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Nesta quarta-feira (22), a Polícia Federal cumpre nove mandados de busca e apreensão para investigar a atuação de doleiros em Pernambuco. Em 10 anos, a organização criminosa movimentou R$ 250 milhões no Brasil, mas também operava nos Estados Unidos (EUA). O grupo é suspeito de cometer os crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e manutenção de instituição financeira.

As ordens judiciais são cumpridas em empresas e nas residências dos suspeitos. A Justiça Federal também decretou o sequestro de quatro apartamentos em Piedade, no município de Jaboatão dos Guararapes, e o bloqueio de contas de empresas. Além da capital pernambucana, a Operação Amphis também tem como ambiente operacional Belo Horizonte, em Minas Gerais, e Iguaba Grande, no Rio de Janeiro.

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A Polícia explica que os mandados de busca e apreensão têm como alvo operadores financeiros que atuam no Brasil e nos EUA, e auxiliavam doleiros com transações bancárias irregulares. Também é apurada a sociedade desses doleiros com empresários pernambucanos da área de factoring.

As medidas de sequestro de bens são contra um casal de doleiros que possuiu casas de câmbio no Recife, em Porto de Galinhas e Ipojuca. Eles têm negócios semelhantes na Flórida, onde disponibilizam remessas de valores do Brasil para os EUA e vice-versa. Mesmo autorizados a realizar operações de câmbio, muitas vezes os suspeitos enviavam remessas clandestinas em nome de laranjas e empresas fantasmas.

Caso os suspeitos sejam condenados, as penas somadas podem atingir até 26 anos de reclusão.

Nesta sexta-feira (9), uma organização criminosa comandada no Recife - com ramificação em outras capitais e na Flórida, Estados Unidos - é alvo de uma operação da Polícia Federal (PF). Investigado há seis anos, o grupo de doleiros movimentou só na última década, pelo menos, R$ 200 milhões através de empresas de fachada.

Segundo a PF, eles atuavam em diversas práticas ilícitas, como evasão de divisas, manutenção de instituição financeira clandestina, falsidade documental, descaminho e lavagem de dinheiro. Os principais alvos tinham duas identidades. Somadas, as penas para os crimes podem atingir 29 anos de prisão.

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Ao todo, 13 mandados de busca e apreensão serão cumpridos nos escritórios e residências dos suspeitos. Desses, três serão executados na capital pernambucana. Já os demais ocorrem nos municípios de Jaboatão dos Guararapes, também em Pernambuco; Goiânia, em Goiás; São Paulo; Fortaleza, no Ceará e Rio de Janeiro.

A Justiça também determinou o sequestro de imóveis e veículos, bloqueio das contas bancárias dos investigados e das empresas fantasma envolvidas no esquema. 

Os doleiros Hélio Aparecido Xavier da Mota, Vinicius Paes de Figueiredo, o 'Vini', e Lung Tien The, o 'Jack' foram os responsáveis por gerar o dinheiro que abasteceu o esquema de emissão de notas frias descoberto pela Polícia Federal na Operação Chorume, fase 7 da Operação Descarte, investigação sobre fraudes nos contratos de limpeza urbana de são Paulo.

Os três doleiros, informa a PF, utilizaram pelo menos 20 empresas para gerar dinheiro em espécie para o esquema.

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Segundo a PF, tais companhias movimentaram de 2010 a 2018, mais de R$ 5 bilhões, tendo um pico em 2014, com redução 'drástica' a partir de então.

O esquema era gerenciado pelos advogados Luiz Carlos Claro e Gabriel Silveira Claro, os 'Claro', que podem ter lavado R$ 400 milhões para o grupo Estre.

As informações constam na representação da Polícia Federal e parecer do Ministério Público Federal para deflagração da Operação Chorume, na terça, 4, quando foram cumpridos mandados de busca em São Paulo, Santa Catarina, Goiás e no Distrito Federal.

Essa nova fase da Operação Descarte mira doleiros e operadores envolvidos no esquema dos Claro e ainda uma tentativa de obstrução das fiscalizações da Receita Federal em 2017 mediante pagamento de R$ 3 milhões.

Os documentos da PF e da Procuradoria detalham como funcionava o esquema que pode ter lavado, segundo Luiz Carlos e Gabriel Claro, cerca de R$ 400 milhões entre 2012 e 2017.

Os Claro fizeram delação premiada nos autos da Chorume.

Segundo a PF, as operações fraudulentas eram utilizadas tanto para o Consórcio Soma, responsável pela metade dos serviços de varrição da cidade de São Paulo, apontado como o principal cliente dos 'Claro', como de outras empresas do grupo Estre.

Segundo a representação da PF, Antonio Kanji Hoshikawa, o 'Tião', assessor direto de Wilson Quintella Filho, executivo ligado ao grupo Estre, procurou Luiz Carlos Claro em 2012 para 'geração de caixa 2' para a Estre Ambiental.

'Tião' chegou ainda a dizer a Gabriel Claro, em uma reunião, que o 'dinheiro era utilizado para pagamento de propina a funcionários públicos e políticos, em razão do envolvimento de empresas do grupo Estre (Estre, Soma, Cavo, Corpus, entre outras) com o setor público e participação em licitações'.

A partir daí, 'Tião' passou a entrar em contato com Gabriel Claro informando os valores que precisava que fossem faturados para as empresas do Grupo Estre e o consórcio Soma.

O advogado, por sua vez entrava em contato com as 'empresas noteiras', que simulariam o fornecimento de produtos ou prestação de serviços, assim como fazia contato com os doleiros 'Hélio', 'Vini' e 'jack'.

Em delação, Gabriel indicou ainda que o grupo usava códigos como nomes de vinhos para se referir a dinheiro e nome de carros para as empresas que deveriam ser faturadas, tais como: Subaru (Consórcio Soma), Peugeot (Estre Paulínia), IX35 (Estre Itapevi) e Corolla (Corpus ou Cavo).

"Em contrapartida restou pactuado que seria cobrado do Grupo Estre 18% do valor faturado; Kanji ficava com 5%; as empresas 'noteiras' ficavam com 4% ou 5%; os doleiros cobravam entre 2 e 2,5%; o saldo ficava com a Claro Advogados", destaca a PF e o parecer do Ministério Público Federal.

Na decisão que desencadeou a sétima fase da Descarte, a 'Chorume', a juíza Silvia Maria Rocha, da 2.ª Vara Criminal Federal de São Paulo, indicou que os doleiros eram 'parte fundamental do esquema engendrado pela família Claro' - vez que eles tornaram possível o fornecimento de dinheiro em espécie.

"Pode-se dizer que sem os 'doleiros' o serviço prestado pelo grupo Claro inexistiria", escreveu Silvia.

O primeiro doleiro contatado por Gabriel Claro para o esquema foi Hélio, que era gerente bancário e procurou Luiz Claro depois de sair do emprego.

Segundo a representação da Procuradoria, a relação entre os Claro e o doleiro perdurou pelo menos dez anos. Durante tal período Hélio era remunerado com 2 a 2,5% do montante que seria convertido em espécie. Três a cinco dias depois dos pagamentos, ele entregava o dinheiro no escritório da Claro Advogados, em São Paulo.

Segundo a PF, Hélio gerou 'centenas de milhões de reais' para os Claro e funcionava mais como um intermediário, 'devendo ter contato com outros doleiros'.

Os valores por ele fornecidos vinham de comércios da região do Brás e da Rua 25 de Março e também de um doleiro de conhecido por 'davies'.

Ainda segundo a PF e a Procuradoria, 'com o passar dos anos, diante do aumento da demanda por dinheiro em espécie foi preciso que a organização criminosa obtivesse outra fonte.'

Foi então que 'Vini' passou a atuar no esquema. Ele cobrava 2% do montante gerado e, após a transferência, enviava em até dez dias um motoboy com o dinheiro em espécie.

Segundo a Polícia Federal, 'Vini' é filho do doleiro Sandor Paes de Figueiredo, e assim como o pai operava utilizando postos de combustível.

Gabriel revelou que os negócios com 'Vini' duraram até 2016 ou 2017.

A PF caracteriza 'Vini' como 'o grande doleiro do esquema criminoso sob investigação, com indícios de ser o controlador de dezenas de empresas utilizadas para câmbio fraudulento'. A PF destaca que ele, assim como Hélio, 'gerou centenas de milhões de reais' para os Claro.

'Jack' e Gabriel Claro se conheceram em 2012, em uma academia de ginástica no Shopping Market Place. O doleiro seria responsável por uma empresa de importação e venda de produtos na Rua 25 de Março. Ele acertou com o advogado uma 'articulação tributária' na qual o doleiro simulava a venda de mercadorias.

Segundo Gabriel, em oito meses as operações com 'Jack' alcançam a cifra de R$ 10 milhões.

Quando a operação Chorume foi deflagrada, a Cavo, líder do consórcio SOMA divulgou a seguinte nota: "A Cavo, líder do extinto consórcio Soma, informa que não tem conhecimento sobre a operação da Polícia Federal executada nesta terça-feira. Nenhum escritório da empresa foi alvo da ação".

A Operação Lava Jato no Rio abriu nesta quarta-feira (20), nova etapa de sua investigação contra doleiros. O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, decretou três prisões preventivas e uma temporária.

São alvo de mandado de custódia por tempo indeterminado Sergio Guaraciba Martins Reina, Nissim Chreim e Thania Nazli Battat Chreim para "garantia da ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal". O magistrado mandou prender temporariamente Jonathan Chahoud Chreim e autorizou buscas nos endereços residenciais e comerciais dos investigados.

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A nova fase da Lava Jato é um desdobramento da Operação Câmbio, Desligo. A reportagem está tentando contato com as defesas dos citados. O espaço está aberto para as manifestações.

Documentos entregues por delatores da Operação Câmbio, desligo mostram que 35 doleiros movimentaram milhões de dólares por meio de 260 offshores com contas abertas em 97 bancos espalhados por 29 países. As transações foram feitas por meio do sistema financeiro paralelo comandado por Dario Messer, considerado o "doleiro dos doleiros".

A reportagem teve acesso a parte da documentação entregue ao Ministério Público Federal (MPF) pelos doleiros Cláudio Barboza (Tony) e Vinícius Claret (Juca Bala), ambos funcionários de Messer. Como o material é parcial, não é possível mensurar o valor total que passou pelas offshores, mas, segundo o MPF, o grupo de doleiros teria movimentado US$ 1,6 bilhão entre 2007 e 2016.

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A Câmbio, desligo é um desdobramento da Lava Jato no Rio de Janeiro. A operação foi deflagrada em 3 maio e prendeu vários doleiros. Apontado como líder do esquema, Messer é considerado foragido da Justiça desde então.

"Os colaboradores Juca (Bala) e Tony funcionavam como verdadeira instituição financeira, fazendo a compensação de transações entre vários doleiros do Brasil", afirmaram os procuradores da República da força-tarefa da Lava Jato no Rio.

Segundo o MPF, ele atuava como um "doleiro dos doleiros, indicando clientes que necessitavam de dólares (compradores) e que necessitavam de reais".

A China lidera o ranking dos países com mais contas em nome de offshore utilizadas pelo grupo criminoso. Além de 42 contas sediadas na China, o MPF encontrou outras 59 em bancos sediados em Hong Kong, que é uma região administrativa chinesa. Dessas offshores, a maioria (24) mantinha contas no Hong Kong and Shangai Banking Corporation (HSBC) de Hong Kong. Outras 13 companhias eram beneficiárias de contas no Hang Seng Bank. A reportagem procurou a Embaixada da China, em Brasília, mas não obteve retorno.

Na segunda colocação está a Suíça, com 56 contas. Em terceiro lugar está os Estados Unidos, com 38 offshores com contas abertas em bancos do país. A reportagem procurou a Embaixada da Suíça, em Brasília, mas não obteve resposta. A reportagem também entrou em contato com o escritório de comunicação dos EUA para as Américas, mas não houve retorno até a conclusão desta edição.

Os dados revelam o potencial da Câmbio, desligo. Para se ter uma ideia, enquanto a Operação Lava Jato, iniciada em Curitiba, mirava quatro doleiros, a apuração da força-tarefa do Rio, apenas na primeira fase, avançou contra 35 deles que atuavam por meio de um sistema financeiro ilegal.

Nos bastidores, por causa do tamanho do esquema e dos personagens envolvidos, a Câmbio, desligo é considerada a maior investida contra doleiros desde o caso Banestado.

Nacionais. Entre os bancos com contas em nome de offshores utilizadas pelos doleiros estão dois brasileiros: o Itaú e o Bradesco. As offshores Amber Corp e Eternal Legend aparecem no material apresentado pelos delatores como beneficiárias de contas no Banco Itaú Europa. A primeira está atrelada ao doleiro Flávio Dib e a segunda aos irmãos Renato e Marcelo Chebar.

Por meio de nota, o Itaú informou que cumpre as regras de prevenção à lavagem de dinheiro em todos os países em que opera e que reporta às autoridades locais eventuais operações suspeitas.

No caso do Bradesco, são quatro empresas com contas na filial do banco em Luxemburgo. Uma delas, em nome de Ho Jung So, aparece ligada ao doleiro Chaaya Moghrabi. Outras duas, Karia Investments e Noryea Finance, são creditadas a Cláudio Sá de Freitas. A Southsea Estates, por sua vez, é citada como do doleiro Richard van Oterloo.

O Bradesco disse que não iria comentar o assunto.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos doleiros citados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma das maiores operações já montadas pela Lava Jato a incluir o Rio, a Operação "Câmbio, desligo", deflagrada nesta quinta-feira, 3, tendo como alvos 45 doleiros que operavam para o ex-governador Sérgio Cabral (MDB), prendeu também dois doleiros que trabalhavam para a JBS. Conhecidos pelos apelidos "Paco" e "Raul", eles foram capturados no Uruguai. Segundo a Procuradoria da República, foi montado pelo grupo de Cabral um "banco paralelo", que lavava dinheiro sujo no Brasil e no exterior, e que também foi utilizado pela Odebrecht.

Foi a maior investida contra a lavagem de dinheiro no País desde a do Banestado, afirmou o coordenador da Lava Jato no Rio, procurador Eduardo El Hage. "Os doleiros faziam a junção entre demanda de dólar no exterior e de real no Brasil. Precisavam ter uma rede complexa de financiadores, era tal qual um sistema bancário. Essas contas têm íntima relação com todo o ciclo da corrupção no Brasil. Juca e Tony (doleiros de Cabral) forneciam serviços para empreiteiras como a Odebrecht", explicou o procurador da República Rodrigo Timóteo.

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A operação contou com o apoio de autoridades uruguaias e mirou em doleiros que serviram no Brasil e no exterior ao esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas atribuído ao ex-governador. Segundo as investigações, foi movimentado mais de US$ 1,6 bilhão. Pelo menos US$ 100 milhões seriam de Cabral.

O procurador da República Stanley Valeriano pontuou que sem o esquema não teria sido possível ao grupo de Cabral movimentar tanto dinheiro de propina. "Não seria possível movimentar cifras tão altas se não fossem os doleiros. Eles dão suporte a várias outras atividades criminosas, possibilitam outros crimes de evasão se dividas, sonegação, tráfico de drogas."

Estão sendo cumpridos 45 mandados de prisão preventiva no Brasil contra doleiros e seis de prisão preventiva no exterior no Paraguai e Uruguai, além de quatro mandados de prisão temporária e 51 de busca e apreensão determinados pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio. As equipes desde cedo estão nas ruas nos Estados do Rio, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. A Interpol foi acionada para prisões na Alemanha (um alvo) e nos Estados Unidos (dois alvos).

A operação baseou-se na delação premiada dos doleiros de Cabral Vinícius Claret, o Juca Bala, e Cláudio Barboza, o Tony, que estão presos, assim como o ex-governador. Eles revelaram que a rede se utilizou de três mil off shores instaladas em 52 países.

Das três mil contas, boa parte delas não foi objetivo de repatriação do dinheiro, informou o superintendente da Receita, Luiz Henrique Casemiro. Conforme mostra fluxograma divulgado pela Procuradoria, Cabral está no centro do esquema, tendo seu operador Carlos Miranda a função de contatar os irmãos doleiros Renato e Marcelo Chebar (também delatores) e, estes, Juca e Tony.

A dupla operava com Dario Messer, o chamado "doleiro dos doleiros". Por circular na alta sociedade carioca, em especial em eventos da comunidade judaica, e entre celebridades, ele trazia clientes.

O fluxograma mostra também que os doleiros do Rio se relacionavam com os demais doleiros que tiveram a prisão decretada e que trabalham em São Paulo e demais Estados.

A necessidade de utilizar essa rede se deu pelo fato de o montante de dinheiro sujo ser grande demais, revelam as investigações. Messer está sendo procurado no exterior. Ele tem cidadania brasileira e paraguaia.

O sistema funcionava assim: o grupo de Cabral, segundo os delatores, entregava aos doleiros dinheiro sujo, em reais, no Brasil, e este era "transformado" em dólares limpos no exterior. No processo de branqueamento, os envolvidos ainda faziam pagamentos de boletos, compravam e vendiam cheques oriundos do comércio.

O juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, justificou assim as prisões: "A gravidade da prática criminosa de pessoas com alto padrão social que tentam burlar os trâmites legais não poderá jamais ser tratada com o mesmo rigor dirigido à prática criminosa comum".

Ele considera ainda que foi criado um sistema financeiro paralelo pela organização criminosa vinculada a Cabral.

Os atos supostamente praticados, acredita o juiz, "afetam toda a economia do País, pois há uma verdadeira rede de câmbio paralelo, movimentando soma de bilhões de dólares sem passar pelo trâmites legais. A impressão que se tem é que a apontada organização criminosa, cujas diversas ramificações estão ainda a ser escrutinadas, criaram um 'sistema financeiro paralelo' ao oficial, de forma a desrespeitar as normas existentes sobre a matéria e colocar em risco a credibilidade do sistema financeiro do Brasil perante instituições internacionais."

Bretas escreveu ainda: "Repise-se que muitos dos ora investigados já foram investigados ou denunciados no passado por delitos de mesma tipologia, todavia, isso não parece ter desestimulado a perpetuação da conduta".

Defesas

A defesa do ex-governador Sergio Cabral mandou nota sobre a operação de hoje: "A operação policial de hoje em nada afeta a defesa do ex-governador Sérgio Cabral, não se refere à sua pessoa e nem ao seu mandato."

Em nota, a Odebrecht afirma "que está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. Assinou Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador, Panamá e Guatemala. Implantou um sistema para prevenir, detectar e punir desvios ou crimes. E adotou modelo de gestão que valoriza não só a produtividade e a eficiência, mas também a ética, a integridade e a transparência."

A assessoria de imprensa da JBS afirmou que a Operação "Câmbio, Desligo" não traz nenhum fato novo envolvendo a empresa e que todas as denúncias envolvendo a JBS no âmbito da Operação constam no acordo de colaboração da holding J&F.

Na maior operação montada nos últimos 15 anos no Brasil para combater a lavagem de dinheiro, segundo a Procuradoria da República no Rio, 33 mandados de prisão contra doleiros foram cumpridos no País e no Uruguai. A Operação "Câmbio, desligo" foi deflagrada nesta quinta-feira, 3, e teve como alvos nomes envolvidos no esquema atribuído ao ex-governador Sergio Cabral (MDB). A PF não participou da divulgação dessa vez, o que causou estranhamento.

Foram 13 mandados cumpridos no Rio, oito em São Paulo, cinco no Rio Grande do Sul, dois em Minas e dois no Distrito Federal. Três pessoas foram presas no Uruguai. Um dos principais alvos, o doleiro Dario Messer, está sendo procurado no exterior. Ele tem cidadanias brasileira e paraguaia. Ainda restam 20 pessoas a serem presas.

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As investigações mostraram que os doleiros presos montaram uma rede complexa de crédito e débito de reais e débitos para lavar o dinheiro sujo de seus clientes. Entre eles, Cabral e as empresas JBS e Odebrecht, conforme já mostraram as investigações.

Possivelmente outros políticos e empresas serão implicados futuramente, disseram procuradores, uma vez que há "centenas" ou "milhares" de contas no exterior a serem identificadas. Segundo as investigações, foi movimentado mais de US$ 1,6 bilhão entre os anos de 2008 e 2017. Pelo menos cerca de US$ 100 milhões seriam de Cabral.

Os dois delatores do esquema, Vinicius Claret e Cláudio Barboza, serão soltos nesta quinta-feira. Eles ficaram presos por 1 ano e 2 meses e agora terão outras restrições de liberdade previstas no acordo que firmaram.

Os procuradores da República Eduardo El Hage, coordenador da Lava Jato no Rio, e Rodrigo Timóteo comentaram a ausência da PF na entrevista coletiva em que foram explicados os caminhos das investigações até os doleiros. A maior parte dessas entrevistas se dá no prédio da PF, na zona portuária do Rio; a desta quinta-feira foi na sede da Procuradoria, na mesma região central.

"Tivemos a colaboração da PF do Rio, SP, DF, RS e MG e a Receita Federal ajudando a analisar os dados. É um trabalho nosso em conjunto com todos eles. Não tem por que alfinetar (a PF). É a decisão de cada órgão. Tomamos a nossa. Cabe vocês perguntarem a eles", disse Timóteo aos jornalistas.

Surpreendido pela ausência - uma decisão da PF em Brasília, e não da superintendência no Rio - El Hage afirmou que as coletivas são como prestações de contas de servidores públicos à sociedade. A PF não explicou ainda por que não estava presente na divulgação dos resultados da operação.

Segundo El Hage, a "Câmbio, desligo" foi a maior contra lavagem de dinheiro desde a do Banestado, deflagrada em 2003, e que teve como alvo o doleiro Alberto Yousef. Dela se originam as investigações que culminaram na Lava Jato, iniciada em 2014.

Policiais federais fazem nesta quinta-feira (3) uma operação contra doleiros no Brasil e no Uruguai. Estão sendo cumpridos mandados de prisão preventiva e temporária no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Distrito Federal e no país vizinho. O esquema teria movimentado mais de 1,6 bilhão de dólares.

Segundo a Polícia Federal, estão sendo cumpridos 49 mandados de prisão preventiva, incluindo seis no exterior, além de quatro mandados de prisão temporária e 51 de busca e apreensão. Os mandados foram expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

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De acordo com o Ministério Público Federal, que também participa da chamada Operação Câmbio, Desligo, a ação visa desarticular um esquema de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e organização criminosa.

A operação conta com o apoio da Receita Federal e de autoridades uruguaias. Às 10h de hoje, na Procuradoria-Geral da República, no Rio de Janeiro, haverá entrevista sobre a operação desta quinta-feira.

Os doleiros Vinícius Claret e Cláudio Fernando Barbosa, ligados ao ex-governador Sérgio Cabral, serão extraditados do Uruguai para o Brasil. O Ministério da Justiça diz já ter solicitado duas vagas em presídios brasileiros para que eles cumpram prisões preventivas. Ambos são alvo da Operação Calicute, braço da Lava Jato no Rio, e são acusados de operacionalizar repasses ao peemedebista no exterior.

Vinícius Claret, conhecido como Juca Bala, e Cláudio Barbosa tiveram suas prisões decretadas pelo juiz da 7ª Vara Federal Marcelo Bretas. Eles foram presos no dia 3 de março pela Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal, em parceria com a Interpol e o Ministério Público do Uruguai.

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O Ministério Público Federal pediu a extradição dos doleiros.

Segundo o Ministério da Justiça, o "Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) foi autorizado pelo governo uruguaio a extraditar Vinícius Claret e Cláudio Fernando Barbosa".

A pasta ainda diz ter solicitado a "indicação de vaga em presídio brasileiro para custódia dos extraditandos, além de transmitir a informação à Interpol/PF para que providencie a logística de transporte".

No âmbito da Calicute, eles foram delatados pelos irmãos e também doleiros Renato e Marcelo Chebar. Os Chebar revelaram que, em 2007, com "o aumento do ingresso do volume de recursos no esquema Cabral, tiveram de adquirir dólares no mercado paralelo".

"As operações com os clientes do IDB/NY (Israel Discount Bank of New York) já não eram mais suficientes", disseram. Acionaram, então, "um doleiro de apelido 'Juca'", referência a Juca Bala.

Apesar de não identificar o doleiro "Juca" ou "Juca Bala", os delatores afirmaram que "ele é brasileiro que mora no Uruguai, mas que tem uma 'estrutura' no Rio para movimentar o dinheiro ilícito".

Os delatores afirmaram que só falavam com o doleiro através do programa de mensagens Messenger, usando um sistema de criptografia. Segundo os irmãos Chebar, o ex-governador do Rio tem US$ 100 milhões escondidos no exterior.

Em uma operação com autoridades uruguaias, a Polícia Federal prendeu nessa sexta-feira (3) os empresários Vinicius Claret Vieira Barreto – também conhecido como “Juca Bala”– e Cláudio Fernando Barbosa. Eles foram apontados como doleiros do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro montado pelo ex-governador Sérgio Cabral, que está preso no Rio de Janeiro. Os mandados de prisão foram assinados pelo juiz Marcelo Bretas, da 7º Vara Federal Criminal, no âmbito da Operação Calicute, a pedido da força tarefa da Operação Lava Jato.

Morando em Punta del Este, Claret foi citado pelos irmãos Renato e Marcelo Chebar como responsável por trocar por dólares uma parte do dinheiro de propina recebido pelo ex-governador, a partir de 2007. O contato era feito pela internet.

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As revelações foram feitas pelos irmãos Chebar, que fizeram acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e contaram detalhes do esquema que identificou mais R$ 300 milhões ilegais no exterior. Agora detidos, a expectativa é de que Vinicius Claret e Cláudio Barbosa revelem outra parte do esquema. Ambos devem ser extraditados ao Brasil nos próximos dias.

Em janeiro, o procurador responsável pela Lava Jato no Rio, Leonardo Freitas, afirmou que o esquema de Cabral era “um oceano ainda não completamente mapeado” e que todos os contratos firmados na gestão do peemedebista deveriam ser investigados.

O Ministério Público de São Paulo solicitou ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato na 1ª instância, compartilhamento de provas sobre doleiros e operadores do mercado paralelo de câmbio investigados no início da apuração. A Promotoria quer acesso a documentos de uma ação penal, três quebras de sigilo de dados e telefônicos e uma busca e apreensão.

A solicitação foi feita pelo promotor de Justiça Otávio Ferreira Garcia, da Promotoria do Patrimônio Público e Social da Capital. O primeiro pedido do Ministério Público paulista foi feito em março deste ano. O segundo foi reiterado no dia 25 de julho.

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A primeira parte da investigação da Lava Jato mirou em quatro grupos liderados por doleiros que atuavam no País e no exterior. A partir desta apuração, o Ministério Público Federal recolheu provas do esquema de corrupção e propinas instalado na Petrobras entre 2004 e 2014.

Grandes empreiteiras organizadas em cartel pagavam propina para altos executivos da estatal e agentes públicos. O valor da propina variava de 1% a 5% do montante total de contratos bilionários superfaturados. Segundo a força-tarefa da Lava Jato, o suborno era distribuído por meio de operadores financeiros do esquema, incluindo doleiros investigados na primeira etapa de investigação da operação.

A ação penal que quer acesso o Ministério Público de São Paulo tem como alvo o doleiro Raul Henrique Srour, seus filhos Rodrigo e Rafael Srour, Maria Lucia Ramires Cardena, pessoa de confiança de Raul, segundo a Procuradoria, e Valmir José de Franca, funcionário de Raul. As acusações se referem a crime contra o sistema financeiro e à lavagem de dinheiro.

O criminalista Luiz Fernando Pacheco, que defende João Roberto Zaniboni, disse que o ex-diretor da CPTM "usou doleiros (para transferir os valores para a Suíça) dos quais não lembra o nome". Segundo o advogado, Zaniboni "não chegou nem a ter contato direto com eles (doleiros) e desconhece o nome de suas contas".

Pacheco afirma que uma filha de Zaniboni já repatriou todos os ativos de Nova York para o Brasil e providenciou a retificação da declaração de Imposto de Renda. O criminalista rechaça com veemência a suspeita do Ministério Público de que o dinheiro na conta Milmar tem origem em corrupção. "Zaniboni é um técnico especializado em transporte ferroviário, um profissional exemplar há 40 anos." O escritório de Marco Antonio Cursini não atendeu ligações da reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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