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A usina nuclear de Shika, que fica a 65 quilômetros do epicentro do terremoto de 7,6 graus de magnitude que atingiu a região de Hokuriku, no Japão, na última segunda-feira, 1º, informou ter identificado uma mancha de óleo na superfície do mar em frente ao empreendimento.

Segundo a Hokuriku Electric, a marca tinha entre cinco e dez metros e foi tratada com um neutralizante. Os níveis de radiação externa não foram afetados e não há impactos adversos para a saúde humana ou para o meio ambiente, de acordo com a empresa.

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Embora ainda avalie a situação, a concessionária acredita que a mancha foi causada pelo vazamento do óleo isolante do transformador durante o terremoto. O sistema de extinção de incêndio teria dispersado o óleo e borrifado água ao redor do transformador.

As principais fontes de alimentação externa, instalações de monitoramento e sistemas de refrigeração da planta estão funcionando normalmente. Outros impactos como a interrupção temporária do fornecimento de energia também foram sentidos.

Enquanto isso, as equipes de resgate continuam trabalhando em meio à neve para entregar suprimentos às aldeias isoladas afetadas pelo terremoto, que matou mais de 120 pessoas. Na manhã deste domingo, 195 pessoas ainda estavam desaparecidas e 560 ficaram feridas.

(Com Dow Jones Newswires)

A operação para despejar água residual tratada da usina nuclear de Fukushima no mar começará na quinta-feira (24), anunciou o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, o que provocou reações imediatas de países vizinhos, incluindo a China.

O governo japonês e a operadora central nuclear, TEPCO, afirmam, como o suporte da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que a água não representa riscos para a saúde e o meio ambiente após um tratamento que elimina a maioria das substâncias radioativas.

Mas a comunidade pesqueira local teme os danos à reputação de seus produtos. China e a cidade semi-autônoma de Hong Kong anunciaram proibições à importação de alimentos japoneses.

O governo solicitará à TEPCO, que "se prepare para o início do despejo no oceano, com base no plano aprovado pela Autoridade de Regulação Nuclear", anunciou o primeiro-ministro Fumio Kishida.

O início do processo está "programado para 24 de agosto, desde que as condições meteorológicas e marítimas não o impeçam", acrescentou Kishida após uma reunião do governo.

No que foi um dos piores desastres radioativos da história, a usina nuclear de Fukushima-Daiichi foi destruída por um terremoto seguido por um tsunami que matou quase 18.000 pessoas em março de 2011.

Desde então, a operadora TEPCO acumulou mais de 1,3 milhão de toneladas (equivalente à capacidade de 500 piscinas olímpicas) de água usada para resfriar os reatores ainda radioativos, misturada com água subterrânea e de chuva que se infiltrou.

A TEPCO afirma que a água foi diluída e filtrada para eliminar todas as substâncias radioativas, exceto o trítio, que está em níveis muito inferiores ao que é considerado perigoso.

O plano prevê despejar a água a uma taxa máxima de 500 mil litros por dia no Oceano Pacífico, ao longo da costa nordeste do Japão.

- Manifestações e restrições à importação -

A ONG de defesa do meio ambiente Greenpeace denunciou que o processo de filtração tem falhas e que uma quantidade "imensa" de material radioativo será dispersado no mar nas próximas décadas.

Tony Hooker, especialista no setor nuclear da Universidade de Adelaide (Austrália), chamou a denúncia de "alarmismo".

"O trítio foi liberado (por usinas nucleares) durante décadas sem evidências de efeitos prejudiciais para o meio ambiente ou à saúde", declarou à AFP.

A AIEA afirmou em julho que o despejo terá um impacto "insignificante na população e no meio ambiente".

O plano japonês, no entanto, gera inquietação na região.

Na Coreia do Sul foram registradas manifestações contra o projeto e alguns cidadãos, com medo, estocaram sal marinho pelo receio de que a água da qual o produto é obtido termine contaminada.

Porém, o governo do presidente Yoon Suk Yeol, em plena campanha para melhorar as relações historicamente distantes com Tóquio, não se opôs ao plano do Japão.

A China criticou a decisão nipônica. "O oceano é propriedade comum de toda a humanidade, não um lugar para que o Japão despeje, de modo arbitrário, água contaminada com material nuclear", reagiu o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin.

Pequim adotará "as medidas necessárias para proteger o ambiente marinho, a segurança alimentar e a saúde pública", acrescentou.

O governo chinês proibiu a importação de alimentos de 10 municípios japoneses e passou a aplicar controles de radiação aos produtos do restante do arquipélago.

A cidade semiautônoma chinesa de Hong Kong, um mercado importante para as exportações marítimas japonesas, também decretará restrições, anunciou John Lee, o chefe do Executivo local.

As restrições geram preocupação na indústria pesqueira nipônica, no momento em que o setor começava a registrar uma recuperação mais de uma década após o desastre nuclear.

"Nada de liberação de água nos beneficia", disse Haruo Ono, 71 anos. O pescador de terceira geração, que mora a 60 quilômetros da usina nuclear, perdeu um irmão na catástrofe de 2011.

James Brady, da consultoria de risco Teneo, considera que as preocupações chinesas podem ser sinceras, mas também observa um toque de rivalidade geopolítica e econômica na reação.

"A natureza multifacetada da questão do despejo de água residual de Fukushima permite que Pequim explore o tema", disse Brady à AFP.

A China "pode exercer um certo grau de pressão econômica no eixo comercial, exacerbar as divisões políticas internas sobre esta questão dentro do Japão", acrescentou.

O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, advertiu, nesta quinta-feira (13), que a usina nuclear de Zaporizhzhia está "vivendo com dias contados" após as explosões de duas minas perto da central situada no sul da Ucrânia.

A AIEA manifestou seus temores sobre a segurança da central nuclear, que é a maior da Europa e cujo controle foi tomado pelas forças russas na Ucrânia.

"Estamos vivendo com dias contados" no que diz respeito à segurança na usina nuclear de Zaporizhzhia", disse o diplomata argentino em comunicado.

"A não ser que sejam tomadas medidas para proteger a usina, nossa sorte será decidida cedo ou tarde, com a possibilidade de severas consequências para a saúde e o meio ambiente", acrescentou.

Duas explosões de minas ocorreram fora do perímetro da usina, a primeira em 8 de abril, e outra quatro dias depois, segundo o comunicado. Ainda não está claro o que provocou as explosões.

Grossi se reuniu com funcionários russos em Kaliningrado na semana passada, e antes disso com o presidente ucraniano Volodimir Zelensky.

Grossi advertiu hoje que a usina continua dependendo de apenas uma linha elétrica, o que representa "grande risco para a sua segurança".

O Japão prevê começar a lançar este ano mais de um milhão de toneladas de água tratada na usina nuclear de Fukushima, informou uma fonte do governo nesta sexta-feira (13).

O plano foi apoiado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), mas o governo aguarda um "comunicado amplo" da entidade da Organização das Nações Unidas antes de realizar a liberação da água, disse o secretário do gabinete da instituição, Hirokazu Matsuno, à imprensa.

Os sistemas de resfriamentos da usina transbordaram em 2011, quando um poderoso terremoto provocou um tsunami que causou o pior acidente no nuclear desde Chernobyl.

Este desastre ocorrido no nordeste do Japão deixou cerca de 18.500 mortos e desaparecidos, a maioria, em decorrência do tsunami.

O incidente gerou 100 metros cúbicos de água contaminada por dia, entre abril e novembro do ano passado, que se misturou com a água do solo, mar e chuva.

O líquido foi filtrado para eliminar componentes radioativos e transferido para tanques de armazenamento que já somam 1,3 milhão de metros cúbicos.

"Esperamos que a liberação aconteça em algum momento entre a primavera e o verão, depois que as instalações de liberação forem concluídas e testadas, e o relatório completo da AIEA for publicado", acrescentou Matsuno.

Mas o plano gera preocupação entre os pescadores da região, que temem que o lançamento da água prejudique a reputação de seus produtos, após passarem anos tentando recuperar sua credibilidade com rigorosos testes de qualidade.

Países vizinhos como China e Coreia do Sul, assim como o Greenpeace e outras organizações, criticaram o plano. A AIEA, no entanto, confirmou que o lançamento cumpre os padrões internacionais e "não causará nenhum dano ao meio ambiente".

A empresa responsável pela usina garante que a água tratada está de acordo com os parâmetros nacionais de níveis de radionuclídeos, com exceção de um elemento, o trítio, que, segundo especialistas, pode ser prejudicial à saúde se consumido em grandes quantidades.

O objetivo é diluir a água para reduzir os níveis deste elemento e liberá-la ao mar ao longo de várias décadas através de um oleoduto submarino que tem um quilômetro de extensão.

A usina nuclear de Zaporizhzia, na Ucrânia, a maior da Europa e uma das maiores do mundo, sofreu com enormes explosões ontem, informou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que voltou a pedir medidas urgentes para evitar um desastre. Mais cedo, a Energoatom, agência estatal da Ucrânia, acusou a Rússia de realizar bombardeios ao local, enquanto a Rússia acusou Kiev de estar fazendo provocações, uma troca de acusações que vem se repetindo há meses.

Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da agência nuclear da ONU, disse que duas explosões - uma na noite de sábado e outra na manhã de ontem - perto da usina de Zaporizhzia encerraram abruptamente um período de relativa calma em torno da instalação nuclear que tem sido palco de combates intensos entre forças russas e ucranianas desde o início da guerra, em 24 de fevereiro, e foi ocupada pelas tropas russas.

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No que parecia ser um novo bombardeio perto e no local, especialistas da AIEA, que estão nas instalações de Zaporizhzia desde que o órgão realizou uma inspeção de segurança no local há menos de três meses, relataram ter ouvido mais de uma dúzia de explosões em um curto período de tempo na manhã de ontem.

Vários edifícios, sistemas e equipamentos da usina - nenhum deles crítico para a segurança nuclear da instalação - foram danificados no bombardeio, disse o comunicado da AIEA. Não houve relatos de vítimas. Grossi disse que os relatos de bombardeios eram "extremamente perturbadores". Ele acrescentou: "Quem quer que esteja por trás disso, deve parar imediatamente".

Como já ocorre desde que a usina se tornou palco de ataques, Rússia e Ucrânia trocaram acusações pelos bombardeios. Moscou acusou as forças ucranianas de dispararem mais de 20 projéteis de grande calibre contra a central que abriga, entre outras coisas, um depósito de combustível nuclear.

Apesar dos bombardeios, o nível de radiação na área da central permanece dentro das normas, diz um comunicado do ministério russo. (Com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Ucrânia acusou nesta segunda-feira (19) a Rússia de bombardear a área da usina nuclear de Pivdennonukrainsk, no sul do país, o que provocou novos temores de que essa guerra possa levar a um grande incidente atômico.

Esta central nuclear ucraniana é a terceira a se ver envolvida na guerra iniciada pela Rússia em fevereiro contra a Ucrânia, e isso apesar de vários apelos da comunidade internacional para poupar essa infraestrutura para não causar uma catástrofe continental.

Moscou, por sua vez, denunciou uma "mentira" da Ucrânia três dias após a descoberta de centenas de corpos enterrados na floresta perto da cidade de Izium, recentemente tomada do exército russo. Kiev acusou o exército russo de abusos.

Reagindo ao ataque com mísseis que atingiu o local da usina de Pivdennonukrainsk, na região de Mykolaiv (sul), o presidente Volodymyr Zelensky acusou a Rússia de estar "colocando em risco o mundo inteiro".

"Temos que parar antes que seja tarde demais", disse em uma mensagem no Telegram, acompanhada de um vídeo de vigilância mostrando uma grande explosão.

De acordo com a operadora Energoatom, "uma poderosa explosão ocorreu a apenas 300 metros dos reatores" desta usina, num ataque noturno com míssil russo.

A 260 quilômetros em sentido oeste, outra usina nuclear ucraniana, a de Zaporizhzhia, a maior da Europa e ocupada pelas tropas russas desde as primeiras semanas da invasão, foi alvo de inúmeros bombardeios nos últimos meses, provocando grande preocupação.

Kiev e Moscou trocam acusações sobre os ataques e a respeito de uma chantagem nuclear. No entanto, a situação melhorou nos últimos dias e a usina foi reconectada à rede elétrica ucraniana.

- Sem pausa -

O conselho de ministros da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), uma organização que mantém observadores no local desde o início de setembro, pediu à Rússia que se retire do local.

No início da invasão russa, as forças de Moscou também ocuparam a usina de Chernobyl (norte), onde um dos reatores explodiu em 1986, o que provocou uma nuvem radioativa em grande parte da Europa.

A ocupação do local provocou temores pela segurança do sarcófago de contenção do reator danificado. As forças russas finalmente se retiraram após a fracassada ofensiva em Kiev.

Em Pivdennonukrainsk, a usina operava normalmente na manhã desta segunda-feira, apesar do ataque que explodiu 100 janelas e causou um breve desligamento de três linhas de alta tensão.

O bombardeio ocorre quando as forças russas tiveram uma série de derrotas em setembro, com sua retirada de grande parte do nordeste do país diante de uma contraofensiva relâmpago dos ucranianos na região de Kharkiv.

As tropas de Kiev também recuperaram terreno, porém mais lentamente, no sul.

Por vários dias, no entanto, o avanço ucraniano desacelerou. O presidente Zelensky insistiu na noite de domingo que "não era uma pausa", mas "a preparação dos próximos passos", com a Rússia controlando grande parte do Donbass (leste) e as regiões de Kherson e Zaporizhzhia (sul), depois de ter anexado a península da Crimeia em 2014.

Por sua vez, o prefeito pró-Rússia da cidade de Donetsk, Alexei Kemzulin, denunciou um ataque "punitivo" ucraniano na capital da zona separatista de mesmo nome, matando 13 civis.

"De acordo com dados preliminares, 13 civis foram mortos após bombardeios punitivos" no oeste de Donetsk, disse Kemzulin no Telegram, acrescentando que a contagem dos feridos ainda está em andamento.

"Nove projéteis de 155 mm foram disparados de Netaylov", disse, pedindo à população "que não saia a menos que seja absolutamente necessário". Estas declarações não puderam ser verificadas independentemente neste momento.

- Torturas e "mentiras" -

Na região de Kharkiv, as exumações de corpos continuam em Izium após a descoberta de mais de 440 túmulos perto desta cidade recentemente recapturada dos russos.

Alguns corpos, com as mãos amarradas, apresentavam sinais de tortura.

Investigadores ucranianos começaram suas investigações em 16 de setembro. Mais uma vez, como após a descoberta em Bucha de centenas de corpos de civis após a retirada russa, o Kremlin negou qualquer abuso.

"É uma mentira. É claro que vamos defender a verdade neste caso", disse Dmitry Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin. "É o mesmo cenário que em Bucha".

A presidência tcheca da UE pediu no sábado a criação de um tribunal internacional especial.

Jornalistas da AFP ouviram depoimentos de ucranianos que disseram ter sido torturados por soldados russos durante a ocupação da região de Kharkiv.

No hospital de Izium, Mykhaïlo Tchindeï, de 67 anos, disse que foi detido por 12 dias por soldados inimigos em uma cela úmida e que seus carcereiros quebraram seu braço com uma barra de metal.

"Eles atingiram meus calcanhares, costas, pernas e rins", acrescentou Tchindei, explicando que os soldados russos o acusaram de ter dado às forças ucranianas as coordenadas de uma escola onde tinham se estabelecido.

Na frente diplomática, a lista de sanções contra Moscou cresceu ainda mais. A Polônia e os três Estados Bálticos restringiram a partir desta segunda-feira a entrada de cidadãos russos com vistos europeus em seu território.

Forças russas dispararam mísseis e artilharia em áreas controladas pela Ucrânia do outro lado do rio da maior usina nuclear da Europa, disseram autoridades neste sábado, enquanto a preocupação persistia com a segurança na usina controlada pela Rússia depois que ela foi temporariamente desligada.

Mísseis Grad e projéteis de artilharia atingiram as cidades de Nikopol e Marhanets, cada uma a cerca de 10 quilômetros (6 milhas) e do outro lado do rio Dnieper a partir da usina nuclear de Zaporizhzhia, disse Valentyn Reznichenko, governador da região de Dnipropetrovsk, na Ucrânia.

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As forças russas ocuparam o complexo da usina nuclear no início da guerra na Ucrânia, e os trabalhadores ucranianos o mantiveram funcionando. Cada lado acusou repetidamente o outro de bombardear o complexo, levantando temores de que os combates possam desencadear uma catástrofe.

A agência de energia atômica da ONU está tentando enviar uma equipe para inspecionar e ajudar a proteger a usina. Autoridades disseram que os preparativos para a visita estão em andamento, mas ainda não está claro quando ela pode ocorrer.

A Ucrânia alegou que a Rússia está usando a usina como um escudo, armazenando armas lá e lançando ataques ao seu redor. Moscou, por sua vez, acusa a Ucrânia de disparar de forma imprudente contra o complexo nuclear.

"Se morrermos, acontecerá em um segundo e não sofreremos", diz Anastasia, moradora de Marganets. Nesta cidade ucraniana, a poucos quilômetros da usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupada pelas tropas russas, a população vive com medo constante.

Nos últimos dias, Kiev e Moscou se acusaram mutuamente de realizar bombardeios no complexo da usina nuclear, a maior da Europa.

Na quinta-feira, os ataques danificaram alguns sensores de nível de radioatividade.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) alertou para a gravidade da situação.

Marganets está a apenas 13 quilômetros de Zaporizhzhia. A cidade, localizada no topo de uma colina, permanece sob controle ucraniano e dela é possível ver, do outro lado do rio Dnieper, a usina nuclear construída nos tempos soviéticos.

"Se morrermos, acontecerá em um segundo e não sofreremos. Me tranquiliza saber que meu filho e minha família não sofrerão", diz Anastasia, 30 anos, fazendo compras.

- "Coisas terríveis" -

A usina nuclear de Zaporizhzhia está na linha de frente desde que foi tomada pelas tropas russas no início de março, dias após o Kremlin ordenar a invasão da Ucrânia.

Em Marganets, os militares ucranianos aconselham a não se aproximar da margem do rio Dnieper, por medo de que o inimigo atire da margem oposta, a cerca de 6 quilômetros de distância.

A cidade, que tinha cerca de 50.000 habitantes antes da guerra, tem um centro animado onde as pessoas vivem suas vidas diárias além dos pensamentos sombrios e rumores persistentes sobre o estado dos seis reatores da usina.

"Estou com medo por meus pais e por mim. Quero viver e aproveitar a vida nesta cidade", diz Ksenia, de 18 anos, que atende clientes em um café na principal rua comercial.

"O medo é constante. E as notícias dizem que a situação na usina é muito tensa, então cada segundo que passa é terrível. Você tem medo de dormir, porque coisas horríveis acontecem à noite", acrescenta.

Em Marganets e Nikopol, outra cidade a uma curta distância rio abaixo, 17 pessoas foram mortas esta semana em ataques noturnos, segundo autoridades locais.

A Ucrânia acusa a Rússia de disparar do outro lado do rio e de dentro do complexo nuclear.

As tropas ucranianas se abstêm de responder por medo de desencadear uma catástrofe.

Na sexta-feira, um alto funcionário ucraniano disse à AFP que as tropas russas estão até "atirando em algumas áreas da usina para dar a impressão de que a Ucrânia está fazendo isso".

Uma situação que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, descreveu como "chantagem nuclear".

"Acho que os russos estão usando a usina como um ás, para perseguir seus próprios objetivos", diz Anton, de 37 anos.

A Ucrânia foi em 1986 cenário do desastre nuclear de Chernobyl, 530 quilômetros a noroeste de Marganets.

Naquele ano, um reator nuclear explodiu, liberando radiação na atmosfera. Cerca de 600.000 pessoas foram alistadas como "liquidadores", encarregados de descontaminar a terra ao redor da usina.

O número oficial de mortos é de apenas 31, mas algumas estimativas falam de dezenas de milhares e até centenas de milhares de mortes.

Em Marganets existe um monumento a esses "liquidadores".

Ao lado da cratera aberta por um foguete que caiu em Marganets à noite, Sergei Volokitin, de 54 anos, relembra aqueles tempos.

"Depois que me formei trabalhei na mina, e na minha equipe havia duas pessoas que eram liquidadores", lembra.

"Sabíamos tudo o que acontecia lá. Conhecemos os efeitos da radiação e quais serão as consequências se algo acontecer".

O Tribunal Regional Federal da 2ª Região decidiu reduzir a pena imposta ao ex-presidente da Eletronuclear, vice-almirante Othon Pinheiro, condenado na Operação Lava Jato por crimes relativos à construção da usina nuclear Angra 3. Inicialmente sentenciado a 43 anos de prisão, ele foi condenado, em segunda instância, a 4 anos e 10 meses de reclusão. 

No julgamento da apelação criminal, a Primeira Turma Especializada manteve a condenação pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de capitais. A pena também determinou o pagamento de 75 dias-multa, no valor de meio salário-mínimo cada, sendo a pena de reclusão substituída por duas penas restritivas de direito. 

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O colegiado deu parcial provimento para absolvê-lo da prática de obstrução à investigação criminosa, e do respectivo crime de pertencimento a organização criminosa, e absolvê-lo da acusação de crime de evasão de divisas combinado com lavagem de ativos, no que se refere à manutenção de conta no exterior. 

Também decidiu absolvê-lo da acusação de dois delitos de corrupção ativa em todos os casos; afastar a continuidade delitiva quanto ao crime de lavagem de dinheiro; e reduzir a pena total a ser cumprida em regime aberto e substituída por duas penas restritivas de direito. 

Lava Jato Alvo da 16ª fase da Operação Lava Jato, Othon foi preso em julho de 2015, pela Polícia Federal (PF), suspeito de ter recebido cerca de R$ 4,5 milhões de propina do consórcio vencedor da licitação para a montagem de Angra 3, segundo o Ministério Público Federal (MPF). 

De acordo com a força-tarefa da Lava Jato, o consórcio formado pelas empresas Camargo Corrêa, UTC, Andrade Gutierrez, Odebrecht, EBE e Queiroz Galvão repassava recursos para empresas intermediárias, que encaminhavam a propina para Othon. 

A condenação dele em primeira instância foi decidida pela juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, especializada em casos da Lava Jato no Rio de Janeiro.

A Ucrânia consertou e reconectou uma das três linhas de energia que ligam a Usina Nuclear de Zaporizhzhya (NPP) à rede elétrica do país, informou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A unidade foi tomada pela Rússia no início desse mês. De seus seis reatores, dois estão em operação.

As autoridades ucranianas reiteraram à AIEA que os sistemas de segurança de Zaporizhzhya estão totalmente funcionais. No entanto, não há previsão de quando as outras duas linhas devem ser reconectadas ao sistema de energia.

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Em uma nota oficial enviada à agência, a Rússia afirmou que "a rotação de pessoal é realizada de modo regular" na central nuclear de Zaporizhzhya e que "não há problemas com peças de reposição".

O comunicado de Moscou recebido pela AIEA diz ainda que desde 14 de março, "a situação com o fornecimento de energia da usina nuclear de Chernobyl está completamente estabilizada".

O secretário-geral da AIEA, Rafael Grossi, informou que continua suas consultas para chegar a um acordo sobre a segurança das instalações nucleares da Ucrânia. "Com essa estrutura em vigor, a agência poderá fornecer assistência técnica eficaz para a operação segura dessas instalações", disse.

O Irã frustrou uma tentativa de sabotagem em instalações nucleares localizadas no centro do país, informou a agência de notícias oficial Irna nesta segunda-feira, acrescentando que integrantes de uma rede ligada a agentes de Israel foram presos.

Membros de "uma rede que pretendia sabotar a instalação nuclear de Fordo foram presos pelos serviços de inteligência dos Guardiões da Revolução", o exército ideológico do Irã, anunciou a agência, sem fornecer detalhes sobre a identidade dos presos.

"Agentes dos serviços de inteligência sionistas" tentaram se aproximar de um funcionário da seção das centrífugas avançadas do tipo IR-6 na usina subterrânea de Fordo "recrutando" um de seus vizinhos, segundo a Irna. A agência indicou que o ato de sabotagem deveria ser realizado "antes da festa de Novuz", que começa em 21 de março, mas não informou quando as prisões ocorreram.

A usina de enriquecimento de Fordo está localizada nas montanhas, cerca de 180 km ao sul de Teerã. No começo de 2021, o Irã anunciou que havia iniciado o processo de produção de urânio enriquecido a 20% na central, apesar dos compromissos assumidos no acordo internacional de 2015 sobre seu programa nuclear.

O Irã acusou Israel em diversas ocasiões de ter sabotado algumas de suas instalações de enriquecimento de urânio, ou de querer fazê-lo.

A Ucrânia acusou a Rússia de "terrorismo nuclear" e as potências ocidentais expressaram sua indignação depois que a maior usina nuclear da Europa foi atacada durante a ocupação da região por tropas russas, que seguiram bombardeando as principais cidades ucranianas.

O Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião de emergência após os combates e o incêndio na usina nuclear de Zaporizhzhia, que foi controlado sem que tenham sido registradas alterações nos níveis de radioatividade.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou estar disposto a negociar, nove dias depois de ordenar a invasão da Ucrânia, com a condição de que todas as exigências russas sejam aceitas.

"Sobrevivemos a uma noite que pode acabar com a história. A história da Ucrânia. A história da Europa", disse Zelensky, em referência ao ataque contra a usina nuclear.

Dos seis blocos da usina de Zaporizhzhia, o primeiro foi retirado de operação, os número 2, 3, 5 e 6 estão em processo de resfriamento e o 4 permanece operacional.

Uma explosão em Zaporizhzhia teria sido o equivalente a "seis Chernobyl", afirmou Zelensky, em referência ao desastre nuclear de 1986, também na Ucrânia, mas quando o país era parte da União Soviética.

O ataque russo representou "uma imensa ameaça para toda a Europa e o mundo", afirmou a embaixadora americana no Conselho de Segurança da ONU, Linda Thomas-Greenfield.

O presidente francês, Emmanuel Macron, está "extremamente preocupado com os riscos" que "a invasão russa" pode acarretar para a segurança das usinas nucleares ucranianas e proporá "medidas concretas" para enfrentá-las, disse o Eliseu.

O porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, acusou "grupos sabotadores ucranianos, com a participação de mercenários", de terem causado o incêndio na usina.

- Novas negociações -

No nono dia da ofensiva, a perspectiva de cessar-fogo parece distante. Em uma segunda rodada de negociações, os dois países concordaram apenas com a criação de corredores humanitários.

A Ucrânia está contando com uma terceira rodada de negociações com a Rússia neste fim de semana, disse um dos enviados ucranianos, Mikhailo Podoliak.

Mas o diálogo só é possível se "todas as demandas russas" forem aceitas, alertou Putin durante uma conversa por telefone com o chanceler alemão, Olaf Scholz.

As exigências incluem o status neutro e não nuclear da Ucrânia, sua "desnazificação", o reconhecimento da Crimeia como parte da Rússia e a "soberania" dos territórios controlados por separatistas pró-Rússia no leste do país.

Putin também negou que as forças russas estejam bombardeando cidades ucranianas, apesar das imagens de destruição nos últimos dias em Kiev, Kharkiv (leste), Mariupol (sudeste) e outras cidades.

Zelensky criticou a Otan por se recursar a estabelecer uma zona de exclusão aérea na Ucrânia.

"Achamos que se fizermos isso, vamos acabar tendo algo que pode se tornar uma guerra total na Europa, engolindo muitos outros países e causando muito mais sofrimento humano", explicou Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan.

Os países ocidentais entregaram armas à Ucrânia, mas concentraram sua resposta em uma série de sanções para isolar a Rússia diplomaticamente, economicamente, culturalmente e nos esportes.

O G7 das grandes potências e a Comissão Europeia ameaçaram nesta sexta-feira impor novas "sanções severas" a Moscou.

- Mordaça à imprensa -

As autoridades russas intensificaram nesta sexta-feira a repressão contra as vozes dissidentes ao conflito.

Putin promulgou uma lei que prevê duras penas de prisão, de até 15 anos, e multas para pessoas que publicam "informações falsas" sobre o exército.

Além disso, o regulador russo da Internet, Roskomnadzor, ordenou o bloqueio do Facebook e "restringiu" o acesso ao Twitter no país.

Também limitaram o acesso aos portais da edição russa da BBC britânica e da rádio e televisão internacional alemã Deutsche Welle.

- Frentes de guerra -

Aparentemente em ritmo de desaceleração em Kiev e em Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana (noroeste do país), a invasão russa avança no sul.

Nesta sexta-feira, tiros foram ouvidos em Bucha, a noroeste de Kiev, onde era possível ver blindados russos destruídos.

A leste, a fumaça podia ser vista subindo de armazéns bombardeados, segundo fotógrafos da AFP. A cerca de 350 km a leste da capital, a situação também virou um "inferno" em Okhtyrka, e é "crítica" em Sumy, segundo autoridades locais.

No porto estratégico de Mariúpol (sudeste), a situação humanitária é "terrível" após 40 horas de bombardeios ininterruptos, incluindo escolas e hospitais, disse o vice-prefeito, Sergei Orlov, à BBC.

Na quinta-feira, os russos consolidaram a conquista de Kherson (290.000 habitantes, sul), sua primeira grande vitória até o momento, e intensificaram o bombardeio de outros centros urbanos.

Mais de 1,2 milhão de refugiados fugiram da Ucrânia para países vizinhos desde o início da invasão e milhões de outros ficaram deslocados internamente, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

burx-dbh-an/mar/jvb/js/mb/am

Os Estados Unidos consideram que o ataque atribuído à Rússia contra uma usina nuclear na Ucrânia é um possível "crime de guerra".

"É um crime de guerra atacar uma usina nuclear", tuitou a embaixada americana na Ucrânia após o ataque noturno ao complexo de Zaporizhia, cerca de 150 quilômetros ao norte da península da Crimeia.

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Ao ser perguntado se Washington acusa abertamente Moscou de ter realizado esse ataque proibido pela Convenção de Genebra, o Departamento de Estado dos EUA foi um pouco mais cauteloso.

"Alvejar intencionalmente civis ou infraestruturas civis, como usinas nucleares, é um crime de guerra e estamos examinando as circunstâncias desta operação", disse à AFP um porta-voz da diplomacia americana.

"Mas, além de sua legalidade, esse ato foi o cúmulo da irresponsabilidade, e o Kremlin deve cessar todas as operações perto das infraestruturas nucleares", acrescentou.

Nos últimos dias, os Estados Unidos acusaram a Rússia de atacar infraestruturas civis e matar civis na Ucrânia, mas não disseram se o exército russo estava os alvejando deliberadamente nem falaram em crimes de guerra.

"É um processo em andamento", "uma análise legal" que envolve "coletar dados e evidências que mostram que civis estão sendo atacados, que terríveis armas de guerra estão sendo usadas", explicou à imprensa a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki. “Até o momento, não chegamos a uma conclusão", acrescentou.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, acusou na quarta-feira o regime de Vladimir Putin de "lançar" munições "sobre civis inocentes". "Isso já constitui, em minha opinião, um crime de guerra", declarou.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, condenou nesta sexta-feira (4) a "irresponsabilidade" da Rússia após o ataque contra a central nuclear de Zaporizhia, na Ucrânia, que sofreu um incêndio durante a noite.

"Vimos relatos sobre o ataque contra a central nuclear. Isto demonstra a irresponsabilidade do conflito", disse Stoltenberg antes de uma reunião urgente dos ministros das Relações Exteriores da Otan em Bruxelas, na primeira reação da aliança transatlântica ao ataque.

A central nuclear de Zaporizhia é considerada a maior da Europa e sofreu um incêndio na noite de quinta-feira (3), após um ataque das forças russas, segundo autoridades ucranianas.

No entanto, o incidente foi controlado e os reatores foram desativados e, de acordo com o regulador nuclear ucraniano, nenhum vazamento radioativo foi registrado na usina até o momento.

Em Bruxelas, Stoltenberg recebeu o secretário de Estado americano, Antony Blinken, antes de uma reunião de emergência da aliança, na qual participarão o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, e os chanceleres da Finlândia e da Suécia, dois países associados.

"Não estamos procurando um conflito. Somos uma aliança defensiva e vamos defender nosso território", disse Blinken logo após ser recebido por Stoltenberg.

Para Borrell, "esta guerra é totalmente injustificada (...) devemos permanecer unidos e estar preparados para agir".

O influente ministro das Relações Exteriores de Luxemburgo, Jean Asselborn, afirmou que a Otan deve ser fortalecida e ajudar seus países parceiros no leste do continente, mas considerou que se envolver totalmente no conflito seria uma "catástrofe".

Esta posição parece diminuir as chances de adotar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia por enquanto.

Para Asselborn, tal decisão deve ser adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto o ministro das Relações Exteriores da República Tcheca, Jan Lipavsky, alertou que se a Otan se comprometer com essa iniciativa "significa que estará envolvida em um conflito".

Para o chanceler francês, Jean-Yves Le Drian, é preciso "manter o isolamento" da Rússia.

Durante o dia, Borrell vai presidir uma reunião dos ministros das Relações Exteriores da UE, para a qual convidou Blinken e os ministros do Canadá e do Reino Unido, que se encontram em Bruxelas para a reunião da Otan.

A ideia de organizar uma reunião unificada UE-Otan foi vetada pela Turquia, país que faz parte da aliança militar, devido à presença de Chipre, que faz parte da UE mas não da Otan.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensky, fez um apelo emocionado na madrugada desta sexta-feira (4), pelo horário de Brasília, aos líderes globais, para que pressionem a Rússia pelo fim dos ataques ao país. O discurso ocorreu após a usina nuclear de Zaporizhzhia ter sido bombardeada e pegar fogo.

"Se houver uma explosão (da usina), será o fim para todos. O fim da Europa. A evacuação da Europa", disse Zelensky. "Apenas uma urgente ação da Europa pode parar as tropas russas. Não permitam a morte da Europa a partir de uma catástrofe em uma usina nuclear", afirmou o líder ucraniano.

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O incêndio, porém, foi controlado e tropas russas assumiram o controle da usina nuclear. Apesar do bombardeio e do incêndio, os reatores nucleares de Zaporizhzhia não foram atingidos e o nível de radiação na região é normal, segundo informações repassadas por autoridades ucranianas à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A usina nuclear é a maior da Europa e responde por 25% da geração de energia na Ucrânia.

Após o ataque, Zelensky falou com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e com outros líderes europeus para renovar os apelos por ajuda na guerra contra a Rússia. Fonte: Associated Press.

Após bombeiros conterem o fogo que se alastrou em parte da usina nuclear de Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia, autoridades do país confirmaram que tropas russas assumiram o controle do local na manhã desta sexta-feira (4) (madrugada em Brasília). Apesar de cidades estratégicas estarem sob cerco russo e embates continuarem ocorrendo pelo país, o 9° dia de conflito começou com uma redução de tensões, após o incidente não ter escalado para uma catástrofe nuclear. A usina é a maior da Europa.

O fogo começou nas primeiras horas desta sexta (ainda na noite de quinta em Brasília) após um ataque russo, segundo as autoridades ucranianas, fazendo crescer um temor de uma possível explosão de reator. O serviço de emergências da Ucrânia confirmou que chamas foram extintas nas primeiras horas desta sexta.

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"Às 6h20 (1h20 em Brasília) o incêndio na (...) usina nuclear Zaporizhzhia em Energodar foi extinto. Não há vítimas", informou um comunicado. A administração militar regional disse que há danos no compartimento do reator nº 1, mas que não afetam a segurança da unidade de energia.

Já na manhã de sexta, o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, fez um pronunciamento e culpou sabotadores ucranianos pelo ataque à usina nuclear, o que classificou como uma provocação. Ainda de acordo com Konashenkov, a usina nuclear está operando normalmente e a área estaria sob controle russo desde 28 de fevereiro.

"No entanto, ontem à noite no território adjacente à usina, foi feita uma tentativa do regime nacionalista de Kiev de realizar uma provocação monstruosa", disse.

Reunião de emergência

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que buscará uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em razão do ataque das tropas russas à usina nuclear de Zaporizhzhia.

O gabinete de Johnson informou em comunicado que ele conversou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira. O primeiro-ministro afirmou que o Reino Unido abordará imediatamente a questão da reunião de emergência com a Rússia e com parceiros próximos.

Johnson e Zelensky também concordaram que a Rússia deve paralisar imediatamente o ataque e permitir que os serviços de emergência tenham acesso irrestrito à usina. "O primeiro-ministro disse que as ações imprudentes de Putin agora podem ameaçar diretamente a segurança de toda a Europa", declarou o gabinete no comunicado.

Movimentação militar

Apesar dos pedidos de cessar-fogo de autoridades como o presidente americano, Joe Biden, e do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, até que se resolvesse a situação na usina, movimentações militares continuaram a acontecer em todo o país. Em Ojtirka, cidade localizada na região de Sumi, as forças russas realizaram novos bombardeios, deixando a população sem eletricidade e aquecimento, de acordo com o chefe da Administração Militar Regional, Dmytro Zhivitski.

"Em princípio, toda a região de Sumi é agora uma terra do inferno, que está sendo destruída pelas tropas russas", escreveu Zhivitski em uma publicação no Twitter.

Em Mariupol, forças ucranianas continuam no controle da cidade, porém a infraestrutura civil está cada vez mais danificada em função dos bombardeios russos, informou um relatório de inteligência do Reino Unido. De acordo com as informações britânicas, a cidade continua cercada por soldados russos e das regiões separatistas de Donbass, reconhecidas pela Rússia como as repúblicas populares de Donetsk e Luhansk. (Com agências internacionais).

O projeto de construção de uma usina nuclear em Itacuruba (PE) será debatido nesta segunda-feira (20), a partir das 14h, em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado.

O requerimento para a realização da audiência, interativa e remota, foi feito pelo presidente da Comissão, senador Humberto Costa (PT-PE).

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Em 2011, um estudo da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, apontou a região de Itacuruba, no sertão pernambucano, como possível sítio para uma nova central nuclear, devido à baixa densidade populacional e à proximidade do rio São Francisco, cujas águas seriam usadas para resfriar os reatores. O plano voltou a ser defendido recentemente pelo governo federal, em meio à busca de alternativas para a crise energética. Os opositores ao projeto da usina temem prejuízos a comunidades indígenas e quilombolas da região, além de danos ambientais.

A Procuradoria-Geral da República ajuizou no Supremo Tribunal Federal uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 6897) contra um artigo da Constituição do Estado de Pernambuco, que veda a instalação de usinas nucleares no território estadual.

Os convidados da audiência são:

Vânia Fialho, antropóloga, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e membro do Comitê Povos Tradicionais, Meio Ambiente e Grandes Projetos da Associação Brasileira de Antropologia (ABA);

Isaltino Nascimento, deputado estadual (PSB-PE);

Hélio Lúcio Dantas da Silva, procurador-geral da Assembleia Legislativa de Pernambuco;

Dom Limacêdo Antonio, bispo auxiliar de Olinda e Recife e presidente da Comissão Regional para Ação Sociotransformadora da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil);

José Júnior Karajá, assessor do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Nordeste e membro do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental.

*Da Agência Senado

 

 

 

Uma equipe de pesquisadores do Reino Unido desenvolveu a primeira vodca produzida a partir de insumos oriundos da zona de exclusão que ainda vigora ao redor da antiga usina nuclear de Chernobyl. Chamada de Atomika, a bebida é o primeiro produto feito para consumo proveniente da área abandonada desde o pior acidente nuclear da história, em 1986.

A fabricação da vodca se deu a partir do cultivo de cereais em uma fazenda na zona de exclusão, na Ucrânia. Os pesquisadores trabalham na área desde a década de 1990 estudando como a terra se recuperou desde o acidente nuclear.

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Para a produção da Atomika foram destilados o centeio levemente contaminado e água encontrada no aquífero de Chernobyl. Pesquisadores da Universidade de Southampton, no Reino Unido, analisaram os ingredientes à procura de radioatividade neles mas nada foi encontrado.

Até agora, foi produzida somente uma garrafa da bebida. O objetivo da equipe do professor Jim Smith é provar que a terra do lugar pode ser reaproveitada além de gerar renda com a venda das próximas 500 garrafas a serem produzidas para as famílias que ainda vivem na região que sofrem com uma condição econômica precária.

Com receio de que o Sertão pernambucano possa ser território para a instalação de usinas nucleares nos próximos anos, a Articulação Sertão Antinuclear organiza uma caminhada neste sábado (15), a partir das 5h, em oposição ao projeto nuclear do governo federal.

 O percurso do protesto tem início no município de Mirandiba, passando por Carnaubeira da Penha e Floresta, até chegar em Itacuruba, todas cidades do Sertão de PE. No domingo (16) será realizado um grande ato contra a instalação da usina nuclear, em frente à Igreja Matriz Nossa Senhora do Ó, a partir das 8 horas.

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A Articulação Sertão Antinuclear é composta por diversas comunidades e povos tradicionais da região, além de organizações e movimentos sociais que lutam em defesa dos territórios locais e seus costumes. O grupo é contra a possibilidade da construção de usinas nucleares na cidade de Itacuruba, distante há quase 500 quilômetros do Recife, às margens do rio São Francisco.

Trecho marcado em vermelho sinaliza a área da cidade de Itacuruba, no Sertão de Pernambuco. Foto: Google Maps

Um estudo feito pela empresa Eletronuclear havia indicado um potencial para construção de até 6,6 mil megawatts (MW) de usinas nucleares na cidade. Cada usina teria investimento mínimo de R$ 30 bilhões. A secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME) informou que o Plano Nacional de Energia 2030, em elaboração pelo MME e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), deve indicar a construção de novas usinas nucleares no Brasil, além de Angra 3. 

Cláudia Leal é uma das organizadoras da "caminhada antinuclear" e destaca que os sertanejos precisam abrir os olhos e lutar contra a implantação desse empreendimento. "As pessoas precisam entender que isso não traz benefícios nenhum para a população local. Nós temos muito sol, vento e outras fontes para a produção de energia limpa. Esse projeto não vai edificar a cidade como o prefeito da cidade diz por aí. Um exemplo simples é que não temos mão de obra qualificada para atuar nesse ramo e por isso nenhum trabalhador daqui seria contratado", explicou a integrante da Associação Provida. A reportagem telefonou para o gabinete do prefeito de Itacuruba mas não as ligações não foram atendidas.

Um dos pontos levantados pelo padre Luciano Aguiar, que reside em Floresta, cidade também localizada no Sertão de Pernambuco é que o risco da usina nuclear é muito grande. "Se acontecer algum acidente o impacto atingirá Pernambuco inteiro, além dos efeitos radioativos graves. Não queremos isso aqui, esse empreendimento é politicagem e manutenção de royalties. A última coisa que queremos é um desastre ambiental e a retirada das nossas comunidades ribeirinhas de suas moradias", avaliou o religioso, que também participará da caminhada. 

Segundo o censo 2013 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Itacuruba possui uma população de 4 643 habitantes, sendo o segundo menor município em população do Estado, atrás apenas de Ingazeira. No município de Itacuruba estão inseridos três povos tradicionais, sendo eles a comunidade quilombola de Poço dos Cavalos, a comunidade quilombola Negos do Gilu, e o povo indígena Pankará, da Aldeia do Serrote dos Campos.

No site da Eletrobras (Eletronuclear) um texto sobre o empreendimento aponta o Nordeste como prioridade na construção das novas usinas. "O Plano Nacional de Energia 2030 (PNE 2030) estabeleceu que o Brasil precisará expandir a oferta de energia nuclear em mais 4 mil megawatts (MW) até o final do período. Desse total, 2 mil MW estão previstos para o Nordeste e mais 2 mil MW, para o Sudeste. Com base nesse planejamento, a Eletrobras Eletronuclear deu início à seleção de locais candidatos para abrigar as futuras centrais nucleares nacionais", diz trecho do documento.

A empresa argumenta que utilizou técnicas de sistemas de informação geográfica, mapeou as regiões a partir de imagens de satélites e utilizou dados sobre meteorologia, sísmica, população e possíveis fontes de água existentes nos locais pesquisados que poderiam ser usadas para refrigeração do reator.

Simulação de central nuclear com seis reatores que poderá ser construída. Foto: Eletronuclear

Apesar de não existir uma negociação sólida e transparente por parte do governo federal e a gestão local, os sertanejos se antecipam e se unem para mobilizar a sociedade civil do risco de uma usina nuclear para o desenvolvimento energético do país. 

"Não sabemos em que pé anda a proposta oficial. Mas a gente tem consciência de que o prefeito quer essa usina aqui e busca apoio de deputados de Pernambuco para tocar o projeto. Mas eles não se preocupam com a vida pacata da cidade, essas pessoas precisam da água para se manter e qual a segurança que teremos com uma usina nuclear? E para onde vão os resíduos disso? Como será a vida dos ribeirinhos, quilombolas e ingígenas?", questionou Cláudia, que apontou o desastre de Chernobil como principal motivação para ser contra o empreendimento. 

O acidente nuclear citado foi catastrófico e aconteceu entre 25 e 26 de abril de 1986 no reator nuclear nº 4 da Usina Nuclear de Chernobil, perto da cidade de Pripyat, no norte da Ucrânia Soviética.

Qual o custo-benefício do projeto?

O físico e especialista em energias Heitor Scalambrini aponta que o maior risco de uma usina nuclear é o vazameno de material radioativo do interior para o exterior. "Quem faz pesquisas na área sabe que é difícil acontecer esse tipo de vazamento, mas como toda obra de engenharia não existe o risco zero. O alerta da população sertaneja é preventivo para evitar um dos piores desastres que podem acontecer na superfície terrestre", explicou o pesquisador e professor da Universidade Federal de Pernambuco. 

 Para ele, a proposta de instalação nas margens do Rio São Francisco é muito perigosa por todo potencial que o velho chico oferece ao Brasil. "O rio serve a mais de 20 milhões de pessoas, 600 município e seis estados. Um desastre poderia acabar com o nordestino", disse. Scalambrini também citou que a tendência mundial é não utilizar a energia nuclear pelo risco e alto custo. 

O professor destacou que países como a Alemanha e Itália já deram grandes passos para não utilizar essa fonte energética. "O Brasil não precisa das usinas nucleares para garantir a segurança energética da população. Para se ter uma ideia , hoje temos duas usinas nesse sentido no país e elas são responsáveis por menos de 1% do que geramos no país. É ínfimo e o custo não se sustenta", criticou Heitor Scalambrini. 

Em 32 anos de operação, a Itaipu Binacional é líder mundial em produção de energia limpa e renovável. Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, fornece cerca de 17% da energia consumida no Brasil e 75% no Paraguai. Fotos Públicas/Divulgação

A legislação estadual veda a instalação de usina do tipo. De acordo com o atigo 216 da constituição pernambucana "fica proibida a instalação de usinas nucleares no território do Estado de Pernambuco enquanto não se esgotar toda a capacidade de produzir energia hidrelétrica e oriunda de outras fontes", trecho retirado do documento de acesso público.

O Brasil possuí 12% da água doce superficial da Terra, tornando-se o país com uma das maiores redes fluviais, contando com 12 bacias hidrográficas. As cinco principais usinas hidrelétricas são Usina Hidrelétrica de Itaipu (Paraná) , Usina Hidrelétrica de Belo Monte (Pará), Usina Hidrelétrica São Luíz do Tapajós (Pará) e Usina Hidrelétrica de Tucuruí (Pará) e Usina Hidrelétrica de Santo Antônio (Rondônia). Juntas são responsáveis por produzir cerca de 70% da energia disponível para consumo no Brasil, ou seja, é a principal geradora de energia no país. 

"Aqui não precisamos de usinas nucleares, temos outras fontes menos poluentes e que produzem menos riscos. Um ponto importante que a população saiba é que além dos riscos sociais e ambientais, investir na usina nuclear vai aumentar ainda mais a conta de energia do brasileiro. É caminhar na contramão", concluiu o pesquisador.  

Começou hoje (20), no Rio de Janeiro, o Sien (Seminário Internacional de Energia Nuclear. O evento se estende até quinta-feira e pretende discutir a expansão da utilização de energia nuclear dentro do setor energético. As previsões da WNA (sigla em inglês para Associação Nuclear Mundial) são de que, até 2050, o setor que hoje é responsável pela geração de 11% da energia elétrica mundial, chegue a 25%, cumprindo assim as metas globais estabelecidas pela ONU de aumentar a temperatura global em apenas 2° Celsius.

A administração da WNA, que tem o Brasil em sua composição através da estatal Eletronuclear, apresentou um relatório em que mostra a necessidade de elevar significativamente a geração de energia nuclear nos próximos 34 anos. Atualmente são produzidos 400 gigawatts (GW) e a meta é atingir os 1000 GW.

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Um dos pontos mais relevantes, segundo Leonam dos Santos Guimarães, representante do conselho administrativo da Eletronuclear, é explicar para a população a importância e a segurança da energia nuclear: “O primeiro desafio é a aceitação pública e o entendimento de todos os segmentos preocupados com a mudança climática de que o setor nuclear é uma ferramenta indispensável para atingir essas metas”.

Atualmente, a produção de energia nuclear no país está em 2017 megawatts (MW), com a atividade das usinas de Angra 1 e Angra 2, segundo dados da própria Eletronuclear. A usina de Angra 3 está em fase de construção e a previsão é de que produza 1405 MW. A WNA prevê que, no futuro, a produção energética será dividida entre termelétricas, nucleares e uma minoria de usinas que utilizam matéria prima fóssil. Sexta-feira (16) foi inaugurada a maior termelétrica sustentável do país.

Por Wagner Silva

 

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