Tópicos | Defesa Cibernética

Um setor já tratado como absolutamente estratégico em todo o mundo, mas que no Brasil permanece sem recursos e negligenciado. Esse foi o quadro apontado pelo senador Esperidião Amin (PP-SC), relator da avaliação da política de defesa cibernética conduzida pelo governo brasileiro. Seu relatório, aprovado nesta quinta-feira (12) na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), aponta “um quadro dramático, que expõe o país a enormes riscos”, segundo as palavras do próprio senador.

“O Plano Plurianual 2020-2023 nem sequer menciona a área de defesa cibernética. Além desse desprestígio, a proposta orçamentária para 2020 destina só R$ 19 milhões para a área, através do Ministério da Defesa. A meu pedido, o relator desse setor, Angelo Coronel [PSD-BA], somou outros R$ 3 milhões. Dá R$ 22 milhões, mas deste montante só R$ 6,3 milhões vão para o Comando de Defesa Cibernética [ComDCiber]. O próprio órgão calcula que precisaria de pelo menos R$ 60 milhões para implantar e modernizar um modelo capaz de atender as necessidades do país”, relatou Amin.

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Falta de investimento

O senador catarinense deixou claro que, se a situação continuar como está, não tem como o setor de defesa cibernética se manter. Para Amin, o orçamento da área deveria ser de pelo menos R$ 60 milhões em 2020 e de R$ 120 milhões nos três anos seguintes.

“O setor nuclear hoje depende do cibernético. Um ataque cibernético pode invalidar todo o arsenal, se não houver proteção para seu manejo. E isto também vale para os setores energético-elétrico, de comunicações, abastecimento de água e logística. É por isso que alguns países já oficializaram o setor de cibernética como uma espécie de quarta força. Falo isso sem a intenção de criticar o governo; na verdade, o Brasil ainda não assimilou a cultura de priorizar a área. Entre 2012 e 2018, foram investidos só R$ 125 milhões”, disse.

A pedido de Amin, a CRE enviará o relatório ao presidente Jair Bolsonaro, ao vice-presidente Hamilton Mourão e aos generais Fernando Azevedo e Silva (ministro da Defesa) e Augusto Heleno (ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o GSI). O documento também será enviado aos comandantes das três Forças, general Edson Pujol (Exército), tenente-brigadeiro do ar Antonio Bermudez (Aeronáutica) e almirante Ilques Barbosa (Marinha). Também receberão a peça os generais Guido Amin (comandante do ComDCiber) e Antonio Carlos Freitas (diretor do Departamento de Segurança da Informação do GSI).

“É impossível melhorarmos a Escola de Defesa Cibernética ou o Exercício Guardião Cibernético, que simula uma guerra cibernética, sem dotação orçamentária. Nossa maior crítica é que a própria Estratégia Nacional de Defesa prevê destaque para esse setor, e isso não está sendo observado”, acrescentou Amin.

Risco à soberania

Os presidentes da CRE, Nelsinho Trad (PSD-MS), e da Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT), Vanderlan Cardoso (PP-GO), acordaram que vão efetivar, no ano que vem, uma subcomissão permanente só para tratar da defesa cibernética brasileira. O alerta final foi feito por Amin, para quem o Brasil está ficando para trás numa área crucial para nossa soberania.

“Estamos ficando para trás e podemos pagar um preço caro, imprevisível, por isso. Muito em breve o mundo estará numa nova era, com computadores quânticos, tecnologia 5G, e nós continuamos apegados a uma espécie de Linha Maginot: as fortificações, muralhas e túneis construídos pela França para prevenir um ataque da Alemanha na 2ª Guerra Mundial, mas que não adiantaram nada. Baseavam-se em técnicas ultrapassadas de guerra e não impediram um ataque alemão devastador, que ocupou o país”, finalizou.

*Da Agência Senado

 

O governo argentino enviará uma missão ao Brasil em novembro para avaliar a criação de um sistema conjunto de defesa cibernética, informou nesta sexta-feira (13) o ministro da Defesa, Celso Amorim. Ontem (12), Amorim se encontrou com a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, e hoje teve reuniões com os ministros da Defesa, Agustín Rossi, e das Relações Exteriores, Hector Timerman.

A decisão foi tomada após as revelações do ex-técnico terceirizado da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), Edward Snowden, de que o governo norte-americano acessou comunicações telefônicas e eletrônicas para espionar cidadãos de seu próprio país e de vários países da Europa e da América Latina.

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Documentos sigilosos divulgados por Snowden por meio da imprensa indicam que a presidenta Dilma Rousseff e a Petrobras teriam sido monitoradas pelos programas de vigilância dos EUA."Achamos que essa questão de espionagem, que teve como epicentro o Brasil, mas que também repercutiu em outros países da América Latina, merece uma tentativa de encontrar uma resposta regional", disse o ministro argentino da Defesa, em entrevista, após o encontro com Amorim.

Segundo Amorim, Brasil e Argentina "são dois países com grande capacidade de produção de software". No entanto, advertiu que é preciso investir para manter os especialistas da área trabalhando para seus governos, evitando uma fuga de cérebros. "Queremos mantê-los em nossos países para criar softwares e estruturas físicas que nos permitam melhor proteger nossas informações sensíveis", disse Amorim.

Este ano, o Ministério da Defesa tem um orçamento de R$ 90 milhões para o Centro de Defesa da Cibernética, mas, de acordo com Amorim, depois das denúncias de espionagem eletrônica, está sendo feita uma "avaliação para a implementação de um programa imediato", cujos custos ele ainda não pode revelar.

O ministro brasileiro da Defesa, Celso Amorim, propôs nesta sexta-feira, 13, a criação de uma Comissão de Assessoria Militar que funcione permanentemente junto à Secretaria Geral da União de Nações Sul-americanas (Unasul), com foro de análise de estratégias de defesa regional. O principal foco dos países é o desenvolvimento de projetos conjuntos para fortalecer o sistema de proteção de defesa cibernética.

O assunto será discutido em dezembro, durante reunião entre autoridades brasileiras e uma missão argentina, em Brasília (DF). "É necessário fortalecer o Conselho de Defesa Sul-americano (CDS) por meio de mecanismos que permitam contato mais constante, entre as respectivas Forças Armadas e entre as instituições de Defesa", disse Amorim durante conferência para oficiais de alto comando do Exército, Marinha e Aeronáutica da Argentina e representantes das três forças brasileiras que se encontram no país, realizando cursos na área de Defesa, em Buenos Aires.

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"A América do Sul tem um papel que exerce na ordem mundial, contribuindo como uma força para a paz e a justiça, além do pleno cumprimento das normas internacionais", afirmou. Segundo ele, a visão estratégica brasileira é de que a Unasul deverá ser, progressivamente, um dos centros políticos do mundo e a defesa da região não é delegável. "Estamos diante de ameaças novas, impulsionadas por tremendo progresso tecnológico, direcionado a fins incompatíveis com um mundo mais pacífico e democrático", afirmou.

O ministro mencionou o episódio de espionagem por parte dos Estados Unidos no Brasil e nos demais países da região. "De acordo com recentes revelações, a América do Sul aparece como uma região sujeita a operações de espionagem em massa e temos que refletir sobre como cooperar para enfrentar estas novas formas de ataque e intrusão em nossa soberania", afirmou o ministro.

Ele recordou que os fatos de espionagem estão relacionados aos recursos naturais dos países e a região representa 12% da superfície terrestre, na qual tem 25% do total de terras cultiváveis, 25% da água doce do mundo, 40% da biodiversidade do planeta, reservas de mais de 120 bilhões de barris de petróleo e enormes reservas de recursos minerais. "O Conselho de Defesa Sul-americano tem a tarefa de avaliar as ameaças à soberania dos países da região à luz da valoração destes ativos em nível global", observou.

O Ministério da Defesa criou um grupo de trabalho para elaborar medidas destinadas a melhorar a defesa cibernética nacional. Chamado de Grupo de Trabalho de Defesa Cibernética, o grupo será formado por integrantes do Ministério da Defesa.

O grupo poderá convidar especialistas de outros órgãos e entidades públicas ou privadas para ajudar nos trabalhos. O prazo para a conclusão das atividades e elaboração do relatório final é 60 dias.

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Denúncias divulgadas pela imprensa mostram que o Brasil foi alvo de espionagem pela Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos. Segundo as notícias, a presidenta Dilma Rousseff e de assessores podem ter sido monitorados, além da rede de computadores da Petrobras.

Nesta terça-feira (30), Recife sedia uma série de debates sobre segurança digital, no primeiro seminário do Owasp Chapter Recife, promovido pela Owasp (Open Web Application Security), uma organização apoiada por mais de 50 instituições da área de tecnologia e está focada em promover novas estratégias na área de segurança de aplicações web.

Durante o evento, que aconteceu no auditório da Faculdade Maurício de Nassau, Felipe Ferraz e Rodrigo Assad, do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R.), foram apresentados como novos membros do conselho mundial da Owasp. Ambos são doutorados em segurança de aplicações web e já estão confirmados para o Owasp Summit, que acontecerá entre os dias 8 e 11 de fevereiro, em Lisboa (Portugal).

Até o fechamento desta matéria foram debatidos temas como segurança de aplicativos web, Cloud Computing, ciber crimes e segurança em TV Digital. No entanto, quem chamou mais atenção foi o Coronel Luiz Gonçalves, chefe do Núcleo de Defesa Cibernética do, Exército Brasileiro, que apresentou os projetos do Ministério da Defesa e do Comitê de Segurança Institucional para promover a capacitação profissional na área.

O Cel. Gonçalvez explicou como está sendo planejado o desenvolvimento de um "um complexo militar universitário e empresarial" em parceria com instituições públicas e empresas privadas, como o Congresso Federal, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o C.E.S.A.R. e o Comitê Gestor de Internet (CGI.br). "Queremos ter a experiência de uma Embraer, que se faça para a área militar, mas que também tenha capacidade de vender, de comercializar, de penetrar no mercado nacional e internacional", disse.

Entre outros projetos, estão o de desenvolvimento de um antivírus nacional, um firewall e um simulador de "guerra cibernética", orçados em R$ 5,8 milhões. No final de 2011, as empresas brasileiras BluePex e Decatron venceram as licitações para tirar os projetos do papel.

Outra ferramenta que deve ser desenvolvida pelo Ministério da Defesa é o "filtro de conteúdo web", que, nas palavras do Coronel, visa apenas "alimentar a inteligência no que tange as fontes abertas da internet", afastando a uma possível invasão de privacidade. "Não passa pela nossa cabeça entrar em e-mail e etc", completou.

Owasp no Brasil — Existem outros três "Chapters" brasileiros, como são conhecidos os comitês regionais da Owasp: Porto Alegre, São Paulo e Brasília. Esses comitês colaboram para inicativas educacionais e estão cada vez mais presentes na América Latina, com sedes em países como Chile, Peru, Colômbia, Venezuela e Costa Rica.

"O ambiente é todo colaborativo", garante Rodrigo Assad, que convidou os presente — a maioria formada por estudantes e profissionais de TI — a colaborar com as discussões e projetos, mesmo não sendo membros "oficiais".

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