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Os empregados da Eletronuclear decidiram dar trégua de uma semana para que a diretoria da empresa discuta o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) da categoria, depois de rejeitar a oferta de reajuste salarial de 80% do IPCA e convocar uma greve de 24 horas para esta terça-feira.

De acordo com o coordenador do Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE), Emanuel Mendes, o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, se comprometeu a negociar pessoalmente com a Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) um acordo para a categoria.

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"Cancelamos a greve, levando em consideração a solicitação do presidente da Eletronuclear, que pediu uma semana de trégua para negociar com a Sest", informou Mendes ao Broadcast Energia, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Separada da Eletrobras com a privatização realizada em junho, a Eletronuclear, assim como a usina hidrelétrica binacional de Itaipu e alguns programas governamentais, passaram a ser controladas pela ENBPar, estatal que ainda não está estruturada para cumprir a sua função, segundo Mendes.

Enquanto a ENBPar não assume suas funções, a negociação salarial dos empregados da Eletronuclear ficou a cargo da Sest, que ofereceu reajuste de 80% do IPCA, enquanto os empregados da Eletrobras, já privatizada, vão receber 100% do IPCA.

A Eletronuclear é responsável pela construção da usina nuclear Angra 3, cujas obras devem ser retomadas em setembro. A previsão é de que o empreendimento de 1,4 gigawatts (GW), iniciado na década de 1980, entre em operação em fevereiro de 2028.

A Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras responsável pela operação das usinas em Angra dos Reis (RJ), mantém suas operações normalmente após as fortes chuvas que caíram sobre a região da Costa Verde, no estado Rio de Janeiro. Segundo nota divulgada nesta tarde (3), não há comprometimento do plano de emergência externo, documento que fixa os procedimentos de evacuação em caso de necessidade.

Na hipótese de um acidente nuclear, todos os moradores em um raio de 5 km das usinas precisariam deixar suas casas. O plano de emergência externo prevê que eles sejam levados para abrigos situados a, pelo menos, 15 km de distância.

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Para a Eletronuclear, não há riscos. Segundo o órgão, as usinas Angra 1 e Angra 2 estão funcionando normalmente em sua plena capacidade e, mesmo que houvesse um acidente considerado improvável, o plano de emergência externo poderia ser implementado integralmente.

A preocupação em torno da viabilidade de se fazer uma eventual evacuação de moradores foi manifestada mais cedo pelo prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão. Pelas redes sociais, ele informou que solicitaria ao governo federal o desligamento temporário das usinas nucleares, uma vez que havia diversas obstruções na rodovia federal BR-101, em decorrência do temporal. "Estamos ilhados! Em caso de necessidade, não teremos como colocar em prática o plano de emergência", explicou.

Chuvas causam mortes

As chuvas que atingiram o estado do Rio de Janeiro desde a noite de sexta-feira (1º) deixaram ao menos 15 mortos. Os bombeiros ainda buscam desaparecidos. A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é de mais chuva até amanhã pela manhã (4).

Só em Angra dos Reis, já foram confirmados oito óbitos e outros seis foram registrados em Paraty. Ambas as cidades se situam na Costa Verde, região litorânea do sul do estado, onde foi sentido o maior  impacto das chuvas das últimas horas.

A BR-101, rodovia que dá acesso a esses municípios, foi bastante afetada. Segundo informou no início da tarde a Defesa Civil Nacional, há 23 pontos interditados devido a quedas de árvores e deslizamentos de terra. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) alerta que há muita instabilidade entre Mangaratiba (RJ) e Ubatuba (SP). "A orientação é de não acessar mais a rodovia, pois o trecho só chegará perto de ser normalizado dentro de alguns dias", alertou o órgão em suas redes sociais.

A Eletronuclear, no entanto, assegura que as obstruções verificadas na BR-101 estão fora das zonas de planejamento de emergência previstas no plano de emergência externo. Na nota divulgada, o órgão também diz que os abrigos preparados para receber moradores em um eventual acidente não sofreram impactos com o temporal. "A ação poderia ser realizada com total eficácia", acrescenta o texto.

A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), órgão regulador e fiscalizador do setor nuclear brasileiro, também emitiu uma nota avaliando a questão. “Apesar da situação decorrente das condições meteorológicas na região de Angra dos Reis, até o presente momento não há comprometimento das vias de acesso do entorno da central que pudessem impactar na execução do plano de emergência”, diz o texto.

O Tribunal Regional Federal da 2ª Região decidiu reduzir a pena imposta ao ex-presidente da Eletronuclear, vice-almirante Othon Pinheiro, condenado na Operação Lava Jato por crimes relativos à construção da usina nuclear Angra 3. Inicialmente sentenciado a 43 anos de prisão, ele foi condenado, em segunda instância, a 4 anos e 10 meses de reclusão. 

No julgamento da apelação criminal, a Primeira Turma Especializada manteve a condenação pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de capitais. A pena também determinou o pagamento de 75 dias-multa, no valor de meio salário-mínimo cada, sendo a pena de reclusão substituída por duas penas restritivas de direito. 

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O colegiado deu parcial provimento para absolvê-lo da prática de obstrução à investigação criminosa, e do respectivo crime de pertencimento a organização criminosa, e absolvê-lo da acusação de crime de evasão de divisas combinado com lavagem de ativos, no que se refere à manutenção de conta no exterior. 

Também decidiu absolvê-lo da acusação de dois delitos de corrupção ativa em todos os casos; afastar a continuidade delitiva quanto ao crime de lavagem de dinheiro; e reduzir a pena total a ser cumprida em regime aberto e substituída por duas penas restritivas de direito. 

Lava Jato Alvo da 16ª fase da Operação Lava Jato, Othon foi preso em julho de 2015, pela Polícia Federal (PF), suspeito de ter recebido cerca de R$ 4,5 milhões de propina do consórcio vencedor da licitação para a montagem de Angra 3, segundo o Ministério Público Federal (MPF). 

De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, o consórcio formado pelas empresas Camargo Corrêa, UTC, Andrade Gutierrez, Odebrecht, EBE e Queiroz Galvão repassava recursos para empresas intermediárias, que encaminhavam a propina para Othon. 

A condenação dele em primeira instância foi decidida pela juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, especializada em casos da Lava Jato no Rio de Janeiro.

O projeto de construção de uma usina nuclear em Itacuruba (PE) será debatido nesta segunda-feira (20), a partir das 14h, em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado.

O requerimento para a realização da audiência, interativa e remota, foi feito pelo presidente da Comissão, senador Humberto Costa (PT-PE).

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Em 2011, um estudo da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, apontou a região de Itacuruba, no sertão pernambucano, como possível sítio para uma nova central nuclear, devido à baixa densidade populacional e à proximidade do rio São Francisco, cujas águas seriam usadas para resfriar os reatores. O plano voltou a ser defendido recentemente pelo governo federal, em meio à busca de alternativas para a crise energética. Os opositores ao projeto da usina temem prejuízos a comunidades indígenas e quilombolas da região, além de danos ambientais.

A Procuradoria-Geral da República ajuizou no Supremo Tribunal Federal uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 6897) contra um artigo da Constituição do Estado de Pernambuco, que veda a instalação de usinas nucleares no território estadual.

Os convidados da audiência são:

Vânia Fialho, antropóloga, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e membro do Comitê Povos Tradicionais, Meio Ambiente e Grandes Projetos da Associação Brasileira de Antropologia (ABA);

Isaltino Nascimento, deputado estadual (PSB-PE);

Hélio Lúcio Dantas da Silva, procurador-geral da Assembleia Legislativa de Pernambuco;

Dom Limacêdo Antonio, bispo auxiliar de Olinda e Recife e presidente da Comissão Regional para Ação Sociotransformadora da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil);

José Júnior Karajá, assessor do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Nordeste e membro do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental.

*Da Agência Senado

 

 

 

A Usina Nuclear Angra 1 foi reconectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) nesta terça, 18, à 1h55, após parada para reabastecimento, informou a Eletronuclear. A volta foi antecipada em três dias, depois de um acordo com o Operador Nacional do Sistema (ONS).

A usina vai atingir 100% da sua potência (640 MW) na sexta-feira, 21. De acordo com o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, a volta da operação de Angra 1 é especialmente importante no momento atual, em que o País enfrenta uma crise hidrológica grave.

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"Estamos entrando no período seco, que vai até novembro. Isso significa que a tendência é contarmos ainda menos com as hidrelétricas no futuro próximo. Nesse contexto, a geração de Angra 1 será fundamental para garantir segurança de abastecimento ao SIN", avalia Guimarães.

O Brasil está enfrentando a pior seca dos últimos 91 anos e vem ligando praticamente todas as térmicas disponíveis.

A unidade foi desligada no dia 16 de abril para a troca de um terço do combustível. Também foram realizadas inspeção e manutenção periódicas, além de modificações no projeto (extensão da vida útil), que precisam ser feitas com a usina desligada, disse a estatal subsidiária da Eletrobrás. Quase três mil tarefas foram executadas durante o período.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A força-tarefa da Lava Jato pediu o sequestro de R$ 207.878.147,18 em bens dos alvos da Operação Fiat Lux, aberta na manhã desta quinta-feira (25), para apurar desvios de recursos e pagamento de propinas em contratos da Eletronuclear. O valor corresponde a danos materiais e morais causados pelos envolvidos, diz a Procuradoria.

Entre os alvos do novo desdobramento da Lava Jato no Rio estão o ex-ministro Minas e Energia Silas Rondeau (MDB) - do governo Lula (2005-2007) - e o ex-deputado federal Aníbal Gomes, além de empresários e ex-executivos da Eletronuclear e pessoas envolvidas na lavagem de ativos.

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A ofensiva da Lava Jato nesta manhã tem como base a colaboração premiada de dois lobistas ligados ao MDB, Jorge Luz e Bruno Luz, que foram presos em 2017 na Operação Blackout, 38ª fase da Lava Jato.

Segundo a Procuradoria, nas delações foi elucidado o pagamento de vantagens indevidas em pelo menos seis contratos firmados pela Eletronuclear. Os recursos eram desviados por meio de subcontratação fictícia de empresas de serviços e offshores, que por sua vez distribuíam os valores entre os investigados.

Parte do esquema operou com empresas sediadas no Canadá, França e Dinamarca, razão pela qual o Ministério Público Federal solicitou a cooperação internacional e irá compartilhar o material da investigação com o Ministério Público destes países.

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta quinta-feira (25), a Operação Fiat Lux, novo desdobramento da Lava Jato no Rio, que mira em responsáveis por contratos fraudulentos e pagamento de propina na Eletronuclear. Entre os alvos da investigação está o ex-ministro Minas e Energia Silas Rondeau (MDB), do governo Lula (2005-2007).

Agentes cumprem 17 mandados de busca e apreensão e 12 de prisão temporária nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e no Distrito Federal. No Rio, as atividades são realizadas na capital, em Niterói e em Petrópolis. As ordens foram expedidas pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.

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A corporação indicou ainda que a operação teve como base a colaboração premiada de dois lobistas ligados ao MDB, Jorge Luz e Bruno Luz, que foram presos em 2017 na Operação Blackout, 38ª fase da Lava Jato, por ordem do ex-juiz Sério Moro, à época na 13ª Vara Federal de Curitiba.

Em depoimento prestado em 2017, Jorge Luz revelou ter intermediado R$ 11,5 milhões em propinas a parlamentares do MDB. No mesmo ano, apresentou à 13ª Vara federal de Curitiba uma planilha com nomes de supostos beneficiários de parte dos repasses que fez por meio do uso de offshores no exterior, identificando US$ 418 mil remetidos a Renan Calheiros (PMDB-AL), Jader Barbalho (PMDB-PA), Silas Rondeau, e Aníbal Gomes (PMDB-CE).

Segundo a PF, a Fiat Lux mira em pessoas que não foram abrangidas por operações deflagradas para investigar "envolvidos na organização criminosa que sitiou a Eletronuclear", entre elas a Radioatividade, a Irmandade e a Prypiat. Assim, a Fiat Lux tem como origem uma das primeiras fases da Lava Jato (16ª), a Descontaminação, que prendeu e condenou a 43 anos o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear.

Com receio de que o Sertão pernambucano possa ser território para a instalação de usinas nucleares nos próximos anos, a Articulação Sertão Antinuclear organiza uma caminhada neste sábado (15), a partir das 5h, em oposição ao projeto nuclear do governo federal.

 O percurso do protesto tem início no município de Mirandiba, passando por Carnaubeira da Penha e Floresta, até chegar em Itacuruba, todas cidades do Sertão de PE. No domingo (16) será realizado um grande ato contra a instalação da usina nuclear, em frente à Igreja Matriz Nossa Senhora do Ó, a partir das 8 horas.

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A Articulação Sertão Antinuclear é composta por diversas comunidades e povos tradicionais da região, além de organizações e movimentos sociais que lutam em defesa dos territórios locais e seus costumes. O grupo é contra a possibilidade da construção de usinas nucleares na cidade de Itacuruba, distante há quase 500 quilômetros do Recife, às margens do rio São Francisco.

Trecho marcado em vermelho sinaliza a área da cidade de Itacuruba, no Sertão de Pernambuco. Foto: Google Maps

Um estudo feito pela empresa Eletronuclear havia indicado um potencial para construção de até 6,6 mil megawatts (MW) de usinas nucleares na cidade. Cada usina teria investimento mínimo de R$ 30 bilhões. A secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME) informou que o Plano Nacional de Energia 2030, em elaboração pelo MME e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), deve indicar a construção de novas usinas nucleares no Brasil, além de Angra 3. 

Cláudia Leal é uma das organizadoras da "caminhada antinuclear" e destaca que os sertanejos precisam abrir os olhos e lutar contra a implantação desse empreendimento. "As pessoas precisam entender que isso não traz benefícios nenhum para a população local. Nós temos muito sol, vento e outras fontes para a produção de energia limpa. Esse projeto não vai edificar a cidade como o prefeito da cidade diz por aí. Um exemplo simples é que não temos mão de obra qualificada para atuar nesse ramo e por isso nenhum trabalhador daqui seria contratado", explicou a integrante da Associação Provida. A reportagem telefonou para o gabinete do prefeito de Itacuruba mas não as ligações não foram atendidas.

Um dos pontos levantados pelo padre Luciano Aguiar, que reside em Floresta, cidade também localizada no Sertão de Pernambuco é que o risco da usina nuclear é muito grande. "Se acontecer algum acidente o impacto atingirá Pernambuco inteiro, além dos efeitos radioativos graves. Não queremos isso aqui, esse empreendimento é politicagem e manutenção de royalties. A última coisa que queremos é um desastre ambiental e a retirada das nossas comunidades ribeirinhas de suas moradias", avaliou o religioso, que também participará da caminhada. 

Segundo o censo 2013 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Itacuruba possui uma população de 4 643 habitantes, sendo o segundo menor município em população do Estado, atrás apenas de Ingazeira. No município de Itacuruba estão inseridos três povos tradicionais, sendo eles a comunidade quilombola de Poço dos Cavalos, a comunidade quilombola Negos do Gilu, e o povo indígena Pankará, da Aldeia do Serrote dos Campos.

No site da Eletrobras (Eletronuclear) um texto sobre o empreendimento aponta o Nordeste como prioridade na construção das novas usinas. "O Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030) estabeleceu que o Brasil precisará expandir a oferta de energia nuclear em mais 4 mil megawatts (MW) até o final do período. Desse total, 2 mil MW estão previstos para o Nordeste e mais 2 mil MW, para o Sudeste. Com base nesse planejamento, a Eletrobras Eletronuclear deu início à seleção de locais candidatos para abrigar as futuras centrais nucleares nacionais", diz trecho do documento.

A empresa argumenta que utilizou técnicas de sistemas de informação geográfica, mapeou as regiões a partir de imagens de satélites e utilizou dados sobre meteorologia, sísmica, população e possíveis fontes de água existentes nos locais pesquisados que poderiam ser usadas para refrigeração do reator.

Simulação de central nuclear com seis reatores que poderá ser construída. Foto: Eletronuclear

Apesar de não existir uma negociação sólida e transparente por parte do governo federal e a gestão local, os sertanejos se antecipam e se unem para mobilizar a sociedade civil do risco de uma usina nuclear para o desenvolvimento energético do país. 

"Não sabemos em que pé anda a proposta oficial. Mas a gente tem consciência de que o prefeito quer essa usina aqui e busca apoio de deputados de Pernambuco para tocar o projeto. Mas eles não se preocupam com a vida pacata da cidade, essas pessoas precisam da água para se manter e qual a segurança que teremos com uma usina nuclear? E para onde vão os resíduos disso? Como será a vida dos ribeirinhos, quilombolas e ingígenas?", questionou Cláudia, que apontou o desastre de Chernobil como principal motivação para ser contra o empreendimento. 

O acidente nuclear citado foi catastrófico e aconteceu entre 25 e 26 de abril de 1986 no reator nuclear nº 4 da Usina Nuclear de Chernobil, perto da cidade de Pripyat, no norte da Ucrânia Soviética.

Qual o custo-benefício do projeto?

O físico e especialista em energias Heitor Scalambrini aponta que o maior risco de uma usina nuclear é o vazameno de material radioativo do interior para o exterior. "Quem faz pesquisas na área sabe que é difícil acontecer esse tipo de vazamento, mas como toda obra de engenharia não existe o risco zero. O alerta da população sertaneja é preventivo para evitar um dos piores desastres que podem acontecer na superfície terrestre", explicou o pesquisador e professor da Universidade Federal de Pernambuco. 

 Para ele, a proposta de instalação nas margens do Rio São Francisco é muito perigosa por todo potencial que o velho chico oferece ao Brasil. "O rio serve a mais de 20 milhões de pessoas, 600 município e seis estados. Um desastre poderia acabar com o nordestino", disse. Scalambrini também citou que a tendência mundial é não utilizar a energia nuclear pelo risco e alto custo. 

O professor destacou que países como a Alemanha e Itália já deram grandes passos para não utilizar essa fonte energética. "O Brasil não precisa das usinas nucleares para garantir a segurança energética da população. Para se ter uma ideia , hoje temos duas usinas nesse sentido no país e elas são responsáveis por menos de 1% do que geramos no país. É ínfimo e o custo não se sustenta", criticou Heitor Scalambrini. 

Em 32 anos de operação, a Itaipu Binacional é líder mundial em produção de energia limpa e renovável. Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, fornece cerca de 17% da energia consumida no Brasil e 75% no Paraguai. Fotos Públicas/Divulgação

A legislação estadual veda a instalação de usina do tipo. De acordo com o atigo 216 da constituição pernambucana "fica proibida a instalação de usinas nucleares no território do Estado de Pernambuco enquanto não se esgotar toda a capacidade de produzir energia hidrelétrica e oriunda de outras fontes", trecho retirado do documento de acesso público.

O Brasil possuí 12% da água doce superficial da Terra, tornando-se o país com uma das maiores redes fluviais, contando com 12 bacias hidrográficas. As cinco principais usinas hidrelétricas são Usina Hidrelétrica de Itaipu (Paraná) , Usina Hidrelétrica de Belo Monte (Pará), Usina Hidrelétrica São Luíz do Tapajós (Pará) e Usina Hidrelétrica de Tucuruí (Pará) e Usina Hidrelétrica de Santo Antônio (Rondônia). Juntas são responsáveis por produzir cerca de 70% da energia disponível para consumo no Brasil, ou seja, é a principal geradora de energia no país. 

"Aqui não precisamos de usinas nucleares, temos outras fontes menos poluentes e que produzem menos riscos. Um ponto importante que a população saiba é que além dos riscos sociais e ambientais, investir na usina nuclear vai aumentar ainda mais a conta de energia do brasileiro. É caminhar na contramão", concluiu o pesquisador.  

A Eletronuclear está em vias de entrar em colapso financeiro, uma crise que já resulta em uma série de calotes milionários a fornecedores e agora ameaça paralisar as operações das usinas nucleares de Angra 1 e 2, no Rio de Janeiro. Completamente endividada, a estatal controlada pela Eletrobrás está sem recursos para comprar, inclusive, o insumo básico para seu funcionamento: as pastilhas de urânio usadas como combustível na geração de energia.

Quem reconhece e detalha o drama em que se meteu a única operação nuclear do País é o próprio presidente interino da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães. O Estado teve acesso a uma carta enviada na semana passada pelo chefe da estatal à diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No documento, Guimarães explica a "grave situação econômico-financeira" da empresa e deixa claro que, se nada for feito, "as usinas nucleares brasileiras terão sua geração elétrica interrompida em 2019".

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A origem da crise está nos custos bilionários atrelados às obras da polêmica usina de Angra 3, um projeto que já consumiu R$ 7 bilhões e hoje, mesmo paralisado e sem perspectiva de conclusão, passou a produzir novas dívidas milionárias todo mês, consumindo recursos das duas usinas que já funcionam no complexo de Angra.

O calote da Eletronuclear com fornecedores não envolvidos com a Operação Lava Jato, ou seja, empresas que efetivamente têm direito a receber por serviços prestados, chega a cerca de R$ 50 milhões, conta que ainda não inclui os gastos com a compra de urânio.

Guimarães afirma que "essa situação, que já era crítica, veio a ser agravada severamente", porque o BNDES decidiu não renovar, em outubro, uma cláusula contratual de financiamento que amenizava as parcelas de seu empréstimo, o qual chega a um valor total de R$ 2,65 bilhões já liberados para a estatal. Com essa mudança, o pagamento saltou de R$ 7 milhões para R$ 30 milhões por mês, o que representa aproximadamente 12% da receita bruta mensal recebida pela geração elétrica de Angra 1 e 2.

A cobrança derrubou o caixa e comprometeu os pagamentos que a Eletronuclear faria em outubro, novembro e dezembro para a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), estatal que produz o combustível das usinas de Angra. O resultado é que hoje a INB cobra uma fatura atrasada que chega a R$ 74 milhões, referente a combustível já entregue para as turbinas das usinas. Essa dívida foi confirmada à reportagem pela INB.

Agravamento. O presidente interino da Eletronuclear admite que a situação pode se agravar, caso a Caixa, que já emprestou outros R$ 2,92 bilhões para a estatal usar em Angra 3, decida executar seu contrato a partir de julho de 2018, com cobranças mensais de R$ 25 milhões.

Para evitar a cobrança, a diretoria da Eletronuclear enviou uma carta à Caixa para pedir um aditamento ao contrato, alterando a data de início dos pagamentos para cinco anos após o saque da primeira parcela.

O cobertor curto faz com que a Eletronuclear tenha de escolher o que pode pagar. Neste último trimestre, ao quitar a conta do BNDES, teve de ignorar diversos fornecedores. Parte do combustível das usinas fornecido pela INB já foi comprada para o ano que vem, mas presidência da estatal deixa claro que, se nada for feito, "as usinas nucleares brasileiras terão sua geração elétrica interrompida em 2019".

De forma categórica, a empresa culpa Angra 3 pelo caos financeiro. "Os problemas enfrentados pela Eletronuclear se devem e exclusivamente aos passivos decorrentes de Angra 3. A empresa, se limitada a Angra 1 e Angra 2, teria muito boa saúde financeira sem nenhuma ameaça à sua continuidade operacional", diz Guimarães. Reportagem publicada pelo Estado em junho revelou que estudos do governo apontam que seria necessário injetar mais R$ 17 bilhões para concluir Angra 3, usina que está com 58% de seu projeto executado. Desistir dela, por outro lado, custaria R$ 12 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Eletrobras e a russa Rosatom assinaram um memorando de entendimento para promover a cooperação no campo da energia nuclear, incluindo construção de novas usinas no Brasil e suporte durante todo seu ciclo de vida (operação, manutenção e descomissionamento).

O documento foi assinado na segunda-feira, 27, pelo vice-diretor geral de Desenvolvimento e Negócios Internacionais da Rosatom, Kirill Komarov, pelo presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, e pelo presidente interino da Eletronuclear, Leonam dos Santos Guimarães.

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"Este memorando de entendimento vai promover uma cooperação mútua no uso pacífico da energia nuclear", disse a Eletrobras em nota nesta terça-feira, 28.

Também estão contemplados no acordo a gestão do combustível nuclear, o prolongamento da vida útil das usinas nucleares existentes no País (Angra 1 e Angra 2), educação e treinamento dos profissionais brasileiros que trabalham no setor e o fortalecimento do conhecimento público sobre o programa nuclear brasileiro.

A parceria entre ambos os países no setor é regulada pelo acordo de cooperação entre os governos da Federação Russa e do Brasil no uso pacífico da energia nuclear, de 15 de setembro de 1994, informou a Eletrobras.

O Brasil possui duas usinas nucleares em operação e uma em construção. Angra 1 começou a operar em 1985 e tem capacidade instalada de 640 megawatts (MW). Angra 2 entrou em operação em 2001, com capacidade instalada de 1.350 MW. Angra 3, gêmea de Angra 2, teve sua construção interrompida após a obra entrar no rol de investigações da operação Lava Jato.

A energia elétrica gerada pelas duas usinas em funcionamento correspondem a cerca de 3% do total gerado pelo País, atendendo cerca de 3 milhões de habitantes.

A 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região revogou a prisão preventiva decretada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal Federal, e concedeu habeas corpus ao ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro, condenado a 43 anos de prisão. Preso em julho de 2015, foi para o regime aberto em dezembro, mas voltou a ser preso em julho de 2016 pela PF durante a Operação Pripyat acusado de continuar a exercer influência na Eletronuclear.

O juiz da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, condenou o ex-presidente da Eletronuclear em agosto de 2016 a 43 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, embaraço a investigações, evasão de divisas e organização criminosa.

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Othon foi acusado pelo Ministério Público Federal de cobrar propina em contratos com as empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix.

Ele foi um dos alvos da 16.ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Radioatividade, que avançou sobre irregularidades em contratos no setor elétrico e chegou a ser preso em julho de 2015 e posto em regime aberto em dezembro do mesmo ano. Othon voltou a ser preso pela PF em julho de 2016, no âmbito da Operação Pripyat.

Em nota, o advogado Fernando Augusto Fernandes, que defende o almirante Othon Luiz Pinheiro, afirmou: "Entendo a ordem de habeas corpus como um ato de justiça e humanidade".

Dois investigados da Operação Pripyat, desdobramento da Lava Jato no Rio, pediram ao juiz federal Marcelo Bretas que estendesse o prazo para responder à denúncia do Ministério Público Federal.

A alegação das defesas do ex-diretor de Administração e Finanças da Eletronuclear Edno Negrini e do ex-diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente Persio Jordani, denunciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa pelo Ministério Público Federal, se voltou para o recesso do Judiciário durante a Olimpíada do Rio.

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Marcelo Bretas negou o pedido e alegou que os investigados respondem a processo eletrônico. "O réu Edno Negrini foi citado no dia 4 de agosto de 2016, primeiro dia do recesso em virtude da Olimpíada. Por conseguinte, o prazo para a resposta à acusação somente se iniciou nesta terça-feira, dia 23 de agosto de 2016. Ademais, durante todo o período do recesso (19 dias), os autos, por serem eletrônicos, estavam disponíveis, na sua integralidade, às partes e aos seus advogados. Note-se ainda que o novo Código de Processo Civil ressalva, no parágrafo 2º, a hipótese de prazo em dobro justamente nos processos em autos eletrônicos. Assim, indefiro o pedido de aplicação do prazo em dobro, e o consequente pedido de restituição do prazo, por absoluta inapropriedade", afirmou.

A Pripyat revelou que parte da propina distribuída no alto escalão da Eletronuclear foi dividida entre o ex-presidente da estatal Othon Luiz Pinheiro da Silva (1% ou R$ 12 milhões) e cinco ex-dirigentes.

A investigação aponta que dividiram 1,2% do valor total da obra de R$ 1,2 bilhão o ex-diretor técnico Luiz Soares (0,3%), ex-diretor de Administração e Finanças Edno Negrini (0,3%), ex-diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente Persio Jordani (0,2%), ex-superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos Luiz Messias (0,2%) e ex-superintendente de Construção José Eduardo Costa Mattos (0,2%).

O juiz da Pripyat respondeu ao pedido de Pérsio Jordani da mesma forma. "O réu Pérsio José Gomes Jordani foi citado no dia 8 de agosto de 2016, durante o recesso em virtude da Olimpíada. Por conseguinte, o prazo para a resposta à acusação somente se iniciou no dia 23 de agosto de 2016. Ademais, durante todo o período do recesso (19 dias) os autos, por serem eletrônicos, estavam disponíveis, na sua integralidade, às partes e aos seus advogados. Assim, indefiro a prorrogação do prazo, por absoluta inapropriedade."

Segundo o Ministério Público Federal, foram pagos pelo menos R$ 3,6 milhões a Edno Negrini e R$ 2,4 milhões a Persio Jordani em propina pela Andrade Gutierrez. A denúncia da Operação Pripyat aponta que "para distribuição da propina, foi criada uma verdadeira contabilidade pela construtora Andrade Gutierrez, entre 2008 e 2014, com sistemático pagamento de vantagens aos envolvidos na organização criminosa".

O juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, condenou na quarta-feira, 3, o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva a 43 anos de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, embaraço a investigações, evasão de divisas e organização criminosa. Outros 12 réus também foram condenados na ação penal, que investiga crimes cometidos na construção da usina nuclear de Angra 3.

Othon foi acusado pelo Ministério Público Federal de cobrar propina em contratos com as empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix. Ele foi um dos alvos da 16ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Radioatividade, que avançou sobre irregularidades em contratos no setor elétrico. Preso em julho do ano passado, foi para o regime aberto em dezembro, mas voltou a ser preso no mês passado pela PF durante a Operação Pripyat acusado de continuar a exercer influência na Eletronuclear.

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"O condenado abriu mão de sua honrada história para praticar, já na fase derradeira de sua vida profissional, atos de lavagem de capitais, falseando contratos comerciais, possivelmente para garantir uma aposentadoria mais confortável", escreveu Bretas na sentença.

A filha de Othon, Ana Cristina da Silva Toniolo, também foi condenada e deve cumprir pena de 14 anos e 10 meses de reclusão em regime fechado, além de pagar multa.

Segundo a Procuradoria, os pagamentos de propina a Othon foram realizados por meio de empresas intermediárias para a Aratec Engenharia, controlada pelo vice-almirante e por sua filha. A investigação rastreou ao menos R$ 4,5 milhões em uma conta da Aratec.

Empresários

Também condenados, executivos da Andrade Gutierrez tiveram suas penas reduzidas após fecharem acordos de delação premiada. O presidente afastado da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, por exemplo, teve perdão de 15 anos. Ele foi condenado a sete anos e quatro meses de reclusão. Para Flávio Barra, diretor da empreiteira, a pena definida foi de seis anos e 10 meses. Sem a delação teria de cumprir 20 anos e 6 meses.

Um dos sócios da construtora Engevix, o engenheiro José Antunes Sobrinho, teve a segunda maior pena, de 21 anos e 10 meses. Cristiano Kok, também da Engevix, foi absolvido por falta de provas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A denúncia da Operação Pripyat, que acusa formalmente ex-dirigentes da Eletronuclear por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, aponta que "para distribuição da propina, foi criada uma verdadeira contabilidade pela construtora Andrade Gutierrez, entre 2008 e 2014, com sistemático pagamento de vantagens aos envolvidos na organização criminosa".

O Ministério Público Federal no Rio apresentou nesta quarta-feira (28) a primeira denúncia da força-tarefa da Operação Lava Jato no Estado contra 15 pessoas suspeitas de envolvimento em esquema de fraudes em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro em contratos entre Eletronuclear e as empresas Andrade Gutierrez e Engevix para as obras da Usina de Angra 3.

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Dentre os acusados, estão os ex-dirigentes da Eletronuclear Luiz Antônio de Amorim Soares, Luiz Manuel Amaral Messias, José Eduardo Brayner Costa Mattos, Edno Negrini e Pérsio José Gomes Jordani, além de ex-executivos da Andrade Gutierrez e Engevix. Os valores destinados ao núcleo político é investigado no Supremo Tribunal Federal.

O Ministério Público Federal aponta que parte dos valores ilícitos da Andrade Gutierrez sobre obras de Angra 3 foram pagas a cinco ex-dirigentes do alto escalão da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras. A investigação mostra que dividiram 1,2% do valor total da obra (R$ 1,2 bilhão) o ex-diretor técnico Luiz Soares (0,3%), o ex-diretor de Administração e Finanças Edno Negrini (0,3%), o ex-diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente Persio Jordani (0,2%), o ex-superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos Luiz Messias (0,2%) e o ex-superintendente de Construção José Eduardo Costa Mattos (0,2%).

Segundo os investigadores, Luiz Soares e Edno Negrini receberam até R$ 3,6 milhões e Luiz Messias, José Eduardo Costa Mattos e Persio Jordani embolsaram até R$ 2,4 milhões em propinas da construtora. Os valores teriam sido recebidos por meio de empresas intermediárias.

Para os procuradores da República Lauro Coelho Junior, Leonardo Cardoso de Freitas, Eduardo Ribeiro Gomes El Hage, e o procurador regional da República José Augusto Simões Vagos, que assinam a peça, a "denúncia apresenta o resultado da parcela mais significativa da investigação levada a cabo pelo Ministério Público Federal, cujo desfecho foi consumado na denominada Operação Pripyat, desdobramento da 16ª Fase da Operação Lava Jato (Radioatividade)".

Segundo o Ministério Público Federal, o objetivo era aprofundar a investigação de organização criminosa responsável pela prática de corrupção, fraude a licitações e lavagem de dinheiro na construção da Usina de Angra 3 pela Eletronuclear.

A partir de então, "descortinou-se a atuação de outros funcionários públicos, além do próprio ex-presidente da estatal Othon Luiz Pinheiro da Silva, e evidenciou-se a atuação de outros responsáveis por empresas interpostas utilizadas para viabilizar a lavagem dos ativos ilicitamente transferidos", apontam os procuradores.

Um dos delatores da Operação Pripyat, o executivo Fernando Carvalho, ligado à Andrade Gutierrez, afirmou que pagou propina a três ex-diretores da Eletronuclear pessoalmente, em pacotes de dinheiro. O empreiteiro citou como beneficiários o ex-diretor de Administração e Finanças Edno Negrini, o ex-diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente Persio Jordani e o ex-superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos Luiz Messias.

Os três ex-dirigentes da subsidiária da Eletrobras estão presos preventivamente desde 6 de julho quando a operação foi deflagrada. O Ministério Público Federal afirma que o alto escalão da Eletronuclear pegou R$ 26,4 milhões em propinas das obras da Usina de Angra 3. O ex-presidente da estatal Othon Pinheiro e cinco ex-dirigentes dos cargos mais importantes da subsidiária da Eletrobras teriam recebido valores ilícitos de obra de R$ 1,2 bilhão, segundo força-tarefa dos procuradores.

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Na decisão que deflagrou a Operação Prypiat, em 6 de julho, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, do Rio, anotou. "Fernando Carvalho disse que pagou pessoalmente a propina de Edno Negrini, Pérsio Jordani, Luiz Messias em pacotes de dinheiro com valor estimado em R$ 30 mil em aproximadamente cinco encontros com cada um, realizados no período de maio de 2010 a maio de 2011. Fernando Carvalho foi responsável pelos pagamentos em dinheiro após maio de 2011 até maio de 2013."

Parte da propina paga pela Andrade Gutierrez, segundo a Procuradoria da República, foi dividida entre cinco ex-dirigentes do alto escalão da estatal. A investigação mostra que ele dividiram 1,2% do valor total da obra: ex-diretor técnico Luiz Soares (0,3%), Edno Negrini (0,3%), Persio Jordani (0,2%), Luiz Messias (0,2%) e ex-superintendente de Construção José Eduardo Costa Mattos (0,2%).

"Em relação ao pagamento de propina aos demais funcionários da Eletronuclear, o acerto foi feito em dinheiro; que, logo após a retomada do contrato, o depoente se reuniu com cada um separadamente, Luiz Messias, Edno Negrini e Persio Jordani, reconhecendo o compromisso de pagamento de propina acertada; … que para Edno e Pérsio o dinheiro era entregue em um café em um encontro mais rápido, podendo ser no Botafogo Praia Shopping ou uma cafeteria comum de shopping", afirmou Fernando Carvalho na delação.

Cálculos do Ministério Público Federal apontam que Luiz Soares e Edno Negrini receberam até R$ 3,6 milhões e Luiz Messias, José Eduardo Costa Mattos e Persio Jordani receberam até R$ 2,4 milhões em propinas da construtora. O cálculo pode até estar subestimado, considerando que foram identificados pagamentos da Andrade Gutierrez para a Flexsystem no valor de R$ 5 milhões.

Duas empresas apontadas como de fachada pelas investigações da Lava Jato ligam o ministro de Minas e Energia nos governos Lula e Dilma, Edison Lobão (PMDB), ao ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso novamente nesta quarta-feira, 7, no Rio pela Polícia Federal, durante a Operação Pripyat.

A AP Energy, citada na delação premiada do ex-diretor da Camargo Corrêa Luiz Carlos Martins como responsável por repassar propina a Lobão, aparece na quebra de sigilo da Link Projetos e Participações que, segundo o Ministério Público Federal, foi utilizada para repassar vantagens indevidas ao ex-presidente da Eletronuclear.

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A delação do ex-executivo da Camargo embasa um inquérito contra o ex-ministro aberto pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

No pedido que originou a primeira prisão de Othon, em julho de 2015, o MPF afirmou que existiam "evidências de que a Link Projetos e Participações foi efetivamente utilizada pela Engevix Engenharia apenas para repassar vantagens indevidas ao investigado, não tendo prestado quaisquer serviços".

Na quebra de sigilo da Link, o MPF detalha 88 transações financeiras com a AP Energy entre 2010 e 2014. No total, as movimentações bancárias somam R$ 2,1 milhões.

Para os investigadores, tanto a Link como a AP Energy existem apenas no papel e eram utilizadas para escoar propina. A primeira tem como sócio o empresário Victor Sérgio Colavitti. Após a 16.ª fase da Lava Jato, em que a empresa foi alvo, Colavitti assinou um acordo de delação premiada e assumiu ter firmado contratos fictícios com a Engevix com o objetivo de mascarar os repasses para a Aratec Consultoria, em nome da filha e do genro de Othon.

Ele declarou ter pago R$ 765 mil para a Aratec no mesmo período em que foram identificadas as movimentações relacionadas à AP Energy.

A empresa de Colavitti integra um núcleo formado por ao menos outras três companhias suspeitas de firmar contratos fictícios com empreiteiras. A finalidade destes contratos, segundo afirmam os procuradores, seria "esquentar" a propina endereçada a agentes públicos.

Ex-ministro

Além da delação sobre a propina destinada à Lobão via AP Energy, outros depoimentos reunidos pela Lava Jato apontam para atuação do ex-ministro em desvios em obras do setor elétrico. Entre eles está a delação de Flávio Barra, ex-executivo da Andrade Gutierrez, que relatou pedido do presidente da UTC, Ricardo Pessoa, "em nome de Lobão", para que empresários doassem ao PMDB. O pedido, disse o delator, ocorreu durante reunião de empreiteiros sobre as obras de Angra 3.

Defesas

O advogado de Colavitti não respondeu ao contatos da reportagem. O advogado de Edison Lobão, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que as delações citadas são genéricas e desprovidas de sentido. Sobre a AP Energy, o advogado informou que Lobão "sequer conhece a empresa". A reportagem não encontrou os sócios da AP Energy nos telefones em nome da empresa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O engenheiro Valter Cardeal, diretor afastado da Eletrobras, se manteve em silêncio durante o depoimento na sede da Superintendência da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, nesta quarta-feira, 6, na capital gaúcha. Alvo de um mandado de condução coercitiva da Operação Pripyat, ele chegou ao prédio da PF por volta das 11 horas e saiu ao meio-dia. Durante este tempo, não respondeu a nenhuma pergunta. Cardeal estava acompanhado de um advogado.

A Polícia Federal do RS também cumpriu hoje um mandado de busca e apreensão num endereço residencial ligado a Cardeal. De acordo com a PF, foram recolhidos documentos impressos e computadores, além de três cartões de memória, cinco HDs externos e 200 pen drives. O material apreendido será encaminhado ao Rio de Janeiro, que concentra as investigações.

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A Operação Pripyat, deflagrada nesta quarta-feira, aponta para um suposto esquema de propinas nas obras da Usina Nuclear Angra 3 com a participação de ex-dirigentes do altos escalões da Eletronuclear. No Rio de Janeiro, a PF cumpriu mandados de prisão preventiva, de prisão temporária, de condução coercitiva e de busca e apreensão, todos expedidos pela 7º Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A Pripyat é um desdobramento da 16º fase da Operação Lava Jato, denominada Radioatividade.

Os dois mandados cumpridos em Porto Alegre se referiam a Cardeal. Em entrevista coletiva no Rio de Janeiro, o procurador da República Lauro Coelho Jr. afirmou que as investigações ainda não chegaram a uma conclusão sobre qual a função de Cardeal no esquema relativo a Angra 3, mas há indícios que de ele estaria envolvido no pedido e no pagamento de propinas, tanto para os funcionários da Eletronuclear que recebiam recursos indevidos quanto para o "núcleo político".

O ex-presidente da Eletronuclear, almirante da reserva Othon Luiz Pinheiro, que se encontrava em prisão domiciliar, teve sua prisão preventiva decretada pela Justiça Federal do Rio "diante da demonstração da manutenção de sua influência na estatal". O atual presidente da empresa, Pedro José Diniz Figueiredo, foi afastado de suas funções.

Valter Luiz Cardeal é próximo da presidente da República afastada, Dilma Rousseff. O engenheiro começou a carreira no setor energético na década de 1970, na Companhia Estadual de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul (CEEE). Aproximou-se de Dilma quando ela foi secretária de Energia do RS no governo de Alceu Collares, entre 1993 e 1994. Cardeal chegou ao governo federal depois que Dilma assumiu o Ministério de Minas e Energia no primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003.

O engenheiro gaúcho está afastado da diretoria da Eletrobras desde 2015, quando seu nome surgiu pela primeira vez nas investigações da Lava Jato.

Policiais federais vasculham, desde as 6h desta quarta feira, dia 6, a sede da Eletronuclear, na rua da Candelária, no Centro do Rio. A ação faz parte da Operação Pripyat, que tem como foco apurar supostos desvios de recursos nas obras da usina de Angra 3. As investigações são desdobramento, no Rio de Janeiro, da Operação Lava Jato. Até às 10h, os agentes continuavam na empresa.

Os policias federais concentram seu trabalho de busca na sala-cofre, onde ficam guardadas todas as informações digitalizadas da empresa, e na salas de diretores afastados, que estariam lacradas há cerca de quatro meses. Os agentes teriam aguardado um funcionário da área de informática chegar, por volta das 9h, para entrar na sala-cofre.

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Nesta manhã, o ex-diretor da empresa Othon Luiz Pinheiro da Silva, que estava em prisão domiciliar, foi preso em sua casa, na Barra da Tijuca, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro.

A Polícia Federal informou que seis funcionários da Eletronuclear que integravam o núcleo operacional das fraudes da empresa tiveram a prisão preventiva decretada e o atual diretor foi afastado por ordem judicial.

A PF iniciou nesta quarta-feira, 6, a Operação Pripyat, com foco em fraudes no setor elétrico. Um dos alvos é o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, que está em prisão domiciliar.

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O almirante já é réu em processo na 7ª Vara Federal Criminal, no Rio. Othon Pinheiro é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, acusado de receber ao menos R$ 4,5 milhões em propinas para facilitar a contratação dos consórcios responsáveis pelas obras da usina de Angra 3.

O caso do almirante e de outros 13 acusados de participar do esquema de desvios nas obras da usina de Angra 3, estava sob responsabilidade do juiz Sérgio Moro, que cuida das ações da Lava Jato na Justiça Federal no Paraná. Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), o caso da Radioatividade foi deslocado para a Justiça Federal no Rio.

Cento e trinta policiais federais cumprem, no Estado no Rio de Janeiro e em Porto Alegre/RS, além das seis prisões preventivas, outros três mandados de prisão temporária, nove de condução coercitiva e 26 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 7º Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A ação está sendo realizada em conjunto com o Ministério Público Federal.

As investigações da PF apontam que um clube de empreiteiras atuava para desviar recursos da Eletronuclear, principalmente os destinados às obras da Usina Nuclear de Angra 3.

A Operação Pripyat apura os crimes de corrupção, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro, sendo um desdobramento no Rio de Janeiro da 16º fase da Operação Lava Jato denominada Radioatividade.

O nome da Operação refere-se à cidade ucraniana que se tornou uma espécie de "cidade fantasma" após o acidente nuclear em Chernobyl.

A Polícia Federal (PF) abriu nova operação nesta quarta-feira (6). A ação cumpre dez mandados de prisão no Rio e em Porto Alegre. Um dos alvos é o ex-presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, que está em prisão domiciliar.

O almirante já é réu em processo na 7ª Vara Federal Criminal, no Rio. Othon Pinheiro é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro, acusado de receber ao menos R$ 4,5 milhões em propinas para facilitar a contratação dos consórcios responsáveis pelas obras da usina de Angra 3.

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O caso do almirante e de outros 13 acusados de participar do esquema de desvios nas obras da usina de Angra 3, estava sob responsabilidade do juiz Sérgio Moro, que cuida das ações da Lava Jato na Justiça Federal no Paraná. Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), contudo, o caso da Radioatividade foi deslocado para a Justiça Federal no Rio.

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