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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva terá uma conversa definitiva, nesta sexta-feira (23), com a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e vai oferecer a ela, como primeira opção, o Ministério do Meio Ambiente. Simone disse a interlocutores que pode aceitar, desde que não passe na frente da deputada eleita Marina Silva (Rede-SP). Lula afirmou a aliados que, caso não haja acordo para que Marina assuma o novo posto de Autoridade Climática, oferecerá a Simone o Planejamento.

A nove dias da posse, o presidente eleito ainda não completou a equipe de governo. Nessa quinta-feira (22), ele anunciou 16 ministros, incluindo na lista o futuro vice-presidente Geraldo Alckmin, que será titular de Indústria e Comércio. Lula também apresentou as primeiras mulheres que vão integrar a Esplanada, como Nísia Trindade Lima para Saúde.

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O perfil dos nomes mostra que, até agora, Lula escolheu somente aliados de primeira hora do PT e de partidos com quem tem mais afinidade política por não conseguir superar a tempo os inúmeros entraves para abrigar indicados por alas do MDB, do PSD e do União Brasil. Além disso, o petista também aguardava a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição ser aprovada pelo Congresso para medir a fidelidade dos novos apoiadores. Já promulgada, a PEC permite ao governo aumentar gastos para pagar o Bolsa Família.

Em pronunciamento na cerimônia de diplomação, no último dia 12, Lula destacou o papel dos partidos que o apoiaram na disputa contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), acenando para uma gestão além do PT para ter governabilidade. A cota petista na equipe, atualmente, está em oito nomes, mas deve chegar a pelo menos dez dos 37 ministérios da Esplanada, no terceiro mandato de Lula.

O maior impasse ainda reside na cadeira a ser ocupada por Simone e nas vagas que devem ser oferecidas ao União Brasil. Lula recebeu, nesta quinta-feira, o presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), os senadores Renan Calheiros (AL) e Eduardo Braga, além do líder do partido na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), para tratar da composição do governo.

O MDB terá três ministérios, mas Simone é considerada como um nome da "cota pessoal" de Lula. O senador eleito Renan Filho (MDB), ex-governador de Alagoas, comandará o Ministério dos Transportes. O deputado José Priante (PA), primo do governador do Pará, Helder Barbalho, deve ser a indicação do MDB da Câmara para o cobiçado Ministério das Cidades, a ser recriado.

Simone apoiou Lula no segundo turno e queria Desenvolvimento Social, mas, por pressão do PT, o ministério foi entregue ao senador eleito Wellington Dias, ex-governador do Piauí. Foi naquele Estado que Lula lançou o Fome Zero, em 2003. O programa deu origem ao Bolsa Família.

A pasta de Desenvolvimento Social é vista pelo partido como "coração do governo". Para a cúpula do PT, não era aceitável deixar Simone, uma possível adversária na disputa de 2026, em um cargo de tanta visibilidade e com um dos maiores orçamentos da Esplanada.

Se depender do comando petista, Marina Silva também não deve voltar a comandar Meio Ambiente porque pode ter novos embates no ministério, sobretudo com o agronegócio. Ministra no primeiro mandato de Lula, quando ainda era filiada ao PT, Marina saiu do governo sob desgaste, em 2008, e se desfiliou do partido. Somente se reaproximou de Lula nesta campanha, por intermédio de Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda.

O desejo de Lula é que ela assuma Autoridade Climática, cargo que ficaria sob o guarda-chuva da Presidência da República. Na campanha, Marina sugeriu ao petista a criação desse posto, mas não planeja ocupá-lo porque o considera muito técnico. Além disso, avalia que Autoridade Climática precisa ficar na estrutura do Meio Ambiente, e não da Presidência.

Desde o início do mês, Lula anunciou titulares para 21 pastas - outros cinco nomes já haviam sido divulgados no último dia 9. Ele ainda precisa escolher 16 ministros.

Nessa temporada, Lula enfrentou a pressão do PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), que queria o Ministério da Saúde, uma espécie de feudo do partido há vários anos. Mas Lula bancou Nísia, a presidente da Fiocruz, que vai herdar uma das pastas mais problemáticas do governo de Jair Bolsonaro.

Na equação difícil de fechar com o centro e o Centrão, o PSD do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), ficará com dois ministérios. Um deles é Agricultura, que terá à frente o senador Carlos Fávaro (PSD-MT). O partido também reivindica a vaga de Minas e Energia para o senador Alexandre Silveira (MG), aliado de Pacheco.

Essa cadeira, no entanto, também é cobiçada pelo líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA). Homem da confiança de Lira, Elmar está de olho, ainda, no Ministério do Desenvolvimento Regional, pasta à qual a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do Parnaíba e São Francisco (Codevasf) está subordinada. Dona de um orçamento de R$ 3,5 bilhões para 2023, a Codevasf foi a autarquia que mais recebeu recursos do orçamento secreto nos últimos anos, como mostrou o Estadão, protagonizando escândalos de compras superfaturadas.

Com o resultado das eleições no domingo (30), os nomes cotados para ocupar os ministérios do terceiro governo Lula (PT) já estão sendo especulados. Entre as novidades, o petista deve recriar os ministérios do Planejamento e da Indústria, extintas pelo governo Jair Bolsonaro (PL) e incorporadas ao Ministério da Economia sob o comando de Paulo Guedes. 

De acordo com o cientista político da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), a indicação de Lula para que a condução do período de transição de governo iniciada nesta quinta-feira (3), fosse liderada por Alckmin, é de que o governo será composto por uma frente ampla, com a “reconstrução da frente democrática”.

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“Ele poderia ter colocado um petista ali, um Aloizio Mercadante, alguém que já integrou o governo petista, mas isso daria uma característica de governo petista. Talvez o que o Lula esteja querendo imprimir, a partir de 2023, um governo com uma característica de frente ampla: mais aberto à negociação com outros partidos”, disse. 

Ele citou os nomes do deputado federal Randolfe Rodrigues, de Marina Silva e da senadora Simone Tebet, que estão ao lado do petista e compõem outros partidos. 

“A especulação, inclusive, é que a vitória do Lula se deve basicamente a ela [Tebet] por conta dos votos do primeiro turno que migraram para ele. Também tem o próprio MDB que devemos ver como vai ser comportar, o PSD. Então, é possível que seja essa a nova caractertística”, afirmou o cientista político, ao mencionar a possibilidade da instauração de uma frente ampla no governo Lula. 

Novos ministérios

Com relação ao Ministério dos Povos Originários, o cientista político salientou o alto poder simbólico da sua criação, e também comentou sobre a recriação do Ministério da Cultura a partir do ganho para a sociedade. “Os custos desses ministérios não são tão altos se você comparar ao Ministério da Educação, por exemplo. Então, se você tem um Ministério de baixo custo com alto poder simbólico, o que traz ganhos para a sociedade que passou por um período de desmanche da máquina pública no sentido das pastas existirem mas atuarem com perseguições para atender a interesses particulares e privados”, evidenciou.  

O especialista explicou que o aumento da quantidade de ministérios não implica necessariamente nos custos do governo para 2023. “O orçamento do próximo ano já está sendo votado e tem uma previsão que não dá para mexer muito, um bom exemplo disso é a política para ação social como o bolsa família que Lula está tentando implementar. Já vislumbrando uma saída, eles querem fazer uma PEC ou alguma outra medida econômica para compensar o orçamento que já está montado”.

Ele detalhou que a verba do Executivo destinada aos ministérios pode ser repartida para uma quantidade maior de pastas, mas destacou que o orçamento para o segundo ano de governo será diferente. “Quando a gente olhar para 2024, o governo do PT já vai mandar o seu projeto de gastos para aquele ano, e é possível que faça uma previsão maior em função dos ministérios”, afirmou Paranhos. 

Ranulfo Paranhos também fez questão de observar o índice de coalescência na composição dos ministérios, que é caracterizado pelo espaço que os partidos com maior predominância na Câmara dos Deputados recebem. “Quanto mais cadeiras tiver um partido na Câmara dos Deputados, maior será o espaço dele dentro da coalizão do governo, e isso tende a funcionar. O governo Lula meio que atendeu à expectativa desse indicador de coalescência: partidos maiores tinham mais ministérios, e menores, menos ministérios”. 

Para Ranulfo Paranhos, não deve haver espaço para muitas críticas em 2023. “O governo vai tentar recuperar uma parte dessa imagem de preocupado com a economia, mas preocupado, também, com cultura, com questões sociais, com o meio ambiente, para dar esse aspecto mais republicano”, comentou.

Cotação para os ministérios

Uma semana antes do segundo turno, Lula defendeu a recriação do Ministério da Cultura, que foi transformado em Secretaria Especial pelo governo Bolsonaro, em 2019. O petista assegurou que já teria um nome em mente “do ministro ou da ministra da Cultura” para ocupar a pasta. 

Ainda na campanha para o segundo turno, Lula também chegou a mencionar a criação do Ministério da Igualdade Racial e o Ministério dos povos originários. “Esse País terá um ministro indígena”, afirmou. 

O futuro Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão deve cuidar da elaboração do orçamento, reforma administrativa, que envolve o funcionalismo público e também deve acompanhar de perto um plano de obras inspirado no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), marca histórica do petista. 

Os nomes cotados para ocupar a pasta são os do ex-governador do Piauí, Wellington Dias, e do governador da Bahia, Rui Costa. Já para ocupar o Ministério da Fazenda, a aposta é entre o atual secretário de Fazenda de São Paulo, Felipe Salto.

Já o nome de Aloizio Mercadante, que coordenou a campanha de Lula à Presidência, é considerado para o Ministério do Planejamento, que tem um histórico de perfil menos fiscalista e, por isso, acaba não tendo atritos com o Ministério da Fazenda.

A ex-ministra do Planejamento, Miriam Belchior, é uma grande aposta para ocupar um cargo no comando do programa de obras de infraestrutura. O Ministério da Indústria, Comércio, Comércio Exterior e Serviços também deverá ser recriado. Ele possivelmente será comandado por alguém do PSB, partido do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, com o nome de Mário França sendo cogitado para o comando.

Os empresários Amanda Vettorazzo, de 33 anos, e Yacoff Sarkovas, de 65, participaram das manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) na Avenida Paulista em 2015. Há uma semana, os dois estiveram na mesma via para fazer o mesmo pedido agora em relação a Jair Bolsonaro, no ato organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e pelo Vem Pra Rua, os mesmos grupos que estavam na linha de frente há seis anos.

Mas, se antes havia convergência na tática e nas palavras de ordem, hoje eles discordam sobre a estratégia a ser seguida nas ruas: marchar junto com o PT e unificar a oposição em clima de Diretas-Já ou seguir em raia própria e manter distância do adversário de 2015?

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Integrante do grupo de renovação política RenovaBR e filiada ao Patriota, Amanda, que votou em Bolsonaro no segundo turno de 2018, disse que "com certeza" não iria a uma manifestação convocada pelo PT e afirmou que o partido "boicotou" o ato dia 12. "Sou totalmente avessa ao PT e justamente por isso defendo uma frente ampla, para poder continuar discordando de petistas democraticamente. O PT precisa reconhecer os riscos que Bolsonaro oferece às nossas instituições e deixar as eleições para 2022."

A empresária questiona se o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem interesse, de fato, no impeachment de Bolsonaro ou se os atos com a sigla servirão de palanque para projetar a candidatura presidencial do petista. "Se fosse igual a essa última, sem bandeira e com representantes da direita, centro e esquerda, eu iria, mas, se for para ver o Lula fazendo campanha, eu definitivamente não vou", afirmou.

A posição de Amanda é corroborada pelo Vem Pra Rua, que na quinta-feira decidiu não aderir a atos anti-Bolsonaro convocados por nove partidos, entre eles o PT. "Não faz sentido participar. Nosso registro histórico é anti-PT", disse a porta-voz do grupo, Luciana Alberto.

Já Sarkovas, que não é filiado a partido e integra a "iniciativa cívica" Derrubando Muros, grupo que busca uma terceira via para a disputa presidencial de 2022, considera um "equívoco" não haver, neste momento, uma integração entre todas as forças. "Não importa quem convoca, todos têm que ir. O momento é de grandeza e desprendimento. Eu vou em todas."

Esses dois personagens representam uma divisão que foi medida na Paulista no dia 12 por uma pesquisa feita pelo Monitor Político, da USP. O levantamento ouviu 841 dos 6 mil participantes da manifestação (segundo a Polícia Militar). Uma ampla maioria, 85%, se disse favorável à formação de uma frente ampla contra Bolsonaro, e 12% se declararam contrários.

‘Paradoxo’. Mas 38% dos manifestantes disseram que não iriam às ruas com o PT. "Esse é o paradoxo. Se entre os políticos existem dificuldades eleitorais para unir forças, na base existe muita mágoa e ressentimento. Os lavajatistas não perdoam o PT pela corrupção, e os petistas os chamam de golpistas", disse o professor de Gestão Pública da USP Pablo Ortellado, coordenador da pesquisa.

O levantamento também mediu a popularidade dos presidenciáveis na Avenida Paulista: Ciro Gomes (PDT) foi o mais citado, com 16%; Lula veio em seguida com 14%; Sérgio Moro, 11%; João Amoêdo (Novo), 8%; e João Doria (PSDB), 7%.

No carro de som do MBL, os políticos e líderes do ato também se dividiram em relação a uma eventual aliança com o PT. Enquanto Doria, Ciro e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) defenderam a unidade, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM) foi contra, assim como os dirigentes do MBL. O grupo inclusive distribuiu camisetas com o mote "Nem Lula, Nem Bolsonaro", o mesmo que foi adotado pelo Vem Pra Rua antes de um acordo para não usá-lo no dia 12.

Um dado curioso é que, de todo o público ouvido, 37% disseram ser de esquerda ou centro-esquerda e 34% afirmaram ser de direita ou centro-direita. "Acho difícil acontecer essa tal junção entre esquerda e direita. Não vi ninguém da esquerda convidando a direita para a manifestação do próximo dia 2", disse o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP). Ex-bolsonarista, ele rompeu com o presidente e foi à Paulista.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Depois de apoiar candidatos tucanos em todas as disputas presidenciais desde 1994, o DEM vive uma crise de identidade e se afastou do projeto de formar uma frente ampla de centro na eleição presidencial. A legenda agora se divide entre a possibilidade de aderir de vez ao projeto de Jair Bolsonaro ou investir em um nome próprio.

Presidido por ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e pré-candidato ao governo da Bahia, o DEM tem sofrido uma debandada de políticos mais alinhados ideologicamente ao centro que à direita. O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, se filiou ao PSDB na semana passada, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou sua ida para o PSD, e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (RJ) foi o primeiro a revelar a desfiliação, mas ainda não bateu martelo sobre a nova legenda. Outras saídas ligadas aos três ainda devem ocorrer.

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A sigla, que nasceu em 1985 como PFL, fundada por integrantes da Arena, partido que deu apoio ao regime militar, foi rebatizada de Democratas em 2007. Após participar das gestões tucanas e fazer oposição aos governos do PT, a legenda mantém o discurso de independência em relação a Bolsonaro, apesar de ter dois ministros filiados: Teresa Cristina (Agricultura) e Onyx Lorenzoni (Secretaria-Geral).

Na esteira da onda conservadora que ajudou a eleger o presidente, o DEM saiu fortalecido das eleições do ano passado: saltou de 268 prefeitos eleitos em 2016 para 464 - alta de 73%.

A cúpula do partido, porém, tenta agora evitar que a legenda migre por gravidade para o palanque governista em 2022. Além de dois ministros, a maior parte de sua bancada no Congresso tem atuado alinhada ao Palácio do Planalto. O senador Marcos Rogério (RO), por exemplo, faz parte da tropa de choque governista na CPI da Covid.

Levantamento do Estadão com os 27 deputados do partido, em fevereiro, mostrou que a maioria é simpática às pautas do governo no Congresso e admite apoiar a reeleição de Bolsonaro.

Presidenciáveis

Para se contrapor a esse movimento, dirigentes da sigla planejam aumentar a exposição do ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta, pré-candidato ao Palácio do Planalto por meio de viagens pelo País e participação em lives e outros eventos. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), também tem sido citado na sigla como presidenciável. Já nos Estados, pela contabilidade interna, o DEM considera ter boas chances de reeleger seus dois governadores, Ronaldo Caiado (GO) e Mauro Mendes (MT), além de emplacar ACM Neto (BA), Gean Loureiro (SC) e Marcos Rogério (RO). A força eleitoral de Bolsonaro nestes palanques será essencial para a decisão da sigla, mas, por ora, o discurso é não vincular o apoio local à aliança nacional.

A partir das últimas pesquisas de intenção de voto, que apontam larga vantagem para o ex-presidente Lula e a perda de força de Bolsonaro, integrantes do partido acreditam que é possível abocanhar votos de centro-direita entre eleitores do presidente.

Com nomes de centro patinando abaixo de dois dígitos nas mesmas pesquisas (inclusive o de Mandetta), a chamada frente ampla para enfrentar Lula e Bolsonaro parece menos atrativa. "A ideia de frente ampla perdeu espaço para a estratégia de testar diferentes nomes. Em vez de nos unir na largada, vamos unir na chegada com o nome que tiver mais respaldo. A decisão será mais do eleitor do que dos partidos políticos", disse ao Estadão Efraim Filho (PB), líder do DEM na Câmara. "Mandetta está indo bem nas pesquisas qualitativas. É um liberal democrata e da área da saúde", afirmou o ex-ministro Mendonça Filho, que preside a fundação de estudos do DEM.

Estados

No ano passado, com Rodrigo Maia à frente da Câmara e Davi Alcolumbre (AP) do Senado, o DEM montou uma espécie de "consórcio" com PSDB e MDB para construir essa "terceira via" de centro. Mas a disputa pela sucessão na Câmara implodiu essas negociações. Candidato de Maia, Baleia Rossi (MDB) acabou derrotado por Arthur Lira (Progressistas-AL). O MDB abandonou esse plano logo após aquela eleição, e as tratativas com o PSDB azedaram de vez na semana passada, com a migração de Garcia para o ninho tucano. Além de ampliar a exposição de Mandetta, o DEM tem se dedicado também a fortalecer seus palanques regionais com candidatos próprios. Nessa linha, já convidou a se filiarem (por enquanto sem sucesso) o governador do Rio, Cláudio Castro (PSL), e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB).

Na busca por alianças para 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à Brasília nessa segunda-feira (3) para uma agenda movimentada e já se encontrou com o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ). Após a reunião em um hotel na Asa Sul, o parlamentar confirmou ao Globo que a discussão girou em torno da formação uma frente ampla para evitar a reeleição de Jair Bolsonaro.

Ao deixar o hotel, Freixo chegou confirmar que vai entrar na disputa ao governo carioca, no entanto, ainda estuda a possibilidade de deixar o PSOL.

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"Conversamos sobre uma aliança ampla, tanto no Brasil como no Rio. Temos que garantir a união dos partidos que naturalmente estariam juntos (de esquerda), e ver quem mais poderia nos apoiar. Falei que meu nome está colocado, tenho conversado com amplos setores e muitos partidos que estão dispostos. A tendência do PT é apoiar essa aliança", afirmou o deputado.

Segundo o psolista, o plano de Lula para as eleições começa em tentar unir as siglas de esquerda -PT, PDT, PSB, PCdo B e o próprio PSOL. Nesta terça (4), o ex-presidente deve receber o líder do PSB na Câmara, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), que almeja uma vaga no Senado.

“Foi ótimo. Tivemos uma conversa sobre a questão nacional também, a necessidade da vacina e de um auxílio emergencial maior. Lula e nós estamos convencidos de que o governo poderia outro valor. Temos 400 mil mortos e a população passando dificuldades, a agenda do ministro Paulo Guedes”, detalhou Freixo.

Nos bastidores, corre a informação sobre um possível encontro do petista com o ex-presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). O democrata teria sinalizado que, apesar das diferenças ideológicas, "teria com todo prazer" uma conversa com Lula.

Frente a um pacotão de negociações para fortalecer a frente contra Bolsonaro, o PSOL do Rio de Janeiro já havia se posicionado contra uma união com adversários do centro, como o prefeito da capital, Eduardo Paes (DEM) e o próprio Maia.

Dentre os compromissos desta semana, Lula deve tratar sobre as vacinas com diplomatas das embaixadas alemã e russa, e se encontrar com o ex-presidente José Sarney (MDB). Ele evita se reunir com senadores para não sugerir uma possível interferência na CPI da Covid, inclusive chegou a cancelar um encontro com o relator da comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL).

Cerca de 2,7 milhões de uruguaios vão às urnas neste domingo (27) para votar para os cargos de presidente e vice-presidente, senadores e deputados. Os 7.122 colégios eleitorais do país abriram para os votantes às 8h da manhã e as votações serão encerradas às 19h30. No Uruguai, o voto é obrigatório.

Além das eleições gerais, os uruguaios também votarão pela aprovação ou não do referendo "Viver sem Medo", uma reforma constitucional que visa, entre outras medidas, permitir que as Forças Armadas façam a segurança pública do país.

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Uma sondagem feita pelo Grupo Radar no país mostra que a disputa deve ir a segundo turno. O candidato Daniel Martínez, da coalizão esquerda, Frente Ampla, lidera o ranking, com cerca de 40% das intenções de voto. Ele é ex-prefeito de Montevidéu. A coalização Frente Ampla está há 15 anos no poder.

O Partido Nacional, conhecido como os "blancos", do candidato de direita Luis Lacalle Pou, vem em segundo lugar, com cerca de 26%. Depois, aparecem os partidos Colorado, representado por Ernesto Talvi, e Cabildo Abierto, do candidato Guido Maníni Rios, quase empatados, com cerca de 12% das intenções de voto cada.

Analistas acreditam que é possível a formação de uma coalizão, entre blancos e colorados, em um provável segundo turno contra Martínez, da Frente Ampla, que lidera as intenções de voto. Apesar de ter havido aliança entre blancos e colorados no passado, os partidos são rivais históricos e a transferência de votos entre eles não é automática. 

No Uruguai, para ganhar em primeiro turno, é necessário obter 50% dos votos mais um. Caso haja segundo turno, a votação será no dia 24 de novembro. A posse será no dia 1º de março do ano que vem.

Referendo

O referendo "Viver sem medo", foi aprovado pela Corte Eleitoral em maio deste ano, após o senador Jorge Larrañaga, do Partido Nacional, ter recolhido mais de 370 mil assinaturas. A proposta de reforma constitucional tem quatro pontos.

O primeiro deles é a criação de uma Guarda Nacional, formada por até 2 mil militares, para que colaborem com as ações da Polícia no combate ao narcotráfico e ao crime organizado, entre outros delitos.

O segundo ponto é a aplicação do cumprimento efetivo das penas, ou seja, em casos como violação, abuso sexual, assalto, extorsão, sequestro, homicídio, maltratos e tráfico de drogas, os criminosos deverão cumprir as penas integralmente.

O terceiro ponto é a prisão perpétua revisável. O referendo propõe que para delitos de estupro, abuso sexual e homicídios de menores, assim como homicídios qualificados, seja aplicada a prisão perpétua. Essa pena poderia ser revisada após 30 anos de prisão, se ficar comprovado que a pessoa está efetivamente reabilitada.

O último ponto é sobre ações de busca e apreensão noturnas. A ideia é que sejam permitidas ações noturnas em lugares onde haja fortes indícios de delitos, com prévia autorização judicial. Hoje em dia, ações de busca só podem ser feitas à luz do dia.

Os cidadãos que queiram votar a favor da reforma, devem introduzir a cédula "sim" no envelope de votação. Os que não queiram votar pela reforma, não devem fazer nada. Não há cédulas de "não".

Para que a reforma seja aprovada, o "sim" deve ter maioria absoluta (50% mais um) e o total deve representar, pelo menos, 35% dos habilitados a votar.

Sondagens mostraram que cerca de 53% dos uruguaios pretende votar pelo "sim", 35% não apoia o referendo e 12% não se decidiu.

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