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A retomada da estabilidade, crescimento e pacificação do País foram os principais desafios citados na fala inicial em evento promovido pelo Valor Econômico e O Globo na manhã desta terça-feira (6). Dentre os entrevistados, estão o governador da Bahia, Rui Costa (PT), favorito para assumir a Casa Civil no governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT); o senador eleito e ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT); a ex-ministra do Meio Ambiente e integrante do grupo de trabalho responsável pelo tema do governo de transição, Marina Silva (Rede); e o ex-ministro da Fazenda e do Planejamento e integrante do governo de transição na área econômica, Nelson Barbosa. Na avaliação deles, o novo governo terá grandes desafios, mas também há oportunidades para restabelecer a confiança nacional.

"São muitos os desafios, vamos ter que ao mesmo tempo trocar pneu de carro andando, reconstruir a própria democracia e pacificar as relações entre as pessoas, seja nas famílias, empresas, entre todas as áreas", disse Dias, iniciando a fala dos entrevistados. Em sua avaliação, a área social apresenta uma "gravíssima" situação, tanto do lado das contas públicas quanto da estrutura administrativa. "Vamos ter uma fase de muitas emergências, mas tendo a capacidade de trabalhar em um plano estratégico com um olhar para o curto, médio e longo prazo numa perspectiva de estabilização, previsibilidade e planejamento", declarou.

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Para Costa, o principal desafio é o de pacificar e unir o País, não só no âmbito federal, mas estadual, citando um novo pacto federativo com a volta do diálogo. De acordo com ele, isso irá retomar a confiança do Brasil e a credibilidade nacional perante o mundo. "Novo olhar do mundo sobre o Brasil é visível; investimento deve aumentar", pontua.

Costa cita a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, dizendo ser preciso resolver o problema da fome e garantir recursos para a subsistência. "É preciso pensar em crescer; saneamento é um grande problema, mas oportunidade para Brasil", diz.

Marina seguiu na linha de pontuar os principais problemas e citou o Meio Ambiente que, segundo ela, "está na lona" e o País, "cindido". Ao destacar a forte polarização do País entre segmentos da direita e esquerda, a ex-ministra disse ser preciso "sabedoria para governar com frente ampla".

Último a falar, Barbosa classificou os principais problemas como "fazer a transição, encaminhar a pacificação nacional e começar a reconstrução". De acordo com ele, a transição envolve o fechamento do Orçamento de 2022 e encaminhar um bom para 2023. "O orçamento de 2023 é claramente insuficiente", classifica.

O ex-ministro da Fazenda aponta ser necessário recuperar a governabilidade e o diálogo no Brasil. "É preciso mudança de atitude e exemplo é muito importante", declarando que o presidente eleito "dialoga com todos". Barbosa também diz ser possível resolver o problema fiscal, mas a questão cambial "é muito mais difícil". "O problema fiscal é questão política; temos que resolver entre a gente", declara.

O ex-ministro da Fazenda e do Planejamento, Nelson Barbosa, e o economista Guilherme Mello, membros da coordenação econômica do gabinete de transição, tiveram nesta quinta-feira (24) a primeira reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes. O encontro, que durou duas horas, serviu para a apresentação dos grupos, com Guedes pondo a atual equipe econômica à disposição do governo eleito. 

“As informações que o ministro [Paulo Guedes] apresentou e as opiniões que ele deu serão levadas em consideração pela transição”, disse Barbosa. Ele destacou que as sugestões do ministro foram passadas em caráter sigiloso, afirmando apenas que Guedes fez uma defesa da sua gestão em quase quatro anos à frente da pasta. 

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Segundo Barbosa, a próxima etapa envolve encontros com a Receita Federal, o Tesouro Nacional e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, para traçar um mapa de riscos fiscais e jurídicos do Orçamento. “Em toda transição, a gente faz um mapeamento [de riscos], tanto que no Orçamento é encaminhado um mapa de riscos fiscais. A lei exige isso, e nós queremos saber as informações da PGFN, entender mais o detalhamento”, declarou.  Barbosa classificou o primeiro encontro como “ótimo” e disse que o diálogo continuará. Mello fez a mesma avaliação. 

Negociações políticas

Temas como a falta de recursos para programas no Orçamento de 2023 e a proposta de emenda à Constituição (PEC) que pretende excluir até R$ 198 bilhões do teto de gastos não foram abordados no encontro, disse Barbosa. Também não foi discutida a escassez de verba para a segurança pública, tema levantado ontem (23) pelo senador eleito Flávio Dino (PCdoB-MA), um dos coordenadores do grupo técnico de Justiça e Segurança Pública da equipe de transição.

  “Não tratamos de Orçamento, isso está sendo tratado no Congresso”, declarou Barbosa. Ao ser perguntado sobre a possibilidade de uma medida provisória como opção para viabilizar o Bolsa Família, o ex-ministro disse que a PEC da Transição, assim como o financiamento do programa social, “é um tema que está sendo tratado no campo político”. 

Barbosa acrescentou que as negociações em torno da PEC estão sendo feitas na esfera política. Somente após as definições, a área técnica fará as avaliações sobre o Orçamento. Sobre a escolha do futuro ministro da Fazenda, ele não forneceu uma estimativa de quando isso deverá ser feito. “O presidente [eleito] Lula vai decidir isso quando ele achar necessário”, respondeu.

O ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa desaprova a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 241) que estabelece um teto para os gastos públicos atrelado à inflação do ano anterior. Segundo ele, colocar a limitação do crescimento dos gastos na Constituição é tirar do Congresso o direito de determinar o tamanho do Orçamento Público pelos próximos 20 anos. Na renegociação das dívidas dos Estados, o ex-ministro de Dilma Rousseff afirma que o governo federal perdeu a oportunidade de aperfeiçoar os critérios dos gastos com pessoal. A seguir, trechos da entrevista concedida ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Diante da cena política da votação do impeachment, o sr. acha que Temer tem apoio para fazer o ajuste fiscal?

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Vamos ver isso no dia a dia. A proposta que foi apresentada, que é tirar dos representantes eleitos pela sociedade - não só dos atuais, mas dos próximos cinco Congressos - a capacidade de decidir o tamanho do Orçamento é uma proposta inaceitável. Tem de controlar o gasto, mas existem outras maneiras de fazer e tenho certeza de que os congressistas não vão aceitar isso. Nem o PSDB, que propôs a Lei de Responsabilidade Fiscal, não a apresentou como mudança constitucional. Propôs via uma lei com definição periódica de metas. Então, na hora em que as pessoas se dedicarem a discutir a questão mais técnica e política, não só a retórica, vão ver que não é uma boa proposta e que é melhor fazer de outro jeito.

Dá para fazer ajuste fiscal sem aumento de impostos?

Se a economia se recuperar rapidamente, talvez sim. Mas é importante revisar algumas desonerações. Já tínhamos revisado várias delas e o caminho é esse. Há várias outras desonerações que podem ser revisadas e que na prática recuperam a capacidade de arrecadação do governo.

Como o sr. avalia o resultado da renegociação da dívida dos Estados?

Eu é que comecei esse processo quando assumi. As primeiras reuniões, ainda em 2015, foram com os governadores e, em dois, meses montamos aquele programa de assistência aos Estados. Não há dúvida de que os Estados precisam de assistência neste momento, mas é importante preservar a justiça tributária. Aqueles Estados que estão mais endividados devem ter contrapartidas. Lembrando que não é uma imposição do governo federal. O Estado adota se quiser. Se não concordar com as contrapartidas, que não renegocie a dívida. No fim das contas, acabou ficando uma proposta pela metade, em que há benefícios, mas poucas contrapartidas.

E sobre os critérios de gastos com pessoal?

Perdeu-se a oportunidade de reformar, de aperfeiçoar os critérios de gastos com pessoal, que é o principal problema que levou à crise das finanças estaduais. Espero que isso seja enfrentado através da proposta da Lei de Responsabilidade Fiscal em outro momento.

O sr. já disse que é contra a PEC dos gastos. Ela já está desidratada?

Essa é uma pergunta que você tem de fazer em Brasília. Eu dei aqui a minha opinião econômica. Ela é um instrumento errado porque este não é assunto constitucional. É um instrumento com prazo errado porque não se deve tentar impor limite por 20 anos. No máximo, deve se obedecer o ciclo orçamentário, que é de quatro anos.

O governo deve trabalhar as reformas trabalhista e da Previdência. O que o senhor acha dessas iniciativas?

A reforma da Previdência é uma coisa que tem de ser enfrentada. Já tínhamos criado um foro para isso. Estávamos trabalhando nessa proposta. Inclusive deixamos a ideia e estudos para a equipe atual, não sei o quanto eles vão aproveitar. Existem várias formas de fazer. Na negociação trabalhista, o importante é preservar o poder de barganha dos trabalhadores. Ou seja, deve ocorrer somente onde houver grande sindicalização. Se é para ter um acordo que vai flexibilizar um ou outro aspecto, tem de ser em um setor em que pelo menos 60% dos trabalhadores sejam sindicalizados. Se as duas partes estiverem em situação igualitária, provavelmente vai dar um resultado melhor do que a aplicação das leis de 1930, 1940. Se ficar desequilibrado, é na verdade uma forma indireta de comprimir salários, com o que não concordo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em depoimento no Senado Federal, neste sábado (27), o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa sustentou que a presidente afastada Dilma Rousseff não cometeu crime de responsabilidade ao editar decretos de crédito suplementar, porque a edição "seguiu estritamente o que está na Lei". Ele é o sexto depoente ouvido durante o julgamento final do processo de impeachment.

Em resposta ao senador Paulo Paim (PT-RS), o ex-ministro defendeu as medidas da gestão petista. "A edição de decretos de crédito suplementar segue procedimento já regulamentado há mais de dez anos. O Congresso Nacional que diz quais condições o presidente da República pode editar os decretos e isso foi cumprido". "Portanto, não houve crime de responsabilidade", completou ele, após apresentar pareceres do Ministério Público, do Tesouro Nacional e do Banco do Brasil.

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A denúncia enviada em outubro de 2015 para a Câmara dos Deputados apontava irregularidades em seis decretos. Após a análise do então presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dois decretos foram rejeitados. No Senado, peritos derrubaram mais um. "Isso mostra a fragilidade da denúncia", considerou Barbosa.

Em resposta ao senador Armando Monteiro (PDT-PE), o ex-ministro lembrou que, no ano passado, o governo fez "o maior contingenciamento da História", diante da queda da arrecadação e não houve gastos a mais. "2015 foi um ano de ajuste fiscal, mas esses recursos já estavam previstos no Orçamento. Houve a aplicação [dos recursos] de acordo com a Lei", disse.

Barbosa disse ainda que os questionamentos do TCU vieram depois da edição dos decretos e, a partir dessa notificação, a edição de decretos foi suspensa "até que essas condições fossem esclarecidas". "Dessa forma, não cabe retroatividade aos entendimentos, porque isso criaria uma grande insegurança jurídica, não só para os governos, mas para qualquer cidadão", defendeu.

Meta fiscal

Barbosa explicou que o descumprimento da meta proposta não representa crime. "A meta [orçamentária] é um conceito de caixa. O não cumprimento da meta é só passível de multa, não de perda do cargo", considerou. "Tanto é assim que o governo do presidente em exercício ao propor um controle de gasto, qual critério propôs? Limite para o gasto financeiro. Não propôs limite para dotação orçamentárias", completou.

Em seguida, a senadora Vanessa Grazziotin (PCB-AM), em réplica, disse que quer tirar o mandato de uma presidente por não cumprir a meta é um golpe. "Não vamos aceitar que façam esse golpe sem um protesto vigoroso", afirmou.

Pedaladas

A senadora Ana Amélia (PP-RS), que é a favor do impeachment, pediu esclarecimentos sobre os atrasos de repasses para o Banco do Brasil para pagamento do Plano Safra, manobra que, segundo ela, configura uma operação de crédito. Barbosa negou. "Para que haja operação de crédito, é preciso que o emprestador abra mão de um recurso, depositando esse recurso na conta do devedor. Nesse caso não houve", disse ele, lembrando que se houvesse a União deveria pagar os juros ao banco. "Não há um contrato de operação de crédito. Há um contrato de operacionalização do pagamento de uma subvenção".

O depoimento do ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa como testemunha de defesa no processo de impeachment da presidenta afastada, Dilma Rousseff, no Senado Federal, foi transferido para amanhã (27). O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski, que preside o julgamento, acatou pedido da defesa de Dilma e aceitou a mudança do depoimento, inicialmente previsto para hoje (26).

Lewandowski também informou que haverá apenas mais um depoimento na noite desta sexta-feira, o do ex-secretário-executivo do Ministério da Educação Luiz Cláudio Costa. Além de Barbosa, amanhã também será realizado o depoimento do professor de direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) Ricardo Lodi Ribeiro. Ele será ouvido como informante.

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Foram ouvidos nesta sexta-feira (26) o economista Luiz Gonzaga Belluzzo e o professor de direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Geraldo Luiz Mascarenhas Prado.

A despeito da tensão política em torno da provável mudança de governo ainda nesta semana, a equipe econômica atual mantém a determinação de desengavetar projetos pensados para destravar a economia. O Ministério da Fazenda tem pronta lista de 14 medidas. A novidade entre elas é a proposta de o Conselho Monetário Nacional (CMN) passar a aprovar anualmente um plano para administração das reservas internacionais e swaps cambiais.

Nos moldes do plano anual de financiamento (PAF) da dívida pública elaborado pelo Tesouro Nacional, o projeto visa a estabelecer um planejamento estratégico com indicadores de volume das reservas e swaps, mas sem amarrar a atuação do BC no mercado cambial.

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Seria basicamente o estabelecimento de limites, semelhante ao que é feito na fixação da meta inflacionária, por exemplo. Essa medida não precisa ser submetida ao Congresso.

Toda a agenda proposta pela equipe atual terá de passar pelo crivo do grupo de Temer, se aprovado esta semana o processo de impeachment da presidente Dilma. Na reunião de domingo no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência, Henrique Meirelles, que responderá pelo Ministério da Fazenda de Temer, fez uma longa explanação das medidas já apresentadas por Nelson Barbosa - principalmente o pacote tributário enviado ao Congresso na semana passada, pontuando o que pode vir a ser modificado.

As medidas que a equipe de Barbosa corre para tirar do papel esta semana integram uma sequência que começou a ser anunciada depois que o governo acertou o passivo com as pedaladas fiscais. Depois disso, foram enviadas ao Congresso a mudança da meta fiscal deste ano e a reforma fiscal, ainda em tramitação.

Entre as medidas a serem divulgadas estão também o projeto de securitização dos Refis (os programas de parcelamento de débitos tributários), um decreto de simplificação da regras de emissão de debêntures de infraestrutura, medidas aduaneiras e mudanças nas regras que determinam a exigência de capital dos bancos frente aos empréstimos, além de redução dos compulsórios. As últimas duas medidas visam a facilitar a reestruturação da dívida das empresas pelos bancos.

A avaliação hoje da equipe econômica é de que o governo tem um sistema bom de prestação de contas da atuação das reservas e dos swaps, mas não traça uma estratégia para a frente. Um integrante da equipe econômica explicou que a mudança cria um arcabouço institucional, mas o BC continuará com flexibilidade.

Se os indicadores previstos não forem alcançados, o BC terá de explicar os motivos, como já faz hoje no regime de metas de inflação. "É uma mudança que não amarra a mão do BC", disse um dos idealizadores da proposta.

A vantagem observada pelo governo é de que o plano dará mais previsibilidade em relação ao volume das reservas. E definirá um indicador para a parcela de swaps em relação às reservas internacionais.

Nível de reservas

Com a proposta, o governo quer fazer um planejamento do nível de reservas de acordo com custo e benefício, trazendo para dentro do governo de forma clara o debate sobre o volume de reservas considerado ideal. A ideia é que o BC apresente uma proposta ao CMN para os 12 meses à frente. Uma das críticas é que o CMN hoje decide, por exemplo, qual o preço mínimo da pupunha, mas não trata do nível ótimo de reservas.

Por causa do processo de impeachment, a estratégia de anúncio das medidas foi atrasada, mas a avaliação é de que algumas delas podem ser anunciadas em breve. Há uma percepção também de que as propostas acabarão sendo tomadas mais cedo ou mais tarde. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A ministra da Agricultura Kátia Abreu, segunda a falar na comissão do impeachment no Senado em defesa da presidente Dilma Rousseff, alertou que a subvenção agrícola não pode ser comparada a um empréstimo. “Operação de crédito é o que o produtor assume com o banco. Não há deslocamento de dinheiro do banco para o Tesouro. O banco desloca para o produtor e o Tesouro desloca para o banco” explicou.

A ministra fez a defesa de Dilma, logo depois do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Com uma exposição focada unicamente no que ficou conhecido como pedaladas fiscais – possíveis atrasos de pagamentos aos bancos públicos – Kátia Abreu afirmou que o que foi feito pela agricultura brasileira nos últimos cinco anos, durante o governo da presidente Dilma, foi um marco para o setor.

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Segundo ela, a declaração não deve ser vista como crítica aos outros presidentes da República, mas explica como duas pessoas, de partidos diferentes, trabalham hoje juntas. Kátia Abreu é uma das ministras do PMDB que não deixou o governo, depois que seu partido anunciou ruptura na aliança, criando um impasse dentro do próprio Planalto entre Dilma e o vice-presidente Michel Temer. “Eu apoio a presidente Dilma pela reciprocidade que ela deu à agricultura brasileira nos últimos 5 anos. Acredito na idoneidade e na honestidade da presidenta”, afirmou.

Segundo ela, do saldo de R$ 10,4 bilhões que o Banco do Brasil tinha a receber do Tesouro, 60% foi aplicado no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e 40% destinado a médios e grandes produtores. A ministra lembrou que, depois de 2014, o valor foi acumulado. “O governo não paga de uma vez. Vai pagando ano a ano. É natural que o copo se encha anualmente”, afirmou.

Kátia Abreu detalhou os recursos e fontes do crédito rural relativos ao Plano Safra e destacou que houve redução nas subvenções da agricultura, por conta do ajuste fiscal. “O governo aumentou os recursos para agricultura mas também vem reduzindo esta equalização. Claro que quanto mais subvenção mais competitividade. Mas da safra anterior para esta tivemos diminuição da subvenção em torno de 56%”, destacou. “Mas não tem trazido nenhum tipo de prejuízo aos nossos agricultores”, completou.

Ao lembrar que a equalização de taxas de juros para o crédito agrícola é feita desde 1992, Kátia Abreu explicou que existem dois tipos de recursos para o setor: os livres, a partir de juros de mercado que giram em torno de 14%, e os controlados que é o administrado pelo governo para garantir taxas inferiores e reduzir custos de financiamento. “Estas taxas são o pilar da política agrícola”, afirmou ao lembrar que a medida estimula a competitividade da produção nacional.

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, iniciou a defesa da presidente Dilma Rousseff na Comissão Especial do Impeachment do Senado, nesta sexta-feira, 29, destacando que a aceitação do pedido de impedimento pela Câmara dos Deputados está baseada apenas em fatos de 2015. Ele começou a apresentação técnica argumentando que não houve crime de responsabilidade por parte da presidente.

Barbosa citou que os seis decretos de suplementação orçamentária emitidos por Dilma no ano passado - alvos do processo - não foram secretos, mas sim públicos, apesar de não serem numerados. "Decretos de suplementação orçamentária nãos numerados seguem definição estabelecida ainda no governo Fernando Henrique Cardoso", alegou.

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Segundo ministro, esses decretos são compatíveis e estão de acordo com a legislação orçamentária em vigor. "Para que haja créditos de suplementação, é preciso haver um fonte de recursos. Isso pode vir por um remanejamento de recursos, por um excesso de arrecadação que supere a previsão inicial de receitas, ou por superávit financeiro de anos anteriores", afirmou. "Todos os decretos questionados foram baseados nesses três fatores", completou.

Barbosa lembrou que os seis decretos criam créditos suplementários de R$ 95,9 bilhões, mas argumentou R$ 93,4 bilhões se referiram a remanejamentos. "Não foram criados mais gastos. Não houve ampliação do orçamento. Houve redução de gastos em rubrica e aumento na outra", defendeu.

Segundo ele os R$ 2,5 bilhões restantes foram autorizados com base em aumento de receitas, e R$ 700 milhões desse montante foram usados para o pagamento de juros, sem impacto no primário do governo. "Então estamos falando de apenas R$ 1,8 bilhão de novas despesas. É isso que está em discussão", disse.

O ministro detalhou que, desse valor, R$ 1,256 bilhão teria sido destinado à Educação, R$ 171 milhões foram para a Justiça do Trabalho e a área da Defesa ficou com R$ 121 milhões.

Os ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, e da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, reuniram-se, nesta quarta-feira (20), com senadores para tratar do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, que começou a tramitar na Casa nesta semana. De acordo com o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT), o encontrou aconteceu no gabinete do 1º vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC) e contou com a participação de 18 parlamentares do PT, PP, PMDB, PDT, PSB, PPS e PR.  

Segundo Humberto, os ministros apresentaram uma série de argumentos que desmontam a tese de que a presidenta cometeu crime de responsabilidade e reiteraram que a ação tem de ser concentrada apenas nos dois fatos apontados no parecer aprovado na Câmara dos Deputados: os decretos de suplementação orçamentária e as atividades fiscais que beneficiaram o programa de crédito agrícola Plano Safra. 

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“Foi uma reunião suprapartidária, da qual participaram, aliás, senadores que defendem o impeachment. Os ministros vieram mostrar, com argumentos sólidos e bem detalhados, a nulidade de todo esse processo. Vamos levar esses argumentos à população para que cada brasileiro entenda que, em nenhum momento, a presidente cometeu crime de responsabilidade ao assinar decretos mesmo sem autorização do Congresso Nacional e atrasar repasses para quitar dívida com o Banco de Brasil, que emprestou dinheiro em benefício do Plano Safra”, observou o líder. 

Além disso, de acordo com o pernambucano, os ministros reforçaram que o processo de impedimento de Dilma deveria ser considerado nulo porque houve desvio de finalidade na apreciação do procedimento na Câmara, já que ficou evidente a condução viciada por parte do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

A reunião da comissão que analisa o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff foi marcada, mais uma vez, por tumulto e bate-boca, reforçados pela participação do público que acompanhava os depoimentos. Apesar de o depoimento do ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, ter transcorrido com tranquilidade, a fala do professor de direito financeiro Ricardo Lodi Ribeiro foi, desde o primeiro minuto dos 30 previstos, alvo de várias interrupções. O deputado Júlio Lopes (PP-RJ) fez diversas intervenções e questionou inclusive os créditos atribuídos ao especialista, que é professor adjunto e não titular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). As discussões duraram três horas.

“De fato, sou adjunto de direito financeiro da Uerj. Sou também diretor da faculdade de direito”, esclareceu Lodi. Mas a retomada do clima de tranquilidade durou pouco. Assim que Lodi disse que não estava falando como advogado de Dilma e afirmou que atribuição de defendê-la seria da Advocacia-Geral da União (AGU), novas polêmicas surgiram. Parlamentares, incluindo Júlio Lopes, afirmaram que a atribuição é de advogado pessoal e a discussão tomou quase dez minutos do tempo reservado ao depoente. O presidente da comissão, Rogério Rosso (PTB-DF), zerou o cronômetro, mas não foi suficiente, e ofereceu um exemplar da Bíblia para os parlamentares consultarem.

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A audiência, que começou com atraso, foi novamente interrompida quando Júlio Lopes reclamou da manifestação de funcionários da Câmara dos Deputados. Eles portavam cartazes se posicionando contrários ao impeachment. Segundo ele, ao ir ao banheiro encontrou funcionários da Casa com cartazes e manifestos. Para parlamentares da base aliada, isso faz parte do processo democrático.

Clima acirrado

O clima esquentou ainda mais quando Fernando Francischini (SD-PR) leu trechos do telefonema do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o ministro Nelson Barbosa em que tratam das investigações da Polícia Federal sobre o Instituto Lula. “Não podemos aceitar que um ex-presidente ligue e tente a intervenção direta em uma investigação da Polícia Federal. Queria pedir que faça uma representação para que possamos ouvir o ex-presidente Lula aqui na comissão”, defendeu.

De outro lado, Jandira Feghali (RJ), líder do PCdoB criticou o “desrespeito” dos integrantes da comissão com os dois convidados, devido às várias interrupções. Rosso tentou inúmeras vezes, sem sucesso, apaziguar os ânimos, mas agravou os debates quando rebateu a fala de Jandira que relatou o estresse ao dizer que a “democracia é isto”, provocando mais polêmica.

“É fundamental registrar a competência técnica dos dois expositores que trouxeram à luz a confusão no palanque político que foi ontem”, disse ao mencionar os depoimentos dos juristas autores do pedido de impeachment. “Não há nenhum crime de responsabilidade. Aqui quando se fala de meta fiscal. Há aqui uma enorme tentativa de criar um fato. Impeachment sem crime de responsabilidade se chama golpe”, completou.

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, disse não ver nenhum tipo de problema em defender a presidenta Dilma Rousseff perante a Comissão do Impeachment. Ele participou de audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal e disse ter sido surpreendido pela possível escolha dele para fazer a defesa da presidenta.

“Eu estou sabendo agora desta notícia. O ministro Cardozo [José Eduardo, da Advocacia-Geral da União] está coordenando a defesa da presidente e, pelo que eu entendi, nós iríamos apresentar a defesa da presidente, após ela apresentar sua defesa, que deve acontecer até segunda-feira”, explicou.

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Ele disse que responderá a tudo o que for perguntado e que todas as medidas que formam a acusação são medidas técnicas, embasadas em pareceres técnicos. Segundo ele, não há nenhum problema em defender a presidenta e a questão é qual a melhor data, se deve ocorrer antes ou depois de a presidenta apresentar a defesa formal.

A Comissão do Impeachment questiona a legalidade dos atrasos de repasses a bancos públicos referentes ao pagamento de benefícios de programas sociais, como Bolsa Família, seguro-desemprego e abono salarial (as chamadas pedaladas fiscais).

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, anunciou nesta quarta-feira, 23, que o governo pedirá ao Congresso Nacional a autorização para apresentar o terceiro déficit consecutivo nas contas públicas. Segundo ele, para o governo central, a meta passará de R$ 24 bilhões para R$ 2,8 bilhões. Descontando a possibilidade de abatimento, as contas do governo poderão ter um rombo de R$ 117,85 bilhões. A nova possibilidade máxima de abatimento passou para R$ 120,65 bilhões.

Entre as propostas para abatimento, Barbosa anunciou que o governo quer aumentar a possibilidade de frustração de receitas administradas de R$ 30,5 bilhões para R$ 40,3 bilhões. O projeto de lei, que será enviado ao Congresso hoje ou na próxima segunda-feira, mantém a possibilidade de abatimento no caso das frustrações de receitas não administradas em R$ 41,7 bilhões e mantém o pedido para os gastos com saúde em R$ 3 bilhões e em R$ 9 bilhões os para investimentos em andamento.

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Barbosa incluiu no projeto R$ 3,5 bilhões de gastos com defesa e o pagamento do Auxílio Financeiro para Fomento das Exportações (FEX) para a regularização do fundo. Para esse pagamento, o ministro está pedindo R$ 1,95 bilhão ao Congresso.

O déficit que o governo passa a considerar é o pior resultado da história, já que as contas do ano passado, que também fecharam no vermelho, foram diretamente influenciadas pelo pagamento das chamadas "pedaladas fiscais", passivo devido pelo governo a bancos públicos, quitado a mando do Tribunal de Contas da União (TCU). Os pagamentos custaram, ao longo de 2015, R$ 72,4 bilhões, sendo que R$ 55,8 bilhões foram desembolsados só em dezembro.

Com a queda da atividade econômica e fraco desempenho da arrecadação, o governo anunciou, em fevereiro, que enviaria uma proposta ao Congresso que possibilitaria um déficit fiscal de R$ 60,2 bilhões para 2016. Na ocasião, Barbosa manteve a meta de R$ 24 bilhões para a União, mas propôs que o governo pudesse abater frustrações de receita e com operações com ativos, dividendos e concessões e ainda abrisse um espaço fiscal maior para despesas com saúde e restos a pagar de investimentos. Com todos esses abatimentos, Barbosa solicitou uma abertura de R$ 84,2 bilhões.

A primeira meta desenhada pelo governo, na gestão do ex-ministro Joaquim Levy, ainda está valendo, já que, mesmo apresentando um pedido de abatimento da meta, Barbosa e o ministro do Planejamento, Valdir Simão, não chegaram a enviar a proposta ao Congresso.

No ano passado, o rombo foi de R$ 116,6 no governo central, o equivalente a 1,97% do PIB. Já no setor público consolidado, o resultado negativo foi o equivalente a 1,88% - R$ 111,2 bilhões. O resultado do governo central no ano passado foi diretamente influenciado pelo pagamento das chamadas pedaladas fiscais.

Três dias depois de ter sido levado à força pela Polícia Federal para depor no inquérito da Operação Aletheia, o ex-presidente Lula sugeriu ao ministro Nelson Barbosa, da Fazenda, que pressione a Receita. O petista reclama dos auditores que estão fiscalizando as contas do Instituto Lula. "É preciso acompanhar o que a Receita tá fazendo junto com a Polícia Federal, bicho", disse Lula, em ligação de 7 de março. "Você precisa se inteirar do que eles estão fazendo no Instituto. Se eles fizessem isso com meia dúzia de grandes empresas, resolvia o problema de arrecadação do Estado."

O ministro é econômico nas palavras. "Não, é… (gagueja) Eles fazem parte."…"Uhumm, sei."

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Lula revela nervosismo. "Sabe? eu acho que eles estão sendo filho da puta demais." "Tá", responde Nelson Barbosa.

"Tão procurando pelo em ovo", insistiu Lula. "Eu acho… eu vou pedir pro Paulo Okamotto (presidente do Instituto Lula) botar tudo no papel, porque era preciso você chamar o responsável e falar ‘que porra que é essa?'"

O ex-presidente sugere ao ministro que questione os auditores e os coloque no encalço de veículos de comunicação e de desafeto político. "Vocês estão fazendo o mesmo com a Globo, com o Instituto Fernando Henrique Cardoso, o mesmo com Gerdau, o mesmo com o SBT, o mesmo com a Record? Ou só com o Lula, caralho?! Vai tomar no cu."

Nelson Barbosa, solícito. "Tá, pede pro Paulo colocar." Lula continua a reprimenda. "Eu vou pedir pro Paulo colocar e te entregar, porque, veja, não tem problema que investigue não." "Mas tem que ser igual, né?", reconhece o ministro.

"Não é possível. Você veja, tem uma investigação contra a Veja, quando a Bandeirantes acusou a Veja de fazer acordo com aquela empresa africana, essa porra dessa investigação tá parada na Receita desde 2008."

"Uhumm", resmunga Nelson Barbosa. "Algum filho da puta sentou em cima", supõe Lula. "Não, eu sei… essa coisa da velocidade já tinha chegado pra mim e eu pedi pra eles apurarem porque que tem velocidades diferentes", responde o ministro.

O Instituto Lula não se manifestou.

O governador Paulo Câmara (PSB) participa, nesta terça-feira (15), de uma reunião entre o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e os governadores de todo o país em Brasília, às 17h. No encontro, o auxiliar da presidente Dilma Rousseff (PT) vai apresentar a proposta final do projeto de socorro aos Estados. 

O texto deve alterar Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e permitir o alongamento da dívida dos Estados com a União por mais 20 anos. O plano de socorro também concederá um desconto temporário de 40% do valor das prestações mensais para os Estados que aderirem ao programa.

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Além da pauta já prevista, Paulo Câmara também deve questionar o ministro sobre as operações de crédito nacionais e internacionais que estão retidas pela gestão federal. Na última reunião do pernambucano com o ministro, não foi definido "nenhum ponto importante" sobre os limites para as novas operações de crédito e a renegociação das dívidas dos Estados com a União. 

"Infelizmente, o Governo Federal mantém uma indefinição que não é benéfica para o País. O tempo está passando e todos sabem que as operações de crédito, por exemplo, exigem tempo e negociações complexas com as instituições financeiras”, reclamou Paulo Câmara na ocasião. 

O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, disse nesta sexta-feira (11) que a crise política não deve ser um empecilho para que o governo aprove projetos no Congresso Nacional. “Ano passado nós aprovamos. No momento que o governo apresentou propostas, o Congresso sempre se dispôs a discutí-las e até o momento tem aprovado nas direções apresentadas pelo governo. Tem mudanças aqui e ali de intensidade”, ressaltou, após participar, em São Paulo, de um almoço no Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Empresarial (Iedi).

Entre os temas que o governo está tentando construir a articulação está a reforma da Previdência. Barbosa afirmou que há praticamente um consenso de que o modelo atual de aposentadorias e seguro social precisa de mudanças.

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“É mais uma discussão de qual é a melhor estratégia política de construção da proposta do que uma discordância de mérito. Todos concordam que é preciso preservar o sistema previdenciário e essa preservação envolve adotar algumas medidas. As pessoas estão discutindo qual é a melhor forma de construir e melhor tempo para apresentar essas medidas”, acrescentou o ministro ao comentar o fato do próprio PT ter críticas às alterações na Previdência.

Barbosa disse ainda que os empresários com os quais esteve reunido passaram a expectativa de que o governo tem de reagir para reanimar a economia. “É um anseio por medidas que melhorem a economia. Há uma concordância geral de que temos não só de adotar ações para estabilizar a economia no curto prazo, preservar o emprego e preservar a renda, mas fazer isso de maneira que encaminhe também uma solução para os problemas estruturais”, ressaltou Barbosa.

Além de ações mais complexas, o ministro informou que ouviu sugestões de medidas mais simples que ajudariam os setores produtivos. “Tem uma série de ações administrativas de licitação e desburocratização que a gente pode adotar. Eles apontaram algumas”, adiantou o ministro sem dar detalhes.

Mais cedo o ministro esteve reunido com o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotivos (Anfavea) e do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).

O encontro dos governadores do Nordeste com ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, frustrou, mais uma vez, as expectativas do governador Paulo Câmara (PSB). Durante a reunião, que aconteceu nessa terça-feira (1º), não foi definido "nenhum ponto importante" sobre os limites para as novas operações de crédito e a renegociação das dívidas dos Estados com a União. 

"Infelizmente, o Governo Federal mantém uma indefinição que não é benéfica para o País. O tempo está passando e todos sabem que as operações de crédito, por exemplo, exigem tempo e negociações complexas com as instituições financeiras”, reclamou Paulo Câmara. Os gestores da região também cobraram a promessa da presidente Dilma Rousseff (PT) de liberar os empréstimos para obras hídricas, o que até hoje não ocorreu.

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De acordo com Câmara, o único compromisso firmado na reunião foi o de a Fazenda estabelecer um equilíbrio entre os Estados que serão beneficiados pela renegociação da dívida e aqueles que reivindicam a liberação de novas operações de crédito. “Se essas operações tivessem avançado já em 2015, poderíamos estar numa situação menos dramática do que estamos agora, com os investimentos públicos ladeira abaixo”, argumentou o socialista.

Reunião com a presidente - A previsão é que o Governo Federal só avance nesses detalhamentos na próxima sexta-feira (4), durante mais uma reunião que a presidente Dilma Rousseff convocou com todos os governadores do País para discutir a reforma fiscal.

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O governador Paulo Câmara (PSB) participa, nesta terça-feira (1º), de uma reunião com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, com os governadores do Nordeste. O encontro será para debater o aumento do pagamento do salário-educação para os Estados da região. 

Os gestores são contrários às regras atuais para o pagamento do salário-educação e, por isso, impetraram uma Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental ainda em análise no STF. Na ação, eles alegam que as regras podem trazer graves prejuízos à autonomia dos Estados nordestinos afetados diante da crise econômica nacional. 

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Paulo Câmara também deve aproveitar a passagem pela capital federal para tentar se reunir com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.

Com a crítica situação de endividamento dos Estados, o Ministério da Fazenda sugeriu aos governadores um alongamento da dívida em 20 anos, elevando o prazo de pagamento de 30 para 50 anos. Além do aumento de prazo, a Fazenda está avaliando, com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a renegociação de operações de crédito contratadas até 31 de dezembro do ano passado, o que deve acrescentar até 10 anos aos prazos originais.

A Fazenda aumentou ainda o limite de operações de crédito de R$ 12 bilhões para R$ 17 bilhões em operações com garantias da União e mais R$ 3 bilhões em operações sem garantia, gerando um total de crédito de R$ 20 bilhões. Nos ano passado, o limite foi de R$ 7,1 bilhões.

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Há ainda uma cláusula a favor dos Estados que não atenderem aos critérios. Caso o Estado comprove que precisa dos recursos e que tem um plano robusto de recuperação fiscal, o Tesouro Nacional pode avaliar o pedido.

Os Estados que solicitarem operações de crédito com garantia da União precisarão apresentar boa situação fiscal, ter as operações previstas no Programa de Ajuste Fiscal ou em tramitação na Secretaria do Tesouro e atender aos limites da legislação.

Os Estados precisarão ainda apoiar matérias de interesse da União como a reforma do ICMS, a CPMF e a Desvinculação de Receitas da União (DRU) estendida a Estados e Municípios.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, gostou da proposta apresentada pelo ministério e disse que o Estado irá renegociar R$ 46,5 bilhões. "O alongamento da dívida é necessário", disse ao deixar o prédio do Ministério da Fazenda, em Brasília.

Dívida

O alongamento da dívida é uma proposta inicial da Fazenda que ainda está sendo aperfeiçoada e será enviada ao Congresso junto com as medidas fiscais anunciadas nesta sexta-feira, 19, pelo ministro da Fazenda. Em contrapartida, os Estados precisarão comprovar sua robustez fiscal.

Há também a possibilidade de a União aceitar ativos pertencentes aos Estados, como empresas públicas e participações acionárias, para futuras alienações. O resultado obtido com a alienação dos ativos será aplicado como redutor nas prestações mensais ao longo dos cinco anos subsequentes à venda.

Para aderirem à proposta, os Estados precisarão criar, por exemplo, uma Lei de Responsabilidade Fiscal Estadual. Como forma de limitar o gasto e evitar um aumento no endividamento, precisarão limitar, por dois anos, o crescimento de suas despesas correntes à variação da inflação. Também terão de atrelar, pelo mesmo período, o empenho e a contratação das despesas com publicidade às de caráter institucional voltadas para saúde e segurança.

Outra exigência feita aos Estados é a de não poderem mais conceder renúncias de receita ou qualquer tipo de benefício fiscal. Ficará vedado ainda a nomeação de novos servidores e a necessidade de extinguir 10% dos cargos de livre provimento e nomeação.

Para garantir a obediência às exigências, caso o Tesouro verifique o descumprimento da LRF ou da LRF estadual, o Estado ficará impedido de contratar operações de crédito e receber transferências voluntárias.

LRF

Para se adequar à nova realidade, o governo promoverá ainda mudanças na LRF alterando o conceito de despesa com pessoal e incluirá terceirizados e apuração feita com base na remuneração bruta do servidor. Segundo o Tesouro, haverá um período de transição de 10 anos para que os entes se enquadrem no limite de pessoal da LRF e, caso a trajetória seja descumprida, ficará vedada a contratação de novas operações de crédito.

O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, classificou a proposta do governo como "importante". Já o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, disse que a proposta da união para alongamento da dívida é "adequada" e afirmou que há uma possibilidade de alongar dívidas provenientes de contratos com o BNDES.

"Benefício terá que ser discutido e está condicionada à adoção, pelos Estados, de uma medida muito rigorosa de ajuste fiscal especialmente no que diz respeito à expansão de gasto com pessoal e custeio", afirmou.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa, coordenou um encontro entre os senadores da bancada com o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa. Durante o encontro, que durou quase três horas e acabou por volta das 23h dessa terça-feira (16), os parlamentares questionaram Barbosa sobre os rumos da economia brasileira e ouviram do ministro uma explanação sobre os planos para a recuperação do crescimento do país.

Na reunião, Barbosa se mostrou otimista e explicou que “há fortes dados demonstrando que o país abriu o para-quedas" para estancar a crise e que a “confiança em todos os setores aumentou”. De acordo com Humberto, o ministro acredita que, até julho, os reflexos dos dados negativos serão estancados e o segundo semestre já terá um novo quadro econômico. 

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"Foi um encontro muito bom, no qual expusemos nossas dúvidas e o ministro da Fazenda nos traçou um panorama geral do atual cenário, e os projetos em marcha para retomar o crescimento econômico", afirmou o líder do PT. "Essa reunião serviu para afinarmos nossa posição e para que os senadores do PT demonstrassem o apoio e a confiança que depositam no ministro Nelson Barbosa."

Segundo o petista, o ministro explicou que, desde a sua chegada, o governo lançou mão de recursos já existentes para fazer a economia rodar sem aumentar a pressão fiscal, mas que o Congresso Nacional precisará agir também para dar mais espaço à estabilização econômica, seja revendo metas existentes ou criando nova fontes de recursos para fazer face à perda de receitas.

A reforma da previdência foi, ainda, outro item essencial ressaltado por Nelson Barbosa, segundo quem as mudanças das regras, com garantia dos direitos adquiridos, “aumentará a confiança dos investidores internacionais no Brasil e saneará a seguridade social para as próximas décadas”.  

Em visita a Belo Horizonte (MG), como parte da campanha nacional de combate ao zika vírus, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, foi recebido em um posto de saúde bem cuidado e com boas condições físicas. Parte dessa aparência, segundo relatos de moradores da região, foi alcançada após uma "maquiagem" feita no edifício antes da chegada das autoridades.

Além de Barbosa, participaram do ato o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, e o secretário de Governo de Minas Gerais, Odair Cunha. A dona de casa Sandra Piedade, que mora ao lado do Centro de Saúde São José Operário, na região leste da capital mineira, reparou em alguns procedimentos feitos no local. "Só porque eles vêm aqui, trocaram a luz, pintaram o posto, estão fazendo aquela maquiagem", disse. O muro do edifício, antes pichado, agora está coberto com uma tinta verde nova.

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Minutos antes de Barbosa chegar, quatro operários da prefeitura de Belo Horizonte ainda trabalhavam para retirar o capim que crescia entre as placas de concreto da calçada em frente ao posto de saúde. Segundo o presidente do conselho local de saúde, Gilberto Moitinho, que faz o contato entre a comunidade e o poder público, esse tipo de manutenção não é frequente. "Pedimos sempre, mas nunca conseguimos", afirmou.

A assessoria de imprensa da prefeitura de Belo Horizonte informou que os procedimentos de manutenção do prédio são rotineiros.

Enquanto as autoridades chegavam ao local, moradores brincavam que iriam pedir para o ministro da Fazenda liberar mais dinheiro para a Saúde, mas não chegaram a abordar Barbosa. Em entrevista, o ministro disse que o combate ao mosquito aedes aegypti é uma prioridade nacional. "Vamos preservar os recursos necessários para combater essas doenças", ressaltou.

Somente no bairro onde esteve o ministro, foram registradas 183 notificações de dengue neste ano, já com a confirmação de 27 casos. Em Belo Horizonte, entre 11,8 mil notificações, quase 2,4 mil pessoas foram confirmadas com dengue neste ano.

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