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O HSBC avalia mudar as taxas de administração dos fundos de investimento e os juros cobrados nos empréstimos. "Estamos revendo nossa política", disse o vice-presidente do banco, Hélio Duarte. "Alguns fundos de investimento do Brasil têm taxas semelhantes a outros países", avalia o executivo.

O mercado ficou ainda mais competitivo quando o governo forçou a Caixa Econômica a cortar juros e reduzir as taxas de administração de seus fundos, por isso a decisão do banco inglês de rever suas políticas. Na Caixa, por exemplo, o valor mínimo para aplicação do varejo caiu para R$ 10, com taxa na casa de 1,5%.

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O HSBC foi o primeiro banco privado a cortar os juros no crédito, tanto para pessoas físicas como jurídicas, após os públicos Banco do Brasil e Caixa anunciarem redução nas taxas. Logo em seguida, outros bancos como Santander, Itaú e Bradesco fizeram o mesmo movimento.

Hélio Duarte participa do Fórum de Comandatuba, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) no sul da Bahia e que reúne cerca de 750 pessoas, entre presidentes de empresas, executivos e políticos.

Os juros da linha de crédito para capital de giro BNDES PROGEREN praticado pela Caixa Econômica Federal serão reduzidos a partir de quarta-feira (2). O banco estatal informou nesta segunda-feira que a taxa mínima vai cair dos atuais 0,96% ao mês para 0,89% ao mês. Isso representa um corte de quase um ponto porcentual ao ano.

De acordo com a Caixa, a mudança "acompanha a redução do custo da operação de 0,5% ao ano comunicada pelo BNDES". Essa linha é um das que tiveram suas taxas reduzidas no início do mês, dentro da nova fase do Plano Brasil Maior.

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Em nota, o diretor executivo de Pessoa Jurídica da Caixa, Roberto Derziê, diz que "o banco reafirma seu posicionamento de oferecer as melhores taxas de mercado e facilitar o acesso ao crédito para as empresas, ampliando o leque de opções de capital de giro."

A linha BNDES PROGEREN atende empresas pertencentes a setores industriais, definidos pelo banco estatal de desenvolvimento, e empresas de municípios na área de cobertura do Fundo Constitucional do Norte (FNO) ou do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE) de quaisquer setores atendidos pelo BNDES, informou a Caixa.

Os brasileiros gastam R$ 194,8 bilhões por ano com pagamento de juros de empréstimos bancários. Isso equivale a dizer que, se todas as 54 milhões de pessoas com conta em banco hoje tivessem buscado crédito no sistema financeiro, cada uma teria um gasto anual de R$ 3,6 mil. Essa cifra corresponde à despesa só com juros, sem considerar a amortização do empréstimo principal.

Os cálculos da despesa com juros foram feitos, a pedido do Estado, pelo presidente da empresa de classificação de risco Austin Rating, Erivelto Rodrigues. Para chegar a esse resultado, foram consideradas cinco linhas de crédito: cheque especial, crédito pessoal, crédito consignado, aquisição de veículos e de bens. Os saldos e as respectivas taxas de juros cobradas em cada linha usadas no cálculo estão disponíveis no relatório de crédito de março do Banco Central. Ficaram de fora o crédito imobiliário e o cartão de crédito.

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Os dados mostram que, para as linhas analisadas, o gasto com juros cresceu 60% em três anos. Em março de 2009, a despesa anual com juros das linhas de crédito analisadas era de R$ 121,5 bilhões e, em março deste ano, atingiu R$ 194,8 bilhões. No mesmo período, o saldo das operações de crédito correspondentes cresceu 85%: de R$ 264,5 bilhões em março de 2009 para R$ 490,7 bilhões em março deste ano.

"O ritmo de aumento do gasto com juros foi menor do que o aumento do volume dos empréstimos feitos ao consumidor exclusivamente por causa da redução da taxa básica de juros, Selic, já que o spread ficou estável no período", ressalta Rodrigues. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O vice-presidente de Governo e Habitação da Caixa Econômica Federal, José Urbano Duarte, afirmou nesta quarta-feira que ainda tem espaço para crescimento do crédito imobiliário do País, que deve passar dos atuais 5,3% do PIB para 11% em 2014. Ele disse, no entanto, que o crescimento não se dará na mesma velocidade verificada em 2009 e 2010. O banco anunciou hoje redução de até 21% nos juros no crédito imobiliário.

Ele disse que o banco deve rever a projeção de emprestar R$ 90 bilhões neste ano, dado que, até o dia 20 de abril, já emprestou R$ 26,1 bilhões, 43% a mais do que no mesmo período do ano passado. "É uma previsão conservadora. Temos a sensação de que vamos ter de rever a projeção para este ano", afirmou.

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Sobre a redução nas taxas de juros anunciadas hoje, Duarte afirmou que a inadimplência está próxima do nível atual, de 1,7%, desde julho de 2010, e que houve ganhos de eficiência e de escala nos últimos anos. Os atrasos estavam em 3% da carteira em julho de 2007. "Estamos nos valendo disso para compartilhar com o cliente parte desses ganhos."

A Caixa Econômica Federal reduziu as taxas de juros do crédito imobiliário em até 21%, informou nesta quarta-feira. As novas taxas valerão para contratos assinados a partir de 4 de maio.

Para imóveis dentro do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), os juros hoje são de 10% ao ano para o público geral e 8,9% ao ano para cliente com relacionamento (cliente do banco). Essas taxas caem agora para 9% e 8,4% ao ano, respectivamente. Haverá ainda taxa de 7,9% para cliente que recebe salário no banco.

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Para imóveis fora do SFH, os juros atualmente são de 11% ao ano para o público geral e 10,5% ao ano para cliente com relacionamento. Essas taxas caem agora para 10% e 9,2% ao ano, respectivamente. Haverá ainda taxa de 9% para cliente que recebe salário no banco.

Com a discussão de redução de juros nos empréstimos, o Itaú está preocupado com o super endividamento da população e aponta o nível de inadimplência como barreira a uma queda maior dos juros. "Gostaríamos de poder reduzir mais as taxas de juros, mas identificamos um cenário de inadimplência maior que o normal", afirmou o diretor Corporativo de Controladoria do Itaú Unibanco, Rogério Calderón. "A inadimplência é o ponto de maior atenção para o banco agora", destacou. "A queda de juros tem que ser feita com racionalidade."

O banco já teve aumento das taxas de calotes no primeiro trimestre, tanto para períodos mais curtos (15 a 90 dias) como para longos (acima de 90 dias). "A inadimplência está subindo, mas já esteve em níveis piores no passado", disse. Em alguns segmentos, como veículos e cartões, o Itaú reduziu o ritmo de aprovação de propostas de crédito que recebe. Em veículos, por exemplo, a taxa de propostas com sinal verde caiu de 35% para 20%.

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Segundo Calderón, a taxa de inadimplência do Itaú Unibanco deve seguir em alta nos próximos trimestres e se estabilizar mais para o final do ano. Ele destaca que a inadimplência para período mais curto (15 a 90 dias) aumentou muito no primeiro trimestre. Na pessoa física, houve alta de 100 pontos base, passando de 6,9% em dezembro para 7,9% no final de março. No total, o índice geral para esse período subiu de 4,4% para 4,8%. O executivo destaca que esse é um indício de que a taxa de calotes mais longo (atrasos acima de 90 dias) pode continuar em alta.

Banco Carrefour

O Banco Central autorizou a entrada do Itaú no capital do Banco Carrefour. A aprovação foi comunicada hoje de manhã ao Itaú, segundo Calderón. Em abril do ano passado, o Itaú anunciou a aquisição de 49% da instituição financeira do Carrefour por R$ 725 milhões. Pelo comunicado divulgado na época, o Carrefour mantém o controle do banco, com 51% do capital, mas a gestão será compartilhada com o Itaú.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou nesta sexta-feira que o governo Dilma tenha um patamar sonhado para a taxa básica de juros, diante de relatos na mídia de que seria no patamar de 8%. Atualmente a Selic está em 9% ao ano. "Gostaria que os juros dos bancos privados e públicos, que em alguns casos chegam a 30%, 40% ao ano, o que é um absurdo - caíssem para os mesmos patamares de países avançados", disse. Segundo ele, diminuir os spreads "é meta importante para o governo".

"Mas a Selic é o Banco Central que sabe", afirmou a jornalistas, após reunião de ministros de Finanças do G-20, no Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington. O ministro disse que está preocupado com os juros pago pelos brasileiros e que a maior parte da população não paga Selic, mas sim aplica em Selic. "A maioria da população paga 2% ao mês, 3% ao mês em um empréstimo, em um financiamento de carro, e é isso que precisa cair. Felizmente, eu tenho visto que há reação positiva e as taxas têm caído", disse.

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O ministro voltou a dizer que, com a Selic em 9%, não há necessidade de se mexer na poupança e reforçou que não há nenhuma reunião marcada com a presidente Dilma Rousseff na próxima segunda-feira para discutir o assunto (também diante de relatos na mídia sobre o assunto).

"Não sei quem pensou, quem imaginou que iríamos discutir (a questão da poupança). Eu falei que não vou discutir. Vocês acham que só existe a poupança para discutir? Nós temos várias coisas. Por exemplo, a Resolução 72 (guerra dos portos), que não foi votada semana passada e será votada na próxima semana", explicou. "Isso requer proximidade nossa", completou.

O Itaú Unibanco, em comentário divulgado na tarde desta quinta-feira, informou que espera ao menos um corte adicional de 0,50 ponto porcentual da Selic, hoje em 9,00%, no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nos dias 29 e 30 de maio. "Mais adiante, são possíveis cortes adicionais nos juros, na medida em que o Copom mantiver sua perspectiva de inflação benigna e que os obstáculos institucionais possam ser contornados. Neste momento, nosso cenário básico contempla uma queda da Selic para 8,50%, permanecendo neste patamar até o final do ano", afirma o texto, cujo título é "Copom: o ciclo de afrouxamento continua".

Na avaliação dos economistas Ilan Goldfajn e Caio Megale, o comunicado divulgado após a reunião "foi surpreendente, ao sinalizar claramente que o ciclo de cortes da taxa básica prosseguirá". Para o Copom, dizem os economistas do Itaú Unibanco, os riscos para a inflação são limitados. "O comportamento benigno do IPCA recentemente e o leve recuo nas expectativas de inflação do mercado para 2012 provavelmente contribuíram para esta conclusão", afirmam.

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Ainda no comentário, os economistas afirmam que o Copom também avalia que o quadro internacional permanece frágil, com impacto desinflacionário para o Brasil. "Com este cenário, o Copom optou por 'continuar com o processo de ajuste monetário'. No passado, essa expressão sinalizou novos ajustes nos juros. Na nossa visão, este é um sinal claro de que a taxa cairá novamente no próximo encontro do Copom", dizem.

O Banco do Brasil anunciou nesta quinta-feira um novo corte de juros, seguindo a redução da Selic ontem para 9% ao ano. Os cortes das taxas incluíram as linhas em que o BB já havia reduzido os juros, no começo do mês, dentro da estratégia do governo de baratear o custo do crédito no Brasil. "As novas reduções buscam manter as taxas do Banco do Brasil entre as menores do sistema financeiro", destaca comunicado do banco à imprensa. As taxas entram em vigor a partir de segunda-feira.

Entre as novas taxas, o crédito consignado, que tinha juro mínimo de 0,85% ao mês, terá taxa de 0,79%. No financiamento de veículos, o juro cai de 0,99% para 0,95% ao mês. Na pessoa jurídica, no desconto de títulos, houve redução de 1,35% para 1,25%.

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No começo do mês o BB anunciou um corte mais amplo nas taxas, em linhas como financiamento de veículos, consignado, cheque especial e crédito para micro e pequenas empresas.

Um balanço divulgado nesta quinta-feira pelo BB informa que os empréstimos tiveram crescimento desde o dia 12, quando o banco passou a trabalhar com as novas taxas. As linhas de crédito pessoal, por exemplo, registraram, desde aquela data, média diária de desembolso de R$ 276 milhões, volume 45% superior à média registrada em março. Só nessa modalidade foram liberados mais de R$ 1,3 bilhão em empréstimos em cinco dias, segundo o banco. O crédito para aquisição de veículos apresentou crescimento de 93%, com uma média diária de desembolso de R$ 21,3 milhões. Na pessoa jurídica, as operações com micro e pequenas empresas, desde o corte de juros, somam R$ 2,23 bilhões. Ontem, Bradesco e Itaú também anunciaram redução dos juros.

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse nesta quinta-feira à Agência Estado que caberá aos clientes de bancos fiscalizar se os anúncios de redução de juros feitos pelos bancos nos últimos dias estão realmente ocorrendo ou se trata apenas de uma estratégia de marketing. Miriam disse que a informação de redução das taxas dos bancos privados foi recebida de "maneira muito positiva". "É consenso no País de que os spreads são muito altos", afirmou.

Segundo Miriam, o País já conseguiu mudar uma série de "jabuticabas" que existem apenas no Brasil. "Este (o spread elevado) ainda era um resquício do período inflacionário, que começa a mudar também. É visto pelo governo e pela sociedade como muito positivo", comentou. Perguntada sobre se o governo irá acompanhar se as reduções efetivamente estão ocorrendo, a ministra disse que "os consumidores vão fiscalizar isso".

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No início do mês, Banco do Brasil e Caixa anunciaram novas taxas de juros para o crédito. Na esteira, bancos privados como HSBC, Santander, Bradesco e Itaú também se comprometeram a diminuir os spreads e a ampliar a oferta de crédito no mercado. A estratégia firme do governo acabou causando um imbróglio com a Federação Brasileira de Bancos (Frabraban). Após reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o presidente da entidade, Murilo Portugal, disse que a "bola estava com o governo". O ministro não gostou da postura da Febraban e acusou a Federação de apresentar ao governo apenas cobranças, e não propostas efetivas para reduzir os spreads.

O Bradesco considera que ficou mais provável a possibilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzir novamente a Selic em maio, potencialmente, em 0,50 ponto porcentual, o que deslocaria a taxa de 9%, fixada na quarta-feira, para 8,50%, um patamar que representaria uma nova mínima histórica. Embora não descarte a hipótese de manutenção da Selic no próximo encontro de maio, o Bradesco avalia que o BC deixou as portas abertas para uma redução adicional.

"Embora não estejam descartadas as chances de manutenção na próxima reunião em maio, acreditamos ser mais provável que o Copom reduza novamente a taxa de juros, mas em 0,50 ponto porcentual", destacam economistas do banco, em relatório divulgado nesta quinta-feira. Entre os argumentos usados para justificar esse cenário, a equipe econômica destaca que os dados de atividade deverão mostrar retomada, mas com fragilidade da indústria, que ainda segue afetada por estoques elevados, principalmente no setor de veículos, e também por alguma acomodação da demanda.

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"Com o comunicado de ontem, (o BC) volta ao padrão de deixar as portas abertas para a reunião seguinte, o que condiciona a decisão futura aos dados, ou seja, ao cenário prospectivo e aos riscos envolvidos", ponderam economistas do banco. "De fato, ao enfatizar a contribuição desinflacionária do setor externo, o BC procurou mostrar que sua leitura do ambiente internacional continua cautelosa", salientam.

O próximo encontro do Copom está agendado para 29 e 30 de maio.

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, de reduzir a taxa básica de juros do País em 0,75 ponto porcentual, para 9% ao ano, anunciada nesta noite de quarta-feira, veio dentro do que era esperado pelo economista Thiago Carlos, da Link Investimentos.

Em entrevista à Agência Estado, o analista ressaltou, entretanto, que o conteúdo do comunicado divulgado pelo BC deu a entender que, ao contrário do que era imaginado pela maioria do mercado, cresceram as possibilidades de uma continuidade no processo de afrouxamento monetário, iniciado em agosto do ano passado.

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"A chance de o BC continuar cortando os juros, para mim, aumentou significativamente com este comunicado, já que ele vê um risco para a trajetória de inflação bastante limitado", disse Thiago Carlos. "Dá uma ideia de continuidade, já que ele não fala em pausa no processo em nenhum momento", acrescentou o economista.

Questionado se, mesmo com a surpresa do texto, já haveria uma projeção da Link para a próxima reunião do Copom, agendada para o final de maio, o economista da instituição respondeu que, inicialmente, um corte mais moderado que o da reunião de abril seria mais condizente com o cenário atual da economia nacional.

"Poderia ser um corte de 0,25 ponto porcentual na próxima reunião", afirmou. "Mas é preciso esperar a ata, para ver se não haverá alguma sinalização diferente por parte do BC", ponderou, referindo-se ao documento da autoridade monetária que deverá ser divulgado na quinta-feira da próxima semana.

Para a Força Sindical, a redução da taxa Selic para 9% ao ano foi "extremamente tímida". Em nota assinada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical e conhecido por Paulinho, a entidade afirma que foi uma "queda conta-gotas" e que "o Banco Central perdeu uma ótima oportunidade para fazer uma drástica redução na taxa básica de juros, que poderia funcionar como um estímulo para a criação de novos empregos e para o aumento da produção no País".

A nota afirma que "os juros altos sangram o País e inviabilizam o desenvolvimento". A Força Sindical lembra que o mercado de trabalho tem diminuído o ímpeto de geração de empregos, ao mesmo tempo em que a indústria tem piorado seu desempenho nos últimos meses. "Mais uma vez o Banco Central frustra os anseios dos trabalhadores", critica a entidade.

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A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da Central Única dos Trabalhadores (Contraf-CUT) acredita que é preciso seguir com os cortes da taxa Selic para que o custo dos empréstimos bancários recue também. O corte de 0,75 ponto porcentual, anunciado nesta quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom), reduziu o juro básico para 9% ao ano.

A entidade vê espaço para novas reduções do juro que levem a taxa a níveis internacionais e forcem os bancos a também reduzir o spread e suas taxas de juros. "Embora a nova queda da Selic seja um passo positivo, o Brasil continua com uma das maiores taxas de juros do mundo", disse o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, em nota.

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A Contraf-CUT disse ainda que apoia o movimento de redução de taxas iniciado pelos bancos públicos para forçar o sistema todo a acompanhar os cortes. Nesta quarta-feira, o Itaú e o Bradesco anunciaram reduções, seguindo os passos do HSBC, após Banco do Brasil e Caixa anunciarem a redução do custo dos empréstimos para pessoa física e jurídica.

"A queda nos juros não pode ser apenas perfumaria. É preciso que os bancos reduzam de fato o spread e os juros", afirmou Cordeiro. Ele defendeu ainda a realização de uma Conferência Nacional do Sistema Financeiro que discuta com a sociedade o papel das instituições financeiras.

A entidade também destacou que a Selic precisa ser menor, pois o desembolso do Tesouro para pagar os juros da dívida pública supera o gasto com o maior programa de transferência de renda do governo e beneficia os mais ricos.

O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por unanimidade nesta quarta-feira pela redução de 0,75 ponto porcentual da taxa básica Selic, para 9% ao ano. Conforme o comunicado do Banco Central distribuído logo após ao anúncio, a autoridade monetária segue atenta às condições frágeis do cenário econômico internacional.

Veja abaixo a íntegra do comunicado do Copom:

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"O Copom considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O Comitê nota ainda que, até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária.

Diante disso, dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 9,00% a.a., sem viés."

O Itaú Unibanco anunciou nesta quarta-feira a redução de juros para pessoas físicas e pequenas empresas. Para companhias de menor porte, a redução chegou a 66% no cheque especial. O banco informou ainda que seu limite de crédito disponível para emprestar ultrapassa R$ 200 bilhões.

Logo pela manhã, o Bradesco também anunciou um corte de juros e ampliação do limite de crédito. Na semana passada, Banco do Brasil e Caixa reduziram suas taxas.

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No Itaú, todos os clientes com conta corrente terão redução de taxas para financiamento de veículos e no crédito consignado para beneficiários do INSS. O corte é válido para as novas operações contratadas nas agências do banco, informa o comunicado à imprensa. As novas taxas passam a valer a partir de segunda-feira, dia 23.

No caso do financiamento de veículos, a taxa mínima caiu 8% e passou para 0,99% ao mês. Essa taxa será válida para clientes correntistas há mais de um ano, em operações com 50% de entrada e parcelamento em até 24 meses.

Nos empréstimos consignados para beneficiários do INSS a taxa mínima foi reduzida para 0,89% e a máxima, para 2,20% ao mês. O banco não informou as taxas anteriores.

"Em linha com as reduções da taxa básica de juros pelo Banco Central e com o cenário de crescimento econômico positivo para o País no segundo semestre de 2012, anunciamos estas reduções de taxas. Com a redução dos spreads, acreditamos que damos mais uma contribuição para o processo de transformação e desenvolvimento nacional", afirma Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco em nota à imprensa.

No segmento de micro e pequenas empresas houve cortes em várias linhas de empréstimos, segundo o banco. No cheque especial, os juros caíram 66% e a taxa menor será de 1,95% ao mês. No capital de giro as taxas serão a partir de 1,14% ao mês; e em desconto de duplicatas e cheques, a partir de 1,29% ao mês. O volume de crédito disponível para este segmento é superior a R$ 70 bilhões, de acordo com o banco.

O Bradesco anunciou nesta quarta-feira a redução de juros no crédito para pessoas físicas e empresas. O banco também vai ampliar limites de crédito em R$ 21 bilhões para os dois segmentos e bancos de montadoras. O Bradesco segue o movimento dos bancos públicos, Caixa e Banco do Brasil, que reduziram os juros como estratégia do governo para baixar o spread (a diferença entre o custo que o banco capta recursos e a que ele empresta ao cliente).

Na semana passada, o ministro da Fazenda, Guido Mantega aumentou o tom e disse que os bancos privados têm espaço para reduzir os spreads. Em seguida, o HSBC cortou juros e ontem o Santander anunciou taxas menores para pequenas empresas.

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Para os clientes pessoa física do Bradesco haverá redução de taxas nas linhas de financiamento de veículos, crédito pessoal, consignado e aquisição de bens. A taxa do crédito pessoal, por exemplo, cai de 2,66% para a partir de 1,97% ao mês. No financiamento de veículos, a taxa que era de 1,35% passou a ser a partir de 0,97% ao mês.

"Em consonância com os objetivos de estímulo ao crescimento econômico, o Bradesco anuncia hoje redução nas taxas de juros de diferentes modalidades de crédito", destaca o comunicado à imprensa.

O Bradesco ampliou o limite de crédito em mais R$ 15 bilhões, sendo R$ 9 bilhões para pessoas físicas e R$ 5 bilhões para pessoas jurídicas.

Para os bancos de montadoras, o Bradesco informou que vai disponibilizar mais R$ 6 bilhões de limite de crédito. "A medida visa a incrementar a produção e comercialização de automóveis, um setor de grande importância na cadeia de produção do País", destaca o comunicado do banco.

Nas micros e pequenas empresas, o Bradesco criou uma linha de crédito de R$ 1 bilhão para capital de giro e CDC (crédito direto ao consumidor) para aquisição de máquinas e equipamentos. A taxa para essa linha será de 2,90% ao mês, comparada à anterior de 5,56%, segundo o comunicado do banco.

A agenda de indicadores desta segunda-feira, ainda que tenha reservado algumas surpresas, não conseguiu distanciar as taxas de juros mais curtas de perto dos ajustes. Isso porque, na visão dos agentes, o Banco Central, por meio da ata da última reunião do Copom e de seu presidente, Alexandre Tombini, já deixou muito claro que haverá um novo corte de 0,75 ponto porcentual da Selic na reunião que termina na quarta-feira, para 9% ao ano. A dúvida é se há espaço para a autoridade monetária ir além. O IBC-Br acima do esperado e o IGP-10 pior do que as expectativas dizem que não. Mas, por outro lado, a criação fraca de empregos pode levar o Copom a, pelo menos, buscar o piso histórico de 8,75% da Selic. Por isso, enquanto não veem o texto sobre a decisão do encontro desta semana, os investidores optaram por esperar.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o DI janeiro de 2013 (144.780 contratos) estava em 8,71%, de 8,70% no ajuste de sexta-feira. O DI janeiro de 2014, com giro de 200.090 contratos, subia para 9,14%, de 9,11% na sexta. Entre os longos, o DI janeiro de 2017 (27.415 contratos) indicava 10,26%, idêntico ao ajuste, e o DI janeiro de 2021 (6.715 contratos) marcava 10,75%, ante 10,73% na sexta-feira.

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Dados aquém do esperado lá fora e aqui levam o mercado a manter parte de suas fichas na possibilidade de um novo corte da Selic após a reunião desta semana. Os dados do mercado de trabalho são um exemplo. O saldo líquido de empregos criados com carteira assinada no País foi de 111.746 em março. Em termos dessazonalizados, de acordo com a Tendências, o número de vagas criadas em março foi de 97.344, ante 118.015 em fevereiro. Considerando esse ajuste, a consultoria salientou que a desaceleração do emprego formal na margem não se verificava desde outubro do ano passado.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou contração de 0,23% em fevereiro na comparação com janeiro, na série com ajuste sazonal, de acordo com dados do Banco Central. A despeito de ser o pior desempenho mensal desde outubro de 2011, o IBC-Br superou a mediana das expectativas do AE Projeções, que era negativa em 0,30%. Outro dado que impede o recuo das taxas é o IGP-10. O índice acelerou para 0,70% em abril, depois da alta de 0,27% em março.

No exterior, o índice Empire State de atividade industrial do Fed de Nova York recuou para 6,56 em abril, de 20,21 em março, ante previsão de queda para 17,5. Os EUA, por outro lado, também informaram que as vendas no varejo do país subiram 0,8% em março, na comparação com fevereiro, ante previsão de alta de 0,3%.

De volta ao âmbito doméstico, a pesquisa Focus, divulgada logo cedo pelo Banco Central, também recebeu atenção, mas sem alterar significativamente os preços dos DIs. Os analistas ouvidos pelo BC revisaram a previsão para o IPCA de 2012, de 5,06% para 5,08%.

A taxa média de juros bancários para empréstimo pessoal caiu 0,09 ponto porcentual em abril, passando de 5,87% para 5,78% ao mês, segundo pesquisa da Fundação Procon-SP feita no dia 3 de abril. Antes, portanto, do anúncio dos pacotes de corte de juros anunciados por Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (CEF). Os juros do cheque especial também recuaram, passando de 9,54% para 9,52% ao mês, uma variação de 0,02 ponto porcentual. A pesquisa foi feita em sete bancos: Banco do Brasil, Bradesco, CEF, HSBC, Itaú, Safra e Santander.

Na pesquisa, a CEF aparece com a menor taxa de juros de empréstimo pessoal (4,9%) e de cheque especial (8,25%). Os maiores juros foram encontrados no Itaú, 6,76%, no empréstimo pessoal, e no Safra, 12,3% no cheque especial.

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A assessora técnica da Diretoria de Estudos e Pesquisas (DEP) da Fundação Procon-SP, Cristina Rafael Martinussi, disse, em nota, que as reduções não foram expressivas em pontos porcentuais, mas apontam a tendência do mercado frente à maior flexibilização da política monetária do País.

"A tendência de queda dos juros, puxada pelo movimento dos bancos públicos, deve estimular a competição entre as instituições financeiras, o que pode levar a um aumento da oferta de crédito e redução das taxas de juros", disse. A expectativa é de que os reflexos no sistema financeiro da iniciativa dos bancos públicos apareçam já nas próximas pesquisas.

Mesmo com a redução da Selic promovida pelo Banco Central em março, as taxas de juros das operações de crédito praticamente não se alteraram. De acordo com a Pesquisa de Juros da Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), os juros médios para pessoa física de março ficaram no mesmo patamar de fevereiro, de 6,33% ao mês (108,87% ao ano). Essa taxa mensal é a menor desde o início da pesquisa, em 1995.

De acordo com o levantamento da Anefac, a taxa de juros média geral para pessoa jurídica apresentou uma redução de 0,02 ponto porcentual, de 3,72% ao mês (55,01% ao ano) em fevereiro para 3,70% ao mês em março (54,65% ao ano).

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Para a Anefac, o aumento da inadimplência em alguns segmentos fez com que diversas instituições financeiras elevassem as taxas de juros de fevereiro para março nos seguintes produtos: cheque especial (8,33% para 8,34%), empréstimo pessoal via bancos (de 3,81% para 3,84%) e empréstimo pessoal via financeiras (de 8,24% para 8,26%).

Das outras linhas de crédito pesquisadas, ficaram estáveis o cartão de crédito rotativo e CDC para financiamento de veículos. Os juros do comércio caíram 0,08 ponto porcentual, para 4,87%.

As três linhas de crédito para pessoas jurídicas pesquisadas tiveram juros reduzidos no mês. São elas: capital de giro (2,24% ao mês), desconto de duplicatas (2,78%) e conta garantida (6,07%). Com isso, houve uma redução de 0,54% na taxa de juros média, a menor desde dezembro de 2009. Nos três primeiros meses do ano, a redução foi de 3,07 pontos porcentuais: de 57,72% ao ano em dezembro de 2011 para 54,65% ao ano em março.

A taxa de juros média para pessoa física caiu 5,97 pontos porcentuais, passando de 114,84% ao ano em dezembro de 2011 para 108,87% ao ano em março de 2012 (redução de 5,20%). Essa taxa acompanhou a trajetória da Selic, que de dezembro até março caiu de 11,00% ao ano para 9,75% ao ano, diminuição de 1,25 ponto porcentual, equivalente a uma redução de 11,36%.

A expectativa da Anefac é de que os juros voltem a ser reduzidos nos próximos meses, diante das sinalizações do Banco Central e das medidas que tanto a autarquia quanto o Ministério da Fazenda vêm promovendo para evitar uma desaceleração forte na economia.

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