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O ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), marcou para o dia 17 deste mês os depoimentos do marqueteiro João Santana e da sua mulher, a empresária Mônica Moura, e de André Santana, funcionário do casal, no âmbito da ação que apura se a chapa de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger em 2014. O marqueteiro fez as campanhas de Dilma à Presidência em 2010 e 2014.

Os depoimentos vão ocorrer às 9h, no Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA). Até agora, já foram ouvidas 52 testemunhas, entre elas dez ex-executivos da Odebrecht.

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Relator dos processos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin homologou na última terça-feira (4) o acordo de colaboração premiada celebrado entre o Ministério Público Federal (MPF) e os três. O pedido para que eles fossem ouvidos pelo TSE veio do vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino.

A defesa de Dilma pediu na quinta-feira (6) ao TSE acesso às delações premiadas dos três. Os advogados dos delatores informaram que não podem comentar sobre o teor do acordo de colaboração premiada, que está ainda sob sigilo.

Os depoimentos de ex-executivos da Odebrecht prestados ao TSE no mês passado mostram que as delações premiadas do casal devem revelar detalhes do caixa 2 em campanhas do Brasil e no exterior realizadas de 2008 a 2014.

Relação

Ao TSE, Maria Lúcia Tavares, Luiz Eduardo Soares, Fernando Migliaccio, Hilberto Mascarenhas e o ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht revelaram detalhes da relação da empreiteira com o casal, conhecido pelo codinome "Feira".

No dia 1º de março, Marcelo Odebrecht disse ao TSE que, no caso de Santana, os pagamentos do setor de propina representavam a maior parte do que era destinado ao PT. "E aí é um processo que começo lá trás - estou falando de 2008 - onde eles procuravam acertar com a gente um valor e a gente dar um conforto ao João Santana, que ele recebia", afirmou.

Primeira delatora a falar sobre as atividades do departamento da propina, a secretária Maria Lúcia Tavares organizava todos os pagamentos semanais, elencados por valor, codinome do destinatário, nome da conta do operador e senha. Mesmo com acesso aos sistemas de informática utilizados pelo departamento de propina ela conhecia apenas um codinome da lista da Odebrecht: "Feira".

Em depoimento ao TSE em 6 de março, Mascarenhas afirmou que foram pagos entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões para Mônica. Segundo o delator, foram feitos pagamentos ao casal por campanhas no Brasil de 2010, 2012 e 2014 e também por serviços realizados no exterior.

"Pessoas de países que nós trabalhávamos, como Angola, Panamá, El Salvador, queriam eles na campanha deles. E eles diziam: 'Só vou se a Odebrecht garantir o pagamento'. Então sobrava para a gente pagar, não é?", disse Mascarenhas. Segundo ele, os valores eram sempre "bastante grandes" e Mônica exigia que parte fosse paga no Brasil.

Em espécie

De acordo com Migliaccio, havia uma sistemática para o pagamento realizado a Mônica no Brasil - preferencialmente em reais e em dinheiro em espécie.

"Ela (Mônica Moura) também tinha demandas específicas, tipo: 'eu preciso dessa semana, mas é para Venezuela'; 'do Brasil pode atrasar duas semanas'; 'não, não, El Salvador tem que ser essa'. Então, eu tinha que me organizar. Eu sabia exatamente que nós pagamos eleições, pagamos o trabalho dela nas eleições - muito bem feito, por sinal, o trabalho dela - de El Salvador, Venezuela, Angola, Brasil, República Dominicana e Panamá", detalhou Migliaccio.

Em fevereiro, o casal foi condenados pelo juiz federal Sérgio Moro por crime de lavagem de dinheiro no esquema de corrupção instalado na Petrobras. Ambos foram condenados a oito anos e quatro meses de prisão.

O ex-presidente da Construtora Norberto Odebrecht - principal braço do setor de infraestrutura do grupo - Benedicto Barbosa da Silva Júnior disse em seu depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que repassou R$ 17 milhões em propinas, entre 2012 e 2013, ao PT no contrato de construção de cinco submarinos - um deles movido à energia nuclear - para a Marinha. O negócio, de R$ 31 bilhões, foi fechado em parceria com a francesa DNSC, que tem como principal acionista o governo da França, em 2008.

"Ele (Marcelo Odebrecht) me alocou R$ 17 milhões ao longo da vida do submarino", afirmou Benedicto Silva Júnior, que é um dos 78 nomes da mega delação da Odebrecht, fechada com a Operação Lava Jato. "Ficou uma deliberação para o Partidos dos Trabalhadores ao longo das suas necessidades. Foi feito como caixa 2, mas não era campanha."

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O delator foi ouvido no dia 2 de março como testemunha da ação movida pelo PSDB, que pede a cassação da chapa presidencial de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB), vice de 2014. O dinheiro seria para que as liberações de dinheiro do governo federal no contrato de construção dos submarinos do Programa de Desenvolvimento de Submarino (Prosub) não parassem.

"O que eu pedia a Marcelo e ele se envolvia bastante era no fluxo de pagamentos do submarino nuclear. Ele fazia da agenda que ele tinha com as pessoas que… Da importância do submarino nuclear não ficar... Porque chegava o final de ano havia uma retenção, eles só iam pagar em março, era um projeto que demandava cem milhões (de reais) mês", explicou Benedicto.

O programa para a construção dos submarinos (batizado de Prosub) foi lançado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que assinou a "parceria estratégica" com o então mandatário da França, Nicolas Sarkozy. A DCNS ficou responsável pela transferência de tecnologia ao País e escolheu a Odebrecht como parceira nacional no projeto, sem realização de licitação.

Alvo de investigação da Operação Lava Jato, o Prosub foi inicialmente orçado em 6,7 bilhões de euros. O pacote previa a construção de um estaleiro, localizado em Itaguaí, no Rio, a operação e manutenção dos submarinos e a construção de quatro submarinos convencionais e o projeto e a construção do submarino com propulsão nuclear." Segundo a Marinha, o valor estimado até o final do programa é de cerca de R$ 31,85 bilhões.

Um dia antes de Benedicto depor ao ministro Herman Benjamin, relator da ação contra a chapa Dilma/Temer, foi Marcelo Odebrecht - preso desde 19 de junho de 2015, pela Lava Jato, em Curitiba - quem foi ouvido.

O empresário afirmou que controlava uma "conta corrente" de valores a serem pagos para as campanhas presidenciais do PT de 2010 e 2014. A conta era gerida no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht - o chamado departamento da propina, por investigadores -, em nome de "Italiano" e "Pós-Italiano", que eram os codinomes usados para os ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega, seus interlocutores com o PT e o governo federal nessas tratativas.

Segundo Odebrecht, o grupo tinha acertado em 2014 um total de R$ 150 milhões a serem repassados oficialmente e via caixa 2 para a campanha presidencial do PT. Desse valor, ele afirmou que R$ 50 milhões ele pediu que fossem bancados pela área de infraestrutura do grupo, em especial, pelo interesse de que as liberações de recursos do Prosub não parassem.

Tanto Marcelo Odebrecht, como Benedicto Silva Júnior afirmaram ao TSE considerar não existir corrupção ou benefício como compensação pelos pagamentos no programa do submarino. Para investigadores da Lava Jato, no entanto, a prática é de crime.

Benedicto Silva Júnior disse ainda que se recorda de ter feito "pagamentos autorizados para o Marcelo nos anos de 2012 e 2013" e que "não descarta" ter havido repasses em 2014 - ano da disputa eleitoral.

O delator explicou se tratar de propina, supostamente desvinculada de benefícios no contrato com a Marinha. Ele ainda disse que a "Marinha (está) totalmente isenta nesse assunto".

"Não seria a fundo de campanha presidencial." Um dia antes, Odebrecht disse que o valor era para a "conta corrente" gerida por ele, e que na divisão interna de responsabilidades do grupo em relação às campanhas, cuidava apenas da disputa presidencial.

Orçamento fictício

Benedicto Silva Júnior era um dos principais homens do setor de infraestrutura da Odebrecht no Brasil. Ele afirmou ao TSE que sua área se afastou de contratos do governo federal, a partir de 2013, por problemas nas liberações dos recursos, tendo executado principalmente negócios de parcerias, no formato de Parcerias Público Privada (PPPs).

"A gente tinha, no meu caso, uma aversão ao governo federal por uma questão óbvia. O governo federal nos obrigava a trabalhar com o OGU (Orçamento Geral da União). O OGU era uma peça de ficção científica, apesar de terem criado o PAC para tentar sistematizar os pagamentos, organizar os pagamento e fazer uma coisa mais clara...", explicou, sobre os grandes projetos que a construtora tinha com o governo federal, a partir de 2013.

"Então, a grande obra federal que eu executei foi - e que está sendo executada - o submarino nuclear."

Elementos

Nas investigações da Lava Jato, em Curitiba, a força-tarefa do Ministério Público Federal já havia elementos sobre negócios da Odebrecht do pacote de submarinos para a Marinha. Um deles foi uma troca de mensagem de Fábio Gandolfo, da Odebrecht Infraestrutura, em que ele fala sobre a liberação de recursos do projeto do submarino com Benedicto Junior.

"Ah, agora eh oficial. Acaba de ser enviado para nossa conta via TED, já acatado pelo BACEN o valor líquido de R$ 340.950.788,19?, explica Gandolfo, com pormenores da liberação de dinheiro do governo. Creio que fechamos bem 2013 para termo um grande 2014..."

A conversa é de 2 de janeiro de 2014 e cita a liberação de dinheiro para o submarino. O executivo da Odebrecht copiou a mensagem para sua mulher, e escreveu "Mata a cobra e mostra o pau…".

A Lava Jato apura se o ex-ministro Antonio Palocci, preso em Curitiba, ajudou na liberação desses recursos. O Prosub havia sido citado em relatório da 36.ª fase, denominada Omertá, que levou para a cadeia o petista, em setembro de 2016.

Defesas

Por meio de nota, a Marinha do Brasil (MB) informou que "desconhece qualquer irregularidade sobre os pagamentos do contrato de construção dos submarinos do Programa de Desenvolvimento de Submarino (PROSUB)".

"Por esse motivo, não há qualquer investigação (interna) em andamento."

O pagamento mencionado refere-se ao cronograma físico-financeiro previsto.

Em nota, assinada pelo Contra-Almirante Flávio Augusto Viana Rocha, a Marinha informou que: "No que concerne às telas do Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI), constantes no anexo de sua solicitação, trata-se de consulta ao sistema, confirmando a Ordem Bancária emitida em favor da contratada para liquidação da Nota Fiscal Eletrônica nº 1309 de 18/12/2013, como a própria tela demonstra. A MB tem como procedimento informar, por e-mail, ao setor financeiro da contratada a emissão da Ordem Bancária (OB) e a quais faturas se refere o pagamento".

Por meio de sua assessoria de imprensa, a ex-presidente Dilma Rousseff afirmou que:

1. A ex-presidenta Dilma Rousseff não tem e nunca teve qualquer relação próxima com o empresário Marcelo Odebrecht, mesmo nos tempos em que ela ocupou a Casa Civil no governo Lula.

2. É preciso deixar claro: Dilma Rousseff sempre manteve uma relação distante do empresário, de quem tinha desconfiança desde o episódio da licitação da Usina de Santo Antônio.

3. Dilma Rousseff jamais pediu recursos para campanha ao empresário em encontros em palácios governamentais, ou mesmo solicitou dinheiro para o Partido dos Trabalhadores.

4. O senhor Marcelo Odebrecht precisa incluir provas e documentos das acusações que levanta contra a ex-presidenta da República, como a defesa de Dilma solicitou - e teve negado os pedidos - à Justiça Eleitoral. Não basta acusar de maneira leviana.

5. É no mínimo estranho que, mais uma vez, delações sejam vazadas seletivamente, de maneira torpe, suspeita e inusual, justamente no momento em que o Tribunal Superior Eleitoral, órgão responsável pelo processo que analisa a cassação da chapa Dilma-Temer, está prestes a examinar o relatório do ministro Herman Benjamin.

6. Espera-se que autoridades judiciárias, incluindo o presidente do TSE, Gilmar Mendes, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, venham a público cobrar a responsabilidade sobre o vazamento de um processo que corre em segredo de Justiça.

7. Apesar das levianas acusações, suspeitas infundadas e do clima de perseguição, criado pela irresponsável oposição golpista desde novembro de 2014 - e alimentada incessantemente por parcela da imprensa - Dilma Rousseff não foge da luta. Vai até o fim enfrentando as acusações para provar o que tem reiterado desde antes do fraudulento processo de impeachment: sua vida pública é limpa e honrada.

A defesa da ex-presidente Dilma Rousseff pediu nesta quinta-feira (6) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) acesso às delações premiadas do marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas da petista à Presidência em 2010 e 2014, e da empresária Mônica Moura, mulher de Santana.

Relator dos processos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin homologou na última terça-feira (4) o acordo de colaboração premiada celebrado entre o Ministério Público Federal (MPF) e João Santana, Mônica Moura e André Luis Reis Santana, funcionário do casal. O conteúdo das delações segue sob sigilo.

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Os três delatores serão ouvidos pelo ministro Herman Benjamin, relator no TSE da ação que apura se a chapa de Dilma e Michel Temer (PMDB) cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger em 2014. Até a publicação deste texto, os depoimentos de João Santana, Mônica Moura e André Santana ao TSE ainda não haviam sido marcados.

A defesa da petista pede acesso às delações pelo menos 48 horas antes dos depoimentos dos delatores ao tribunal. Caberá ao ministro Herman Benjamin tomar a decisão.

Os advogados de João Santana, Mônica Moura e André Santana informaram que não podem comentar sobre o teor do acordo de colaboração premiada, que está ainda sob sigilo.

Delação

Os depoimentos de ex-executivos da Odebrecht ao TSE mostram que as delações premiadas do marqueteiro João Santana e da empresária Mônica Moura devem revelar detalhes do caixa dois em campanhas do Brasil e no exterior realizadas de 2008 a 2014.

Em depoimentos prestados ao TSE no mês passado, Maria Lúcia Tavares, Luiz Eduardo Soares, Fernando Migliaccio, Hilberto Mascarenhas e o ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht revelaram detalhes da relação da empreiteira com o casal, conhecido pelo codinome "Feira".

No dia 1º de março, Marcelo Odebrecht disse ao TSE que, no caso de Santana, os pagamentos do setor de propina representavam a maior parte do que era destinado ao PT. "E aí é um processo que começo lá trás - estou falando de 2008 - onde eles procuravam acertar com a gente um valor e a gente dar um conforto ao João Santana, que ele recebia", afirmou.

Primeira delatora a falar sobre as atividades do departamento da propina, a secretária Maria Lúcia Tavares organizava todos os pagamentos semanais, organizados por valor, codinome do destinatário, nome da conta do operador e senha. Mesmo com acesso aos sistemas de informática utilizados pelo departamento de propina ela conhecia apenas um codinome da lista da Odebrecht: "Feira".

Em depoimento ao TSE em 6 de março, Mascarenhas afirmou que foram pagos entre US$ 50 milhões e US$ 60 milhões para Mônica Moura. Segundo o delator, foram feitos pagamentos ao casal por campanhas no Brasil de 2010, 2012 e 2014 e também por serviços realizados no exterior.

"Pessoas de países que nós trabalhávamos, como Angola, Panamá, El Salvador, queriam eles na campanha deles. E eles diziam: 'Só vou se a Odebrecht garantir o pagamento'. Então sobrava para a gente pagar, não é?", disse Mascarenhas. Segundo ele, os valores eram sempre "bastante grandes" e Mônica exigia que parte fosse paga no Brasil.

Dinheiro vivo

De acordo com Migliaccio, havia uma sistemática para o pagamento realizado à Mônica Moura no Brasil - preferencialmente em reais e em dinheiro vivo.

"Ela (Mônica Moura) também tinha demandas específicas, tipo: eu preciso dessa semana, mas é para Venezuela; do Brasil pode atrasar duas semanas; não, não, El Salvador tem que ser essa. Então, eu tinha que me organizar. Eu sabia exatamente que nós pagamos eleições, pagamos o trabalho dela nas eleições - muito bem feito, por sinal, o trabalho dela - de El Salvador, Venezuela, Angola, Brasil, República Dominicana e Panamá", detalhou Migliaccio.

Em fevereiro, o publicitário João Santana e Mônica Maura foram condenados pelo juiz federal Sérgio Moro por crime de lavagem de dinheiro no esquema de corrupção instalado na Petrobras. Ambos foram condenados a oito anos e quatro meses de prisão.

O ex-ministro da Fazenda do governo Dilma Rousseff, Guido Mantega, disse nessa quinta-feira (6) em depoimento à Justiça Eleitoral que as afirmações de Marcelo Odebrecht em sua delação premiada relativas a campanha eleitoral de 2014 são “uma peça de ficção”. As informações são do advogado da ex-presidenta Dilma Rousseff, Flávio Caetano.

“Guido Mantega deu um depoimento bastante enfático, afirmando que todas as afirmações de Marcelo Odebrecht são mentirosas. Ele usou essa palavra. Não há uma afirmação de Marcelo Odebrecht que mereça credibilidade. Todas são mentirosas e ele [Mantega] diz que o depoimento de Marcelo Odebrecht é uma peça de ficção”, disse Caetano após acompanhar o depoimento de Mantega no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), na capital paulista.

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Mantega foi ouvido pela Justiça Eleitoral na ação em que o PSDB pede a cassação da chapa Dilma-Temer, eleita em 2014. A oitiva do ex-ministro da Fazenda ocorreu a pedido da defesa de Dilma Rousseff. Ele teria sido citado por delatores da empreiteira Odebrecht como envolvido no repasse de recursos não declarados para a campanha de 2014. Mantega foi ouvido no TRE de São Paulo entre as 20h e às 21h10, em vídeo-conferência com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na capital federal.

O ex-ministro chegou a ser preso em setembro do ano passado temporariamente pela Polícia Federal (PF) na 34ª fase da Lava Jato, denominada Arquivo X. Ele foi solto no mesmo dia. Mantega foi ministro da Fazenda por mais de oito anos, entre 2006 e 2014, e participou do segundo governo de Luiz Inácio Lula da Silva e do primeiro mandato de Dilma Rousseff.

Reuniões

De acordo com o advogado de Dilma Rousseff, Mantega, enquanto ministro, fez reuniões com representantes da Odebrecht. No entanto, ele negou que nessas ocasiões assuntos relativos a campanhas e doações tenham sido tratados.

“Reuniões coletivas e reuniões particulares eram comuns, porque a Odebrecht, naquele momento, era a terceira empresa mais importante do país. É natural que houvesse reuniões, mas jamais houve qualquer conversa sobre campanha, sobre doação, sobre pagamento, sobre caixa um, sobre caixa dois. [Matega disse] que isso não existiu, que isso é uma afirmação mentirosa e de ficção dele [Marcelo Odebrecht]”.

Flávio Caetano admitiu que podem ter ocorrido reuniões de Mantega com Mônica Moura, esposa do publicitário João Santana. Ele negou, no entanto, que tenha havia irregularidades nos encontros. Durante as investigações, em depoimento perante o juiz Sérgio Moro, Mônica, que era responsável pela parte financeira da empresa de marketing do casal, informou que recebeu US$ 4,5 milhões em uma conta offshore (gerante contas em paraísos fiscais utilizadas para evitar o pagamento de impostos e manter sob sigilo a identidade de seus proprietários) na Suíça. Segundo ela, o repasse era referente a uma dívida por serviços prestados ao PT durante a campanha de Dilma Rousseff à Presidência, em 2010. A empresa do casal fez o trabalho de marketing político da campanha.

“Mônica Moura e João Santana preparavam a candidata [Dilma Rousseff] nos debates. E os debates, vocês se lembram bem, em 2014, a tônica era econômica, isso foi muito forte. E o ministro participou de várias reuniões para colaborar no treinamento da candidata para os debates”, disse Caetano. “[Sobre reuniões pessoais] ele [Mantega] não disse [na oitiva ao TSE]. Pode ter havido alguma coisa sobre programa de governo, porque isto é normal. Uma campanha é muito rápida, muito dinâmica, e aí esses momentos de enfrentamento, o candidato precisa de apoio de quem entende do assunto para se preparar melhor”.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, afirmou nessa quarta-feira (5) ser possível concluir o julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer ainda no primeiro semestre. Gilmar chegou a ironizar frase do relator do processo, Herman Benjamin, que disse que nem Adão e Eva atrapalharão as sessões. "O tribunal vai conduzir bem esta matéria com todos Adões, Evas, serpentes e tudo mais", brincou o ministro.

Pouco antes de o julgamento ser interrompido, na terça-feira (4), Herman disse que a Corte não deveria deixar o processo sem perspectiva de um fim. "Temos que evitar a procrastinação. Não podemos ouvir Adão e Eva para que se intime a serpente", provocou Herman, na ocasião.

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À saída de um jantar promovido pela bancada mato-grossense no Congresso, Gilmar disse que é possível ter um pedido de vista no julgamento da chapa, o que significa mais tempo para análise. Mesmo assim, afirmou que haverá agilidade de agora em diante.

"Talvez a gente termine ainda neste semestre. Como já brinquei com vocês, prognóstico só depois do jogo, mas a gente pode julgar com maior rapidez", disse o presidente do TSE. Para ele, o processo está "muito longo e muito complexo".

A suspensão do julgamento, na terça-feira, agradou ao Palácio do Planalto porque a estratégia do presidente Michel Temer é ganhar tempo para impedir que o desfecho do caso ocorra ainda neste ano. Mesmo assim, advogados de Temer não esconderam a contrariedade com a reabertura da fase de instrução do processo e a convocação de novas testemunhas de acusação, como João Santana e Mônica Moura.

Questionado se a cassação da chapa poderia causar instabilidade política e econômica, Gilmar foi taxativo: "Primeiro é preciso julgar para depois condenar".

Na sua avaliação, há um "bom ambiente e bastante serenidade" para o julgamento, apesar dos embates jurídicos. "Vamos cumprir todo o calendário, a oitiva das pessoas, as alegações finais, novo prazo e em seguida retomamos", disse o presidente do TSE.

Na terça-feira, a Corte acatou pedido da defesa da ex-presidente Dilma Rousseff e concedeu às partes mais cinco dias de prazo para as alegações finais. O relatório apresentado por Herman tem 1.086 páginas e no Palácio do Planalto ninguém tem dúvida de que o ministro pedirá a cassação da chapa. Temer corre o risco de perder o mandato e Dilma, de ficar inelegível.

"Temos muitas questões preliminares ainda para serem definidas, embora as mais delicadas, eu acho, já foram contempladas", argumentou Gilmar. "Acho que vamos andar bem."

Além do presidente do TSE, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), Osmar Serraglio (Justiça), Bruno Araújo (Cidades) e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), compareceram ao jantar, em uma churrascaria de Brasília. O evento foi batizado de "Showcase da carne mato-grossense".

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega prestará depoimento nesta quinta-feira (6) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no âmbito da ação que apura se a chapa de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger em 2014.

Na manhã dessa terça-feira (4), os ministros do TSE decidiram reabrir a fase de instrução do processo, com a marcação de novos depoimentos e a fixação de um prazo mais elástico para as alegações finais das partes envolvidas no processo - cinco dias, contados depois da realização das oitivas.

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O depoimento de Guido Mantega, pedido pela defesa de Dilma, ocorrerá na sede do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), às 20h.

O relator da ação, ministro Herman Benjamin, havia indeferido o pedido da defesa da petista para ouvir Mantega, que foi reapresentado como questão de ordem durante a sessão extraordinária que aconteceu nesta manhã.

O pedido para que sejam realizadas novas oitivas teve como base o depoimento do ex-presidente da construtora Odebrecht, Marcelo Odebrecht, que afirmou ao TSE que "inventou" a campanha de reeleição de Dilma em 2014. As declarações constam do depoimento prestado pelo executivo no mês passado na ação que pede a cassação da chapa Dilma/Temer.

De acordo com o delator, Guido Mantega foi o responsável por solicitar os repasses da construtora. Em maio de 2014, o empresário se encontrou com o "Pós-Italiano", como era identificado o ex-ministro nas planilhas do Setor de Operações Estruturadas, o departamento da propina. Na ocasião, ele foi informado de que os repasses prioritários deveriam ser para Dilma.

Autor do processo de pedido de cassação da chapa presidencial Dilma Rousseff-Michel Temer de 2014, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves, considerou nesta terça-feira, 4, como "esperado" o adiamento do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

"É uma decisão que segue o regimento do tribunal, acolhida pelo presidente e que vai retardar um pouco o processo, mas é um rito que, ao meu ver, já era esperado. Não tem nada a nos opor e vamos aguardar que no momento certo o tribunal julgue. O que tínhamos que fazer em relação a esse processo já foi feito, na apresentação da denúncia lá trás", ressaltou o tucano.

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Aliado do atual governo, nas alegações finais do processo entregues antes da sessão de hoje no TSE, o PSDB considerou que o presidente Michel Temer não participou de possíveis irregularidades ocorridas na captação de recursos para a campanha de 2014.

"Ao cabo da instrução destes processos não se constatou em nenhum momento o envolvimento do segundo representado (Michel Temer) em qualquer prática ilícita. Já em relação à primeira representada (Dilma Rousseff), há comprovação cabal de sua responsabilidade pelos abusos ocorridos", diz trecho do documento encaminhado ao TSE.

Apesar da iniciativa tomada pelo partido, Aécio afirmou que houve mudanças na postura do PSDB em relação ao processo. "Não muda, o que mudou foi o Brasil já que nós queríamos ou pedimos na ação a perda do mandato da presidente, e isso já ocorreu por outra via. Mas todas as alegações que fizemos inicialmente constam nas nossas alegações finais. Não mudou absolutamente nada. Cabe agora ao TSE fazer o julgamento e vamos aguardar com tranquilidade", disse.

Julgamento

Em sessão realizada nesta terça-feira, os ministros do TSE decidiram ouvir mais testemunhas no processo que pede a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer e também acatou pedido da defesa da presidente cassada por mais cinco dias de prazo para alegações finais. Com isso, a fase de coleta de provas foi reaberta e o julgamento que pode gerar a cassação de Temer e a inelegibilidade do peemedebista e da petista foi adiado sem um prazo definido para ser retomado.

Na análise de integrantes da cúpula do PSDB, as discussões devem se arrastar até 2018. Entre os argumentos considerados pelos tucanos está a instabilidade que uma possível cassação da chapa poderá causar na combalida economia do País. No entendimento de tucanos da cúpula do partido, mesmo o TSE não tendo a palavra final, uma vez que o processo poderá ser levado ao Supremo Tribunal Federal (STF), uma condenação da chapa pela Corte Eleitoral poderá criar desconfianças nos investidores externos.

Além disso, caso o presidente Michel Temer tenha o mandato cassado, ninguém saberá responder quando e quem será colocado no comando do País, o que aumenta ainda mais o quadro de incertezas. Diante desse horizonte, tucanos consideram que os ministros do TSE vão atuar de olho nos possíveis impactos de uma decisão da Corte e deixarão para o próximo ano o julgamento, quando estará em curso a sucessão presidencial de 2018.

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou nesta terça-feira, 4, as delações premiadas do marqueteiro João Santana, de sua mulher Monica Moura e do funcionário do casal André Reis Santana. A homologação do acordo foi feita pelo ministro porque os delatores citaram em seus relatos políticos com foro privilegiado no Supremo.

Nesta manhã, durante o julgamento da ação que pede a cassação da chapa Dilma/Temer, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o vice-procurador-geral eleitoral Nicolao Dino revelou aos ministros em plenário que João Santana e Monica Moura haviam firmado acordo de delação premiada perante a Procuradoria-Geral da República.

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O casal foi preso em 2016 na Operação Lava Jato. Santana e a mulher acabaram soltos por ordem do juiz federal Sérgio Moro depois que iniciaram a negociação para a delação.

O presidente Michel Temer (PMDB) disse, nesta terça-feira (4), em rápida entrevista a jornalistas que a decisão do julgamento que pode cassar a chapa que o elegeu em 2014 junto com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) cabe ao Poder Judiciário. "Vamos estar obedientes às decisões do judiciário", afirmou após fazer palestra em evento do Bradesco BBI.

A avaliação do processo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi suspensa na manhã de hoje. A medida foi adotada porque a Corte Eleitoral acatou o pedido da defesa de Dilma para que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega seja ouvido. Além disso, o Tribunal também acolheu o pedido do Ministério Público Eleitoral (MPE) para as oitivas com os marqueteiros da campanha João Santana, Mônica Moura e André Santana. Caso a chapa seja cassada, Temer deixa a presidência da República e Dilma perde os direitos políticos, ficando inelegível por oito anos.

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Na entrevista, após o evento do Bradesco BBI, Temer também foi perguntado sobre o projeto de terceirização e disse que a medida não deve prejudicar os trabalhadores e vai estimular a criação de empregos. O presidente disse que o texto do projeto trata do trabalho temporário e, segundo ele, "lá pelo meio" trata de terceirizar a mão de obra. "Mas é uma coisa tão singela que os dispositivos estão previstos na Constituição Federal, mas tenho certeza que a terceirização vai incentivar o emprego, não tem um prejuízo aos trabalhadores", disse ele.

O presidente afirmou que, caso fique comprovado algum prejuízo aos trabalhadores pelo projeto de terceirização, o Planalto terá oportunidade de, na reforma trabalhista ou em algum outro meio, consertar estes problemas.

*Com Giselly Santos

A aprovação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a realização de mais quatro oitivas no âmbito da ação contra a chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer na campanha de 2014 pode representar um atraso ainda mais para o desfecho do processo. Isso porque a defesa da presidente cassada agora pretende pedir que outras testemunhas sejam ouvidas.

Pela manhã, a Corte Eleitoral acatou o pedido da defesa de Dilma para que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega seja ouvido. O tribunal também acolheu o pedido do Ministério Público Eleitoral (MPE) para as oitivas com os marqueteiros da campanha João Santana, Mônica Moura e André Santana. Na prática, isso reabre a fase de instrução do processo, quando são produzidas provas.

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Com isso, as defesas e a acusação podem solicitar ao relator, o ministro Herman Benjamin, que providências sejam tomadas para a produção de novas provas. Isso atrasaria ainda mais o processo, que já tramita a dois anos e meio no TSE e pode terminar com a cassação de Temer e a inelegibilidade de Dilma.

“Não existe instrução probatória pela metade, se reabre [a fase de instrução] para quatro [testemunhas], vamos pedir certamente que sejam ouvidas outras”, declarou o advogado Flávio Caetano, que defende Dilma. Segundo ele, a defesa já havia pedido outras oitivas e reforçará o pedido agora.

Ele também disse que é a favor da retirada de sigilo das delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht. "Desde o início a postura da defesa - e não só da defesa, mas também de Dilma Rousseff -, é de absoluta transparência. Não compactuamos com o sigilo das delações. Não queremos sigilo, queremos transparência", ressaltou. A Corte deverá decidir se as delações serão consideradas no processo.

Embora o Palácio do Planalto tenha ganhado mais tempo com o adiamento do julgamento - o presidente Michel Temer esperava um pedido de vista do relatório para postergar o julgamento - o advogado do peemedebista criticou a reabetura da fase de instrução, alegando que a decisão  “desrespeita a ordem cronológica do processo”. Para ele, é um "juízo acusatório, que não busca esclarecer a verdade dos fatos".

Nesta terça-feira (4), o TSE adiou o julgamento ao aprovar a realização de novas oitivas – complementando a fase de instrução – e a concessão de mais cinco dias para que as defesas apresentem as alegações finais.

Entenda o caso

O PSDB e a Coligação Muda Brasil (PSDB/DEM/SD/PTB/PMN/PTC/PEN/PTdoB/PTN) ajuizaram quatro ações contra Dilma, Temer, a Coligação Com a Força do Povo (PT/PMDB/PDT/PCdoB/PP/PR/PSD/PROS/PRB) e os diretórios nacionais do PT e do PMDB. Em todas elas, a acusação é de houve abuso de poder político e econômico durante a campanha da chapa, que acabou sendo vitoriosa nas eleições. Por se tratarem do mesmo tema, os processos foram reunidos.

A fase de investigação, com oitivas, começou em junho de 2015 e em março deste ano foram realizadas acareações, concluindo a fase de produção de provas. Ao todo, foram ouvidos 52 depoentes e realizadas duas acareações, além das diversas diligencias periciais. Há mais de 75 horas de depoimentos transcritos. O processo já tem 7.942 páginas, divididas em 27 volumes, nos quais não constam documentos sigilosos.

Antes de discutir o mérito, os ministros irão decidir se os depoimentos dos delatores da Odebrecht serão considerados no processo. Os advogados de Dilma dizem que as revelações da empreiteira extrapolam o objeto inicial da ação proposta pelo PSDB e que o direito à ampla defesa foi desrespeitado.

De acordo com os autores da ação, houve “desvio de finalidade de pronunciamentos oficiais em cadeia nacional, eminentemente utilizados para a exclusiva promoção pessoal da futura candidata".  Além disso, quando a data da eleição daquele ano se aproximou, houve veiculação de ampla propaganda institucional em período vedado, a ocultação de dados econômico-sociais negativos por parte do IPEA, do IBGE e do Ministério do Meio Ambiente, e o uso do Palácio do Planalto para atividades de campanha.

As contas da campanha chegaram a ser aprovadas  com ressalvas e por unanimidade no TSE. No entanto, o processo foi reaberto porque o PSDB questionou a aprovação, já que há suspeitas de que a chapa teria recebido dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras.

Decisão

Se o tribunal decidir pela cassação da chapa, eleições indiretas serão convocadas pelo Congresso. Nos bastidores, os membros da Corte falam que isso traria mais instabilidade política para o país. Se a chapa for cassada, temer deixa a Presidência da República. Já Dilma, perderá os direitos políticos, ficando inelegível por oito anos, por ser a mandatária da chapa.

A defesa de Dilma nega qualquer irregularidade e sustenta que todo o processo de contratação das empresas e de distribuição dos produtos foi documentado e monitorado. A defesa de Temer diz que a campanha eleitoral do PMDB não tem relação com os pagamentos suspeitos. O TSE entende que a prestação contábil da presidente e do vice-presidente deve ser julgada em conjunto.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) adiou o julgamento da ação que pede a cassação da chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer, vitoriosa nas eleições presidenciais de 2014. O motivo foi a realização de novas oitivas – complementando a fase de instrução – e a concessão de mais cinco dias para que as defesas apresentem as alegações finais. O julgamento só deve ser retomado em maio.

Os ministros nem chegaram a discutir o mérito da ação. Logo no início da sessão, a defesa da presidente Dilma Rousseff apresentou a questão de ordem. O advogado Flávio Caetano solicitou que a Corte desse mais tempo para a apresentação das alegações finais - que são as considerações sobre todo o processo. O relator da ação, o ministro Herman Benjamin, havia concedido dois dias, mas a defesa alegou que o prazo legal é de cinco dias.

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Nos bastidores, os dois dias foram criticados por membros da Corte Eleitoral e até pela acusação, os advogados do PSDB, que consideraram o tempo concedido pelo relator incompatível com a complexidade do processo. Durante a sessão, a acusação e o Ministério Público Eleitoral (MPE) não se opuseram a concessão de mais prazo para a defesa.

O relator, o ministro Herman Benjamin, chamou a atenção para a necessidade de "celeridade processual", já que o processo tramita na Corte a dois anos e seis meses. São quatro ações que foram ajuizadas pelo PSDB contra a chapa Dilma-Temer e passaram a tramitar juntas. A primeira delas foi impetrada em outubro de 2014. "Penso que prorrogar ainda mais o processo parece medida incompatível com a necessidade nacional e o nosso esforço para o andamento deste processo", frisou.

No entanto, para evitar que a discussão sobre o prazo se prolongasse, o relator acatou o pedido da defesa, votando para que se dê um prazo adicional de três dias, que somado aos dois dias já concedidos, chegaria aos cinco dias solicitados.

A Corte, por unanimidade, concordou que o prazo de cinco dias, mas houve um impasse sobre como o prazo seria contado - como complementação do prazo (sendo concedido mais três dias) ou prazo integral (os cinco dias).

A discussão foi porque são quatro ações tramitando juntas: duas Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) - a Aije 154781 e a Aije 194358 -, a Representação 846 e a Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (Aime) 761. Por se tratarem do mesmo tema, os processos foram reunidos. A Aije prevê dois dias de prazo, mas a Aime têm rito distinto e estabelece cinco dias.

"Quero lembrar que o prazo de dois dias foi plenamente utilizado e temos alegações finais de 213 páginas. Se [o tribunal] conferir mais cinco dias, teremos sete dias", argumentou Herman. A ministra Rosa Weber concordou com o relator.

O presidente da Corte, ministro Gilmar Mendes, rebateu. "Ainda que Vossa Excelência queira dourar a pílula, o que o tribunal está dizendo é que Vossa Excelência violou a jurisprudência".

O ministro Napoleão Nunes acompanhou o voto do relator e destacou que "há a necessidade de celeridade processual - que é desejável - e garantia de ampla defesa", inclusive para evitar que a decisão da Corte seja contestada depois no Supremo Tribunal Federal (STF).

Sobre o prazo, o ministro Henrique Neves da Silva ponderou que a Corte deve dar o tempo "que foi mais benéfico às partes", defendendo os cinco dias. Os ministros Luciana Lóssio e Luiz Fux também concordaram, ressaltando que como há ações com ritos distintos, deve se considerar o maior prazo, dando ampla margem. "Eu entendo que é regra clássica do direito processual que, quando há reunião de ações com ritos distintos, deve prestigiar aquele rito que faculta as partes o maior exercício ao direito da ampla defesa. Devemos, sim, adotar o rito da Aime", concluiu Luciana Lóssio.

Durante a apresentação dos votos, Herman recuou e disse que poderia dar mais prazo para a defesa, caso houvesse controvérsia no TSE.

As outras questões de ordem analisadas pela Corte foi da defesa de Dilma e do Ministério Público Eleitoral (MPE), que pediram novas oitivas. O relator acolheu os pedidos, considerando que a "questão de ordem não é sobre novas oitivas, mas sobre os critérios de decisão anteriores". O plenário acompanhou o relator. Coi isso serão ouvidos o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, além dos publicitários Mônica Moura, João Santana e André Santana.

Diante disso e da agenda do presidente Gilmar Mendes, que terá uma série de viagens internacionais nas próximas semanas, o julgamento só deverá ser retomado em maio.

Entenda o caso

O PSDB e a Coligação Muda Brasil (PSDB/DEM/SD/PTB/PMN/PTC/PEN/PTdoB/PTN) ajuizaram quatro ações contra Dilma, Temer, a Coligação Com a Força do Povo (PT/PMDB/PDT/PCdoB/PP/PR/PSD/PROS/PRB) e os diretórios nacionais do PT e do PMDB. Em todas elas, a acusação é de houve abuso de poder político e econômico durante a campanha da chapa, que acabou sendo vitoriosa nas eleições. Por se tratarem do mesmo tema, os processos foram reunidos.

A fase de investigação, com oitivas, começou em junho de 2015 e em março deste ano foram realizadas acareações, concluindo a fase de produção de provas. Ao todo, foram ouvidos 52 depoentes e realizadas duas acareações, além das diversas diligencias periciais. Há mais de 75 horas de depoimentos transcritos. O processo já tem 7.942 páginas, divididas em 27 volumes, nos quais não constam documentos sigilosos.

Antes de discutir o mérito, os ministros irão decidir se os depoimentos dos delatores da Odebrecht serão considerados no processo. Os advogados de Dilma dizem que as revelações da empreiteira extrapolam o objeto inicial da ação proposta pelo PSDB e que o direito à ampla defesa foi desrespeitado.

De acordo com os autores da ação, houve “desvio de finalidade de pronunciamentos oficiais em cadeia nacional, eminentemente utilizados para a exclusiva promoção pessoal da futura candidata".  Além disso, quando a data da eleição daquele ano se aproximou, houve veiculação de ampla propaganda institucional em período vedado, a ocultação de dados econômico-sociais negativos por parte do IPEA, do IBGE e do Ministério do Meio Ambiente, e o uso do Palácio do Planalto para atividades de campanha.

As contas da campanha chegaram a ser aprovadas  com ressalvas e por unanimidade no TSE. No entanto, o processo foi reaberto porque o PSDB questionou a aprovação, já que há suspeitas de que a chapa teria recebido dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras.

Decisão

Se o tribunal decidir pela cassação da chapa, eleições indiretas serão convocadas pelo Congresso. Nos bastidores, os membros da Corte falam que isso traria mais instabilidade política para o país. Se a chapa for cassada, temer deixa a Presidência da República. Já Dilma, perderá os direitos políticos, ficando inelegível por oito anos, por ser a mandatária da chapa.

A defesa de Dilma nega qualquer irregularidade e sustenta que todo o processo de contratação das empresas e de distribuição dos produtos foi documentado e monitorado. A defesa de Temer diz que a campanha eleitoral do PMDB não tem relação com os pagamentos suspeitos. O TSE entende que a prestação contábil da presidente e do vice-presidente deve ser julgada em conjunto.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começa a julgar, nesta terça-feira (4), a  Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) 194358, que pede a cassação da chapa formada pela presidente cassada Dilma Rousseff e pelo presidente Michel Temer.

Acompanhe:

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O ex-presidente e herdeiro do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, um dos 78 delatores da Operação Lava Jato, afirmou em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o ex-ministro Paulo Bernardo - titular do Planejamento e das Comunicações nas gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, respectivamente - pediu e recebeu uma "contrapartida" de R$ 64 milhões, em 2009, por uma linha de crédito obtida pelo grupo no governo federal.

As declarações constam do depoimento prestado pelo empreiteiro no dia 1.º de março, na ação que pede a cassação por suposto abuso de poder político e econômico da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.

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Marcelo Odebrecht se referiu à "contrapartida específica" como um "dinheiro que pode ter vindo de maneira ilícita". O empreiteiro afirmou que a Odebrecht colocou R$ 150 milhões na campanha de Dilma em 2014, a maior parte paga em forma de caixa 2. O valor ficava numa espécie de conta corrente controlada por ele e negociada diretamente com os ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega.

Segundo Marcelo Odebrecht, houve duas "contrapartidas específicas" da empreiteira ao PT desde 2009: uma de R$ 64 milhões relacionada à linha de crédito e outra de R$ 50 milhões condicionada à votação da Medida Provisória do Refis, encaminhada ao Congresso, e que beneficiou a Braskem, petroquímica controlada pela Odebrecht.

"Esses dois foram os únicos dois pedidos de contrapartida específica. Os dois ocorreram em 2009, justamente no início da minha relação com eles. A partir daí, não houve mais pedido de contrapartida específica - até porque não era do meu interesse permitir isso. Porque, na hora que eu permitisse que aquele dinheiro estivesse vinculado àquele determinado item, qual interesse que ele teria em minha agenda mais ampla?", questionou.

Conforme o empreiteiro, os R$ 50 milhões eram uma cota de Mantega e "ficaram intocados" pois o ex-ministro "acabou não participando da eleição de 2010". De acordo com a versão, o montante foi usado como crédito para a eleição de 2014. Já em relação aos R$ 64 milhões, "foram gastos antes das eleições de 2014, quase todo".

"O pedido do Refis da Crise veio do Guido e o pedido da linha de crédito veio do Paulo Bernardo", disse Marcelo Odebrecht ao ser questionado pelo ministro Herman Benjamin, relator da ação contra a chapa Dilma-Temer, sobre quem eram os emissários dos valores para o PT.

Defesa

Em nota, a advogada Verônica Sterman, que defende Paulo Bernardo, diz que seu cliente "nega veementemente qualquer contato com Marcelo Odebrecht nesse sentido e recebe tal informação com surpresa e indignação". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começa a julgar, nesta terça-feira (4), a ação impetrada pelo PSDB que pede a cassação da chapa formada pela presidente cassada Dilma Rousseff e pelo presidente Michel Temer, que venceu as eleições presidenciais em 2014. Os ministros irão decidir se houve irregularidades nas contas da campanha e se os dois candidatos devem se responsabilizados.

De acordo com o regimento interno do TSE, o julgamento começará com o pronunciamento do relator do processo, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Herman Benjamin. Ele fará a leitura do relatório da ação, que traz um resumo das diligências feitas, dos depoimentos e provas coletados, das perícias, e das providências solicitadas pelo relator durante a fase de instrução processual.

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Em seguida, o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, concederá a palavra, da tribuna, aos advogados de acusação e aos de defesa das partes envolvidas na ação, nessa ordem. Logo após, será facultada pelo presidente a palavra ao representante do Ministério Público Eleitoral (MPE) para as suas ponderações. Cada um terá 15 minutos para a sustentação oral.

Após isso, o ministro Herman Benjamin apresentará o seu voto. Depois dele, votarão os ministros Napoleão Nunes Maia, Henrique Neves, Luciana Lóssio, o vice-presidente do TSE, ministro Luiz Fux, a ministra Rosa Weber e, por último, o presidente da Corte Eleitoral, ministro Gilmar Mendes.

Esse é considerado o julgamento mais importante da história do tribunal. Embora o calendário do julgamento preveja quatro sessões nesta semana, o processo pode ser paralisado, caso haja pedido de vista do relatório. O ministro Napoleão Nunes já sinalizou que deve pedir mais tempo de análise para se debruçar sobre o caso. O Planalto conta com isso paralisar o processo. Se isso acontecer, o julgamento só teria continuidade no final do mês de abril, devido a agenda de Gilmar Mendes. 

Estão marcadas quatro sessões exclusivas para o processo. Nessa terça-feira (4), haverá uma sessão extraordinária às 9h e uma ordinária a partir das 19h. O julgamento prossegue na quarta-feira (5), às 19h, com uma sessão extraordinária. E na quinta-feira (6) somente será realizada a sessão ordinária, às 9h.

Entenda o caso
O PSDB e a Coligação Muda Brasil (PSDB/DEM/SD/PTB/PMN/PTC/PEN/PTdoB/PTN)ajuizaram quatro ações contra Dilma, Temer, a Coligação Com a Força do Povo (PT/PMDB/PDT/PCdoB/PP/PR/PSD/PROS/PRB) e os diretórios nacionais do PT e do PMDB. Em todas elas, a acusação é de houve abuso de poder político e econômico durante a campanha da chapa, que acabou sendo vitoriosa nas eleições. Por se tratarem do mesmo tema, os processos foram reunidos.

A fase de investigação, com oitivas, começaram em junho de 2015 e em março deste ano foram realizadas acareações, concluindo a fase de produção de provas. Ao todo, foram ouvidos 52 depoentes e realizadas duas acareações, além das diversas diligencias periciais. Há mais de 75 horas de depoimentos transcritos. O processo já tem 7.942 páginas, divididas em 27 volumes, nos quais não constam documentos sigilosos.

Antes de discutir o mérito, os ministros irão decidir se os depoimentos dos delatores da Odebrecht serão considerados no processo. Os advogados de Dilma dizem que as revelações da empreiteira extrapolam o objeto inicial da ação proposta pelo PSDB e que o direito à ampla defesa foi desrespeitado.

De acordo com os autores da ação, houve “desvio de finalidade de pronunciamentos oficiais em cadeia nacional, eminentemente utilizados para a exclusiva promoção pessoal da futura candidata". Além disso, quando a data da eleição daquele ano se aproximou, houve veiculação de ampla propaganda institucional em período vedado, a ocultação de dados econômico-sociais negativos por parte do IPEA, do IBGE e do Ministério do Meio Ambiente, e o uso do Palácio do Planalto para atividades de campanha.

As contas da campanha chegaram a ser aprovadas  com ressalvas e por unanimidade no TSE. No entanto, o processo foi reaberto porque o PSDB questionou a aprovação, já que há suspeitas de que a chapa teria recebido dinheiro do esquema de corrupção na Petrobras.

Decisão

Se o tribunal decidir pela cassação da chapa, eleições indiretas serão convocadas pelo Congresso. Nos bastidores, os membros da Corte falam que isso traria mais instabilidade política para o país. Se a chapa for cassada, temer deixa a Presidência da República. Já Dilma, perderá os direitos políticos, ficando inelegível por oito anos, por ser a mandatária da chapa.

A de Dilma nega qualquer irregularidade e sustenta que todo o processo de contratação das empresas e de distribuição dos produtos foi documentado e monitorado. A defesa de Temer diz que a campanha eleitoral do PMDB não tem relação com os pagamentos suspeitos. O TSE entende que a prestação contábil da presidente e do vice-presidente deve ser julgada em conjunto.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse nesta segunda-feira (3) que uma eventual cassação do presidente Michel Temer (PMDB) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e uma consequente eleição indireta traria uma "confusão" ainda maior para o País. "Já temos tantas dificuldades hoje, o Congresso ainda vai eleger uma pessoa pra ser presidente por um ano? É mais confusão", disse o ex-presidente em entrevista à rádio CBN.

Para FHC, o processo que corre na Corte Eleitoral, cujo julgamento começa nesta terça-feira (4), traz riscos para o Brasil, principalmente no setor econômico. "A percepção das pessoas, especialmente dos investidores é: vamos ter outro problema no Brasil? Eles se retraem", disse o ex-presidente. "O Brasil está há muito tempo de pernas para o ar, está começando a assentar um pouco. Levar muito tempo em um julgamento que põe em risco a situação vigente tem consequências negativas."

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A ação em análise pelo TSE foi proposta em 2014 pelo PSDB contra a chapa eleita, formada pela petista Dilma Rousseff e por Temer, que derrotou o então candidato do partido, Aécio Neves. Os ministros decidirão se houve abuso de poder político e econômico na campanha presidencial daquele ano.

Na entrevista à rádio, o ex-presidente falou ainda sobre reforma política e defendeu a aprovação de cláusula de barreira para os partidos, além da proibição de coligação nas eleições proporcionais. "Quem paga a democracia? Os parlamentares estão pedindo que o contribuinte pague, através do fundo partidário. Os países que tem fundo partidário tem quatro, cinco, seis partidos. Aqui tem 30 e poucos. Não há dinheiro que possa dar conta de 30 e poucos partidos."

Questionado sobre 2018, FHC negou que o PSDB já tenha um candidato ao Palácio do Planalto. "Não se sabe ainda o resultado da Lava Jato, quem para em pé, quem não para em pé". O ex-presidente falou, ainda, sobre o nome do prefeito de São Paulo, João Doria ter ganhado força para a disputa. "Em uma certa altura, eu disse a ele que não acreditava que ele convencesse (os eleitores). Convenceu. Agora é o balão que está subindo. Se subir, subiu. O PSDB tem que ter o pé no chão, quem decide no fundo no fundo quem vai ser o candidato não somos nós, é o eleitorado."

Marcado para começar na terça-feira (4), o julgamento que pode cassar o mandato do presidente da República, Michel Temer (PMDB), tende a ser longo e vai colocar no centro do debate uma série de questões jurídicas que poderão mudar a jurisprudência da Corte Eleitoral. Será a primeira vez que os ministros vão se debruçar sobre mandato de um presidente da República em um julgamento.

Caso a maioria vote pela condenação da chapa presidencial eleita em 2014, o resultado poderá ser a convocação de eleições indiretas menos de uma ano após o impeachment de Dilma Rousseff.

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O presidente do tribunal, ministro Gilmar Mendes, definiu um calendário de sessões extras ao longo da semana no intuito de esgotar a discussão do processo, mas o ministro Napoleão Nunes já sinalizou que deve pedir mais tempo de análise para se debruçar sobre o caso. O Planalto conta com um pedido de vista para paralisar o processo.

A avaliação de ministros ouvidos pela reportagem é de que o processo causa instabilidade e pode aprofundar a crise política. A estabilidade política é levada em conta, nos bastidores, pelos integrantes do tribunal. Mas a Corte Eleitoral pode paralisar o processo já no primeiro debate a ser levantado: o prazo para defesa.

A defesa de Dilma pediu mais tempo para apresentar as alegações finais - que são as considerações sobre todo o processo. O relator, ministro Herman Benjamin, concedeu dois dias desde que encerrou o processo para receber as manifestações, mas os advogados da ex-presidente alegam que o prazo legal é de cinco dias. Os dois dias foram criticados reservadamente por integrantes da Corte Eleitoral e até pela acusação, os advogados do PSDB, que consideraram o tempo concedido pelo relator incompatível com a complexidade do processo.

Caso o processo seja interrompido já nesta etapa, o julgamento pode ser retomado apenas na última semana de abril. Isso porque, além do calendário de feriados do mês, Gilmar Mendes tem uma série de viagens internacionais programadas, como a que fará para acompanhar as eleições na França.

Ainda na fase preliminar - ou seja, antes de discutir o mérito da ação -, os ministros precisam decidir se os depoimentos dos delatores da Odebrecht devem ou não ser considerados no processo. Os advogados de Dilma sustentam que as revelações da empreiteira extrapolam o objeto inicial da ação proposta pelo PSDB e que o direito à ampla defesa foi desrespeitado. A ação apura suposto abuso de poder político e econômico na campanha presidencial de 2014.

Conforme antecipou o jornal O Estado de S. Paulo na quarta-feira passada, o Ministério Público Eleitoral pediu ao TSE a cassação de Temer e a inelegibilidade de Dilma.

Teses

No mérito, os sete ministros da Corte devem discutir se há prova de que houve dinheiro ilícito na campanha - e, para isso, decidir se os depoimentos dos delatores da Odebrecht, que falaram em caixa 2 e compra de tempo de TV ao fazer repasses a partidos da coligação Dilma-Temer, valem como prova.

Se os ministros avaliarem que houve dinheiro ilícito na campanha, precisam decidir se tanto Dilma quanto Temer podem ser responsabilizados da mesma forma. Assim, devem decidir se o peemedebista deve ser punido com a cassação do mandato porque a chapa é una, como defende o Ministério Público, ou se a responsabilidade dele é diferente da de Dilma.

A situação de Temer e de Dilma, no entanto, pode ser definida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Se a decisão do TSE for negativa para um dos dois, a previsão dos advogados é de levar o caso para que o Supremo bata o martelo. De acordo com ministros do TSE ouvidos em caráter reservado, a depender do recurso usado pelos advogados, o efeito da decisão da Corte Eleitoral fica suspenso até a decisão do STF.

A interlocutores, o ministro Herman Benjamin admite que é papel do TSE discutir durante o julgamento a solução no caso do efeito máximo da ação: a cassação do mandato do presidente. A indicação que Herman tem dado, segundo a avaliação de ministros da Corte, é de que há elementos para cassar a chapa formada por Dilma e Temer. Como a petista sofreu processo de impeachment, a cassação atingiria apenas o peemedebista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Michel Temer assinou a nomeação do jurista Admar Gonzaga para substituir o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Henrique Neves, cujo mandato se encerra em 16 de abril, conforme antecipou o jornal O Estado de S. Paulo. A indicação será publicada no Diário Oficial desta sexta-feira (31). Temer foi aconselhado a indicar Gonzaga antes de terça-feira, dia 4 de abril, quando o TSE começa a julgar o processo que pede a cassação da chapa Dilma-Temer.

A estratégia do presidente, ao anunciar a escolha de Gonzaga para a cadeira de Neves antes do prazo, tem o objetivo de pôr fim a comentários de que ele só está indicando o jurista para se proteger da perda de mandato. Na avaliação da equipe de Temer, se Gonzaga fosse nomeado duas semanas após o início do julgamento, quando Neves deixará o TSE, haveria mais interpretações de que ele foi posto ali para "salvar" o presidente.

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Antecipando a nomeação e respeitando a ordem da lista tríplice enviada em fevereiro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao Palácio do Planalto, o presidente mostraria que não quer interferir e que age com neutralidade. A lista inclui ainda os nomes de Tarcísio Vieira Neto e Sérgio Banhos.

Auxiliares de Temer dão como certo que o relator do processo, Herman Benjamin, pedirá a cassação do mandato de Temer e a inelegibilidade de Dilma, sob o argumento de que a chapa PT-PMDB cometeu abuso do poder político e econômico. Adversários do presidente afirmam, nos bastidores, que Gonzaga já teria sido escalado pelo Planalto para pedir vista do processo, o que significa mais tempo para análise, caso o ministro Napoleão Nunes não faça antes a solicitação.

Como o jornal mostrou, Nunes deve pedir mais tempo de análise para se debruçar sobre o caso. Há uma ordem para a apresentação dos votos e ele é o segundo, logo após o relator.

O ministro Henrique Neves deixa o cargo em 16 de abril. Pelo roteiro previsto, não haverá tempo hábil para que ele vote no julgamento. As informações que chegaram ao Planalto dão conta de que o ministro seria favorável à cassação de Temer.

O governo tem dúvidas sobre o voto de Luciana Lóssio, que deixa o TSE em 5 de maio. Ela será substituída por Tarcísio Vieira, ainda não nomeado, e segundo na lista tríplice. Ele deve ficar a favor do presidente.

Prazo

Aliados do governo avaliam que, na abertura do julgamento, o pedido de cinco dias para se manifestar, feito pela defesa de Dilma, será aceito. Se isso ocorrer, a sessão será suspensa.

Mesmo que o pedido seja rejeitado, há o feriado da Semana Santa, logo em seguida, o que empurraria o julgamento para a segunda quinzena de abril. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Marcado para começar na terça-feira, 4 de abril, o julgamento da ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode levar à cassação do presidente Michel Temer e à inelegibilidade da presidente cassada Dilma Rousseff, deve ser interrompido por um pedido de vista. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, o ministro Napoleão Nunes já sinalizou que deve pedir mais tempo de análise para se debruçar sobre o caso.

Com o pedido de vista, aumentam as chances de o julgamento ser concluído com uma composição diferente da atual. Os ministros Henrique Neves e Luciana Lóssio deixarão a corte eleitoral em abril e maio, respectivamente. Devem ser substituídos por Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira. No Palácio do Planalto, a expectativa é de que os novos ministros do TSE votem contra a cassação.

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Até a conclusão desta matéria, Nunes não havia respondido à reportagem. Ele é o segundo ministro a votar, logo após o relator da ação na corte eleitoral, Herman Benjamin.

Na quarta-feira, 29, o jornal antecipou que o Ministério Público Eleitoral pediu ao TSE a cassação de Temer e a inelegibilidade de Dilma. O processo é considerado por ministros do TSE o mais importante da história do tribunal, de grande complexidade e com impacto direto na estabilidade política do País, o que aumenta as chances de algum integrante da Corte Eleitoral pedir mais tempo para análise.

Os números são superlativos: 52 pessoas prestaram depoimentos à Justiça Eleitoral - entre elas, dez ex-executivos da Odebrecht -, os autos foram distribuídos ao longo de 27 volumes, o relatório de Benjamin soma 1.086 páginas - e o processo tem cerca de 7 mil no total.

Imprevisível

Os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux, respectivamente, presidente e vice-presidente do TSE, disseram nesta quarta que não é possível prever quanto tempo será necessário para concluir a análise do caso.

"Não dá (pra prever), porque a gente não sabe quantos incidentes vamos ter. Vamos aguardar", disse Gilmar, que afirmou já ter começado a leitura do relatório.

Indagado sobre quando o julgamento deve ser concluído, Fux respondeu: "Isso eu não sei. Vai depender do poder de síntese e de esclarecimento do relator, que é um excelente relator". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ao menos 11 recibos de doações eleitorais feitas ao então candidato a vice-presidente Michel Temer (PMDB), em 2014, foram assinados por Edinho Silva, ex-tesoureiro de campanha da presidente cassada Dilma Rousseff.

Os recibos, que totalizam R$ 7,5 milhões, fazem parte da prestação de contas da campanha entregue à Justiça Eleitoral e a ajudam a embasar a tese dos advogados de defesa da petista na ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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A defesa de Temer argumenta que o atual presidente não pode ser punido por supostas ilegalidades cometidas pela campanha de Dilma, pois ele tinha uma conta específica para movimentar verbas relativas a doações e despesas eleitorais. É a tese da separação das contas da chapa defendida pelos advogados do peemedebista.

Já os advogados de Dilma usam os recibos assinados por Edinho, entre outros argumentos, para alegar que as contabilidades não podem ser separadas, já que a prestação de contas foi feita de forma única pelos dois integrantes da chapa.

O início do julgamento da ação movida pelo PSDB por suposto abuso do poder econômico e político nas eleições de 2014 está marcado para começar na próxima terça-feira, 4. O Ministério Público Eleitoral pediu a cassação de Temer e a inelegibilidade de Dilma. O PSDB, hoje aliado do governo, em suas alegações finais, isentou o presidente de responsabilidade.

Os 11 recibos aos quais o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso mostram que, mesmo doações feitas diretamente a Temer, com valores depositados na conta aberta pelo PMDB para receber colaborações, eram justificadas à Justiça Eleitoral com recibos assinados por Edinho. Entre estes doadores estão a JBS (R$ 5 milhões), Amil (R$ 750 mil) e Klabin (R$ 150 mil). No total, Temer arrecadou R$19,8 milhões em 2014.

O advogado de Temer na ação do TSE, Gustavo Guedes, disse que o fato de os recibos terem a assinatura de Edinho não prejudica "em um milímetro" a tese de separação das contas da campanha de 2014.

"Isso não muda absolutamente nada, pois só o Edinho podia assinar recibos. De acordo com a legislação, apenas o titular da chapa tem recibo. Tanto que as contas foram apresentadas em conjunto", disse ele. "O que importa, e temos como provar, é que Temer não arrecadava para Dilma e Dilma não arrecadava para Temer", afirmou.

'Indivisível'

Já o advogado de Dilma, Flávio Caetano, afirmou que os recibos são, sim, mais um elemento que embasa a tese da indivisibilidade das contas. "Eles mostram que é uma coisa só. Não há a menor possibilidade de divisibilidade, uma vez que a prestação de contas era única e toda doação para Temer teve de ser referendada pelo Edinho", disse ele.

Os advogados de Dilma argumentam ainda, nas alegações finais ao TSE, que R$ 16 milhões, dos R$ 19,8 milhões arrecadados por Temer, foram repassados a outros candidatos do PMDB, indicando que conta aberta na campanha era uma "conta de passagem" e que várias despesas do candidato a vice foram pagas pelo PT. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, informou nesta terça-feira, 28, que o julgamento da ação que pode levar à cassação da chapa de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB) começará na terça-feira da próxima semana, dia 04, em uma sessão extraordinária marcada para o período da manhã. Ao todo, o ministro decidiu dedicar quatro sessões da primeira semana de abril para a discussão do caso - duas extraordinárias e duas ordinárias.

Gilmar "reservou" as tradicionais sessões ordinárias de terça-feira à noite e de quinta-feira pela manhã para a discussão do processo, de relatoria do ministro Herman Benjamin.

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Além da sessão extraordinária de terça-feira pela manhã, haverá uma outra, marcada para a quarta-feira à noite. O cronograma do julgamento foi definido pelo presidente do TSE em reunião com os demais integrantes da Corte Eleitoral nesta terça-feira, antes da sessão plenária.

Nos bastidores, Herman Benjamin vinha manifestando o desejo de que o julgamento ocorresse antes da saída do ministro Henrique Neves, que deixará a Corte Eleitoral no dia 16 de abril.

"Haverá sessão extraordinária na terça-feira pela manhã, e a sessão ordinária na terça-feira à noite. Quarta à noite sessão extraordinária, e quinta pela manhã sessão ordinária, todas dedicadas a este tema", informou Gilmar Mendes, durante a sessão desta noite.

Gilmar Mendes também comunicou os colegas que instaurou sindicância interna para apurar a origem dos vazamentos dos depoimentos de ex-executivos da Odebrecht à Justiça Eleitoral.

O relator da ação, ministro Herman Benjamin, encaminhou na última segunda-feira, 27, aos outros seis integrantes da Corte Eleitoral um relatório final de 1.086 páginas que resume os principais pontos do processo. Fontes que acompanham as investigações dão como certo que o relator vai se posicionar a favor da cassação da chapa Dilma-Temer.

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