Tópicos | Joaquim Levy

O equilíbrio das contas públicas é condição indispensável para manter a justiça social e ampliar o desenvolvimento do país, disse há pouco o novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Em discurso ao assumir o cargo, ele ressaltou que o ajuste fiscal estimula os investimentos e a geração de empregos, ao recuperar a credibilidade na economia.

"Restam poucas dúvidas de que, mais uma vez, a democracia brasileira deu prova de excelência ao reafirmar o consenso imperativo da disciplina fiscal para o crescimento econômico social e o desenvolvimento sustentável", declarou Levy. “O equilíbrio fiscal é indispensável para ampliar oportunidades para o povo, principalmente para os mais jovens. É a chave para crescimento do crédito, que permite aos empreendedores investir e gerar empregos”, completou.

##RECOMENDA##

O novo ministro não descartou a possibilidade de aumento de tributos para realinhar as contas públicas. “Possíveis ajustes de tributos serão considerados, especialmente aqueles usados para estimular a poupança doméstica e corrigir desbalanços tributários entre os setores”, ressaltou.

Levy anunciou ainda os novos secretários da pasta. Tarcísio Godoy ocupará a Secretaria Executiva e será o número 2 do ministério. Jorge Rachid voltará a comandar a Secretaria da Receita Federal. O secretário do Tesouro Nacional será Marcelo Saintive Barbosa. O novo secretário de Política Econômica é Afonso Arino de Melo Franco Neto.

O secretário de Assuntos Internacionais será o diplomata Luís Balduíno. Na Secretaria de Assuntos Econômicos, foi mantido o economista e servidor de carreira Pablo Fonseca. A procuradora-geral da Fazenda Nacional, Adriana Queiroz, também foi mantida no cargo. O ex-secretário da Receita Federal Carlos Alberto Barreto voltará a comandar o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão que cuida de recursos administrativos de contribuintes.

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega não estava presente à cerimônia de transmissão de cargo. Ele foi representado pelo secretário executivo da pasta, Paulo Caffarelli, que citou medidas tomadas em dezembro para conter gastos públicos, como a restrição à concessão do seguro-desemprego e a diminuição dos subsídios ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Caffarelli alegou que a extensão do prazo para o pagamento do seguro-desemprego não retira direitos dos trabalhadores. Ele também lembrou que a política de aumento de gastos públicos para estimular a economia ajudou o Brasil a manter o desemprego no menor nível da história. No entanto, disse que chegou o momento de reequilibrar as contas públicas e ressaltou que 2015 será o ano do ajuste fiscal.

*Colaborou André Richter

O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, enfatizou nesta segunda-feira, 5, a importância do mercado de trabalho para o crescimento econômico. "Apenas o trabalho pode criar riquezas", salientou. De acordo com ele, haverá um esforço de reequilibrar as contas públicas do governo de forma "duradoura, se não, permanente".

Levy comentou, assim como a presidente Dilma Rousseff em seu discurso de posse, que a reforma foi o tema mais evocado em 2014. Ele salientou, porém, que o sucesso de sua empreitada virá do trabalho conjunto com outros ministérios, como o Planejamento, Agricultura, Desenvolvimento, Trabalho, Relações Exteriores e "muito especialmente" com o Congresso Nacional.

##RECOMENDA##

Levy iniciou seu discurso na solenidade de transmissão de cargo agradecendo a confiança que a presidente Dilma depositou nele e os votos de sucesso que recebeu de amigos e desconhecidos. "Procurarei corresponder", afirmou. Levy destacou como prova de maturidade da democracia brasileira ao ver que grande maioria da população concorda ser imperativo o compromisso fiscal. Segundo ele, esse compromisso fiscal nem sempre é fácil, considerando as demandas legítimas da sociedade.

Levy disse que esse equilíbrio fiscal é indispensável para continuar no caminho já iniciado e é a chave para a confiança e o crédito. Ele afirmou que o Brasil tem condições de fazer o equilíbrio fiscal que, segundo o ministro, dará tranquilidade para o empresário tomar risco e investir e permitirá iniciar um novo ciclo de crescimento.

"O equilíbrio fiscal em 2015 e o cumprimento das metas em 2016 e 2017, conforme previsto na LDO, serão fundamento de novo ciclo de crescimento", afirmou. Ele também destacou a estabilização monetária, sob a eficaz vigilância do Banco Central. Segundo Levy, a responsabilidade fiscal exercida na primeira década dos anos 2000 foi importante para inclusão social e para permitir conduzir uma política anticíclica eficaz após a crise global de 2008, em sintonia com o G-20.

Levy também criticou o sistema patrimonialista e falou em um "basta" ao sistema. "É a pior privatização da coisa pública", disse.

O ministro disse que será preciso determinação e humildade para vencer os obstáculos. Levy afirmou que é preciso permitir que os ganhos de trabalho se consolidem e que a inclusão social prossiga.

Godoy

Levy indicou para a secretaria-executiva, Tarcísio Godoy, que atualmente é diretor da área de seguros do Bradesco. Para o Tesouro Nacional, Levy indicou Marcelo Santivi Barbosa, que foi já foi secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda. Para a Secretaria de Política Econômica, o indicado foi Afonso Arinos de Melo Franco Neto. Para a Receita Federal, foi indicado Jorge Rachid. Levy manteve Pablo Fonseca na Secretaria de Acompanhamento Econômico e Adriana Queiroz na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Na Secretaria de Assuntos Internacionais, o indicado foi Luiz Balduíno. Para o Carf, tribunal administrativo do Fisco, foi indicado o atual secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto.

Meirelles

 

O ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que o discurso de posse de Levy, focado na busca por maior disciplina fiscal, "veio na direção correta".

Em rápido comentário, Meirelles afirmou: "Está na direção correta. Agora é implementar, né? Mas veio na direção correta. Muito bom. Vamos ver como será", disse Meirelles.

Meirelles presidiu o BC entre janeiro de 2003 e dezembro de 2010. (Colaborou João Villaverde)

O primeiro governo da presidente Dilma Rousseff terminou com um saldo de R$ 243,9 bilhões dos chamados "restos a pagar", despesas iniciadas em um ano que são efetivamente pagas nos anos seguintes. Foi um crescimento de R$ 25,2 bilhões em relação ao que foi transferido de 2013 para 2014, mostra levantamento da organização não governamental (ONG) Contas Abertas. O dado para 2015 ainda é uma estimativa, já que parte desses "restos" poderá ser cancelada pelo governo.

Os números indicam também que, apesar das promessas de deixar o menor volume possível de despesas para a nova equipe, houve "pedaladas" até o fim do primeiro mandato. O secretário-geral do Contas Abertas, Gil Castello Branco, acredita que isso deve ter sido objeto de conflito entre os dois times, o novo e o que estava de saída.

##RECOMENDA##

De fato, havia nos bastidores informações sobre um jogo de empurra nos gastos - aparentemente, vencido pelo novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Isso porque, nos últimos dias de 2014, o governo trocou a orientação de fechar as contas com um saldo positivo de R$ 10,1 bilhões para, em vez disso, fazer uma "limpa" nas contas e pagar o maior volume possível de gastos. Isso foi feito, mas, mesmo assim, houve despesas que ficaram para 2015.

No dia 31 de dezembro, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, autorizou a emissão de ordens bancárias no valor de R$ 2 bilhões, apenas para pagar investimentos. "É um comportamento atípico", avalia Castello Branco.

Dos R$ 5 bilhões em investimentos cujo pagamento foi autorizado em dezembro, R$ 3,1 bilhões ocorreram nos dias 29, 30 e 31. "Isso só deve impactar o resultado primário de janeiro", disse o especialista. A prática mostra que, uma vez emitidas as ordens bancárias, o desembolso efetivo - e, portanto, o impacto no saldo oficial das contas públicas - ocorre de dois a três dias úteis depois. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sinalizou nesta sexta-feira (2) estar alinhado com o discurso do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, de manutenção do aumento real do salário mínimo. Questionado sobre a declaração do novo ministro, que assumiu a pasta do Planejamento nesta manhã, Levy disse: "Eu tenho a impressão de ter ouvido algo similar também da presidência. Certamente, a valorização do trabalho, a valorização do emprego é o objetivo de tudo o que formos fazer".

Nesta manhã, ao assumir o cargo no Planejamento, Barbosa disse que a nova proposta de aumento do mínimo será enviada ao Congresso Nacional em "momento oportuno" e ressaltou que continuará a haver aumento real.

##RECOMENDA##

A transmissão de cargo no Ministério da Fazenda, por sua vez, será na segunda-feira, às 15 horas, na sede do Banco Central. Levy descartou nesta tarde a possibilidade de anúncio de medidas econômicas já no dia em que assume o cargo. "Não há a intenção disso", afirmou.

Levy falou há pouco com a imprensa ao deixar cerimônia de transmissão de cargo na Controladoria-Geral da União (CGU), a qual assistiu. Ele destacou a importância do trabalho da CGU, que passa agora a ser comandada por Valdir Simão.

Ele ressaltou a importância da atuação do órgão para controle do gasto público de forma eficaz. "Vamos conseguir ir avançando ainda mais nisso. Sem afetar direitos, mas realmente focando onde o gasto deve ser feito para podermos ter eficiência em tudo o que o governo faz", disse Levy, ao deixar a CGU.

"Isso é essencial inclusive para termos equilíbrio orçamentário e fazer as escolhas certas em termos da despesa pública", destacou o novo ministro da Fazenda, dizendo que o trabalho da CGU terá impacto "extremamente positivo na eficiência de todos os órgãos de governo, inclusive também nas empresas públicas".

O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, evitou falar em nomes para a sua equipe e antecipou que deve aguardar a cerimônia de transmissão do cargo, marcada para a segunda-feira, para tomar a iniciativa.

Ao falar rapidamente após a solenidade de transmissão de cargo no Ministério do Planejamento, de Miriam Belchior para o novo ministro da pasta, Nelson Barbosa, Levy foi logo dizendo aos repórteres: "Eu quero dar uma notícia: a não ser em situações excepcionais, eu não dou notícia nem entrevista em portaria, vocês terão mais tranquilidade".

##RECOMENDA##

Questionado sobre o anúncio de pacote de medidas, o ministro disse que "não trabalhamos com surpresa". E sobre corte no Orçamento, ele foi sintético: "Há um rito de programação orçamentária que todos vocês conhecem".

Ao final da entrevista, ele mais uma vez insistiu: "Eu não dou notícia em portaria de ministério". Essa prática foi adotada pelo antecessor de Levy, Guido Mantega, que costumava conceder entrevistas e anunciar medidas em portaria.

O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, rebateu nesta quinta-feira (1°) a acusação de adversários do governo que prometem lutar no Congresso, após o recesso parlamentar, para alterar pontos da Medida Provisória que endurece as regras para a concessão do seguro-desemprego.

"Nós não retiramos nenhum direito, como disse a presidente em seu discurso no Congresso", afirmou Levy, ao ser questionado sobre se considerava injustas as críticas da oposição. Logo que a MP foi editada, o senador Aécio Neves (MG), candidato à presidência da República derrotado do PSDB, disse que Dilma estava "traindo" compromissos assumidos na campanha. As bancadas do PSDB e do DEM afirmam que brigarão para mudar a medida que restringe o acesso ao seguro-desemprego.

##RECOMENDA##

O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem mantido total discrição sobre os nomes da sua equipe, mas no Ministério da Fazenda a especulação que ganha força é de que poderá haver uma solução interna para o comando do Tesouro Nacional. O cargo é chave para a estratégia do ministro de recuperar a credibilidade da política fiscal e a confiança dos investidores.

Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, a possibilidade de um funcionário da casa substituir o secretário Arno Augustin no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff vem sendo aventada nas últimas semanas. Embora os rumores sejam fortes, há apostas de que a escolha para o Tesouro virá de fora do Ministério da Fazenda.

##RECOMENDA##

As opções internas mais citadas nos corredores da Fazenda são as dos subsecretários da Dívida Pública, Paulo Valle, e de Política Fiscal, Marcus Pereira Aucélio. Os dois trabalharam com Joaquim Levy na época em que ele foi secretário do Tesouro durante a gestão de Antonio Palocci no Ministério da Fazenda, no início do governo Lula. Enquanto Valle cuida da gestão e administração da Dívida Pública, Aucélio é o homem do caixa do Tesouro, sendo responsável pela liberação dos recursos do governo para os diversos órgãos.

O nome do diretor da Bradesco Seguros, Tarcísio Godoy, é citado para ocupar a Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda em substituição a Paulo Caffarelli. Godoy foi secretário do Tesouro e conhece com profundidade os meandros da máquina pública.

Passado o período pós-anúncio dos nomes de Levy para a Fazenda e de Nelson Barbosa para o Ministério do Planejamento, no final de novembro, não surgiram muitos nomes para a equipe. Os nomes citados até agora, além de Godoy, foram o do diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton, e da economista Eduarda La Roque, presidente do Instituto Pereira Passos (IPP) da Prefeitura do Rio de Janeiro. Esses nomes foram citados inicialmente para o Tesouro Nacional.

Para a Secretaria de Política Econômica (SEP), outro cargo chave na burocracia do Ministério da Fazenda, não surgiu nem mesmo especulações de nomes. Para a Receita Federal, a especulação é de que Carlos Alberto Barreto poderá ser substituído por Paulo Ricardo Cardoso, atual subsecretário de Tributação e Contencioso. Hamilton já negou, durante a entrevista do Relatório Trimestral de Inflação, que tenha sido sondado por Levy para integrar sua equipe.

A demora e discrição de Levy na definição dos principais nomes da sua equipe tem gerado surpresa e ansiedade, já que faltam poucos dias para ele assumir oficialmente o cargo. O futuro ministro não tem conversado sobre a equipe, nem mesmo com os auxiliares mais próximos dessa fase de transição. "Não tem nada definido ainda. E o ministro Joaquim Levy é extremamente discreto com este tema. Não comenta nada", afirmou um fonte do governo.

O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, assumirá o ministério na próxima segunda-feira, 5, segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. O atual ministro Guido Mantega já não despachará em Brasília esta semana. Ele ficará trabalhando do gabinete em São Paulo.

O novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, assumirá o cargo na próxima sexta-feira, dia 2, quando deve ocorrer a transmissão de cargo. Segundo fontes, Dyogo Oliveira deve ser o secretário-executivo do Planejamento, embora ele mesmo não confirme o convite. Oliveira trabalhou com Barbosa na Fazenda e atualmente é secretário-executivo adjunto do ministério da Fazenda.

##RECOMENDA##

Os investidores brasileiros não acreditam que o ministro indicado da Fazenda, Joaquim Levy, conseguirá atingir sua meta de um superávit primário de 1,2% do PIB em 2015, segundo uma pesquisa do Bank of America Merrill Lynch (BofA). O banco realizou a sondagem com quase 200 investidores, durante o evento Brazil Macro Year Ahead, realizado na semana passada. Entre os entrevistados, 51% acreditam que o superávit ficará entre 0,5% e 1,0%; outros 20% têm uma previsão ainda menor, de menos de 0,5%; 28% veem um resultado entre 1,0% e 1,2%; e somente 1% esperam que a meta seja superada.

Entre os ajustes esperados para serem adotados pela nova equipe econômica, excetuando-se a política fiscal, 36% dos entrevistados apostam em um aperto monetário; 26% não creem em ajuste nenhum; 20% acreditam em reformas estruturais; 13% antecipam mudanças nos mercados de crédito; e 5% esperam maior abertura comercial. Questionados sobre em que ponto o atual ciclo de aperto monetário deve terminar, a maioria (49%) vê a Selic atingindo um pico de 12,50%.

##RECOMENDA##

Os investidores estão divididos sobre quanto da nova equipe econômica já está precificado pelos mercados. Quase metade (48%) acredita que novos ralis nos ativos brasileiros ainda são possíveis, mas outros 40% avaliam que o futuro time já está inteiramente precificado e 11% acham que os ganhos nos mercados foram excessivos.

Em relação à economia global, o principal temor dos investidores brasileiros é com o aumento nos yields dos Treasuries (49% das respostas), seguido da deflação na Europa (24%), a queda nos preços do petróleo (17%) e riscos geopolíticos em geral (10%). E eles não acham que a recente retração nos preços das commodities é um fator transitório. Para 52%, o movimento se deve a choques estruturais e deve levar a uma menor inflação global.

Nesse cenário, as perspectivas para o crescimento do Brasil não poderiam ser positivas. Apenas 7% esperam uma expansão do PIB em 2015 de mais de 1%. Para a maioria (46%), a atividade deve ter alta de zero a 0,5%. Além dos fatores citados acima, o risco de racionamento de energia também entra na conta. Do total de entrevistados, 38% acreditam que a chance de isso acontecer é de 20% a 40%. A crise na Petrobras é mais um dado a se considerar. Cerca de 32% acreditam que o escândalo na estatal pode levar a um crescimento menor, embora a maioria (53%) espere apenas um tumulto político maior (53%). Em relação ao câmbio, os investidores (59%) veem o dólar terminando o próximo ano entre R$ 2,65 e R$ 2,85.

O ministro indicado da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que a questão do ICMS vai além do projeto que tramita no Congresso Nacional e permite aos Estados e ao Distrito Federal a legalização de incentivos fiscais questionados em ações no STF. "A questão do ICMS vai além desse projeto e o sentimento foi de que o importante é todo mundo estar focando nesta agenda maior, que é uma agenda pró-crescimento, pró-criação de empregos, que envolve muita coordenação", disse, ao deixar reunião na presidência do Senado Federal para tratar do assunto com os parlamentares. Levy evitou responder sobre outros assuntos, como uma possível elevação de tributos.

"A reunião demonstrou um amadurecimento desse tema, que é bastante complexo. Entre os Estados e principalmente aqui na Casa dos Estados da Federação (Senado), a reflexão dá uma sinalização positiva de que o tema, que já progrediu muito nos últimos anos, continua num caminho de convergência", disse o ministro. "Da parte do Ministério da Fazenda, apesar de esse ser um tema dos Estados, no que pudermos continuaremos a dar apoio e a ser um facilitador desse trabalho. Mas a liderança do Senado já alcançou avanços significativos que também indicam disposição dos Estados em acomodarem situações que são especificas."

##RECOMENDA##

Levy disse que o debate é "testemunho da vitalidade da federação e do sistema democrático" e que o resultado pode ser maior segurança jurídica e melhor alocação de recursos "em tempo relativamente breve". "Tem muito trabalho pela frente e o engajamento que eu posso ter agora é o de que a gente vai estar realmente empenhado nesse trabalho, junto com o Senado e novos governadores. É um trabalho de coordenação", concluiu.

Na saída da reunião, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) afirmou que o debate sobre o assunto será retomado em fevereiro. "Vamos retomar a conversa a respeito da reforma do ICMS a partir de fevereiro para atender às observações da nova equipe econômica e dos governadores que tomarão posse agora. O objetivo é, a partir do que já concordamos e foi aprovado na CAE, avançar em outros temas necessários para reforma do ICMS, como unificação das alíquotas", disse.

Os primeiros dias de trabalho na sala de transição do Palácio do Planalto deixaram os futuros ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, em alerta. Ficou a impressão de que, antes de mais nada, será preciso convencer a própria equipe de governo quanto à gravidade do quadro fiscal, das contas públicas, e ao custo político que o ajuste, ainda que gradual, envolverá.

A dupla tem diante de si uma bomba para desarmar e o trabalho não poderá ser feito sem uma freada nas políticas sociais e nos programas vendidos, nos últimos anos, como geradores de emprego. Também não se pode descartar alta de impostos.

##RECOMENDA##

O anúncio do plano gradual de ajuste das contas públicas, na quinta-feira, foi apenas o primeiro passo no processo de retomada da confiança dos agentes econômicos. Vendida a ideia, ainda está tudo por fazer. Levy não detalhou que medidas adotará.

Prudente, o time econômico do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff prometeu alcançar, no ano que vem, um superávit primário (poupança para pagamento da dívida pública) equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Um saldo desse tamanho não é suficiente para evitar que o endividamento do governo cresça. Esse efeito só seria alcançado em 2016 e 2017, quando o primário seria de no mínimo 2% do PIB.

O tamanho do saldo pretendido e a previsão de um degrau em 2015 são muito semelhantes ao que o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, pretendia fazer - e que o time petista chamava de "arrocho" que interromperia a trajetória de redução das desigualdades no País. Mas, para que o plano de ajuste plurianual tenha credibilidade, é preciso que ele funcione muito bem logo de saída. E aí é que está a dificuldade. Malvisto nas hostes petistas por causa do rigor com que conduziu as finanças no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o futuro ministro da Fazenda será alvo fácil do fogo amigo. Ele próprio não parece muito convicto do apoio que terá da presidente. "A autonomia, eu acho, está dada", respondeu, ao ser questionado se terá liberdade para trabalhar.

Os primeiros meses do programa de ajuste serão importantes para atacar a ameaça mais imediata no horizonte: o rebaixamento da nota de crédito do Brasil, dada a má situação das contas públicas. Se concretizada, essa medida tornaria mais caros os empréstimos externos ao País e às empresas brasileiras.

Levy tem bom trânsito nas agências de classificação de risco. Quando elas anunciaram que poderiam baixar a avaliação do Brasil, neste ano, ele tomou a iniciativa de procurá-las para mostrar que o País não está prestes a dar um "calote" em seus credores, como precisaria ocorrer para justificar um rebaixamento. Na época, Levy estava na iniciativa privada.

Dureza. Basta olhar a evolução da despesa pública para entender por que um ajuste, qualquer que seja, vai esbarrar nos programas sociais. Os gastos com assistência social, Previdência, Trabalho, Saúde e Educação respondem por quase 80% dos gastos primários do governo (sem contar juros da dívida pública). E são esses que mais têm crescido nos últimos anos. É por isso que mesmo as versões mais "light" de ajuste falam em desaceleração desses programas.

Essa ideia está presente, por exemplo, em uma palestra que o futuro ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, fez em setembro na Fundação Getúlio Vargas. Nela, ele propõe que os gastos com transferência de renda sejam estabilizados como proporção do PIB e que, pelo mesmo critério, a folha salarial do governo seja reduzida. Ele também sugeriu aumentar gastos com saúde e educação.

Os gastos sociais não podem ser simplesmente cortados, e é aí que mora outro problema da atual equipe. É possível, no máximo, deter seu crescimento. Assim, o ajuste inicial terá de se basear em outras medidas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy, prometeu uma transição suave na política econômica do governo. Em entrevista coletiva após ter o nome confirmado pela presidenta Dilma Rousseff, ele negou que haverá pacotes nas próximas semanas e prometeu trabalhar em parceria com a equipe econômica atual até que as novas medidas estejam formuladas.

“Não temos pressa de fazer um pacote com medidas relâmpago. Algumas coisas vêm sendo discutidas no caminho de diminuir as despesas, mas acho que a capacidade de cooperação entre os diversos órgãos deve levar a gente a fazer medidas. Elas vão ser, não digo graduais, mas sem pacotes, sem nenhuma grande surpresa”, declarou. O novo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, informou que quaisquer novas medidas serão anunciadas com transparência, incorporando sugestões e ideias da equipe atual.

##RECOMENDA##

Levy garantiu ter recebido autonomia para promover mudanças na política econômica. Segundo ele, a própria nomeação indica confiança da presidenta Dilma Rousseff. “A autonomia está dada. Acho que há suficiente grau de entendimento e de maturidade dentro da própria equipe [do governo]. A gente vai ver, dia a dia, como ocorre, mas acho que essa questão vai se responder de forma muito tranquila.”

Sobre eventuais nomes para equipe econômica, Levy reiterou que o Tesouro não divulgará nenhum nome nos próximos dias. “É muito importante manter o processo e o rito. A experiência da transição é boa e positiva. Não estamos em nenhuma agonia. Essa é uma maneira boa de lidar com desafios do novo governo, que só começa em 1º de janeiro”, acrescentou o futuro ministro da Fazenda.

De acordo com Levy, o corte de gastos públicos para garantir o ajuste fiscal não afetará os programas sociais. Segundo ele, o equilíbrio econômico justamente é o principal fator que permitirá a continuidade dos avanços dos últimos anos. “Faremos um exercício orçamentário e fiscal de escolhas e de definição de prioridades. Queremos garantir um ambiente que permita a economia ter o crescimento necessário para suportar as despesas públicas. Se não houver empresas crescendo, é difícil ter recursos para suportar qualquer gasto público”, disse.

Para ele, não existe nenhuma contradição entre inclusão social e estabilidade econômica. “A continuidade da inclusão social depende da estabilidade, que depende do controle da inflação, que depende do equilíbrio fiscal. Não acho que essas coisas sejam contraditórias. [O ajuste fiscal] não implica renunciar a políticas recentes, mas simplesmente adequar a velocidade dos programas ao cenário econômico dos últimos anos”, destacou.

O anúncio da nova equipe econômica de Dilma foi feito esta tarde pelo ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Thomas Traumann, no Palácio do Planalto. Por meio de nota oficial, a presidenta Dilma Rousseff agradeceu a dedicação dos atuais ministros, que permanecem em seus cargos até que os novos indicados formem suas equipes. Além de Barbosa, Joaquim Levy, que assume a Fazenda, e Alexandre Tombini, que permanece no Banco Central, também falaram com a imprensa.

Chamado por poucos de "Joca", por muitos de "trator" e por petistas de "mãos de tesoura", o engenheiro naval e Ph.D. em economia Joaquim Levy será anunciado nesta quinta-feira (27) como ministro da Fazenda no lugar de Guido Mantega, com a missão de encarnar, agora, o papel de "salvador da pátria" da política fiscal depois das manobras contábeis que abalaram a credibilidade do País.

Levy desperta esperança e apreensão dentro do governo. Se por um lado a presidente Dilma Rousseff aposta na obstinação e no seu conhecimento técnico para, por exemplo, ser capaz de entregar o superávit que for prometido, por outro lado a ortodoxia do economista para cumprir suas missões arrepia governistas, que temem o comprometimento dos avanços sociais da gestão petista.

##RECOMENDA##

O escolhido para comandar a Fazenda no segundo mandato costumava protestar quando algum de seus assessores do Tesouro Nacional lhe comprava bilhetes na classe executiva em viagens internacionais, previsto pelo regulamento do setor público. "Com esse dinheiro, viajam dois", reclamava.

Quando controlou a chave do cofre do Tesouro, entre 2003 e 2006, no governo Lula, costumava bater de frente com a então ministra de Minas e Energia Dilma Rousseff. Especialmente porque ele tentava intervir em questões da pasta, como no episódio do marco regulatório de energia, que estava em elaboração pela então ministra. Casos como esse geraram brigas entre os dois e até a expulsão dele do gabinete dela.

Mesmo assim, a hoje presidente resolveu acatar a sugestão do nome de Levy movida pela razão e não pela emoção. Ele vem sendo descrito por economistas como "o mais completo" para a função de ministro.

FMI

Além da formação acadêmica que passa por mestrado na Fundação Getúlio Vargas e doutorado na Universidade de Chicago - com carta de recomendação escrita por seu ex-professor Arminio Fraga -, Levy conheceu a política monetária de vários países quando trabalhou no Fundo Monetário Internacional (FMI). Adquiriu experiência com a estrutura de gastos da máquina federal durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, quando foi secretário adjunto de Política Econômica, economista-chefe do Planejamento e, já na gestão Lula, chefe do Tesouro. Estreitou relações com agências internacionais de classificação de risco quando foi da direção do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Como secretário de Fazenda do Rio, conheceu em profundidade as finanças estaduais. E foi na diretoria do Bradesco Asset Management que aprofundou sua relação com o mercado financeiro.

Quando atuou no governo federal, mandou contratar secretárias em três turnos diferentes. A última costumava encerrar o expediente às 2 horas. Muitas vezes, Levy trabalhava até o início da madrugada, voltava para sua casa, nadava alguns quilômetros e voltava ao trabalho. Ou dormia algumas horas no sofá do próprio gabinete para dali retomar mais um dia. E-mails enviados às 3 horas e ligações às 7 horas costumam ser rotina até hoje.

Se Dilma Rousseff e Joaquim Levy concordam no jeito austero e duro de cobrar os subordinados, agora resta a expectativa, por parte do mercado e de governistas, se a presidente estará disposta a dar autonomia para conduzir a política econômica na qual acredita. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando