Tópicos | Graciliano Ramos

Na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), há questões acerca de literatura, que são cobradas na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Diversos são os autores e as obras que fazem parte do cronograma de conteúdos recomendados para estudo dos candidatos. Pensando em auxiliar quem planeja fazer o Enem, o LeiaJá entrevistou quatro professores que indicaram possíveis livros a serem pedidos.

Vidas Secas

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Segundo o professor Felipe Rodrigues, a obra Vidas Secas, do autor Graciliano Ramos, da Segunda Geração do Modernismo, deve cair na prova de Linguagens do Enem. “Então, questões que denotam o modernismo brasileiro são muito batidas dentro da proposta de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Por esse motivo, tal qual outros autores, Graciliano traz um retrato bem árido sobre a realidade da seca, inclusive essa aridez é retratada pela desnecessidade de adjetivos, de um livro mais seco, de um livro mais objetivo, que é uma característica dessa obra, inclusive que traz a essência da região, a essência desse clima, dessa sociedade que vive à mercê das condições edafoclimáticas", explica Rodrigues.

"Então, ele tem 13 capítulos e aí seus primeiros e últimos capítulos eles têm títulos bem emblemáticos, mas que narram realidades da seca. O primeiro tem a questão da mudança e fala um pouco sobre essa questão da adaptação à seca. Já a fuga fala sobre o êxodo rural, que é outra readaptação quando não se tem mais o que fazer. Tem-se personagens bem célebres, como, por exemplo, o Fabiano, um homem tipicamente nordestino, tipo vaqueiro; tem a esposa de Fabiano, sinhá Vitória, que é uma mulher religiosa, trabalhadora, cuida dos filhos, ajuda também o marido nesse trabalho e aí eles falam um pouco sobre sonhos, sobre realidades”, conta, ainda, o docente.

De acordo com o professor, alguns escarnecimentos são colocados em foco na obra. “Por exemplo, enquanto um filho quer aprender a ler alguma coisa e não se sabe, é aquele dilema da falta de oportunidade, falta de crescimento que é dada a algumas pessoas, a alguns grupos populacionais, é colocado em xeque o descaso que essas pessoas têm e os próprios rumos que elas têm que tomar sem auxílio de outrens. A cachorra Baleia, eu vou já entregar algo, que é sacrificada por conta desse decorrer anterior à fuga do andamento do livro, é colocada em xeque como uma figura, assim, como membro da família, que pensa, que sonha, como se fosse gente mesmo, fosse pessoa, como se fosse a ideia de muitas vezes de personificação dessa cachorra, mas que no final ela também é colocada em xeque à sorte e morre por conta dos problemas inerentes à vida desses seus donos, que, no final, tentam fazer de novo seu futuro, deixando tudo para trás”, finaliza o professor.

A Hora da Estrela

A professora de literatura e redação Josicleide Gulhermino selecionou o livro A Hora da Estrela, da escritora ucraniana naturalizada brasileira Clarice Lispector. “Considerada uma das maiores escritoras da literatura nacional, Clarice escreveu romances, crônicas, contos e afins. Oficialmente está vinculada à terceira fase do Movimento Modernista e sua literatura concentra-se nas profundezas do "ser", explicou a docente.

O ano de 2020 é do centenário de nascimento da autora de A Hora da Estrela, seu último romance e talvez o mais significativo, por ser o único em que se identifica a temática social mais evidente. Na obra, Clarice presenteia os leitores com Macabea, uma jovem alagoana que, como muitos nordestinos (durante muito tempo), fugindo à miserabilidade, vai tentar a sorte na cidade grande. No caso da personagem, o Rio de Janeiro.

"Macabéa tem pouca instrução, aparência ruim, cheiro desagradável e em um dado momento da narrativa precisa mastigar pedacinhos de papel para enganar a fome; teve pouco ou nenhum momento de felicidade e, como se não bastasse, seu namorado a troca por sua amiga. Todavia, a esperança renasce quando ela visita uma cartomante que faz excelentes previsões. O fim da narrativa, contudo, contraria o que foi dito”, explica Josicleide.

A professora conta que pelo fato de o Enem focar em questões da atualidade e o livro permitir a reflexão sobre muitas mazelas sociais atuais, a leitura da obra é importante para o exame deste ano. “Pelo fato de o Enem ser uma prova que atua na perspectiva da atualidade e a obra citada possibilita a reflexão sobre vários problemas sociais vigentes, como desigualdade, fome e afins; além do centenário de um dos grandes nomes da literatura brasileira, A Hora da Estrela’ se converte em uma leitura necessária para o exame deste ano”, diz Josicleide Guilhermino.

Memórias Póstumas de Brás Cubas

O professor de redação Diogo Xavier optou pelo livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, do autor Machado de Assis. “Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma obra icônica de Machado de Assis, frequentemente abordada na prova do Enem, por ser fonte infindável de análises, tanto nos aspectos literários e composicionais quanto para a interpretação. Diante disso, é importante que o fera leia o livro ou, pelo menos, conheça bem o enredo e os detalhes do romance”, aconselha.

Xavier discorre, ainda, sobre a história da obra citada, a qual ele julga importante para o exame. “Publicada em 1881, é a obra inaugural da fase realista de Machado de Assis e do próprio Realismo no Brasil. Representa uma revolução tanto de ideias e de formas. De ideias, porque aprofunda o desprezo pelas idealizações românticas, fazendo emergir a consciência nua do indivíduo, fraco e incoerente; de formas, pela ruptura com a linearidade da narrativa e do estilo "enxuto". Importante ressaltar que a mulher, de idealizada no Romantismo, passa a ser, nas mãos de Machado e de outros autores realistas, a causa dos pecados dos homens, a serpente, a causadora da discórdia, da loucura.

"Machado apresenta uma história lenta, cheia de digressões e narrada de maneira irônica por um “defunto autor”, conceito explicado pelo protagonista logo no início da obra. Livre e descompromissado com a sociedade, Brás Cubas, à medida que narra sua vida, revela e analisa não só os motivos sórdidos de seu próprio comportamento, como também desnuda todas as hipocrisias e vaidades das pessoas com quem conviveu. As reflexões do narrador intruso pontuam todo o texto, impregnando-o de um pessimismo radical, que vê os homens como seres corruptos, hipócritas e egoístas, como ele mesmo o era", diz o Diogo Xavier.

"Nada resiste a essa análise impiedosa do comportamento humano, e suas últimas palavras resumem bem essa visão amarga da existência: 'Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria'. O aspecto fantástico do romance (afinal, um defunto conta suas memórias) e o tom irônico e zombeteiro do narrador fazem de Memórias Póstumas de Brás Cubas uma obra ímpar na literatura brasileira, e explorada não só na prova do Enem, mas em inúmeros outros concursos e vestibulares”, conta o professor.

O Quinze

Talles Ribeiro, professor de literatura, escolheu o livro O Quinze, da escritora Rachel de Queiroz, como um livro que deve cair no Enem. “Uma leitura que não pode faltar para quem se prepara para o Enem deste ano é O Quinze, de Rachel de Queiroz", garante o docente.

"É notório que o Enem tem sua abordagem influenciada por temáticas políticas. Durante os governos progressistas era comum que o exame abordasse temáticas mais sociais como por exemplo: questões ligadas a Negritude, Desigualdade Social, Preconceito às Minorias.... Pois essas eram bandeiras levantadas por aquele campo político. Hoje, o Governo Federal levanta outras bandeiras, estas como: Patriotismo, Família, Valores Cristãos...", explica Talles.

"Desta maneira, dentro do caderno de Linguagens, as escolas literárias que abordam esta temática, tais como o Romantismo que inicia um processo de valorização nacionalista na literatura e o Modernismo que edifica esse projeto, não podem passar desapercebidas pelos feras", completa o professor.

""Nesse contexto trago uma obra importante da Segunda Geração do Modernismo, geração essa conhecida como regionalista, justamente por abordar as temáticas acerca do Brasil in loco (regionalmente), que devido ao contexto histórico focou sua análise nas mazelas sociais que caiam sobre o povo brasileiro principalmente a população do Nordeste”, diz o professor.

“O Quinze foi o primeiro romance escrito por Raquel de Queiroz. Publicado originalmente em 1930, este romance trata dos eventos de uma seca terrível que abateu o sertão nordestino em 1915. O Romance é contado focando-se em dois núcleos. A priori, os enredos dos núcleos aparentam não se relacionar, mas a uma altura da narrativa é possível perceber encruzilhadas nos caminhos deles", conta Talles.

O primeiro núcleo é composto por Conceição, uma professora solteira de 22 anos de férias na fazenda da família e Vicente, um vaqueiro filho de um proprietário de terras. O casal flerta durante a narrativa. Enquanto a seca castiga é bonito perceber que o amor floresce nos corações sertanejos, mesmo em meio a tanta miséria e desespero.

O outro núcleo é composto por Chico Bento, Cordulina e seus três filhos. Eles moravam em uma fazenda em Quixadá de propriedade da dona Maroca. Com o agravamento da seca a proprietária decide soltar o gado a sua própria sorte encerrando assim os serviços da família de Chico Bento na Fazenda. Desolado e desempregado, Chico Bento inicia uma dolorosa retirada com a sua família para Fortaleza a pé, já que não tinham o dinheiro da passagem. 

"A narrativa é de uma crueza espetacular, emocionando o leitor a cada desdobramento do enredo. A dor de Chico Bento e família é sentido na pele e a reflexão sobre a vida dura e sofrida do sertanejo é uma constante durante todo o romance”, finaliza Talles.

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A companhia de teatro ítalo-brasileira Caravan Maschera traz ao Recife, para uma curta temporada, o espetáculo Vidas Secas. A montagem entra em cartaz nesta quinta (17) e fica até o dia 26 de janeiro, na Caixa Cultural.

A dupla formada pela italiana Giorgia Goldoni e Leonardo Garcia Gonçalves criou uma adaptação do clássico de Graciliano Ramos com bonecos, máscaras e sem palavras. O foco do espetáculo é o diálogo entre a memória cultural do público e os sentimentos provocados pela encenação.

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No palco, os bonecos criados pela dupla recontam a saga de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar, de tempos em tempos, para áreas menos castigadas pela seca. As marionetes têm inspiração nas obras do artista plástico Candido Portinari e do fotógrafo Sebastião Salgado.

Serviço

Vidas Secas

17 a 26 de janeiro

Quinta e sexta | 20h

Sábado | 18h e 20h

Caixa Cultural Recife (Marco Zero - Bairro do Recife)

R$ 30 e R$ 15

O site oficial do escritor Graciliano Ramos foi atacado por crackers (indivíduos com conhecimento em informática que invadem e modificam softwares e hardwares) e saiu do ar há dois dias. Segundo a equipe responsável pelo endereço, a ação fez com que o acervo reunido durante 14 anos no espaço fosse perdido. Segundo os administradores, a página estava com fundo preto, letras e imagens árabes.

Felizmente parte do acervo foi recuperada, graças a um backup feito em maio. Porém o conteúdo mais recente foi perdido. É muito provável que o problema não esteja diretamente relacionado ao escritor e sim ao servidor em que o site estava hospedado. Além do site do autor de São Bernardo, outros quatro sites também foram invadidos e tiveram seu conteúdo deletado. O portal deve voltar ao ar ainda esta semana. 

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Em outubro de 2012, o ator Ney Latorraca foi submetido a uma cirurgia para retirada da vesícula, mas teve complicações que o deixou por 45 dias no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). O artista apresentou uma inflamação no peritônio, que evoluiu para uma insuficiência respiratória aguda, tendo alta apenas em dezembro do mesmo ano.

Ney deixou o elenco de Pé na cova para se recuperar até maio de 2013. Pouco tempo depois, o ator foi surpreendido pelo convite do diretor Luiz Fernando Carvalho para participar do elenco do especial de fim de ano da TV Globo Alexandre e outros heróis. Esse será o retorno de Ney como protagonista, ao interpretar Alexandre, um homem caolho que conta histórias inverossímeis. 

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O especial é uma adaptação de contos de Graciliano Ramos e tem ainda no elenco Marcelo Serrado e Flávio Bauraqui. O programa vai ao ar no próximo quarta (18), após a exibição de Amor à vida.

O premiado escritor irlandês John Banville é um dos destaques internacionais da Festa Literária Internacional de Paraty de 2013. A 11ª da Flip homenageia o alagoano Graciliano Ramos e acontece do dia 3 a 7 de julho no litoral sul do Rio do janeiro.

John Banville participa da mesa 14 que debaterá Os limites da prosa, e aproveitará os dias da festa para divulgar seu mais recente livro, Luz antiga, lançado pela Biblioteca Azul, selo editorial da Globo Livros. Pelo mesmo selo, Banville trará ao país mais três de seus romances: Eclipse, Shroud, ainda inéditos por aqui, e uma nova edição de O mar, título que lhe rendeu o Man Booker Prize em 2005.

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Ricardo Filho, autor da Globinho, selo editorial da Globo Livros que publica títulos infantis, também participa da festa literária em uma Ciranda com Autores na programação da Flipinha.  Neto de Graciliano Ramos, Ricardo prepara também uma homenagem ao avô com o lançamento do livro Se eu não me chamasse Raimundo, baseado em um título infantil de Graciliano.

Serviço

Ciranda dos Autores

Participantes: Olivio Jekupé e Ricardo Ramos Filho

Tema: De onde vêm as histórias?

5 de julho | 10h30

Local: Tenda da Flipinha

Mesa 14

Participantes: John Banville e Lydia Davis; mediação de Samuel Titan Jr.

Tema: Os limites da prosa

6 de julho | 17h15

Local: Tenda dos Autores

Mesa 18

Participantes: Tamim Al Barghoutti e Mamede Mustafa Jarouche; mediação de Arthur Dapieve

Tema: Literatura e revolução

7 de julho | 15h

Local: Tenda dos Autores

Evento pós-Flip

Mesa de debate sobre Graciliano Ramos

Palestrantes: Ricardo Filho e Dênis de Moraes 

Mediador: André Miranda (repórter O Globo)

10 de julho | 19h30

Local: Livraria Travessa do Shopping Leblon (Av. Afrânio de Melo Franco, 290 - loja 205 A / Rio de Janeiro - RJ)

Adaptação da obra de Graciliano Ramos, A Terra dos Meninos Pelados estreou na semana passada no Teatro Barreto Júnior e segue em cartaz até o fim de setembro. Dirigida por Samuel Santos, a montagem repaginada traz no elenco: André Caciano, Camila Buarque, Erick Lopes, Duda Martins, Gustavo Soares, Julia Shakurr, Michele Sant’Anna e Samuel Lira. Escrita em 1939, A Terra dos Meninos Pelados é uma das obras mais famosas de Graciliano Ramos, que completaria 120 anos em 2012 se fosse vivo.

A obra conta a história de Raimundo, um menino diferente dos outros por ter a cabeça pelada e os olhos com duas cores diferentes: o direito preto e o esquerdo azul. Discriminado pelos amigos, Raimundo cria um mundo imaginário, chamado "Tatipirum", onde todos os meninos são iguais a ele. Dessa forma, o garoto transita entre a vida real e o mundo da fantasia. A montagem de Samuel Santos explora essas duas fases do personagem de forma poética e encantadora, adaptando o cenário de acordo com o estado emocional de Raimundo.

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A peça reflete sobre a importância da convivência e do respeito mútuo, além de estimular a fantasia da leitura na contra mão da violência e da alienação. O espetáculo é um convite à vida compartilhada na contramão do bullyng, hoje presente na vida das crianças. A montagem estreou no Recife em 2002, também no Teatro Barreto Júnior. Depois de passar por 16 cidades, o espetáculo volta à capital pernambucana com incentivo do Funcultura em temporada popular.

Serviço

A Terra dos Meninos Pelados - adaptação da obra de Graciliano Ramos por Samuel Santos

Sábados e domingos, 16h30

Teatro Barreto Junior ((Rua Estudante Jeremias Bastos, s/n - Pina)

R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)

Informações: 81 3355 6398

A peça “A Terra dos Meninos Pelados”, que já está em sua terceira temporada no Recife, se despede nesse fim de semana do Teatro Barreto Junior, no Pina, e aporta durante todo o mês de setembro do Teatro Apolo, no Bairro do Recife.

Com mais de 100 apresentações, a peça, que tem o texto do escritor Graciliano Ramos, é dirigida por Samuel Santos e composta por seis atores e quatro músicos em cena. A história é sobre Raimundo Pelado, um menino que era careca, tinha um olho azul e outro preto e, por isso, se sentia bem diferente das outras crianças de sua idade.

Sempre zombado pelos colegas, ele sonha com a experiência de fugir dessa situação partindo para um lugar onde todos são iguais. No sonho, Raimundo se transporta para uma terra de meninos pelados, um lugar onde todos são iguais a ele: carecas e com um olho azul e o outro preto. Percebendo que não tem graça ser igual a todo mundo, ele resolve voltar para sua realidade.

No festival de artes cênicas “Janeiro de Grandes Espetáculos”, a peça recebeu nove indicações e ganhou oito dos 10 prêmios existentes: atriz revelação, atriz coadjuvante, ator, iluminação, sonoplastia, diretor, prêmio especial do júri pela dramaturgia e melhor espetáculo.

 

SERVIÇO

“A terra dos meninos pelados”
Quando: Sábado (27) e Domingo (28), às 16h
Onde: Teatro Barreto Junior (R.Estud. Jeremias Bastos, 121 Pina - Recife – PE)
Quando: Sábados e domingos do mês de setembro, às 16h
Onde: Teatro Apolo
Ingressos:R$20,00 inteira e R$ 10,00 meia entrada

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