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O presidente Jair Bolsonaro voltou neste domingo, 17, a desacreditar pesquisas de intenção de voto para as eleições de outubro. Segundo ele, as imagens de atos populares dos quais participou nas últimas semanas mostram que tem apoio nas ruas, bem como pesquisas junto a determinados setores da sociedade.

"Viram as imagens de Fortaleza? Coisa fantástica, né? O que é aquilo, não tem um centavo meu, é espontâneo. Isso é Brasil, é uma política diferente do que se fazia aqui no Brasil", afirmou ele, em entrevista a jornalistas na frente do Palácio da Alvorada, em Brasília. Ontem, Bolsonaro esteve na capital cearense para participar da Marcha para Jesus.

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De acordo com Bolsonaro, isso lhe dá a certeza de que tem "votos na rua". "Eu posso perder em uma ou outra enquete, mas na grande maioria a gente ganha. Se for no meio do público evangélico, ou do público que gosta de armas, você vai no agronegócio, nesse somatório, de cada dez enquetes, nove eu ganho", afirmou.

O presidente citou pesquisas do Datafolha para desacreditar os levantamentos. "O próprio Datafolha fez uma pesquisa dizendo que o Lula é mais honesto do que eu. Eu posso ter um monte de defeitos, todo mundo tem, agora quanto à honestidade, acho que o Lula perde para qualquer um no Brasil", disse.

O descrédito da classe política diante da população tem vindo à tona com os escândalos de corrupção que envolvem nomes de relevância nacional e local. No Recife, o Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) aferiu “o voto e a corrupção à luz do eleitor” e constatou que o recifense não considera os membros do Legislativo e do Executivo com a “cara do povo brasileiro”. De acordo com o levantamento, divulgado neste sábado (7), 64,4% dos entrevistados afirmam que os políticos não se assemelham a população; 29,5% disseram que sim e 6,1% não souberam responder. 

Dados da pesquisa, encomendada pelo Portal LeiaJá em parceria com o Jornal do Commercio, revelam também que 94,5% dos que residem na capital pernambucana não votam em candidatos acusados de corrupção, enquanto 2,9% reconheceram que sim e 2,6% não souberam responder. Indagados se o voto melhora a classe política, 57,3% pontuaram acreditar que sim; 32,1% não; e 10,6% não responderam. Já se escolheriam um candidato atendendo ao pedido de terceiros, 75,9% disseram não; 17,7% sim; e 6,4% não sabiam como procederiam neste caso. 

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A postura dos entrevistados, de acordo com o coordenador da amostra e cientista político Adriano Oliveira, é reflexo de uma construção crítica da postura do cidadão. “Os números são resultado de um processo histórico de formação de opinião. Tem a ver com a crise, mas não apenas isso. O eleitor tem uma opinião própria em relação ao seu voto, reconhece que tem o poder de melhorar a classe política, mas não acredita, em sua maioria, de que os eleitos são a cara do povo”, ponderou. 

Em contrapartida, segundo Oliveira, há uma contradição na postura dos entrevistados ao apontarem que não votam em candidatos acusados de corrupção. “Apesar da consciência construída, vale destacar esta contradição. O eleitor diz que não vota em corruptos, mas você tem cerca de 300 parlamentares no Congresso Nacional acusados de atos ilícitos”, frisou o estudioso.  

Dados do levantamento - A pesquisa do IPMN ouviu 623 pessoas no Recife, nos dias 3 e 4 de maio. O nível de confiabilidade é de 95% e a margem de erro é de 4,0 pontos percentuais para mais ou para menos.

Mesmo com uma participação mais ativa da sociedade em relação à política brasileira em meio às manifestações ocorridas em todo o país, os partidos políticos, em que cada representante do povo tende a ser filiado, não têm a credibilidade da população. Numa análise realizada no Recife pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), entre os dias 26 e 27 de setembro, a maioria dos entrevistados afirmaram que as legendas contribuem sim, mas é para a corrupção.

A mostra contou com a participação de 626 pessoas da capital pernambucana e de diferentes classes sociais e faixas etárias, a partir dos 16 anos. Na avaliação foi questionado de que forma as pessoas concordavam ou não com algumas afirmações, como por exemplo, se “os partidos políticos no Brasil contribuem para a corrupção política”. Neste aspecto, 76% das pessoas concordaram com a frase, 11% foram a favor parcialmente e apenas 8% discordaram.

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A segunda indagação é se os partidos políticos no Brasil não contribuem para o desenvolvimento da nação. Nesta resposta, 60% dos recifenses concordaram com a afirmação, 17% aceitam de forma parcial, 16% não concordaram e outros 7% não responderam ou não sabiam avaliar. O IPMN também quis saber sobre a diferença das legendas, mas para os participantes não é tão notória as alterações entre os partidos. De todos os entrevistados, 53% alegaram que as siglas são iguais, 17% concordaram parcialmente com a frase, 24% discordaram e 6% não souberam ou não responderam.

A descrença nas legendas demonstra ser tão considerável que 48% das pessoas participantes da pesquisa concordam com a inexistência dos partidos políticos no Brasil. Sobre este mesmo assunto 16% defende a ideia parcialmente, 29% discorda e 8% não opinaram. Já em relação à ideologia das legendas brasileiras 48% concordam não haver mais ideologias partidárias, 22% defende parcialmente a existência da parcialidade, 15% discordam e 17% não sabem ou não responderam. 

De acordo com o cientista político e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), José Maria Nóbrega, os dados exibem a falta de descrédito nos partidos políticos porque as pessoas não reconhecem nas legendas seus representantes. “A democracia está em total descrédito. Os representantes, principalmente dos legislativos, são os principais meios de conservar o estado e a coisa pública. São por eles que são colocados as leias no regime democrático, mas a própria democracia estar em crise no país”, comentou o especialista.

Nóbrega acredita que os partidos não contribuem para o crescimento do ambiente democrático e por isso, algumas pessoas defendem, inclusive, a volta do regime militar. “Já existe muitos grupos nas redes sociais defendendo o regime militar no país. Se fizermos uma pesquisa em relação aos regimes políticos, quando se colocam as forças armadas, essas forças têm uma grande confiança. Isso é uma crítica e um risco, porque as pessoas passam a acreditar no discurso militar. Aí você está corroborando com os países da América latina que são mistos”, explicou.

Ainda segundo o professor da UFPB, a população exibe esses dados porque os comportamentos dos autores políticos não comprometedores. “Os escândalos da corrupção, principalmente no caso do mensalão e que aparecem todos os dias na política, a descrença e essa falta de desconfiança, tendem a crescer. Agora, o comportamento da sociedade também deve ser levado em consideração, porque muitas pessoas tentam usar propina e burlar as leis”, pontuou o cientista. 

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