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Ministros do Supremo Tribunal Federal admitem a possibilidade de revisar os benefícios concedidos aos empresários do grupo J&F - holding que inclui a JBS - no acordo de delação premiada firmado com a Procuradoria-Geral da República. A previsão não é de consenso entre os integrantes Corte, mas tem sido defendida por alguns magistrados e até mesmo pelo relator da Operação Lava Jato, ministro Edson Fachin.

Alvo de polêmica, o acordo firmado pelo Ministério Público Federal prevê imunidade penal aos irmãos Joesley e Wesley Batista e demais delatores do grupo empresarial. Eles foram também autorizados a viver fora do País.

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Embora não comente o caso publicamente, ao homologar as delações dos acionistas e executivos do grupo J&F, Fachin citou expressamente decisão do plenário da Corte segundo a qual a homologação "limita-se a aferir a regularidade, a voluntariedade e a legalidade do acordo, não havendo qualquer juízo de valor a respeito das declarações do colaborador".

O relator da Lava Jato grifou, em seu despacho, trecho sobre a não realização de "juízo de valor" sobre os fatos delatados. Fachin ainda escreveu que "não cabe" ao Judiciário, "neste momento, a emissão de qualquer outro juízo quanto ao conteúdo das cláusulas acordadas". As menções são um indicativo do próprio relator sobre seu pensamento a respeito de benefícios acertados em delação firmada com o Ministério Público.

A Lei 12.850/13, que traz a regulamentação sobre a colaboração premiada, prevê que, na homologação, o juiz vai verificar a legalidade do acordo. Mas a eficácia do que foi delatado deve ser analisada na sentença que resultar de investigação feita com base na delação. Isso significa que é preciso, após as investigações, verificar se os fatos revelados se comprovaram e se o acordo surtiu efeito.

Atribuição

Na terça-feira, 23, dois ministros do STF defenderam publicamente esse entendimento ao participarem de um debate sobre delação premiada em Brasília. O ministro Marco Aurélio Mello afirmou enfaticamente que "quem fixa os benefícios é o Poder Judiciário".

"O MP não julga. Quem julga é o Estado-juiz e não o Estado-acusador", disse. Também presente ao evento, o único ministro do STF indicado pelo presidente Michel Temer, Alexandre de Moraes, afirmou que a fixação dos benefícios para os delatores só deve ser feita na fase final do processo, após ficar comprovado que o que foi dito pelos delatores é verdade e foi essencial para desbaratar a organização criminosa.

Em caráter reservado, um outro ministro da Corte também admitiu a revisão da colaboração da JBS. Integrantes do Supremo ouvidos ressaltaram que isso se aplica a qualquer acordo de delação premiada. Se a investigação não confirmar os fatos revelados em razão de problemas na delação, o delator pode ficar sem os benefícios previstos. O que foi dito e produzido em termos de provas continua sendo aproveitado pelo Ministério Público Federal.

Há consenso entre ministros ouvidos pelo Estado, no entanto, de que a discussão sobre o tema não seria feita de uma hora para outra, mas após as investigações serem realizadas. Com a imunidade penal, a Procuradoria-Geral da República abre mão de apresentar denúncia contra os delatores. Mas, para ministros, isso não significa que eles não serão investigados, uma vez que desdobramentos da colaboração premiada são objeto de inquéritos.

Nem todos os ministros concordam com a revisão de benefícios. Um magistrado ouvido sob condição de anonimato disse ao Estado não vislumbrar qual instrumento jurídico poderia ser usado para dar início a esse debate. Para ele, é papel do Congresso, e não do STF, regulamentar de forma mais clara o instrumento da delação.

Ministros destacaram trechos da lei de organizações criminosas que aponta que "a sentença apreciará os termos do acordo e sua eficácia". A norma estabelece que, "ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da autoridade judicial".

Nos acordos firmados até agora na Lava Jato, os procuradores têm negociado diretamente com as defesas de executivos as penas que serão impostas aos delatores. Segundo procuradores, a pena é um "parâmetro" a ser usado na fixação da pena.

O ministro Teori Zavascki (morto em janeiro) chegou a pedir à Procuradoria-Geral da República que fizesse ajustes em algumas colaborações, mas fez isso antes da homologação, não depois - caso dos acordos do senador cassado Delcídio Amaral (ex-PT-MS) e do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa.

Mandado de segurança

O ministro Celso de Mello, decano do STF, afirmou nesta quinta-feira que vai receber representantes do Instituto Brasileiro do Direito de Defesa (Ibradd) na próxima semana e somente depois vai analisar o mandado de segurança da entidade que pede a anulação da delação da JBS.

O documento recomenda ao STF que considere o acordo inconstitucional, ao criticar "o conteúdo light e excepcionalmente benevolente do referido acordo de colaboração". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Antes de embarcar para Nova York, após ter feito as denúncias que têm abalado a política brasileira, o dono da JBS, Joesley Batista, teve uma preocupação: levar o seu iate no valor estimado de US$ 10 milhões. A informação teria sido divulgada, pelo Diário Catarinense e confirmado pelo O Globo, segundo este último jornal. 

De acordo com as informações, o iate é um dos lançamentos mais luxuosos da Azimut e teria sido batizada pelo empresário com o nome de “Why Not”, que significa “Por que não”. Ainda segundo o divulgado, a embarcação tem três andares, quatro quartos, entre elas uma suíte de 20 metros quadrados, cozinha, banheira de hidromassagem, salas de estar, capacidade para 25 pessoas, dois motores de 2. 216HP e chega a armazenar 10 mil litros de combustíveis. 

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O iate teria sido transportada de Itajaí (SC) para Miami no dia 8 de maio dentro de um navio. Já Joesley embarcou para NY do dia 10 de maio, acompanhado da mulher, do filho e da cunhada, que estava com uma criança no colo. 

Após acordo com a Justiça e de ter divulgado informações que vem comprometendo o presidente Michel Temer (PMDB), Joesley não conseguiu apenas morar fora do Brasil. Ele também ganhou “perdão” da Justiça e não vai ser preso, nem mesmo terá que usar tornozeleira eletrônica. Ele terá que pagar multa no valor de R$ 110 milhões. 

Na última segunda (22), o presidente nacional da Ordem dos Advogados (OAB), Claudio Lamachia, fez duras críticas aos donos da JBS. Ele chegou a dizer que Joesley e Wesley continuam tendo uma vida invejável enquanto “o povo brasileiro não tem educação, saúde e está vivendo uma crise política, econômica e moral (...) Um deboche para a sociedade”, disparou. 

Ontem, ao se defender, o senador Aécio Neves (PSDB) chegou a chamar Joesley de criminoso ao dizer que seu maior erro foi deixar se enganar em uma trama montada por ele. “Nesta história, os criminosos não sou eu, nem meus familiares. Os criminosos são aqueles que enriqueceram à custa do dinheiro público e que agora, neste instante, lá no exterior zombam dos brasileiros com os inacreditáveis benefícios que obtiveram. Eles, sim, tem que voltar ao Brasil e responder à Justiça pelos muitos crimes que cometeram”. 

A Polícia Federal informou nesta segunda-feira (22) que ainda não recebeu o gravador usado pelo executivo Joesley Batista, da JBS, para gravar a conversa com o presidente Michel Temer na noite de 7 de março no Palácio do Jaburu. Os peritos criminais federais que vão analisar o áudio reputam "fundamental" examinar o equipamento que o empresário usou.

Os peritos atuam no Instituto Nacional de Criminalística, órgão central de perícias da Polícia Federal. A PF pediu à Procuradoria-Geral da República que providencie a entrega do gravador. Os áudios dos diálogos de Joelesy e de outros executivos da JBS com os alvos da Operação Patmos já estão na PF - além de Temer, gravado por Joesley, são investigados o senador Aécio Neves (PSDB/MG) e o deputado Rocha Loures (PMDB/PR), aliado do presidente.

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Temer, alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por suspeita de corrupção passiva, obstrução da investigação e participação em organização criminosa, alega que a gravação de sua conversa com Joesley foi editada e manipulada. Seu defensor, o criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira, pediu a suspensão do inquérito até que a perícia federal seja realizada. O Plenário do STF vai decidir na quarta-feira.

A PF já recebeu os quesitos apresentados pela Procuradoria-Geral da República e pela defesa do presidente para elaboração do laudo pericial. Mas os peritos insistem que é "fundamental" o gravador utilizado por Joesley.

"Em análise técnica preliminar, o Instituto Nacional de Criminalística apontou que é fundamental ter acesso ao equipamento que realizou as gravações originais. Por esse motivo, a PF oficiou à Procuradoria, solicitando o aparelho", destacou a PF, em nota divulgada neste domingo, 21.

A PF assinalou que "não há prazo inicial estipulado para conclusão dos trabalhos periciais, especialmente diante da necessidade apontada de perícia também no equipamento".

Desde que firmou acordo de delação premiada com a Procuradoria, Joesley se mudou com a família para Nova York - sua saída do País, sem tornozeleira eletrônica, faz parte do pacto.

Investigadores avaliam que este é o acordo mais "generoso" da Lava Jato. Joesley e seu irmão, Wesley, vão pagar R$ 110 milhões cada um. O grupo tenta acordo de leniência, mas oferece um valor pouco superior a R$ 1 bilhão - a Procuradoria exige mais de R$ 11 bilhões.

O delator Joesley Batista, dono da JBS, disse à Procuradoria Geral da República (PGR) em sua delação premiada, que deu para o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), um valor de R$ 30 milhões para sustentar a campanha do peemedebista na eleição para a presidência da Casa em 2015.

Joesley afirmou que, desse valor, R$ 12 milhões foi em dinheiro vivo, R$ 10,9 milhões por meio de pagamentos com notas frias e R$ 5,6 milhões em doação oficial. O empresário também contou que Cunha “saiu comprando um monte de deputados Brasil a fora”.

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“R$ 30 milhões. Foi trinta. Nós demos trinta. Pago R$ 10 milhões com nota fria de fornecedores diversos que ele [Cunha] apresentava. Pelo que eu entendi, ele [Cunha] saiu comprando deputado, saiu comprando um monte de deputados Brasil a fora. Para isso que servia os R$ 30 milhões”, teria dito o delator.

Joesley ainda disse à PGR que pagou R$ 5 milhões de “saldo de propina” para Cunha depois dele ter sido preso. O valor era relativo a uma dívida de R$ 20 milhões com o ex-deputado referente à atuação dele na tramitação de projeto que desonerou a cadeia produtiva do frango. 

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