O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, admitiu nesta quarta-feira (11) que o governo estuda a autorização de "medidas mais restritivas" contra a epidemia de coronavírus na Lombardia, como pedem as autoridades dessa rica região do norte da península.
"Não nos opomos a medidas mais restritivas", afirmou Conte em um encontro com a imprensa ao se referir ao pedido do governador da Lombardia de um "fechamento total", que inclui fábricas, lojas e transporte público.
Entre as áreas mais industrializadas e ricas da Itália, a região registrou 468 mortes do total nacional de 631, sendo a mais afetada pela epidemia. "Estamos prontos para introduzir medidas mais restritivas para a Lombardia e para as outras regiões que assim solicitarem", declarou Conte em entrevista coletiva.
Em entrevista ao jornal "Il Corriere della Sera", o presidente da Lombardia, Attilio Fontana, defendeu "medidas ainda mais drásticas" do que as que se encontram em vigor. "Se a epidemia continuar se propagando na velocidade atual, o sistema (de saúde) não vai aguentar", explicou.
Fontana, do partido opositor de extrema direita Liga, pediu em várias ocasiões que se bloqueasse todas as atividades na Lombardia - à exceção de setores cruciais como produção e distribuição de produtos alimentícios e de remédios.
"A única receita é reduzir o contato entre as pessoas", frisou. O governador conta com o apoio dos prefeitos das principais cidades, que defendem o fechamento total. Este é o mesmo modelo aplicado na China, o qual parece começar a dar resultados.
A região teme um colapso do sistema de saúde e que a capacidade das salas de cuidados intensivos não seja suficiente para enfrentar o número de doentes graves.
"Até o momento, o número de lugares disponíveis é maior do que as necessidades", afirmou o responsável pelo setor de saúde da Lombardia, Giulio Gallera.
Ele negou "de forma categórica" que, diante do fluxo de pacientes, os médicos tenham de escolher quem salvar, como chegou a ser noticiado por um jornal local, com base em entrevista de um morador.
Capital econômica da península, Milão era, nesta quarta, uma cidade fantasma. Está assim desde domingo, quando as autoridades decidiram isolar a população e impedir qualquer viagem, reuniões e outras formas de assembleia.
Como gesto simbólico, a famosa marca Armani anunciou o fechamento de suas lojas, restaurantes e hotéis na capital lombarda.
"A situação está completamente bloqueada. Não há clientes, nem chegam nem saem. Muitos colegas já estão em casa sem fazer nada (...) Milão não está vazia, está deserta! Parece uma cidade sob toque de recolher", disse à AFP, Daniele, um taxista de 59 anos, enquanto esperava algum passageiro.
O governo italiano tomou medidas draconianas, que incluem a proibição de escolas e universidades, assim como de casamentos, batizados e funerais. Até então, não ordenou o fechamento das fábricas.