 1,5 bilhão como compensação pela perda de arrecadação que será gerada com a unificação do ICMS interestadual sobre produtos importados. Ele se reunirá com o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, no Ministério da Fazenda, nesta quinta-feira.

Perillo disse que já entregou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) todos os documentos, solicitando a compensação. Segundo ele, a proposta também depende de aprovação do Tesouro. "Vim pedir para agilizar", explicou o governador. Ele espera receber R$ 500 milhões este ano e R$ 1 bilhão, em 2013.

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Para compensar a queda na arrecadação de alguns Estados com a unificação do ICMS interestadual sobre produtos importados, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou no mês passado uma linha de financiamento do BNDES no valor de R$ 7,5 bilhões. Para ter acesso aos recursos, os Estados precisam apresentar estudos mostrando as expectativas de perdas de arrecadação em 2013 em relação a 2012.

O Senado aprovou em 2012 a Resolução nº 72, que fixou a alíquota do tributo em 4%, com objetivo de acabar com a chamada Guerra dos Portos. Os Estados mais prejudicados pela mudança foram Santa Catarina, Goiás e Espírito Santo. Mas qualquer Estado com perda de arrecadação pode se candidatar ao financiamento. A linha de crédito poderá ser contratada até 2016. Os recursos devem ser aplicados em financiamento produtivo e melhoria de infraestrutura.

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu nesta segunda-feira habeas corpus para garantir a Lúcio Fiúza Gouthier, ex-assessor especial do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), direito a permanecer em silêncio amanhã, no depoimento que vai prestar à CPI do Cachoeira. Lúcio Fiúza é considerado pela comissão testemunha-chave para desvendar o envolvimento de Perillo com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

O primeiro caso refere-se a uma dívida de campanha da eleição de 2010 de Perillo paga com recursos do esquema de Cachoeira. Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", o jornalista Luiz Carlos Bordoni disse que o pagamento de R$ 45 mil foi feita na conta de sua filha, Bruna, pela Alberto e Pantoja, empresa controlada, segundo a Polícia Federal, por Cachoeira.

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Segundo Bordoni, que desde 1998 fez a campanha de rádio do governador, a operação foi comandada por Lúcio Fiúza Gouthier. O governo goiano afirmou desconhecer a dívida e que a empresa não pagou nenhuma despesa de campanha de Perillo.

O ex-assessor, que deixou o cargo no início do mês, também participou da venda da casa do governador, suspeita de ter sido comprada no ano passado com recursos do esquema de Cachoeira. Ele atuou como uma espécie de procurador de Perillo.

Na decisão, Rosa Weber também garantiu ao ex-assessor de Perillo que possa ser acompanhado pelo advogado e o consultá-lo a qualquer momento. Ele também não está obrigado a falar a verdade, prerrogativa que tem testemunhas e tampouco sofrer qualquer tipo de constrangimento físico ou moral.

Silêncio duplo

Em outra decisão, o ministro Cezar Peluso também garantiu os mesmos direitos a Écio Antônio Ribeiro. Ele é um dos sócios da empresa Mestra Administração e Participações, em nome da qual a casa do governador foi registrada num cartório em Trindade (GO). Ainda depõe amanhã o arquiteto Alexandre Milhomen, que trabalhou na reforma da residência. Alexandre, porém, não entrou com habeas corpus no Supremo.

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