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Para compensar a forte queda na arrecadação e evitar que a dívida pública chegue ao nível de 80% do PIB em 2018, o contingenciamento no Orçamento de 2016 teria de ser 50% maior que os R$ 23,4 bilhões anunciados pelo governo na tarde desta sexta-feira, 19. A avaliação é do economista Gesner Oliveira, sócio da consultoria GO Associados. "O valor é insuficiente para atingir a meta fiscal", afirmou.

Um dos cortes anunciados pelo governo envolve o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no valor de R$ 4,2 bilhões. Segundo Oliveira, esse tipo de medida é ruim para a economia porque afeta diretamente os investimentos. "É mais fácil não completar uma obra do que cortar gastos de custeio", lamentou. "Além disso, afeta diretamente um setor (construção civil) que já está muito mal", acrescentou.

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Apesar disso, o economista diz que a apresentação de novas propostas pode ser interpretada como um abandono da tentativa de recriar a CPMF. "Quando o governo dizia que não trabalhava com a não aprovação da CPMF, isto não era uma boa mensagem. É melhor o governo pensar que vai fazer o ajuste fiscal mesmo se não houver CPMF", afirmou.

O diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fabio Silveira, avalia que as quedas no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR) - de 1,07%, em março ante março de 2014, com ajuste, e de 0,81% no primeiro trimestre do ano ante o último trimestre do ano passado - mostram que o período recessivo está vindo um pouco mais forte que o imaginado pela consultoria. "Já trabalhamos com uma projeção de queda no Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 de 2%, ante uma estimativa anterior de 1,2%", disse Silveira.

Caso as projeções se concretizem, Silveira lembra que o recuo da economia brasileira só não será maior que o da Rússia este ano, entre as principais economias mundiais. "Os sinais de forte desaceleração em todos os setores já começam a se concretizar e ainda ocorrem em um cenário de inflação e juros altos, dificuldade para exportação e problemas pontuais de inadimplência", afirmou. "Essa desaceleração ainda deve seguir por mais um ano e meio", completou.

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Silveira, no entanto, avalia que um contraponto ao fraco desempenho da economia brasileira vem do mercado financeiro. A alta recente na Bolsa, por exemplo, é um exemplo desse cenário mais otimista desse mercado, fruto, segundo ele, da condução feita pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. "Mesmo com a queda (da economia), o mercado financeiro faz leitura favorável da economia. Em que pese o mergulho profundo (dos indicadores econômicos), os investidores ainda têm leitura favorável do mercado brasileiro, porque existe a percepção de que economia está sendo bem conduzida, se procura gerar um superávit primário e uma melhora das contas públicas."

O mercado financeiro internacional decidiu apostar nos primeiros sinais de melhora da economia e direcionou para o Brasil recursos para investimentos especulativos e na produção, segundo o diretor de Pesquisa Econômica da GO Associados, Fábio Silveira. "O investidor externo está satisfeito, e mercado vive da perspectiva", salientou ao comentar o ingresso líquido de US$ 13,1 bilhões de fluxo cambial em abril, o maior desde julho de 2011.

Para Silveira, a melhora da percepção externa sobre o Brasil teve início dias antes da divulgação do balanço da Petrobras. "Houve melhora nas bolsas já e o mercado é muito rápido", considerou. Ele salientou que, nos últimos 30 dias até 1º de maio, o mercado acionário reagiu e o ganho foi de 7,5%. "Não é que seja uma maravilha, mas o mercado aposta que a recuperação da economia brasileira pode ocorrer, ainda que não saiba quando isso vai ocorrer: se no fim deste ano ou só no ano que vem", considerou.

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Além do balanço, também pesou positivamente na atratividade brasileira, segundo o economista da GO Associados, a perspectiva de aprovação do ajuste fiscal. "E teve ainda o roadshow que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fez no exterior a investidores, bancos, enfim... Isso trouxe mais credibilidade ao cenário", citou. Para coroar o interesse no Brasil, o retorno financeiro é fundamental, tendo como parâmetro que a Selic está em 13,25% ao ano. "É o maior do mundo em termos nominais."

Silveira destacou que, além de investimentos em portfólio, o fluxo registra também recursos voltados para o setor produtivo. Ele lembrou que o investimento direto estava muito ruim em janeiro e fevereiro e que agora pode-se pensar em uma retomada. "Além disso, o mercado também não gosta de muito dólar alto demais e que suba rapidamente porque isso vira inflação e depois mais juro. O mercado entende que o câmbio não vai pressionar a inflação mais do que pressionou."

O potencial de criação de emprego do País encontra-se hoje bastante comprometido, segundo concluem Fábio Silveira e Lucas Foratto, da GO Associados, em relatório distribuído a clientes. Eles preveem a eliminação de 300 mil postos de trabalho formais na economia brasileira neste ano, contrariando a geração líquida de 357 mil postos em 2014.

"Neste primeiro semestre, apesar da provável contabilização de algum saldo positivo de postos no setor de serviços e comércio, o mercado de trabalho deve continuar a se aprofundar, em resposta não apenas ao cenário doméstico desfavorável para o biênio 2015-2016, mas também à letargia demonstrada pelas exportações brasileiras, apesar da forte desvalorização do real", avaliam os analistas da GO Associados.

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Com base nos dados de eliminação de 2,4 mil empregos formais em fevereiro, de acordo com o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), Silveira e Foratto assumem a tese de que o mercado de trabalho começou a evidenciar os efeitos da dinâmica recessiva da economia.

Com o fechamento das vagas anotadas em fevereiro, o estoque de demissões acumuladas nos últimos 12 meses saltou para 47 mil.

De acordo com a GO Associados, os setores de comércio e serviços são os únicos que ainda resistem à tendência de retração do mercado de trabalho. Nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, esses dois setores produziram liquidamente 429 mil vagas. Já a indústria eliminou 462 vagas e a agricultura fechou 14 mil postos de trabalho.

Na média, a taxa de desemprego subiu a 5,9% ante a marca de 5,1% em fevereiro de 2014. Nesta mesma base de comparação, o contingente de pessoas desocupadas cresceu 14,2% e alcançou 1,42 milhão de pessoas. A População Economicamente Ativa (PEA), por sua vez, caiu 0,4% para 24,2 milhões de pessoas. O rendimento real médio, também na comparação de fevereiro deste ano com o mesmo mês de 2014 caiu 0,5% para R$ 2.163,00. Em relação a janeiro último, a queda foi de 1,4%.

A GO associados estima que a taxa básica de juros (Selic) deve recuar para 9,5% no primeiro semestre de 2014, ante os atuais 10%, medida a ser adotada para estimular o crescimento do crédito, do Produto Interno Bruto (PIB) e da produção industrial no segundo semestre do ano. A projeção diverge das feitas pela maioria dos analistas de mercado, que apontam uma alta de até 0,50 ponto porcentual na Selic no começo de 2014, para até 10,50% ao ano, e uma estabilidade no indicador até o início de 2015.

Segundo a consultoria, 2014 será um ano com ambiente externo ruim para exportações e manutenção do nível de importados, o que levará o País a um déficit de US$ 3 bilhões nas transações comerciais. Com o fim do afrouxamento monetário nos Estados Unidos, o dólar deve seguir volátil no Brasil, ficando entre US$ 2,20 e US$ 2,45, valor que deve ser o teto suportado pelo Banco Central brasileiro para intervenções na tentativa de impedir altas maiores.

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O cenário de inflação e de PIB brasileiro em 2014 deve seguir praticamente estável ante o deste ano. A GO Associados avalia que a inflação (IPCA) deve encerrar 2013 em 5,6% e ficar em 5,8% em 2014. Já o PIB, sustentado pelo consumo das famílias, algum avanço nos investimentos e ainda um melhor desempenho da indústria, deve crescer 2,5% em 2014, ante 2,2% este ano.

A GO Associados consultoria ampliou de 7% para 8% a estimativa de aumento na produção de veículos automotores em 2013 sobre 2012, para 3,66 milhões de unidades. A consultoria manteve ainda um crescimento de 3% na produção de veículos para 2014 (3,84 milhões de unidades). As previsões incluem automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas.

A GO Associados avalia ainda que as vendas de veículos crescerão 1% este ano, em linha com as projeções do mercado, para 3,84 milhões, incluindo os modelos importados. Apesar da alta dos juros, as vendas devem seguir sustentadas pela evolução de 2,6% na massa real de rendimento, da participação maior do veículo usado nas compras a prazo e ainda da antecipação de compras por conta da recomposição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a partir de janeiro. Para 2014, as vendas domésticas devem crescer 1,8%, para 3,91 milhões de veículos.

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A GO avalia que as exportações devem crescer 23% em 2013, graças ao dólar mais competitivo no Brasil e ao crescimento da demanda argentina. A consultoria apontou ainda que as importações devem recuar 3%.

A despeito do razoável desempenho ao longo de junho, com expansão de 1,9% na série com ajuste sazonal sobre maio, a produção industrial deverá encerrar o ano em curso com um crescimento de 1,5% em relação à queda de 2,5% no fechamento do ano passado.

A previsão é da equipe de especialistas da GO Associados, comandada pelo analista Fábio Silveira. De acordo com a consultoria, a expectativa em relação à atividade fabril em 2013 se forma no âmbito de um cenário de menor dinamismo da economia chinesa.

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Sobre a variação da atividade fabril em junho - expansão de 1,9% na leitura com ajuste sazonal -, a equipe da GO Associados a relaciona à evolução favorável do varejo em decorrência da expansão da massa real de rendimento e do crédito e do melhor desempenho das exportações em virtude da desvalorização do real no segundo trimestre.

As vendas do varejo, segundo o IBGE - os dados disponíveis são de maio - ficaram estáveis, mas cresceram 4,5% na comparação com maio do ano passado. As exportações em junho somaram US$ 21,227 bilhões para um total de US$ 18,833 bilhões em importações.

A massa de renda real habitual dos trabalhadores em junho manteve-se estável na comparação com maio, mas cresceu 1,5% em comparação com junho do ano passado e o dólar em junho fechou com alta de 3,91% na passagem de maio para junho, acumulando 9,10% de alta no semestre.

A produção de veículos automotores deve atingir 3,575 milhões de unidades em 2013 no Brasil, alta de 7% sobre as 3,343 milhões de unidades de 2012, de acordo com projeção da GO Associados. Já as vendas de veículos nacionais devem crescer 4% entre os períodos, para 3,129 milhões de unidades. Incluindo as importações, o crescimento do mercado será de 2,3%, entre 2012 e 2013, para 3,888 milhões de veículos.

A GO Associados projeta ainda um crescimento de 4,5% na produção de veículos entre 2013 e 2014, para 3,735 milhões de unidades e estima que no próximo ano as vendas totais devam superar 4 milhões de veículos pela primeira vez na história. As previsões incluem automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas.

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De acordo com o relatório da GO Associados, elaborado pelos consultores Fabio Silveira e Arthur Niculitcheff, as vendas domésticas serão sustentadas pela manutenção do crédito, pelo incremento de 2,7% na massa real de rendimento do brasileiro entre 2012 e 2013, pela redução de 4,5% na importação e ainda por conta da desoneração tributária e da queda no preço da energia, a qual diminuiu o custo produtivo.

O destaque em 2013 será o setor de caminhões, cuja produção deve crescer 38% sobre 2012, para 183 mil veículos, e as vendas deverão avançar 16%, para 156 mil unidades, de acordo com a GO Associados. A consultoria avalia ainda que a produção de autos e comerciais subirá 6% e as vendas 3% entre os períodos, para, respectivamente, 3,335 milhões e 2,942 milhões de veículos.

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