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O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, classificou como "bobagem" as críticas de que o órgão fez um julgamento mais político do que jurídico ao livrar o presidente Michel Temer da cassação na semana passada. O placar terminou em 4 a 3 pela absolvição do peemedebista e Gilmar foi um dos que votou contra a cassação.

"As críticas são absolutamente normais. Em um jogo de Fla x Flu, as pessoas acabam tendo uma posição nesse sentido", disse o ministro ao chegar para a cerimônia de posse da nova integrante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Maria Tereza Uille.

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Ele também minimizou o fato de a Rede ter entrado com ação no Supremo Tribunal Federal pela anulação do julgamento.

CNJ

O nome da nova conselheira Maria Tereza Uille foi aprovado em dezembro pelo Congresso e contou com o apoio de Gilmar. Em tempos de Lava Jato, congressistas e governo acompanharam intensamente a disputa pelo posto, uma vez que cabe ao CNJ punir eventuais abusos de juízes, como Sérgio Moro, responsável pela operação na primeira instância.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux disse na manhã desta segunda-feira (12) que, durante o julgamento da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pensou no que era melhor para o Brasil e que não disputou vaidades. "Não disputei vaidades, pensei no que era melhor para o Brasil", afirmou para uma plateia de empresários e representantes do mercado financeiro que participaram do evento "Brasil Futuro - Direito, Economia e Desenvolvimento", que a Consulting House realiza em São Paulo.

Essa é a primeira participação do ministro em evento público depois do julgamento que absolveu a chapa Dilma-Temer, mantendo no poder o presidente Michel Temer. O mandatário foi absolvido por um placar de quatro votos pela manutenção de Temer na Presidência contra três votos pela condenação.

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Fux foi um dos três votos pela cassação de Temer, seguindo o voto do relator Herman Benjamin, que também foi seguido pela ministra Rosa Weber.

"Eu não consegui me curvar à ideia de que o que estava sendo discutido no Tribunal, uma questão de fundo seriíssima, utilizando-se de um artifício, era: não, não, isso não estava na ação", criticou o ministro.

O julgamento foi marcado por debates sobre a inclusão das delações da Odebrecht e do casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura no processo, posição defendida pelo ministro-relator.

Fux, que discorreu durante o sua participação no evento sobre o Direito Econômico, ao encerrar sua palestra, voltou-se para a plateia e disse: "Os senhores podem estar certos de que o Judiciário não faltará ao Brasil nestes momentos de dor." Ainda segundo o ministro, "O Judiciário vai levar o Brasil ao Porto, e, não, ao naufrágio".

No começo de mais um dia do julgamento da ação contra a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Herman Benjamin, relator do caso, ganhou um novo oponente. Com o presidente da Casa, Gilmar Mendes, em silêncio na maior parte do tempo até agora, o ministro Admar Gonzaga Neto abriu os ataques a Herman. Gonzaga Neto disse que divergia do relator especialmente na leitura dos depoimentos da Odebrecht, no âmbito da Operação Lava Jato, que estão nos autos. "Fiz uma leitura diferente do relator das declarações de Marcelo Odebrecht", afirmou Gonzaga Neto.

Por sua vez, Herman Benjamin disse que fazia referências apenas ao que estava nos autos e que não podia ler integralmente o relatório em público. Gonzaga Neto exigiu explicações pelo fato de resistir à leitura das provas. Herman, então, explicou que tinha concordado "parcialmente" com os colegas, anteriormente, que faria apenas um resumo do relatório e que todas informações estavam disponibilizadas no site do TSE. "Ninguém deve se basear apenas em relatório", retrucou Herman.

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O ministro Luiz Fux saiu em defesa de Herman. Ele disse que era tradição da Casa confiar nas provas apresentadas pelo relator de um caso. Também cobrou a leitura por parte de todos os ministros dos autos antes de um julgamento. "O relator confiou que todos nós tivéssemos lido as provas. É uma condição primária de um julgador."

A ministra Rosa Weber e o vice-procurador eleitoral, Nicolao Dino, também defenderam o ministro relator. Já os ministros Tarcísio Vieira e Napoleão Nunes Maia Filho, que também tiveram divergências anteriores com Herman, ficaram em silêncio. O ministro Gilmar Mendes estava, durante maior parte da discussão, fora do plenário.

Herman não ficou satisfeito e voltou a rebater Gonzaga Neto. "Diga onde está a contradição do que estou falando", afirmou. "Todos os brasileiros têm essas provas", completou. "Com todo respeito, a Vossa Excelência está querendo se prender ao acessório do acessório. Vamos nos prender, lealmente, aos pontos importantes. Se quer tirar o depoimento de Marcelo Odebrecht do processo, que diga abertamente."

Coligações

Herman Benjamin afirmou que o dinheiro da Odebrecht também serviu para comprar o apoio de partidos da base aliada nas eleições de 2014 com o objetivo de aumentar o tempo de horário eleitoral gratuito na TV.

Segundo o relator, em seu depoimento, o marqueteiro João Santana reconheceu que o tempo de TV que os partidos tinham direito era "negociado em um verdadeiro leilão". Ele fez críticas ao modelo, e disse que o tempo de propaganda não é gratuito, é pago pelo imposto de todos os brasileiros.

Herman leu e-mails da Odebrecht sobre valores repassados para outras legendas, citou codinomes usados para identificar os supostos destinatários de propina, como os "italianos", que seriam os ex-ministros Antonio Palocci e Guido Mantega. O relator afirmou que os pagamentos eram realizados em hotéis e flats, e que era "tudo documentado" pelo setor de propina da Odebrecht.

Para ele, não há dúvida de que os valores repassados pela empreiteira a outras legendas contribuíram para a vitória de Dilma em 2014 e isso comprova o abuso de poder econômico pela chapa.

Apesar de detalhar o esquema de pagamentos da empreiteira, Herman voltou a afirmar que, mesmo sem os depoimentos dos empresários da Odebrecht, as provas e elementos documentais reunidos "são mais que suficientes para justificar" o seu voto, que aponta para o pedido de cassação da chapa. Ele, no entanto, reiterou que a Odebrecht e a suspeita de caixa 2 estão na petição inicial do PSDB.

A ex-presidente Dilma Rousseff está confiante na absolvição da chapa que concorreu à reeleição, no pleito de 2014, pelos sete ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ela acompanha o julgamento da ação contra a chapa por meio da TV e da imprensa e telefonemas com o advogado Flávio Caetano, que faz sua defesa.

"A presidente está acompanhando com serenidade e confiança", relata Caetano. "Ela enfrentou um julgamento político (processo de impeachment) e sabe a importância desse julgamento no TSE", completou.

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Numa conversa recente com o advogado, a ex-presidente disse que enfrentava uma gripe. Flávio Caetano brincou: "Então, a senhora pegou do ministro Herman". O ministro relator do caso, Herman Benjamin, contou, na última quarta-feira (7) que fazia um esforço para apresentar seu posicionamento devido a uma gripe.

Interlocutores do presidente Michel Temer comemoraram o fato de os ministros do Tribunal Superior Eleitoral sinalizarem que não devem considerar as delações da Odebrecht na ação que pode cassar o mandato do presidente. Segundo uma fonte, o julgamento acontece dentro das expectativas do governo, que espera uma absolvição do presidente.

Para esse interlocutor, ficou claro que as delações da Odebrecht não devem incorporar a ação e isso seria positivo. No Planalto, até o momento, a avaliação é de que o julgamento se estenda até a sexta-feira e que o presidente seja absolvido por um placar de 4 a 3.

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Temer ficou acompanhando o julgamento de seu gabinete e recebeu diversos ministros. De acordo com um auxiliar, Temer está "tranquilo".

Na sessão da manhã desta quinta-feira, 8, a terceira do julgamento da chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014, quatro dos sete dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sinalizaram que não vão incorporar as delações da Odebrecht em seus votos.

Os ministros Napoleão Nunes Maia, Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira concordaram com a preliminar apresentada pelas defesas de que o uso das delações da Odebrecht extrapola o que foi pedido inicialmente pelo acusador, o PSDB.

O presidente o TSE, Gilmar Mendes, ainda não apresentou sua análise completa sobre este tema, mas deve se posiciona com este mesmo entendimento. A interpretação diverge da dos ministros Herman Benjamin, relator da ação, Luiz Fux e Rosa Weber. A sessão no turno da tarde está marcada para às 14h30.

Na sessão da manhã desta quinta-feira (8) a terceira do julgamento da chapa Dilma-Temer nas eleições de 2014, quatro dos sete dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sinalizaram que não vão incorporar as delações da Odebrecht em seus votos. Os ministros Napoleão Nunes Maia, Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira concordaram com a preliminar apresentada pelas defesas de que o uso das delações da Odebrecht extrapola o que foi pedido inicialmente pelo acusador, o PSDB.

O presidente o TSE, Gilmar Mendes, ainda não apresentou sua análise completa sobre este tema, mas se posiciona com este mesmo entendimento. A interpretação diverge da dos ministros Herman Benjamin, relator da ação, Luiz Fux e Rosa Weber. A sessão no turno da tarde está marcada para as 14h30.

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Gonzaga, Nunes Maia e Vieira defenderam votar, primeiro, a preliminar que aponta "extrapolação da causa de pedir", antes de entrar no voto de mérito, no qual decide-se pela condenação ou absolvição. Eles entenderam que os juízes não podem incluir tudo que quiserem nos processos. "Será que são fatos realmente novos e não estavam no momento da propositura da situação? Tem que se considerar ainda mais os freios que são impostos não só pela Constituição, mas pela lei, pelo Código de Processo Civil", disse Admar.

Os delatores da Odebrecht, de acordo com o relatório de Herman Benjamin, trouxeram evidências de irregularidades como o pagamento de serviços de publicidade e compra de partidos políticos, via "caixa 2", pelo setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, e a terceirização de caixa 2, com a utilização da Cervejaria Petrópolis - o que o relator vem chamando de "caixa 3".

As defesas apostavam as fichas na exclusão dos delatores da Odebrecht por entender que ela esvazia os argumentos para a condenação. Apesar de ainda não ter sido iniciado o julgamento do mérito, a maioria desenhada no debate sobre esta preliminar é um sinal positivo para Temer e Dilma.

A Procuradoria-Geral Eleitoral, no seu pedido de cassação do mandato de Temer e de decretação de inelegibilidade de Dilma, afirmou que há motivo para condenação mesmo sem incluir os delatores da Odebrecht, entendendo que há outros elementos que poderiam basear a condenação da chapa presidencial.

O ministro Herman Benjamin apontou, no relatório, o uso de laranjas na campanha e destacou que um relatório da PF mostrou irregularidade no pagamento a gráficas contratadas pela campanha de Dilma Rousseff e de Michel Temer. O ministro ainda não entrou no mérito, mas dá todos os indicativos de que pedirá a cassação de Temer e a inelegibilidade de Dilma.

O relator Herman Benjamin foi acompanhado pelo ministro Luiz Fux e pela ministra Rosa Weber no sentido de que não se pode descartar as provas produzidas na instrução.

"É impossível uma Corte descobrir fatos e não levar em consideração", disse Fux, indo além, apontando gravidade dos fatos apresentados e indicando qual deve ser seu posicionamento na hora do voto final.

"Não podemos deixar de passar a limpo esses fatos que, no meu modo de ver, são gravíssimos e contaminaram o processo eleitoral pela chaga da corrupção, iludindo o eleitor. Não se pode julgar sem atentar para a realidade política que se vive hoje. Somos uma Corte. Avestruz é quem enfia a cabeça", disparou Fux.

Na discussão que abriu a terceira sessão do julgamento da chapa Dilma/Temer, nesta quinta-feira (8) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os ministros Napoleão Nunes Maia, Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira pediram para votar as questões preliminares antes do mérito. A questão preliminar em discussão é a que pede a exclusão da validade dos depoimentos e provas das delações da Odebrecht no caso.

Em contrapartida, os ministros Herman Benjamin e Luiz Fux entendem que não deve haver votação sobre se podem ou não serem utilizadas. A discussão segue em andamento.

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O debate foi lançado por Napoleão, que acredita que não se pode votar o mérito sem saber se pode considerar válido o uso de provas trazidas a partir dos delatores da Odebrecht.

Admar Gonzaga foi explícito ao dizer que "é preciso delimitar a causa de pedir". O ministro tem se posicionado no sentido de que os juízes não podem incluir tudo que quiserem nos processos.

"Será que são fatos realmente novos e não estavam no momento da propositura da situação? Tem que se considerar ainda mais os freios que são impostos não só pela Constituição, mas pela lei, pelo Código de Processo Civil", disse Admar.

Tarcísio disse que gostaria de entender o que estava sendo analisado. "Estamos decidindo sobre decidir a ampliação da causa de pedir ou já estamos proferindo voto sobre este tema? Me parece que o relator não ultimou sobre este tema e eu tenho um voto escrito", disse.

A Corte ainda discute o tema. Fux, no entanto, diz que não acatará uma possível limitação do voto.

"Eu tenho severas dúvidas sobre se a Corte pode deliberar isso e submeter seus integrantes a não votarem sob a ótica que eles pretendem votar. Se votar preliminar limitando a minha cognição, não vou me submeter a isso. Não vou me submeter", afirmou o ministro Fux.

A ampliação da causa de pedir é uma preliminar apresentada pela defesa da presidente Dilma Rousseff. Quer dizer, em outras palavras, que ouvir novas testemunhas, todos colaboradores premiados do grupo Odebretch, seria um atropelo procedimental.

A defesa alega que todos os fatos novos não guardam qualquer correlação com aqueles narrados no pedido inicial e que seria evidente a extrapolação do objeto; por isso, pede que o julgamento proferido pelo TSE se limite aos estritos termos dos fatos narrados há mais de 2 anos e 3 meses nas petições iniciais, excluindo-se as acusações perpetradas pelos depoentes do grupo Odebrecht.

O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin, relator da ação contra a chapa presidencial encabeçada por Dilma Rousseff, se confundiu e chamou o presidente da Casa, Gilmar Mendes, de Michel Temer. "Agradeço ao presidente Michel Temer", disse Herman, no início de uma frase em que fazia referência a Mendes.

O erro causou risos dos demais ministros. Herman, em seguida, se corrigiu. "O outro (Temer) é presidente também, mas é réu aqui", disse.

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O ministro relator fez a confusão ao agradecer a contribuição dos funcionários do tribunal ao seu trabalho à frente da relatoria do caso.

O julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da chapa Dilma-Temer entra em seu terceiro dia nesta quinta-feira (8). Até o momento, o ministro Herman Benjamin, relator da Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije- 194358) apresentou o relatório, além disso, acusação, defesa e Ministério Público apresentaram suas razões e os ministros analisaram sete preliminares. A sessão de hoje retoma a análise das preliminares e, em seguida, será expresso o voto do relator.

Até o sábado deve acontecer três sessões diárias para a apreciação do processo que pede a cassação da chapa que disputou à presidência da República em 2014 e venceu. As sessões de quinta, sexta e sábado ocorrerão das 9h às 12h, das 14h às 18h e a partir das 19h.

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As defesas de Michel Temer (PMDB) e Dilma Rousseff (PT) aprovaram a convocação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de sessões extraordinárias para a continuidade do julgamento da chapa eleitoral composta pelos dois políticos, acusada de abuso de poder econômico e político nas eleições presidenciais em 2014.

O advogado Flavio Caetano, que defende Dilma Rousseff, viu as sessões adicionais como um indício de que não deverá haver pedido de vista por parte de ministros. "Saímos com esta sensação", disse.

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Foram convocadas sessões para quinta, sexta e sábado. O TSE espera três sessões na quinta, três na sexta e três no sábado, nos três turnos em cada dia. O presidente da Corte, Gilmar Mendes, conta com a liberação por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) para que ele se ausente em uma sessão na tarde da quinta-feira, que coincide com a do TSE. A intenção explícita na Corte é prever o tempo necessário para a hipótese de finalizar o julgamento ainda nesta semana.

O advogado de defesa de Temer, Gustavo Guedes, afirmou que é "salutar a indicação de quantas sessões forem necessárias". Publicamente, ele tem dito querer a conclusão o mais breve possível do julgamento.

Gustavo Guedes evitou responder à pergunta sobre a estratégia do ministro relator, Herman Benjamin, de não separar as votações das preliminares da votação do mérito. Disse que não lhe cabe comentar ação de ministro.

Delações

Ambos evitaram comentar a indicação do ministro Herman Benjamin de que votará a favor do uso dos depoimentos de delatores da Odebrecht e do casal de marqueteiros Monica Moura e João Santana.

O advogado da petista, no entanto, apontou discordar de um argumento trazido pelo ministro Herman Benjamin: o de que a defesa teria convocado para depoimento dois delatores da Odebrecht, Hilberto Mascarenhas e Luís Eduardo Soares.

"Quem referiu os dois delatores foi o próprio Marcelo Odebrecht. Não foi a defesa quem convocou. O pedido da defesa foi para que os dois fossem ouvidos apenas para esclarecer o que foi referido pelo próprio Marcelo", disse Flavio Caetano.

Os advogados ressaltaram que não houve a votação nem das preliminares discutidas nesta terça-feira, uma vez que o ministro Herman Benjamin pediu aos ministros para dar o seu voto inteiro antes dos demais colegas, sem fracionar o voto em relação às preliminares.

O ministro Herman Benjamin, relator das ações que pedem a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fez uma longa argumentação para negar a segunda preliminar apresentada pelas defesas.

Ele rebateu a acusação de que o processo se baseou em "vazamentos" de delações premiadas e argumentou que não utilizou provas produzidas pela Operação Lava Jato, mas sim convocou os executivos da Odebrecht para depor à Justiça Eleitoral como testemunhas, produzindo assim o próprio material probatório.

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Segundo Herman, diante da informação pública de que os acordos haviam sido celebrados, ele expediu ofício ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando a permissão para ouvir os delatores.

O relator também afirmou que não havia como ignorar que os executivos da Odebrecht haviam fechado um acordo de delação premiada, já que o fato era "público e notório", e foi noticiado por órgão de imprensa, como o jornal Estado de S. Paulo. "Só os índios não contactados da Amazônia não sabiam que a Odebrecht havia feito colaboração. Se isso não é fato notório, não existirá outro", disse.

Para o relator, a tese usada pela defesa é que o tribunal nem "sequer poderia tomar conhecimento" da delação, mas isso seria "o equivalente a isolar recolher os jurados antes de julgamento".

Herman foi interrompido pelo presidente do TSE, Gilmar Mendes, quando começou a discutir se o vazamento de delações anularia o processo. Gilmar pediu celeridade no voto e foi rebatido que ele só poderia pular essa parte se todos concordassem com esse ponto. Os demais ministros foram consultados e concordaram com o relator. O relator, no entanto, ressaltou que divulgação de informações sigilosas é fato gravíssimo e deve ser investigada.

Em meio a divergências, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que julgam a ação contra a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer tiveram, na manhã desta quarta-feira (7) alguns momentos de trégua. O ministro relator do caso, Herman Benjamin, provocou risos ao usar a expressão "inferninhos" para citar estabelecimentos noturnos envolvidos nas denúncias de lavagem de dinheiro na campanha de 2014. Diante dos olhares surpresos dos demais ministros, ele explicou que essa era a forma usada pelas testemunhas para citar os "donos de cabarés".

A fala de Herman amenizou o clima pesado no julgamento. Minutos antes, o presidente da Casa, Gilmar Mendes, o chamou de "falacioso" por incluir depoimentos da Operação Lava Jato no processo. E foi o próprio ministro Gilmar quem alimentou a descontração: "Vossa Excelência não teve que fazer investigações (nestes locais)?" Herman respondeu que, nesse caso, não usou os "poderes de provas". "Não expandiu, então?", continuou Gilmar, referindo-se à busca de mais provas. A resposta de Herman foi ainda mais desconcertante: "Não, mas se Vossa Excelência quiser propor..." Diante de um silêncio, Herman completou: "Imagino que não."

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Na defesa da análise de informações da Lava Jato no processo, Herman Benjamin voltou a causar risadas do plenário. Ele argumentou que não era nada surpreendente incluir os depoimentos da operação, que sempre foram "públicos" e "notórios". "Só os índios não conectados da Amazônia não sabiam que os executivos da Odebrecht tinham feito delação premiada", afirmou. O representante do Ministério Público no julgamento, o vice-procurador geral Nicolao Dino, alinhado ao relator, não segurou o riso.

Herman recorreu ao instrumento do "fato público e notório" para defender as citações de denúncias da Lava Jato. "Há aqui algum estudante que não sabe que a Odebrecht foi investigada pela Lava Jato?", perguntou. Ele ainda expôs num telão trecho da Lei Complementar número 64, de 18 de maio de 1990, que no seu artigo 23 estabelece que o "tribunal formará sua convicção pela livre apreciação dos fatos públicos e notórios, dos indícios e presunções".

O ministro relator aproveitou a presença de estudantes de faculdades de direito de Brasília de outras unidades da Federação para fazer críticas indiretas aos ministros que rebatem seus argumentos, especialmente Gilmar Mendes e Napoleão Nunes Filho. Vez ou outra, ele recomenda aos estudantes para "clicar" no site do TSE na internet para verificar as provas do processo. "Os estudantes que estão aqui façam, se tiverem tempo, o exercício de verificar se eu cumpri ou descumpri os critérios que adotei."

Encantamento

A trégua foi para o espaço logo depois, quando Herman começou a apresentar seu posicionamento sobre o vazamento de delações. Gilmar Mendes interrompeu o relator para pedir que ele fosse mais sucinto, embora estivesse "encantado" com a fala de Herman. O relator contra-atacou: "Presidente, não quero deixar aqui de ler pontos que podem causar divergências no julgamento". "Todos nós temos encantamento pelo que Vossa Excelência fala", voltou a ironizar Gilmar.

Em seguida, Herman demonstrou irritação e chegou a observar que está doente - com aparente gripe: "Vossa Excelência pode estar encantado, mas eu não estou. Quem está falando sou eu. Com o desgaste de minha saúde, não posso falar muito", afirmou Herman.

Por fim, os ministros entenderam que um vazamento de delação não anulava as provas. "Também estou encantada com a fala do ministro Herman e não estou tendo nenhuma dificuldade para entendê-lo. O vazamento não implica ilicitude da prova", disse a ministra Rosa Weber, que não tinha até ali participado das divergências ou dos momentos de trégua.

Em menos de uma hora de sessão, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, e o relator das ações que pedem a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, Herman Benjamin, já protagonizaram um novo embate em plenário. Gilmar interrompeu a fala de Herman enquanto o ministro defendia a decisão de incluir no processo os depoimentos dos delatores da Operação Lava Jato.

Para o presidente da corte, esse argumento é "falacioso" e, daqui a pouco, o relator vai querer incluir a delação do grupo JBS ou "na semana que vem", a delação do ex-ministro Antonio Palocci, que ainda sequer foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal. "Só uma provocação", disse.

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O comentário de Gilmar aconteceu no momento em que Herman defendia que, como relator das ações, tinha o direito de convocar testemunhas sem que elas tivessem sido indicadas por alguma das partes - como foi o caso dos executivos da Odebrecht. "Aqui no TSE não trabalhamos com os olhos fechados. Não é dito apenas que pode ouvir terceiros referidos por partes", disse.

Segundo ele, a lei permite ouvir testemunhas mesmo sem serem referidas por partes. Ele citou que isso está no artigo 370 do Código de Processo Civil, que diz que "caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito". "Não se pode confundir imparcialidade com indiferença", afirmou Herman.

O posicionamento do relator foi defendido pelo ministro Luiz Fux, que leu precedentes de outros julgamentos onde isso aconteceu.

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Após um debate inicial, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiram debater as questões preliminares junto com o mérito das ações que pedem levar à cassação da chapa formada pela ex-presidente Dilma Rousseff e pelo presidente Michel Temer.

A principal preliminar questiona se os depoimentos de delatores da Odebrecht, do marqueteiro João Santana e da empresária Mônica Moura devem ser considerados no processo.

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Para Herman, essa questão está "abraçada" com o mérito, isto é, com a acusação de abuso de poder político e econômico da chapa durante as eleições de 2014.

O ministro Admar Gonzaga, porém, propôs que a votação das preliminares deveria acontecer antes do mérito.

Herman rebateu. "Eu preferiria separar as liminares antes do mérito, mas, como dizem respeito à própria prova, como posso analisar de maneira estanque, sem analisar as provas?", questionou o relator.

O primeiro dia do julgamento da ação que pede a cassação da chapa de reeleição de Dilma Rousseff-Michel Temer foi marcado pelo embate entre o relator do processo, ministro Herman Benjamin, e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes. Ontem, enquanto Benjamin defendia a importância da ação, Gilmar tomou a palavra para pedir "cautela". A sessão foi interrompida à noite e será retomada na manhã desta quarta-feira, 7.

Apesar da polarização, os ministros ainda não apresentaram seus votos. O vice-procurador-geral eleitoral Nicolao Dino já recomendou a cassação da chapa do PT-PMDB, acusada pelo PSDB, logo após as eleições de 2014, de praticar abuso de poder econômico e político.

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Na discussão com Benjamin, Gilmar afirmou que o julgamento, independentemente do resultado (cassação ou absolvição), permitiria que os cidadãos conhecessem melhor a "realidade" das eleições, de "empresas fantasmas" e de outros fatos "gravíssimos". Afirmou então que, na época da ditadura militar (1964-1985), o TSE cassava menos do que hoje, período democrático.

Benjamin rebateu o presidente da corte. Segundo ele, "as ditaduras cassaram e cassam quem defendia a democracia. Hoje, o TSE cassa quem é contra a democracia". Gilmar não escondeu a irritação com a intervenção do ministro-relator: "Temos de ser moderados". E foi então retrucado: "Não se trata de dados quantitativos, mas qualitativos", afirmou Benjamin.

A discussão continuou entre ministro-relator e presidente. Gilmar, que já defendeu a necessidade de se levar em consideração a estabilidade política ao julgar a ação e depois afirmou que crises políticas não devem ser resolvidas no TSE ao comentar os impasses em torno do governo Temer em razão das delações da JBS, disse que era preciso ser "cuidadoso". "Nós temos de ser cuidadosos em tudo, especialmente quando se trata de voto popular", afirmou Benjamin.

Gilmar disse que o problema em discussão no TSE é único. "As pessoas dizem que essa ação demorou muito. Não podemos esquecer que, aqui, nós temos uma situação bastante singular, que não pode ser 'comezinha', que é a impugnação de uma chapa presidencial, e um grau de estabilidade ou instabilidade que precisa ser considerado." Assim, o presidente voltou a ressaltar a estabilidade política no contexto do julgamento.

'Sistema eleitoral'

Na leitura de seu relatório resumido, Benjamin fez um balanço histórico do cenário eleitoral do País. Segundo ele, as ações em julgamento "são filhas de um sistema político-eleitoral falido" e defendeu a necessidade de se pensar em alteração legislativa para permitir uma espécie de "reconvenção eleitoral", já que o objetivo das ações eleitorais são garantir a normalidade das eleições e não trazer instabilidade institucional.

O ministro afirmou que "caixa 2 e corrupção não foram inventados em 2003", em referência ao ano em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à Presidência. Disse que, desde então, a Polícia Federal age com independência e o Ministério Público Federal conseguiu "deixar para trás a prática de engavetar apurações".

De acordo com Benjamin, o TSE "é símbolo dessa trajetória de progresso do Brasil" e enfraquecer a "Justiça Eleitoral é condenar as eleições ao descrédito". O ministro ainda repudiou a "demonização dos partidos". "Se desacreditadas as eleições, o que sobrará aos brasileiros?", perguntou.

O relator destacou que pediu a autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para ouvir vários delatores da Lava Jato, como Marcelo Odebrecht, Delcídio Amaral, Nestor Cerveró e Cláudio Melo Filho. Também afirmou que, após sugestão do Ministério Público Eleitoral, determinou que fossem ouvidos outros delatores, como os ex-marqueteiros João Santana e Mônica Moura.

Ao abrir o julgamento do processo que pode cassar o mandato de Temer, o tribunal ouviu as manifestações das defesas, do Ministério Público, e já rejeitou quatro questões preliminares. Hoje, às 9 horas, a corte deve entrar na discussão do mérito, isto é, se a chapa deve ou não ser cassada. São previstas mais duas sessões, e uma quarta está agendada para esta quinta-feira, 8.

Clima

A suspensão da sessão de terça-feira foi positiva para Temer, que temia que um voto do relator pela cassação repercutisse mal hoje na abertura do mercado. Temer acompanhou a sessão pela TV, no Palácio do Planalto, reunido com assessores e aliados, entre eles os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), além de ministros, como Eliseu Padilha, da Casa Civil.

Temer disse que gostaria de ver o TSE encerrar logo o julgamento. O governo avalia que Temer consegue se livrar da cassação por um placar de 4 a 3.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O julgamento que pode levar à cassação da chapa formada pela ex-presidente Dilma Rousseff e do presidente Michel Temer foi suspenso por volta das 22h10 desta terça-feira (6) e será retomado pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir das 9h desta quarta-feira (7).

Até agora, o ministro relator, Herman Benjamin, leu o parecer inicial e os advogados de defesa e acusação fizeram as suas sustentações orais. A sessão foi suspensa após Benjamin começar a analisar as chamadas questões preliminares apresentadas pelos advogados questionando a pertinência do julgamento.

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As quatro preliminares analisadas na noite desta terça-feira foram rejeitadas pelos ministros. A sessão desta quarta-feira deve ser retomada com a análise das outras cinco que faltam, entre elas a mais importante, que questiona se os depoimentos de delatores da Lava Jato podem ser usadas como provas.

A primeira preliminar a ser rejeitada foi o questionamento de que haveria uma "impossibilidade" de o tribunal julgar a presidente. "Entendo a ideologia de preservação em relação à Presidência da República, mas a questão tem de ser pelo menos examinada e é isso que defendo neste momento", disse Benjamin.

Os ministros também rejeitaram as preliminares que sustentavam que as ações haviam perdido o objeto após o impeachment de Dilma, que havia um estado de litígio por causa de extinção de outra ação relativa ao caso e a que defendia que a inversão na ordem de testemunhas impediriam o julgamento da chapa. Nesta última, houve um aparte do ministro Napoleão Nunes Maia, mas a discussão não prosseguiu.

Ditadura

Antes de começarem a analisar as preliminares, Benjamin e o presidente do TSE, Gilmar Mendes, tiveram uma pequena discussão. Enquanto Gilmar afirmou que o TSE cassava mais mandatos do que a ditadura, o relator afirmou que as ditaduras cassavam quem defendia a democracia e que, agora, "o TSE cassa quem é contra a democracia".

Em vídeo publicado no perfil nacional do PMDB no Facebook, o advogado do presidente Michel Temer, Gustavo Guedes, afirmou acreditar que os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) possam tomar uma "decisão técnica" ao longo do julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, vencedora da eleição de 2014, que terá início na noite desta terça-feira, 6. Se a ação que pede a cassação da chapa for julgada procedente pela corte eleitoral, Temer pode ser afastado do cargo após a apreciação de todos os recursos.

Segundo Guedes, que representa o presidente na ação, não deve haver nenhuma comunicação entre os fatos que se deram no Supremo Tribunal Federal (a abertura de inquérito contra Temer por participação em organização criminosa, obstrução à Justiça e corrupção passiva) e o julgamento do TSE. "Estamos confiantes naquilo que tratamos na defesa e esperamos que o TSE tenha, ao final, uma decisão técnica, alheia a essas pressões que temos vistos nos últimos dias, especialmente do procurador-geral da República (Rodrigo Janot), para tentar desestabilizar o tribunal. Se isso acontecer, na nossa avaliação, será um perigo à democracia", disse.

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No vídeo, Guedes diz que falou com cada um ministros do TSE, apresentando suas razões. "Temos confiança que chegaremos ao final com um resultado positivo, que avalia as provas do processo e, como o Ministério Público Federal bem comprovou, não há nenhum tipo de participação do presidente Michel Temer naqueles fatos relativos à campanha de 2014 (gastos de campanha acima do informado, uso de doações com origem no esquema de corrupção da Petrobras, ocultação de dados econômicos-sociais negativos)."

A defesa de Temer pede pela improcedência da ação apresentada pelo PSDB ou pela conclusão de que não há responsabilidade do presidente nos fatos, o que o manteria no cargo. "Na nossa avaliação seria a melhor decisão para o País."

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Mesmo após três semanas de forte turbulência política causada pela delação de executivos da JBS, o movimento pelo desembarque do governo ainda é tímido em grandes partidos da base aliada, entre eles, PR, PSD, PP, DEM e PRB. Nessas legendas, são poucos os parlamentares que defendem o rompimento com o presidente Michel Temer. Por interesses eleitorais ou até para manterem o foro privilegiado, dirigentes e ministros dessas siglas atuam nos bastidores para conter movimentos de desembarque.

Os líderes desses partidos dizem, no entanto, que esse cenário pode mudar dependendo do julgamento marcado para hoje no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode levar à cassação de Temer, e do posicionamento do PSDB, principal fiador de Temer no Congresso, que ameaça deixar o governo. A avaliação é de que um eventual rompimento dos tucanos provocará um efeito cascata de desembarque de outras siglas, deixando a situação de Temer na Congresso ingovernável.

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Outro fator de instabilidade é Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), então deputado suplente flagrado pela Polícia Federal carregando uma mala com R$ 500 mil de propina, segundo delação da JBS. Loures, que era assessor especial de Temer, foi preso no último sábado. Grávida, sua esposa o pressiona para fazer delação.

No DEM, partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), os cálculos são de que apenas dois dos 29 deputados são favoráveis ao rompimento: Onyx Lorenzoni (RS) e Luiz Henrique Mandetta (MS).

"O DEM está estabilizado. No primeiro momento, houve uma insegurança, mas prevaleceu a tese de alinhamento com o presidente Rodrigo Maia, que tem sido o pilar de sustentação do governo", afirmou o líder da legenda na Câmara, deputado Efraim Filho (PB). Como Maia é o primeiro na linha sucessória da presidência da República, o partido quer evitar qualquer movimento em relação ao governo Temer, para não passar a imagem de que está agindo em causa própria.

No Senado, a oposição ao governo é do próprio líder do partido, Ronaldo Caiado (GO). Além de defender o desembarque do governo, com a entrega do Ministério da Educação, hoje com o partido, ele defende convocação de eleições diretas.

No PR, quinto maior partido da Câmara, apenas sete dos 39 deputados defendem o desembarque, segundo o líder da sigla, José Rocha (BA). Deputado licenciado, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, atua nos bastidores para evitar que o movimento cresça. Integrantes do PR dizem que ele quer continuar no governo para usar a capilaridade política da pasta a seu favor, com vistas às eleições de 2018, quando quer disputar uma vaga no Senado.

Dono da terceira maior bancada da Câmara, com 47 deputados, o PP tem apenas um deputado que defende publicamente o rompimento com Temer.

Articulação

O movimento pró-desembarque é tido como controlado no PSD e PRB. Ainda assim, seus presidentes licenciados os ministros Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, do PSD, e Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços), do PRB, atuam para minimizar qualquer movimento nesse sentido. Como não possuem mandatos parlamentares, os dois só mantêm o foro privilegiado enquanto estiverem nos chefiando as pastas. Ambos foram citados nas delações da Odebrecht e da JBS, mas negam irregularidades.

Com 36 deputados, o PSB já rompeu oficialmente com Temer, embora ainda esteja à frente do Ministério de Minas e Energia. O grupo conta com o respaldo da direção partidária, que saiu em defesa de eleições diretas. "A maioria é a favor do desembarque. Acho que uns 20, 22 deputados", calcula Júlio Delgado (MG).

O PPS diz hoje atuar de forma independente na Câmara, apesar de manter o comando do Ministério da Defesa, com Raul Jungmann. Antes da delação da JBS, a legenda ocupava dois ministérios. Roberto Freire (SP) entregou a Cultura e retomou o mandato de deputado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após uma atuação de bastidores do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e um discurso inflamado do prefeito da capital João Doria, o diretório estadual do PSDB de São Paulo, que vinha pressionando por um desembarque do governo, resolveu recuar pela segunda vez.

A expectativa da reunião plenária convocada para a tarde desta segunda-feira, 5, era que os paulistas pedissem oficialmente que o partido entregasse os cargos no governo. Afinal, foi decidido que vão esperar o julgamento da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral para tomar uma decisão.

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Estiveram presentes cerca de 200 tucanos, entre prefeitos, deputados e vereadores na sede do partido. Alckmin não foi.

Ao longo do encontro, líderes se mostravam propensos ao rompimento e se revezaram em discursos acalorados. O prefeito paulistano não era esperado na reunião, mas chegou a tempo de fazer o último discurso.

Em sua fala, Doria disse que ao PSDB "não cabe tomar uma decisão agora". "Nosso inimigo chama-se PT, partido que é inimigo do Brasil", declarou. Em seguida, defendeu enfaticamente que o partido aguarde o julgamento do TSE. "Não há razão para uma decisão precipitada, após a decisão da Justiça tomaremos a decisão certa", disse, encerrando o discurso com a trilha da vitória, de Ayrton Senna.

Entre os que queriam o desembarque, estavam o deputado federal Carlos Sampaio, o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, e o presidente do PSDB- SP, deputado estadual Pedro Tobias.

"O que ocorreu foi grave. O PSDB não pode ter uma ética de bambu", disse Sampaio. Na mesma linha, Morando fez um discurso ainda mais incisivo. "Eu tenho vergonha de apoiar esse tipo de governo", afirmou.

Em defesa da permanência do PSDB no governo, pelo menos até o final do julgamento do TSE, que começa hoje, discursaram o ex-senador José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, e parlamentares próximos ao governador, como o deputado federal Miguel Haddad. "Nós não queremos que no ano que vem prevaleça uma polarização salvacionista, Bolsonaro, Lula, que são um desastre para o Brasil", disse Aníbal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um dia antes do julgamento da chapa presidencial de 2014 que pode levar à cassação de seus direitos políticos, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ex-presidente cassada Dilma Rousseff (PT) participou da abertura do 3.º Salão do Livro Político, no teatro Tuca, realizado a noite dessa segunda-feira (5), na PUC-SP. Sua palestra foi sobre Estado de exceção.

Na chegada do evento, Dilma foi questionada sobre o julgamento do TSE. Ela se limitou a responder: "Aguardemos a Justiça". Sobre uma possível afastamento do presidente Michel Temer da Presidência, ela também respondeu: "aguardemos a Justiça". Ainda questionada sobre os próprios direitos políticos, que podem ser cassados na sessão de julgamento no TSE, ela voltou a dizer: "aguardemos a Justiça". Ao ser perguntada sobre como estaria a vida, Dilma respondeu: "Difícil para todo mundo".

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