Tópicos | Estereótipos

Ruby Rose está no radar faz tempo. Além de VJ da MTV, Stella Calin em Orange Is The New Black, agora, como o ESTRELANDO já falou por aqui, ela também estreará como a Batwoman, a primeira super-heroína lésbica da TV.

Apesar do título, a atriz já deixou bem claro que não gosta de rótulos como modelo lésbica e a atriz lésbica. Em entrevista para a revista norte americana Glamour, a artista contou um pouco sobre sua carreira, estereótipos e planos para o futuro.

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- Eu sempre fui Ruby Rose, a lésbica VJ da MTV, a modelo lésbica, a atriz lésbica. Eu fiquei tipo: isso não faz parte do meu trabalho. Isso não está no meu cartão de visita. Eu não estudei para faze risso, não é?

A carreira de Ruby começou em 2002, quando ela ficou em segundo lugar em uma competição australiana de modelos. Mas a fama realmente veio à tona em 2007, quando se tornou uma VJ na MTV do país. Nessa época, ainda era novidade essa exibição pública e principalmente o termo lésbica, mas parece que ela não se arrepende:

- A Austrália foi quando eu realmente senti o gosto de estar nos jornais todos os dias. Mas as pessoas ficam cansadas de você. Você está no jornal diário tomando um café, e as pessoas ficam tipo: Ela busca muita atenção, está tomando seu café! Até uma sessão de fotos para a capa de uma revista masculina foi apontada como um precedente lésbico. Quando tudo isso estava acontecendo, eu estava ficando frustrada por ter sempre minha sexualidade como parte dela. Nunca diriam a DJ heterossexual, apontou.

Apesar da vida pública, a artista parece ter um cotidiano relativamente discreto. Dentre seus hobbies estão andar ao ar livre, de caiaque, barco, meditar e ler. Quando perguntada se ela consegue encontrar semelhanças entre ela e sua personagem, a Kate Kane, o alter ego de Batwoman, Ruby respondeu:

- Temos histórias semelhantes em que nós dois saímos do armário muito jovens, nunca nos escondemos, pagamos preços diferentes, mas parecidos, com isso. Nunca foi uma pergunta para mim se eu seria ou não honesta sobre minha sexualidade. Eu meio que disse isso por volta dos 11 ou 12 anos da idade, e essa é a mesma história com Kate.

As duas terem a mesma opção sexual é certamente algo em comum, mas Rose ainda diz que essa não é a parte favorita da história:

- Ela é gay, definitivamente faz parte de quem ela é, e definitivamente faz parte da história e estabelece porque ela não está mais no exército. Mas o programa não é sobre um super-herói gay. É sobre um super-herói.

Batwoman não é a primeira vez que Rose interpreta uma personagem queer. Ela apareceu na terceira temporada da série Orange is The New Black, como a detenta Stella Calin e estremeceu as redes sociais. Na época, muitas amigas do elenco disseram que o papel mudaria sua vida pra sempre. E realmente mudou. Depois da série, Ruby foi para os Estados seguir a carreira e até conseguiu seu visto.

A escolha dos produtores por Ruby Rose para interpretar Batwoman, contudo, foi bem polêmica nas redes sociais. Inclusive, internautas até chegaram a subir uma hashtag para fazerem novas seleções de atrizes. Isso porque a atriz já assumiu que não se identifica com nenhum gênero sexual, o que a incapacitaria de interpretar uma lésbica na ficção.

- Eu não achava que as pessoas se importariam tanto com o fato de eu ter sido escolhida. Mas no meu leito de morte eu não vou ficar tipo: Eu realmente desejo que mais pessoas, mais estranhos na internet que eu não conhecia, gostem de mim.

Já quanto ao futuro, a artista revelou querer se aventurar em outro gêneros, como na comédia. Mas procura por algo que seja na Austrália, porque sente saudades de casa.

 

As eleições deste ano carregam consigo uma expectativa forte de mudança da conjuntura do país, mas não apenas isso. Uma parcela da sociedade nutre também a esperança de ampliar a participação de mulheres na política para, desta forma, reforçar a pauta feminista no Congresso Nacional. Feminismo este que, em síntese, defende a ampliação do papel e dos direitos das mulheres na sociedade e virou uma das palavras do momento no país. 

Nessa perspectiva vem surgindo movimentos e iniciativas que pretendem endossar candidaturas que hasteiam a bandeira, mas esbarram nas dificuldades dentro dos partidos - principalmente de direita e centro. Um grupo que vem trabalhando para reverter o quadro é o  PartidA, movimento nacional que, inclusive, encabeça uma campanha chamada “Meu voto será feminista”. 

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Para a militante da organização, Daiane Dutra, a subrepresentação das mulheres em espaços políticos tem gerado um cenário caótico para o gênero no Brasil e a ideia do PartidA é garantir que  as pautas feministas passem a ser contempladas de forma mais significativa no setor que rege a sociedade com leis predominantemente criadas por “homens conservadores”.

“Queremos garantir que mais mulheres sejam eleitas em 2018 e as pautas feministas estejam contempladas nas plataformas políticas, agora isso não significa que não façamos intervenções em mandatos liderados por homens, por exemplo. Acreditamos que alguns homens são aliados a luta feminista e isso é importante”, observou. 

“A prioridade total, contudo, é que possamos garantir que as mulheres sejam candidatas, mulheres feministas principalmente. Não é porque ela é mulher que defende nossas pautas”, completou, lembrando da atuação da vereadora do Recife, Michele Collins (PP), que é contra a legalização do aborto considerada uma das pautas mais importantes para o feminismo.

Liderando uma chapa feminista que disputa o Governo de Pernambuco, a pré-candidata do PSOL a governadora e advogada, Daniele Portela, acredita que as eleições deste ano podem abrir espaço para as mulheres que, na ótica dela, são a base da sociedade.  

“As mulheres estão reivindicando o seu lugar depois de um apagamento quase total ao longo da nossa história. Ainda é muita pequena nossa participação nos espaços políticos, mesmo com a cota de 30% de candidaturas femininas por partido. Essas posições são tradicionalmente ocupadas por homens, héteros, cis e na sua maioria brancos. Neste sentido, acredito que a pauta feminista traga um novo olhar para os problemas postos nos estados e no país. Um olhar que, a partir do recorte de gênero, consiga trazer soluções para problemas históricos como o desemprego de mulheres”, salientou. 

Na avaliação de Danielle, a maioria da população “tem mostrado profundo descontentamento com a classe política” e, uma parte dela, por conta disso, “tende a se aliar com pautas e candidatos que apresentem discursos mais conservadores”. Para reagir a tal tendência, a psolista disse que defender a participação feminista no pleito “é questão de princípios”.

“É preciso delimitar os espaços e saber onde nos colocamos. Defender um recorte feminista nessa eleição é uma questão de princípios. E por isso creio que, quem se coloca como postulante defendendo essa pauta, necessariamente será uma candidatura forte”, reforçou a pré-candidata a governadora.  

A quebra de estereótipos e identificação de candidatura feminista

A palavra feminismo tem sido cada vez mais utilizada no país e passou a pautar até o mercado, mas na política ela ainda é carregada de estereótipos dosados pelo preconceito, o que dificulta a vida dos movimentos e de quem defende a iniciativa. Questionada sobre como fazer para quebrar paradigmas negativos diante das defesas feministas e, principalmente neste período eleitoral, Daiane Dutra disse que a primeira ação deve ser de conscientização entre as próprias mulheres. 

“Vivenciamos um movimento bem interessante em relação a palavra feminista que o próprio movimento traz com uma carga muito forte de conquistas de direitos. O próprio capitalismo está trazendo como algo que precisamos inserir na sociedade, mas a grande questão é como que esse termo está sendo passado para as pessoas e, sobretudo, para as mulheres? Não basta ser da moda”, argumentou a militante do PartidA. 

Para ela, outra questão salutar, é o fato do feminismo pautar candidaturas de partidos de esquerda. “Nos partidos de direita e centro-direita o mote de mulheres no poder está bem presente, mas não basta que sejam mulheres. Mulheres de direita não necessariamente vão defender o direito das mulheres negras, periféricas e da população LGBT”, destacou.

Um exemplo do reforço de candidaturas feministas serem predominantes em partidos de esquerda são as iniciativas do PSOL e do PT neste viés. Em Pernambuco, além da chapa majoritária feminista, a legenda psolista também está construindo projetos como o “Juntas” que apresentará candidaturas de cinco mulheres para a Assembleia Legislativa e a Câmara dos Deputados com a mesma linha de defesa, pautando temas como o feminismo e a luta LGBT. 

Já no PT, foi criada a iniciativa “Elas por Elas” que pretende “impulsionar, formar e dar condições materiais e políticas para que mulheres feministas ocupem cargos políticos, dentro e fora do partido”.  

Feminismo: da sociedade para a política

A conscientização das próprias mulheres sobre a abrangência do feminismo também baseou um panorama feito pela cientista política Priscila Lapa. Sob a ótica da estudiosa, nas últimas eleições “não foi possível ver uma evolução das candidaturas” do gênero e a pauta feminista não tem ganhado uma abrangência no debate eleitoral. 

Para que isso cresça, segundo ela, é necessário a quebra dos tabus que permeiam a pauta feminista e isso acontecerá somente a partir de uma mudança na sociedade.  

“A medida que a mentalidade das pessoas muda sobre isso vai se refletindo na política. A gente caminha positivamente no debate público, quando se traz para as escolas, por exemplo. É possível enfrentar esse tema com menos tabus, como o que fala que feminismo é algo restrito ou ultrapassado. Dentro da esfera política, porém, ainda precisa percorrer um longo caminho. É uma esfera muito machista. A classe política não dá a devida importância ao tema”, disse a estudiosa.

Na classe política, Lapa disse que a pauta feminista é atendida apenas diante de apelos e comoções a partir de tragédias que abalem a sociedade, como foi o caso da morte da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL). 

A decisão pelo voto feminista

Apesar da falta de candidaturas competitivas e dos meses que ainda faltam para o início da campanha eleitoral, há quem já tenha definido que votará apenas em mulheres no pleito deste ano. Como é o caso da estudante de enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco, Mirella Santana, 20 anos. A universitária acredita que, em sua maioria, os deputados e senadores não servem ao povo e, por isso, decidiu guiar a posição político-eleitoral a partir do que chamou de “um voto integralmente representativo”.

“Não cabe mais votar em quem não representa essas ideias, em partidos afundados em escândalos de corrupção. Não cabe mais votar naqueles que se dizem ‘neutros’, pois neutralidade já é um posicionamento”, salientou a eleitora.

“Esse ano eu decidi votar só em mulheres. Uma decisão que considero óbvia pra mim, que luto por uma democracia verdadeiramente representativa. Ao contrário do que vemos hoje: um estado majoritariamente composto por homens brancos, cis, héteros, de alta classe social e herdeiros de uma trajetória política familiar. E não basta ser mulher, tem que levantar as minhas bandeiras e me representar de verdade”, completou, pontuando ter se descoberto, diante do cenário político do país, uma pessoa “feminista, social democrata e progressista”.

A postura de Mirella Santana e tantas outras mulheres que já definiram o voto dão aos movimentos a esperança de que os dados atuais de candidaturas e de eleitas podem mudar com a eleição deste ano. Para se ter uma ideia, atualmente elas estão representadas em 10% dos mandatos nas casas legislativas, o que deixa o Brasil no ranking atrás de países como Arábia Saudita, Síria, Iraque e Emirados Árabes. Em 2014, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 29,73% dos quase 25 mil candidatos eram mulheres. 

 

 

Quanto mais tempo um adolescente passa jogando videogames, mais propenso a mostrar atitudes sexistas e estereótipos de gênero ele fica, segundo um estudo com milhares de usuários franceses publicado nesta sexta-feira.

O estudo, realizado por uma equipe de pesquisadores franceses e americanos, comparou o tempo gasto por 13.520 jovens jogando videogames com as suas atitudes em relação às mulheres e aos papéis de gênero.

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Os resultados, publicados na sexta-feira na revista Frontiers in Psychology, sugerem que o aumento da exposição aos videogames está associado a níveis mais altos de estereotipagem e sexismo entre os adolescentes, principalmente entre os meninos.

"As representações sexistas saturam a publicidade, a televisão e o cinema, e os videogames não são exceção", disse à AFP o coautor do estudo Laurent Begue, da Universidade de Grenoble. "A análise de conteúdo mostrou que as mulheres estão sub-representadas em videogames populares. Elas têm papéis passivos, são princesas que precisam ser salvas ou objetos secundários e sexualizados de conquista", acrescentou.

Embora as mulheres sejam as principais vítimas dos estereótipos, os homens também são afetados, sendo retratados como "mais ativos, armados e musculosos". A pesquisa envolveu meninos e meninas de 11 a 19 anos, residentes nas cidades de Lyon e Grenoble, e cujo tempo de jogo variava de uma a 10 horas por dia.

Pesquisadores da Universidade Savoie Mont Blanc, na França, e da Universidade Estadual de Iowa, nos Estados Unidos, também colaboraram no projeto. Experimentos anteriores mostraram que jogar videogames específicos por alguns minutos pode reforçar atitudes sexistas, mas o novo estudo é a primeira análise em larga escala do fenômeno entre os adolescentes.

Begue advertiu que, apesar da ligação "estatisticamente significativa" entre sexismo e videogames, a influência dos jogos sobre as atitudes dos adolescentes permanece limitada.

O fervor religioso é um determinante maior do sexismo, observaram os pesquisadores. A televisão, por outro lado, teve um impacto menor do que os videogames.

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