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A senadora Eliziane Gama (PSD) e representantes do Instituto Vladimir Herzog vão encaminhar nesta quarta-feira (25) ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o projeto de lei para a oficialização de 25 de outubro como Dia Nacional da Democracia. 

O Instituto Vladimir Herzog está em campanha pela criação da data em 25 de outubro, dia do assassinato do jornalista. De acordo com a entidade, a oficialização será importante passo para o cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).

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Em junho de 2018, a Corte impôs condenação ao Estado brasileiro pela morte de Herzog. O órgão determinou que o país adotasse medidas reparatórias, entre elas “ato público de reconhecimento de responsabilidade internacional pelos fatos do presente caso, em desagravo à memória de Herzog e à falta de investigação, julgamento e punição dos responsáveis por sua tortura e morte”.

Ameaças à democracia

Quase 50 anos depois do assassinato de Vladimir Herzog, em 1975, nas dependências do Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em São Paulo, as ameaças à democracia brasileira continuam ativas, mas vestem outra roupagem.

Em 25 de outubro de 1975, o então diretor de Jornalismo da TV Cultura foi torturado e assassinado por agentes do Estado no interior de um órgão subordinado ao Segundo Exército de São Paulo. A morte de Herzog causou forte reação da opinião pública e marcou o início do processo de redemocratização que culminou com o fim da ditadura (1964-1985) no país. 

O término do regime militar, porém, não significou o fim das ameaças e das tentativas de golpe à democracia brasileira. A avaliação é do cientista político e professor do Instituto de Ensino e Pesquisa Insper, Carlos Melo.

“Essas tentativas de golpe [nos dias de hoje], têm se dado menos pela força bruta, pelos tanques nas ruas, do que pela manipulação de instituições, como a Justiça, por exemplo, que, em alguns momentos, acabou sendo politizada e utilizada como instrumento contra adversários”, disse ele.

Melo ressaltou a maneira como o autoritarismo agiu para tentar permanecer no poder. “Cria-se um clima autoritário, autocrático, em que você vai mudando as instituições, o Poder Judiciário, Ministério Público, polícias, militares, enfim, esses aparatos começam a ser manipulados, a ser aparelhados e quando você vê, estabeleceu-se um clima horroroso, autocrático. Se não ainda ditatorial, um clima de autocracia que tenta se estabelecer contra a democracia”.

Carlos Melo considera que um golpe militar não ocorreu no país no fim do governo Bolsonaro, após a vitória eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porque faltou apoio internacional. “Eu diria a você que isso não aconteceu no Brasil, um golpe militar à moda antiga, porque não houve apoio internacional, não houve amparo internacional. Como o mundo mudou, esses processos também mudaram. Pode haver regressão, você pode perder a democracia? Claro que pode, mas não será daquela forma clássica, como conhecemos nos anos 60, 70”.

Para o professor, a principal ameaça à democracia, atualmente, é a desigualdade social e a inabilidade dos governos para dar respostas ao problema. “Houve, nos últimos 30 anos, uma revolução tecnológica. Essa adaptação não é muito simples, muitos empregos desapareceram, muitas pessoas ficaram fora da vida econômica, do mundo do trabalho, e o Estado não conseguiu dar respostas a isso, ao seu tempo”.

Sem respostas do Estado, o problema social, segundo Melo, abriu a possibilidade de soluções autoritárias passarem a ser aceitas pela população. “Os Estados precisam se antecipar às mudanças, precisam dar respostas. A política precisa ser efetiva, a democracia precisa ser efetiva, precisa se adiantar. Quando isso não ocorre, a insatisfação, o mal-estar, crescem e é claro que alternativas autoritárias, que não vão resolver nada, começam a ser buscadas". 

Dia da Democracia

“A democracia que a gente vive hoje é muito frágil. E ir atrás do Dia da Democracia, oficializar essa data, é tentativa de estimular uma reflexão nacional sobre a importância de termos um Estado Democrático de Direito pleno, pleno em direitos”, destacou a coordenadora de Memória, Verdade e Justiça do Instituto Vladimir Herzog, Gabrielle Abreu.

Para ela, a defesa da democracia é a defesa da cidadania plena, da participação determinante de todas as pessoas nos rumos políticos do país. “Quando esses direitos não são garantidos, a gente vive uma democracia fragilizada, que é o atual contexto. Na verdade, o contexto de muitos anos, desde o processo de redemocratização do país, em que não foi encaminhada uma política reparatória às vítimas, nem de responsabilização e punição dos perpetradores dos crimes”.

Em 2023, o governo brasileiro publicou no Diário Oficial da União a íntegra da sentença condenatória da Corte Interamericana e assumiu a responsabilidade do Estado pela detenção arbitrária, tortura e assassinato de Vladimir Herzog. A versão da ditadura militar era de que o jornalista havia se suicidado.

 

A Ordem dos Advogados do Brasil e o Instituto Vladimir Herzog denunciaram o presidente Jair Bolsonaro na Organização das Nações Unidas (ONU) por recomendar que as Forças Armadas do país comemorassem o aniversário de 55 anos do início da ditadura militar. A informação é do site do UOL, publicada pelo colunista Jamil Chade.

De acordo com a publicação, o documento enviado para a ONU pelas entidades diz que existe uma "tentativa de modificar a narrativa do golpe de Estado de 31 de março de 1964 no Brasil" e que isso acontece por "instruções diretas do gabinete do presidente, desconsiderando as atrocidades cometidas". A denúncia cita também que outros membros do governo também apoiam a postura de Bolsonaro, como o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

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A carta ainda aponta que o uso do cargo de presidente para comemorar o período é "uma violação dos tratados aos quais o Brasil passou a fazer parte depois de retornar à democracia". Assim que a recomendação de Bolsonaro foi anunciada, a OAB e o Instituto divulgaram notas de repúdio.

A medida causou reação negativa entre políticos e entidades de todo o país. Capitão da reserva e com oito ministros de diversas patentes militares, Bolsonaro já afirmou que o Brasil não viveu uma ditadura nos 21 anos em que esteve sob o comando da classe.

Após as críticas, contudo, o presidente tentou amenizar o clima nessa quinta-feira (29) e disse que sua recomendação “não foi comemorar, foi rememorar, rever o que está errado, o que está certo e usar isso para o bem do Brasil no futuro".

Partidos de esquerda e o Instituto Vladimir Herzog representaram nesta quarta-feira (27) contra o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). O pedido é para que a Procuradoria Geral da República (PGR) apure responsabilidade em níveis criminal, civil e administrativo o elogio do parlamentar ao coronel Brilhante Ustra, ex- diretor do Dois-codi do II Exército de setembro de 1970 a janeiro de 1974, na hora do voto a favor da abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, no dia 17. 

Assinada pelo PSOL, PDT, PCdoB, REDE e PT e por representantes do instituto Vladimir Herzog, a representação tem por objetivo solicitar ao procurador-geral da Repúbica, Rodrigo Janot, que apure as responsabilidades do deputado em relação à sua fala. De acordo com o pedido, ficou evidente o crime de apologia à tortura e ao torturador, na “homenagem” feita ao coronel Ustra.

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Conforme a representação, a conduta de Bolsonaro também está tipificada nos crimes contra a honra, previstos no artigo 140 do Código Penal Brasileiro, que trata de injúria. Bolsonaro se referiu ao coronel Ustra como “o pavor de Dilma Roussef”. A presidenta foi presa e torturada durante o regime militar no Brasil.

Para o líder do PSOL, deputado Ivan Valente (SP), as declarações de Bolsonaro são inadmissíveis do ponto de vista ético, moral e da dignidade da pessoa. “Apologia à tortura, elogio a um torturador e injúria contra a presidente da República são práticas que não podem ser admitidas dentro do Parlamento”. Valente informou que a PGR já recebeu mais de 20 mil manifestações de indignação da sociedade civil.

Além do filho de Vladimir Herzog, Ivo Herzog, compareceram à PGR os deputados do PSOL Ivan Valente, Chico Alencar (RJ), Glauber Braga (RJ) e Edmilson Rodrigues (PA); Daniel Almeida (BA), Jandira Feghali (RJ) e Rubens Pereira Junior (MA), do PCdoB; Aliel Machado (PR), da Rede; e Afonso Florence (BA), do PT. Eles foram recebidos pelo procurador regional Eduardo Pelella.

Na terça (26), pelas mesmas razões, o PV também entrou com representação na Câmara contra o deputado Jair Bolsonaro por quebra de decoro parlamentar.Partidos de esquerda e o Instituto Vladimir Herzog representaram nesta quarta-feira (27) contra o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). O pedido é para que a Procuradoria Geral da República (PGR) apure responsabilidade em níveis criminal, civil e administrativo o elogio do parlamentar ao coronel Brilhante Ustra, ex- diretor do Dois-codi do II Exército de setembro de 1970 a janeiro de 1974, na hora do voto a favor da abertura do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, no dia 17. 

Assinada pelo PSOL, PDT, PCdoB, REDE e PT e por representantes do instituto Vladimir Herzog, a representação tem por objetivo solicitar ao procurador-geral da Repúbica, Rodrigo Janot, que apure as responsabilidades do deputado em relação à sua fala. De acordo com o pedido, ficou evidente o crime de apologia à tortura e ao torturador, na “homenagem” feita ao coronel Ustra.

O Instituto Vladimir Herzog afirmou, nesta quarta-feira (20), em nota, que os deputados federais devem expulsar de seu convívio Jair Bolsonaro (PSC-RJ). No domingo, 17, o parlamentar, durante votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, na Câmara, exaltou a ditadura militar e a memória do coronel reformado Carlos Brilhante Ustra, morto no ano passado e que foi chefe do Doi-Codi de São Paulo, um dos mais sangrentos centros de tortura do regime militar.

"Aos deputados federais - todos eles, de todos os partidos, seja qual for o lado em que estiveram na votação do último domingo - incumbe expulsar de seu convívio, imediatamente, uma figura abjeta como essa, que faz a apologia do crime covarde que é a tortura", afirmou o Instituto.

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Ustra comandou o Doi-codi entre 1971 e 1974. Nos últimos anos, procuradores da República em São Paulo vinham tentando processá-lo por tortura e morte de vários militantes que foram encarcerados nas dependências daquela unidade militar do antigo II Exército em São Paulo. Há sete anos, Ustra é declarado torturador pela Justiça, após decisão do TJ de São Paulo.

Durante a votação do impeachment, Bolsonaro disse. "Perderam em' 1964, perderam agora em 2016. Contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de São Paulo, pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, o meu voto é sim."

Na nota, a entidade manifestou sua indignação contra essa abominável pregação. "Nossa Constituição é plena de razões explícitas, desde seus Princípios Fundamentais, para se impedir que Jair Bolsonaro continue a ofender e envergonhar o Brasil com sua apologia à tortura por agentes do Estado e incitação ao crime, em plena Câmara dos Deputados - pelo que deveria inclusive ser responsabilizado criminalmente", sustentou o Instituto.

Desde domingo, parte da sociedade e diversas entidades têm se manifestado contra as declarações de Jair Bolsonaro. O procurador-geral da República Rodrigo Janot vai investigar o deputado. A iniciativa da Procuradoria-Geral da República foi divulgada nesta quarta-feira, 20 e é uma resposta as 17.853 manifestações da população questionando a conduta do parlamentar recebidas pela Procuradoria nos últimos dias.

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil informou também na quarta-feira que repudia de forma veemente as declarações do deputado. A nota do Conselho é subscrita pelo presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, e pelo presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos, Everaldo Bezerra Patriota.

"Não é aceitável que figuras públicas, no exercício de um poder delegado pelo povo, se utilizem da imunidade parlamentar para fazer esse tipo de manifestação num claro desrespeito aos direitos humanos e ao Estado Democrático de Direito", afirmou o Conselho da maior entidade da advocacia do País.

Na terça-feira, 19, o presidente da seccional da OAB no Rio de Janeiro, Felipe Santa Cruz, afirmou que a Seccional recorrerá ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, se necessário, à Corte Interamericana de Direitos Humanos, na Costa Rica, para pedir a cassação do mandato de Jair Bolsonaro. (Julia Affonso, Fausto Macedo e Mateus Coutinho)

A ÍNTEGRA DA NOTA DO INSTITUTO VLADIMIR HERZOG

Nossa Constituição é plena de razões explícitas, desde seus Princípios Fundamentais, para se impedir que Jair Bolsonaro continue a ofender e envergonhar o Brasil com sua apologia à tortura por agentes do Estado e incitação ao crime, em plena Câmara dos Deputados - pelo que deveria inclusive ser responsabilizado criminalmente.

Falta de decoro parlamentar é o mínimo que se lhe pode imputar, como explicita o artigo 55, item II: "Perderá o mandato o deputado ou senador cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar".

Aos deputados federais - todos eles, de todos os partidos, seja qual for o lado em que estiveram na votação do último domingo - incumbe expulsar de seu convívio, imediatamente, uma figura abjeta como essa, que faz a apologia do crime covarde que é a tortura.

O Instituto Vladimir Herzog, pela decisão unânime de seus conselheiros, manifesta sua indignação contra essa abominável pregação pelo mais vil aspecto de qualquer ditadura, já por si execrável. Conclamamos todos os cidadãos que, como nós, exaltam a democracia como valor fundamental a pressionarem os deputados federais, o STF - guardião da Constituição - todos, enfim, a livrar nosso Congresso dessa figura ignóbil que se jacta publicamente de ser criminosa.

O jornalista Ricardo Carvalho, do Instituto Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, participa, nesta segunda (18), às 14h, de palestra sobre jornalismo. O encontro acontece no auditório do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 

Na ocasião, Ricardo explicará aos participantes sobre o prêmio Fernando Pacheco Jordão para jovens jornalistas. Anualmente, a premiação oferece aos estudantes a oportunidade de desenvolver um trabalho jornalístico desde o projeto até a realização da reportagem. 

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